IED-II

Continuação da aula anterior…

Importância prática da distinção entre o Direito Público e o Direito

Privado

A Distinção entre o Direito Público e o Direito Privado, assume especial

importância prática porque dela depende a competência material dos
tribunais para dirimirem os respectivos conflitos, litígios e diferentes serão
as normas que disciplinam a respectiva relação jurídica e, portanto,
aplicação ao caso concreto.

Se um particular quiser demandar em tribunal o Estado, ao abrigo de uma

relação de direito público, porque achou enquanto autoridade pública com
podere de soberania, jus imperri, serão em princípio competentes os
Tribunais Administrativos.

Mas se, em virtude de um contrato de compra e venda celebrado entre duas

pessoas, uma quer reclamar da outra o pagamento do preço, porque, a
relação é do direito privado, já serão competentes os Tribunais Judiciais.

Da mesma forma, se em normas aplicáveis estão no chamado regime de

responsabilidade civil extracontratual do Estado, enquanto a indemnização
entre os particulares resulta do instituto de responsabilidade civil regulado
no artigo 483 do Código Civil (CC).

A distinção de importância científica, pedagógica e prática, pois, facilita a

integração de lacunas e a determinação de meios de garantia, facilitação de
investigação, estudo e ensino do direito.

O Direito Civil como Ramo de Direito Privado Comum

O Direito Civil é o Direito Privado comum e subsidiário, cujo campo de acção

tende abranger todas as relações jurídicas estabelecida entre particulares na
prossecução dos seus interesses, constituindo o seu núcleo fundamental.

Ele é constituído pelo conjunto de normas que regulam a generalidade das

relações sociais que se estabelecem entre as pessoas, assumindo o papel de
Direito regulador fundamental de sociedade, o essencial do ordenamento
jurídico.

É um Direito, regra, sendo que os demais ramos de Direito Privado são

direitos especiais, adaptações do Direito Civil a realidades especializadas,
não constituindo demais.

Por isso, o Direito Civil abrange todo o Direito Privado, recuando e cedendo o
passo a outros, apenas nas circunstâncias de esse outro existir, tutelando
esse conceito relação. É por isso que o Direito Civil é Direito subsidiário nas
situações em que a lei especial para um dado caso não preveja a solução.

Tem um conjunto de normas muito mais vasto e importante no contexto

geral de ordem jurídica, conforme se pode constatar da Parte I do Código
Civil.

O Código Civil, enquanto repositório de normas de Direito Civil, constitui um

repositório de normas de direito comum a todos os ramos de direito, que de
algum modo todos os demais ramos de direito, quer públicos, quer privado,
são especiais relativamente ao Direito Civil.

O Direito Privado Especial

Na distinção do direito privado em comum e especial, o Direito Privado

especial é composto pelas regras de outros ramos de Direito Privado que
possam ser autonomizados em relação ao direito civil.

São ramos de direito privado especial o direito comercial e o direito de

trabalho.

O Direito Privado especial caracteriza-se ainda pelas circunstâncias de não

cobrir em regra todas os aspectos relacionados em relação ao ramo do
direito em causa, aplicando-se subsidiariamente o Direito Privado comum,
ou seja, o Direito Civil.

Portanto, em matérias não reguladas especificamente por regra especial de

um ramo de direito privado, autónomo do direito privado, deve recorrer-se
às regras gerais do direito civil, desde que estas sejam compatíveis com a
racionalidade própria do ramo do direito em causa, aplicando-se os
princípios fundamentais do direito civil, nomeadamente, reconhecimento da
pessoa humana e de vontade - privada, boa fé, propriedade privada e
responsabilidade civil.
 Exercícios de Consolidação

1. Distinga:

a) Direito Internacional do Direito Interno.

b) Direito Público do Direito Privado, atendendo aos critérios e críticas

apontadas para a sua distinção.

2. Refira-se da importância prática da distinção entre o Direito Público e o

Direito Privado, apontando pelo menos 3 ramos para cada.

3. Explique por que razão o Direito Civil é considerado ramo de Direito

Privado Comum e Subsidiário.

4. Porquê que se considera o Direito Comercial e o Direito de Trabalho são

considerados ramos de Direito Privado Especial.