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CASOS PRÁTICOS DE TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL SOBRE

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS - 2º SEMESTRE DE 2020/2021


(Diogo Bártolo)
I.
A, proprietário de um computador, escreveu uma carta a B, propondo-lhe a
venda do referido computador por 3.000 euros, dizendo-se na carta que se B
nada dissesse no prazo de 8 dias, A consideraria o negócio concluído por esse
preço.
B não respondeu se queria ou não queria comprar o computador, limitando-se
a enviar um email a A, solicitando-lhe o envio do manual de instruções do
computador, pedido esse que A satisfez.
Passados 10 dias sobre a data da proposta, A pretendeu entregar o
computador a B e receber o preço, mas B recusou, alegando que não se tinha
formado qualquer contrato, afirmação essa da qual A discorda. Quid Iuris?

II.
A vendeu por escritura pública uma casa a B, no dia 01/02/2021, por 400.000
euros, tendo ficado estipulado que o preço seria pago no dia 22/02/2021.
No dia 09/02/2021, houve um acordo oral entre A e B, perante testemunhas, no
sentido de o preço ser aumentado para 500.000 euros e de só ter que ser pago
a 30/04/2021.
No dia 22/02/2021, A veio reclamar a B o pagamento de 500.000 euros, mas B
recusou, dizendo que apenas deve 400.000 euros e que só terá que os pagar a
30/04/2021. Quid Iuris?

III.
Em 08/02/2021, A escreveu uma carta a B, dizendo que lhe vendia certa joia
sua por 20.000 euros, tendo a carta sido recebida por B em 11/02/2021.
No dia 16/02/2021, B enviou uma carta a A dizendo que aceitava. Porém, por
lapso dos CTT, esta carta só foi recebida por A em 26/02/2021.
A telefonou imediatamente a B, prontificando-se para lhe entregar a joia e
receber o dinheiro, mas B, que entretanto se tinha arrependido de ter aceitado
a proposta, veio alegar que não se formou contrato porque a sua aceitação foi
tardia, visto ter sido recebida por A fora de prazo. Quid Iuris?
IV.
A escreveu uma carta a B, no dia 09/02/2021, propondo-lhe a venda de um
quadro por 30.000 euros, fixando-lhe como data limite para a aceitação o dia
22/02/2021, tendo B recebido a carta de A no dia 11/02/2021.

Analise as seguintes hipóteses, todas elas independentes umas das


outras, dizendo a quem pertence o quadro:

a) No dia 10/02/2021, A vendeu o quadro a C, recebendo A no dia 16/02/2021


uma carta de B a dizer que aceitava;
b) No dia 21/02/2021, B enviou um telegrama, dizendo que aceitava. Porém,
por lapso dos CTT, o telegrama só foi recebido por A em 23/02/2021, alegando
B que o quadro é seu porque o atraso na aceitação não lhe é imputável;
c) No dia 14/02/2021, A morreu, chegando ao seu domicílio no dia 16/02/2021
uma carta de B a dizer que aceitava;
d) No dia 12/02/2021, B escreveu uma carta a A dizendo que aceitava, carta
essa que foi recebida por A no dia 16/02/2021, um dia depois de B ter morrido;
e) No dia 16/02/2021, A recebeu uma carta de B dizendo que aceitava comprar
o quadro por 25.000 euros, tendo A no dia 18/02/2021 vendido o quadro a D.

V.

No dia 11/02/2021, A enviou um fax a B, oferecendo-lhe 15.000 euros por um


quadro deste, não lhe fixando qualquer prazo para a aceitação.
No dia 12/02/2021, chegou ao domicílio de B um novo fax em que A reduzia a
sua proposta para 10.000 euros.
No dia 13/02/2021, B regressou de férias, só então tomando conhecimento de
ambos os faxes.
No dia 15/02/2021, B escreveu uma carta a A, dizendo-lhe que aceitava a
proposta de 15.000 euros, tendo A recebido a carta no dia 18/02/2021.

A alega que essa aceitação é duplamente ineficaz: em primeiro lugar porque a


proposta de 15.000 euros tinha sido substituída pela de 10.000 euros; em
segundo lugar porque a aceitação de B tinha chegado ao poder de A já fora do
prazo legal. Quid Iuris?

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