Você está na página 1de 3

PLANTÃO SAÚDE

Saiba o que é fobia alimentar infantil e


como ajudar seu filho

POR EXTRA
26/11/17 - 06h00

Atitudes como não querer permanecer à mesa, manifestar repúdio e


aversão aos alimentos servidos ou só querer certos tipos de comida
podem ser vistas como rebeldia de crianças mimadas. Mas estes são
alguns dos sintomas da fobia alimentar, um problema que afeta
principalmente os pequenos.

— É um medo excessivo em experimentar alimentos. A criança não


consegue nem colocar a comida na boca e fica muito nervosa diante da
mesa — afirma a nutricionista comportamental Ariane Bomgosto.

O problema pode começar a partir dos 6 meses de vida (quando criança


deixa de consumir apenas do leite materno) e ser levado até a vida
adulta. Ele pode surgir a partir de um evento traumático, como
engasgo ou vômito provocado por algum alimento.

— As papinhas dadas às crianças estão muito liquidificadas e, por não


conterem alimentos sólidos, não ajudam a criança a desenvolver a
mastigação. As famílias ficam tão apreensivas com um possível
engasgo que provocam na criança um medo de comer — diz Camilla
Estima, nutricionista que trabalha com comportamento alimentar.

O problema à mesa pode causar sérias consequências para os


pequenos, que vão da saúde ao convívio social.

— A restrição de um grupo de alimentos impacta na obtenção dos


nutrientes que vêm deles. Assim, o crescimento da criança pode ser
prejudicado — alerta Camilla. — Ela pode se isolar e não participar de
eventos que incluam os alimentos que rejeita — completa Ariane.

Para tratar esta fobia é necessário buscar ajuda profissional de


psicólogo ou nutricionista. Os pais devem têm papel fundamental.

— Eles são os principais personagens deste tratamento. Precisam olhar


para seus filhos, pois não há fórmula de bolo para resolver esse
problema — finaliza Ariane.

Para colocar em prática

Coloque pequenas porções de alimentos. Para compor a refeição,


ponha um alimento que ele ainda não conhece ou que ele tenha
rejeitado junto com outros que ele já aceite. Um prato todo de
alimentos que ele nunca comeu ou de que não gosta pode assustá-lo e
fazer com que ele não coma.

Ofereça o mesmo alimento diversas vezes, dando um intervalo de uma


semana para a nova tentativa. O paladar infantil muda com muita
facilidade e um alimento hoje não aceito pode fazer parte da rotina
alimentar da criança amanhã.

Caso a criança tenha passado por um episódio traumático com algum


alimento, como vomitar ou engasgar, não é aconselhável insistir que
coma este alimento se ela o recusar. A insistência pode fazer com que a
aversão aumente. No entanto, os pais não devem deixar de incluir este
alimento em seus pratos durante as refeições para despertar
curiosidade na criança.

Não utilize distrações para fazer o seu filho comer. Isso não o ajudará a
reconhecer os seus sinais internos dos momentos de fome e saciedade.
O ideal é estimular a criança a comer prestando atenção na textura,
cheiro e sabor dos alimentos, além das sensações que aquele momento
traz a ela.

Aproveite a fantasia infantil e faça a criança se colocar no lugar de seu


personagem favorito. Lembre, por exemplo, que as princesas comem
muita fruta para ficarem bonitas ou que os super-heróis precisam de
legumes para ficarem fortes.

Não use os alimentos como recompensa ou forma de demonstrar afeto.


As crianças podem fazer associações entre doces e guloseimas a
recompensas por terem comido um outro alimento. Com isso,
supervalorizam os doces e tendem a querer que estejam sempre
presentes em sua rotina alimentar.
Com o intuito de ajudar as crianças a aprenderem a se controlar e se
acalmar, os pais podem, ao perceberem a perda de controle dos filhos,
chegarem perto deles e pedirem para que eles prestem atenção à sua
respiração até que eles se sintam calmos e comecem a perceber a
reação do seu corpo naquele instante.

Quando uma criança apresenta um quadro de seletividade alimentar,


identifique em qual dos dois perfis o seu filho se encaixa: se muda as
suas preferências alimentares constantemente ou se apresenta uma
aversão sistemática a algum alimento específico. Após identificar, os
pais devem tentar entender, junto com um nutricionista, a
peculiaridade apresentada pelo seu filho.

Perguntar à criança o que a mãe/pai gostam de comer, como comem,


observando qual a percepção da criança sobre os hábitos alimentares
dos pais. Pedir ajuda da criança para fazer o almoço de domingo,
deixando que ela escolha o cardápio, reforçando que almoçar junto é
especial.

Ao comer fora de casa, explique à criança como montar o seu prato


nutritivo e gostoso, não deixando de fora os legumes, os vegetais e as
folhas verdes. O objetivo é desenvolver a competência alimentar da
criança para ajudá-la a aprender a montar o seu prato fora de casa,
aumentando a sua consciência sobre a sua alimentação.

Fonte: Nutricionista Ariane Bomgosto

Você também pode gostar