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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICA DO LESTE DE MINAS GERAIS

ANÁLISE FILMITÍCA-MINORITY REPORT

DISCIPLINA: Teoria do Direito- CDREXT301A

DATA:18/05/2021

ESTUDANTES: Amanda Cristina Alves de Souza, Amanda de Sousa Oliveira,


Elizângela Perázio Teixeira Costa, Eunice Silva Silveira, Emmanuelle de Freitas
Lopes Martins, Maria Eduarda Pereira Marques, Matheus de Amorim |Ferreira
Moura, Matheus Fernandes Ribeiro, Vânia de Castro.

INSTRUÇÕES:

● Elaboração em grupo, em Word, fonte Times New Roman, tamanho da fonte 12, com
espaço entre linhas de 1,5.

●Postagem no ambiente Moodle até o dia 18/05/2021

QUESTÕES SOBRE O FILME: MINORITY REPORT.


1- Realize uma breve sinopse do filme.
No ano de 2054, há um sistema que permite que crimes sejam previstos com precisão, o
que faz com que a taxa de assassinatos caia para zero. O problema começa a acontecer
quando o detetive John, um dos principais agentes no combate ao crime, descobre que
foi previsto um assassinato que ele mesmo irá cometer em apenas 36 horas, colocando
em dúvida sua reputação ou a confiabilidade do sistema. O contexto do filme se passa
nos Estados Unidos da América num futuro distópico onde a democracia e a justiça não
funcionam como a conhecemos nos dias atuais.

2- O que é a “nova lei” trazida no enredo do filme? Fundamente.


A nova lei consiste em um sistema supostamente infalível, que prevê assassinatos.
Como a confiabilidade do sistema é altíssima, o indivíduo que tenta cometer um
homicídio é preso por tal, mesmo antes de fazê-lo, já que o sistema é completamente
preciso. Isso ocorre, pois, no universo do filme existem multiversos, e o crime que foi
evitado no nosso universo aconteceu em outro; daí, mesmo sem consumar o crime, o
indivíduo será preso por homicídio.
O que deixa implícito que o enredo do filme, fere os nossos princípios de
ressocialização, tendo em vista que não irá ter reinserção do criminoso na sociedade,
juntamente com a retribuição e a prevenção (art. 59), que são finalidades da sansão
penal.

3- O “pré-criminoso” chega a externalizar a conduta? Fundamente.


O “pré-criminoso”, por definição, não cometeu nenhum crime até o momento de sua
captura no filme, apesar de demonstrar sua vontade de cometê-lo.
Segundo o conceito analítico, a conduta é o primeiro elemento do fato típico, sendo
imprescindível, visto que não há crime sem conduta humana.  Conforme Cláudio
Brandão a ação é o movimento corpóreo voluntário que causa modificação no mundo
exterior. Edgard Magalhães Noronha (1983, p.410) afirma que crime, em seu conceito
material, é a conduta praticada pelo ser humano que lesa ou expõe a perigo o bem
protegido pela lei penal. Colen (2018) complementa afirmando que, O crime é um
fenômeno que requer necessariamente a presença do comportamento humano, seja ele
comissivo ou omissivo. Portanto como os pré-criminosos não chegam a externalizar
suas condutas para consumação dos crimes de homicídios, pois são impedidos pelos
policiais pré-crime que monitoram os pré-criminosos e segundo antes da ocorrência
fatídica e realizaram a intervenção.
No nosso direito atual os criminosos respondem apenas pelos atos já cometidos, e caso
aconteça de serem punidos antes que o suposto crime tenha acontecido, terá que ser
através de provas robustas que o crime iria de fato acontecer. Caso contrário, fere nosso
Código Penal (art. 283) e nossa Constituição Federal, sobretudo no que diz respeito aos
direitos e garantias fundamentais.
Podemos, portanto, embasado em nosso ordenamento jurídico atual, afirmar que os pré-
criminosos não cometeram, como citado no filme, durante 5 anos, nenhum crime de
homicídio, porém uma análise quanto a outros ilícitos, caberia uma avaliação, uma vez
que pode se perceber atos preparatórios, ou tentados exemplificados abaixo.
Em um momento no filme, mostra que um marido ao chegar em casa no meio da tarde,
encontra sua mulher tendo relações íntimas (sexuais) com outro homem, o marido
traído, fica por um tempo observando, de forma escondida, o casal de traidores, chega a
pegar uma tesoura, que estava sobre uma mesa, para matar a mulher, porém foi
impedido, segundos antes, pelos policiais do Departamento pré-crime.
Neste caso, houve a tentativa de homicídio, que por se só já poderia ser penalizada.
Outro momento do filme mostra quando um dos mentores do sistema pré-crime, o
Diretor Lamar Burgess, pega uma arma, carrega a mesma com munição para matar o
detetive Jonh Anderton, porém, mesmo após registrado pelos pré-cogns, e registrado na
esfera vermelha de homicídio, Lamar muda de atitude e por arrependimento não o faz e
resolve tirar a própria vida mudando toda a versão do filme.
Neste caso, apesar de toda a preparação para a consumação do crime, o mesmo não
acontece, tendo outro desfecho, se transformando em uma “tragédia”, o suicídio de um
indivíduo.
Por essas duas análises, pode se argumentar que no caso citado não houve a ação, a
conduta do ser humano que lesa ou expõe a perigo o bem protegido pela lei penal,
conforme já exposto pelo pensamento de Edgard.
Mesmo criando uma ambiente propicio e planejado para o crime, com a previsão do
pré-cognes, no filme percebe-se a possibilidade de dois desfechos distintos, pois o ser
humano tem livre escolhas e em questões de segundos podem mudar de decisões. De
acordo com ALEXANDRE (2003), ninguém é capaz de prever com absoluta certeza os
passos de um ser humano.
4- O pré-crime seria a tutela da consciência, do nosso íntimo? Ao fim, haveria um
determinismo para o “pré-criminoso”: fadado ao crime? Fundamente.
Na primeira cena do filme, vemos uma tentativa de homicídio por motivos passionais.
Como explicado no próprio filme, crimes passionais são muitas vezes cometidos sem
planejamento, ou seja, o criminoso agiu de forma impulsiva e se o seu sistema nervoso
límbico não estivesse ativado ao extremo, provavelmente ele não cometeria o crime.
Levando isso em consideração, dizer que alguém
Mentalmente são é fadado ao crime é uma inverdade
É importante ressaltar que o pré-crime seria a tutela do nosso íntimo e invadiria o
“direito à perversão “que é o fato de as pessoas poderem ser más e perversas em seus
pensamentos, tendo a liberdade para arquitetar crimes, sem que haja qualquer tipo de
sanção. Visto que se trata apenas de uma fase de cogitação, não deveria ser alcançada
pelo direito penal, por se tratar de uma ideia que não ofende o bem jurídico.

5- A norma penal incriminadora, na vigência da “nova lei” estaria mais próxima


de uma norma moral ou jurídica? No que se assemelharia e no que se distanciaria?
A “nova lei” está diretamente ligada a uma norma moral, e é o ponto mais distante de
um julgamento jurídico imparcial possível, pois o filme mostra que apenas a tentativa de
homicídio já era o suficiente para que o indivíduo que tentasse o cometer fosse
“engavetado”, nome dado à punição dada a essas pessoas, que nada mais era que sedar o
“pré-criminoso” e mantê-lo numa cápsula por um tempo indefinido.

6- Esta “nova lei” é compatível com nosso atual ordenamento constitucional?


Fundamente. Pensem no art. 5o da CF/88, especialmente, em seus incisos III, LIV,
LVII, LXI.
De forma alguma a CF/88 permitiria a manutenção de um departamento como o do
filme, pois o mesmo é completamente incompatível com os direitos assegurados ao ser
humano previstos na Constituição Federal.

Ao submeter o pré-criminoso ao aprisionamento, por tempo indeterminado, em estado


vegetativo, ou seja privando do mesmo dos sentidos do pensar, do poder de do agir de
se comunicar, de participar inclusive de sua ampla defesa, subtrai deste as garantias
constitucionais previstas em nosso ordenamento jurídico vigente, sobretudo no art. 5ª da
CF/88 a qual veda o tratamento desumano a qualquer indivíduo. Avaliando pela ótica de
René Descartes, o aprisionado deixa de existir durante o tempo em que encontra naquela
situação, haja vista a teoria do grande filósofo, se penso logo existo. O estado vegetativo
subtrai conforme supracitado o sentido do pensar.

Outra questão contrastante também pode ser percebida quando não se observa o devido
processo legal precedendo o aprisionamento, avaliando e julgando a possibilidade ou
não de liberdade provisória, com o sem fiança, finalizando com o transito em julgado. O
pré-criminoso no caso do filme não passa pelo rito exigido em nossa norma jurídica
vigente.

7- A característica da prospectividade (para o futuro) da norma jurídica,


especialmente, da norma jurídica penal incriminadora é uma garantia do ser
humano? Fundamente.
Independente dos avanços jurídicos que surgirão no futuro, pressupõe-se a existência da
garantia de no mínimo dos direitos naturais, sendo estes inerentes ao ser humano. Sendo
assim, a incriminação de um indivíduo, ainda que por lei futurística, deve ser seguida de
um devido processo legal, que segundo uma corrente doutrinaria majoritária, é um
princípio fundamental que funciona como um instrumento de garantia processual ao ser
humano, que visa assegurar a um julgamento imparcial, conferindo ao indivíduo
incriminado o direito de se defender e provar sua inocência, fato esse que não ocorre no
dispositivo tecnológico do filme “Minority Report”.

8. A prevenção ao crime é o escopo da “nova lei”. Esta finalidade justifica a adoção


de normas jurídicas incriminadoras como a narrada pelo filme? Articule a
resposta com a situação de encarceramento dos pré-criminosos, do Estado, da
sociedade e dos pré-cogns.
Nada, nem mesmo a prevenção ao crime justificaria a maneira com a qual os direitos
humanos são infligidos no filme, com os pré-cogns e com os pré- criminosos, que são
humanos que tiveram seus direitos revogados por um motivo que, se levarmos para o
ponto de vista filosófico, nem existiu, uma vez que o crime não ocorreu.
Tendo em vista a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual diz em seu Art.
2.º que todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados
na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna,
nascimento ou outro estatuto e complementa em seu Art. 10.º que Todas as pessoas têm
direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um tribunal
independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer
acusação criminal contra elas, seja deduzida.
Observa-se claramente que no retratado filme, tais preceitos não foram observados, e
mais, foram retirados dos pré-criminosos.
Igualmente ocorre a não observância de preceitos legais quando se trata dos Pré-cogns.
Observa-se que o fato de três jovens serem mantidos 24 horas, por dias ininterruptos,
sem liberdade, “despidos” de sua personalidade, desumanizados e em situação análoga à
escravidão, o que por si só já não encontra justificativas. Tais atos conforme
supracitados não encontram amparo nas normas jurídicas, muito pelo contrário. Pode-se
observar no Artigo 1.º também das Declarações Universais de Direitos Humanos, onde
diz que: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos,
dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade em complementa citando, no Artigo 4.º ainda da mesma Declaração,
Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio
de escravos, sob qualquer forma, são proibidos ao tratamento ofertado aos pré-cogns,
contraria também a CF/88 em seu art. 5 XLI que diz que a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
Quanto à sociedade, ao que se pode observar, a mesma se vê satisfeita com os
resultados, afinal, em cinco anos nenhuma ocorrência de um crime de homicídio
consumado em um país populoso como os Estados Unidos, porém esta não conhece as
falhas do sistema, devido à falta de transparência e publicidade dos atos do Estado. A
falta de feedback negativo em relação ao sistema pré-crime, faz com que a sociedade
em geral o aceitasse sem interferências, comoções e questionamentos.
No entanto, quando analisa-se o papel do Estado, percebe-se que, ao criar o
Departamento do Pré crime o Estado descartou todos os instrumentos e processos
jurisdicionais que iam desde a reunião (utilização) de provas no caso concreto, os ritos
do devido processo legal até o trânsito em julgado de sentença condenatória ou
absovitiva. Investiu todas as “suas fichas” coma plena convicção de ser um programa
100% confiável.
Porém falhas permitidas pela não efetiva fiscalização e não avaliação da eficiência do
sistema permitiu que houvesse a corrupção do mesmo através da interferência humana.
Sendo assim. A “nova lei” elaborada, autorizada é mantida pelo Estado é tão falha que
foi criada para evitar assassinatos e mesmo em seu desenvolvimento um dos criadores
matou uma pessoa e encobriu seu crime com o dispositivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS:

ALEXANDRE, Alessandro Rafael Bertollo de. Minority Report, onde a prevenção é


levada ao extremo. Uma análise jurídica e filosófica. Revista Jus Navigandi, ISSN
1518-4862, Teresina, ano 8, n. 63, 1 mar. 2003. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/3891. Acesso em: 11 maio 2021.

BRANDÃO. Cláudio. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro. Forense. 2008

NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal. v. 1. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 1983. p. 410
In Júlio Fabbrini MIRABETE, Renato N. Fabbrini. Manual de Direito Penal, parte
geral. 24ª ed. São Paulo: Atlas. 2007. p. 82.

ALVIM, Wesley Botelho. A ressocialização do preso brasileiro. Disponível em:


<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2965/A-ressocializacao-do-preso-
brasileiro

Assembleia Geral da ONU. (1948). "Declaração Universal dos Direitos Humanos"

COLEN, Guilherme Coelho. A Teoria Finalista da ação e as bases do Código Penal.


Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/Direito/article/view/18860.
Acesso em: 11 de maio 2021.

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