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PREVENÇÃO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

MEIOS DE RESOLUÇÃO PACÍFICA DE


CONFLITO

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1 - Identificar quais são os meios de resolução de conflitos existentes;

2 - Reconhecer conceitos, características e peculiaridades de cada um destes meios de resolução de conflitos;

3 - Identificar o meio de resolução adequado, após o estabelecimento do diagnóstico de um conflito, a fim de

tentar interrompê-lo, cessá-lo ou, ao menos, diminui-lo e a seus efeitos.

Nesta aula, iremos falar sobre os meios de resolução pacífica de conflitos, definindo cada um deles mais

detalhadamente para o seu melhor aprendizado.

Iremos, assim, falar sobre a arbitragem, a negociação, a conciliação e a mediação.

A partir da conceituação e da explicação sobre cada um deles, você, como um operador de segurança, será capaz

de identificá-los e, consequentemente, diante de uma situação conflituosa, se sentirá mais seguro e confiante

para agir e executar a sua missão adequadamente.

1 Introdução da aula
Como operador de segurança, após traçar, preliminarmente, um diagnóstico avaliativo de um conflito para o qual

você foi solicitado a agir, aprenderá a identificar e a aplicar um dos meios de resolução de conflitos existentes

para o caso em questão.

Desta forma, você aprenderá o conceito, as características, as peculiaridades e alguns pontos importantes de

cada um dos meios de resolução de conflitos existentes, o que permitirá com que, diante de uma situação

conflituosa real, você seja capaz de fazer uma avaliação técnica adequada para o caso em particular, com o

objetivo de escolher e utilizar um destes meios de resolução para o gerenciamento do conflito.

2 Arbitragem
Sendo assim, passaremos a pormenorizar cada um desses meios para o seu melhor entendimento, começando

pela arbitragem.

Neste meio de resolução de conflito, há a intervenção de uma terceira pessoa junto às partes divergentes, que

ajuda nas tratativas para o seu encerramento, de modo a resolver o conflito, satisfazendo os cidadãos envolvidos,

como se fosse uma espécie de justiça privada.

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Essa pessoa (ou pessoas), que está agindo como um árbitro foi escolhida pelas partes para proferir uma decisão

com o mesmo conteúdo, bem como a mesma força de que uma sentença judicial teria, se fosse este o caso.

Podemos entender a arbitragem, na verdade, como uma auto composição entre as partes envolvidas em um

conflito, dando-se um fenômeno de ajustamento entre os interesses de cada uma delas, a fim de se obter um

resultado que seja satisfatório para ambas, havendo, evidentemente, uma adequação entre a renúncia, a

adaptação, o movimento de ceder e o de abrir mão, ou não, de alguns pontos importantes durante esse processo

até o final acordado.

Como já vimos, em uma de nossas aulas anteriores, a arbitragem pode ser entendida como um meio privado de

acesso à Justiça, onde as partes litigantes são participativas, pois suas vontades são respeitadas em todo o

processo de tentativa de resolução do conflito.

Como vantagens advindas da escolha pela arbitragem, podemos citar várias, clique abaixo e conheça cada

uma dessas vantagens.

• Segurança

Pois a arbitragem também se baseia nos princípios da imparcialidade, da neutralidade e da

confiabilidade, assim como em um processo judicial acontece;

• Flexibilidade

Já que, na arbitragem, há versatilidade e adaptabilidade quanto aos dias, locais e horários para que as

audiências sejam marcadas, a fim de atender a disponibilidade e o interesse das partes;

• Celeridade

Pois, com a arbitragem, o procedimento torna-se mais rápido, o que permite um menor desgaste na

espera e no estresse das partes, conforme ocorreria no confronto judicial, até a sua resolução final;

• Informalidade

Já que o procedimento arbitral é muito menos informal do que o exigido no Judiciário, em um processo

judicial ordinário, o que facilita, e muito, a rapidez na solução do conflito;

• Sigilo

Com a arbitragem, não existe a exigência legal da publicidade dos seus atos, permitindo, assim, com que

se evite a exposição das partes para com a mídia e o restante das pessoas;

• Especialização

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Já que permite haver mais qualidade na decisão, quando o próprio árbitro escolhido já é um especialista

naquele assunto do litígio, o que evita, assim, que haja necessidade da contratação futura de peritos

durante a discussão entre as partes etc.

3 Negociação
Segundo Wanderley (1998), a negociação pode ser entendida como um processo para se alcançar objetivos,

através de um acordo nas situações em que existam interesses comuns, opostos ou até complementares, ou seja,

em que existam conflitos, antagonismos de posições, ideias ou interesses e divergências.

Para o autor, essa definição abrange diversas considerações a respeito, dentre elas que:

Processo

A negociação é um processo, composto por uma sequência de etapas, que ocorrem desde o início até o final.

Portanto, a maneira como se dá esse processo, é fundamental para um desfecho satisfatório de uma negociação;

Alcançar objetivos

Toda negociação significa alcançar objetivos, ou seja, afirmar que é primordial que o negociador saiba definir

detalhadamente e certeiramente quais são os interesses e os objetivos que deseja alcançar em um processo de

negociação com a outra parte.

Assim, o negociador saberá exatamente quando avançar ou retroceder durante um processo de negociação;

Campo de forças

A negociação pode ser entendida como um processo que se dá dentro de um campo de forças e, por isso, deve ser

analisada como a passagem de uma situação atual para uma situação futura, onde existem forças restritivas, mas,

também, forças que impulsionam para que se alcance um acordo entre as partes;

Relacionamento

A negociação deve ser compreendida como um relacionamento e não um ato isolado.

Sendo assim, o negociador deve levar em conta dois componentes importantes: a comunicação e a emoção

existentes durante o processo e manifestados entre as partes, pois eles são fundamentais para o êxito ou o

fracasso da negociação em curso;

Processo decisório compartilhado

A negociação, vista como um processo decisório compartilhado, feito através de um acordo entre as partes, que

pode se dar por meio do consentimento mútuo, da dominação de uma parte sobre a outra, da manipulação ou da

chantagem;

Divergências e os antagonismos

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Por fim, que, em uma negociação, as divergências e os antagonismos entre os envolvidos estarão sempre

presentes, de uma maneira ou de outra, variando de grau e de origem e, assim, dificultando o processo como um

todo.

4 Conciliação
A conciliação constitui-se em um método extrajudicial para a solução de conflitos, através do qual as partes, com

o auxilio de uma terceira pessoa, o chamado conciliador, serão estimuladas a chegarem a um acordo entre si

para que, desta forma, possam encerrar a divergência entre elas.

Nasceu, portanto, da ideia de que o processo de mediação deveria ser confiado a outro ente, independente das

partes, que fosse imparcial e, ao mesmo tempo, livre de interferências externas.

Porém, caso isso não ocorra, o conciliador poderá vir a sugerir algumas soluções para o fim do litígio entre as

partes.

Devemos ressaltar, contudo, que ao conciliador não caberá proferir a sentença, mesmo havendo ou não acordo

entre as partes antagônicas no processo.

5 Mediação
A mediação pode ser considerada como um método de resolução de conflitos, onde uma terceira pessoa,

imparcial e escolhida entre as partes litigantes, fica responsável por analisar as informações recebidas por cada

uma delas e vai negociando, durante o processo, até que se seja capaz de chegar a um acordo entre os

envolvidos.

Ela é uma espécie, por assim dizer, de uma negociação canalizada, pois existe um terceiro nesse processo de

tentativa de acordo, que levanta os interesses, bem como as necessidades, de cada uma das partes, procurando

evitar explorações e abusos entre elas, com o objetivo maior de se chegar a um acordo final que seja bom para

todos os envolvidos, oferecendo situações não vislumbradas pelas próprias partes conflitantes.

Contudo, podemos afirmar que esse mediador não julga, pois ele apenas estimulará as partes a chegarem a um

acordo, já que a mediação é um método, como já dito, através do qual um terceiro, agindo imparcialmente, ajuda

as partes conflitantes a buscar uma solução que seja satisfatória e também aceitável para ambas.

Segundo Sarfati (2010), o papel do mediador deve ser o de ajudar as partes a resolver os seus conflitos, de uma

maneira menos desgastante, para que seja possível de se chegara um acordo, de forma voluntária, com o objetivo

de se preservar o relacionamento e de se evitar mais perdas, causadas por meios dos processos litigiosos.

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Para este autor, o processo de mediação pode ser entendido como uma intervenção, que serve para fortalecer e

melhorar a comunicação, gerenciando os problemas para que se transformem em lealdade, cooperação,

inovação, bem como em comunicação efetiva e transparente em todos os níveis.

Em uma mediação, quem faz o papel de mediador exerce vários papéis neste processo:
• como organizador das partes na disputa, bem como das informações;
• como avaliador das estratégias de negociação;
• como encorajador de resoluções, apoiador do entendimento,
• como educador;
• como tradutor das informações;
• como ouvidor;
• como guia;
• como gerenciador da comunicação, procurando ser flexível ao agir, de acordo com o contexto do conflito
e considerando sempre quais são as pessoas envolvidas e qual é a natureza e as características do conflito
em si.

6 Papéis do mediador
Para que você possa, como operador de segurança, entender cada um desses papéis, faremos uma concisa, mas,

ao mesmo tempo, esclarecedora conceituação de alguns desses papéis assumidos pelo mediador, sendo eles:

Organizador: neste papel, o mediador exerce a função de ajudar as partes a gerenciar suas interações, o

conjunto de informações disponíveis durante o processo, apoiando o processo de decisão entre elas.

Enfim, o mediador gerenciará os detalhes considerados sutis, em um primeiro momento de avaliação, mas que,

na verdade, são fundamentais para a tranquilidade de um acordo satisfatório para ambas as partes;

Ouvidor: este, sem dúvida, é o papel mais importante do mediador porque ele deve ouvir ativamente, em

encorajando as partes a se ouvirem e, desta maneira, o mediador acaba tornando-se uma espécie de exemplo

entre as partes envolvidas no conflito;

Encorajador de Resoluções: neste papel, o mediador deve mostrar-se hábil no processo de composição de

interesses das partes.

Porém, o mediador deve se apresentar para as partes como uma espécie de agente facilitador do acordo e não

como um terceiro que impõe, sugere ou acaba induzindo as partes a um acordo não satisfatório para elas;

Gerenciador da comunicação: aqui, o mediador procura registrar os pontos considerados significativos,

coordenando as informações apresentadas, procurando esclarecer as intenções, as percepções e expectativas das

partes envolvidas no processo;

Guia: neste papel, o mediador deverá diagnosticar os obstáculos ou dificuldades encontradas no processo,

ajudando no realinhamento da negociação entre as partes conflitantes, quando elas se depararem com impasses

que estejam dificultando a tentativa de um acordo satisfatório etc.

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ATENÇÃO

Agora, falando-se sobre as suas vantagens, podemos dizer que a mediação também apresenta vários benefícios,

sendo eles comuns ao método da arbitragem como, por exemplo, a celeridade e o sigilo.

Contudo, além destes, a mediação pode ser considerada mais justa e mais produtiva, segundo defende Cavalcanti

(2001).

7 Avaliar cada caso particular de conflito


De tudo o que foi ensinado, nesta aula, você pode perceber que, em um mundo cheio de conflitos, sejam eles

pessoais, inter-relacionais e até mundiais, estes métodos de resoluções de conflitos tornam-se importantíssimas

ferramentas para o processo de pacificação desses conflitos,ao permitirem que, em muitas das vezes, não haja a

necessidade de que esses conflitos parem no Judiciário, com seus longos anos de disputa e recursos.

Por isso, é fundamental que você, como operador de segurança e conhecedor da lei, possa avaliar cada caso

particular de conflito e, se chamado a agir, possa traçar um método de ação, após escolher o melhor e mais

adequado meio de resolução para aquele conflito entre as partes, nem que seja a título de orientação jurídica

apenas e não, necessariamente, tendo que agir como um representante do poder público, em seu dever

funcional, durante a execução de seu serviço ou em uma missão que lhe foi dada.
• Intrapessoal
É um conflito exclusivamente nosso e que, às vezes, existeporque nós o vivemos assim.
• Intrapessoal
Conflito afeta a mim e a outra pessoa.
• Grupal
Conflito pode afetar a três ou mais pessoas.
• Intergrupal
Conflito afeta a um ou mais grupos de pessoas.
• Social
Conflito afeta a sociedade inteira.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• Os benefícios da mediação de conflitos;
• Suas características e objetivos;
• Os seus benefícios primários e secundários diante de um conflito.

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Saiba mais • Não deixe de reler o material didático que você recebeu. Também aumente o
seu conhecimento pesquisando sobre os tópicos abordados nesta nossa aula.
Desta forma, você vai estar se preparando melhor para realizar suas futuras
avaliações desta disciplina. Aprenda mais!

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu os conceitos dos meios de resolução de conflitos: a arbitragem, a negociação, a conciliação e a
mediação;
• Identificou as características e as peculiaridades de cada um deles;
• Aprendeu como escolher e utilizar um desses meios de conflitos, dependendo de cada situação
hipotética de conflito.

Referências
FISHER, Roger; PATTON, Bruce M.; URY, William L. Como chegar ao fim. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

WANDERLEY, J. A. Negociação total – encontrando soluções, vencendo resistências, obtendo resultados. 14ª ed.

São Paulo: Gente, 1998. p. 01-34.

CAVALCANTI, F. R. Mediação e Arbitragem. Caderno Direito Rio. 1ª ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001. SARFATI, G.

(Org.). Manual de negociação. São Paulo: Saraiva, 2010. p.131-164.)

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