Você está na página 1de 52

OxIGINAL XEROX

Pasla:28
PLURAI.IDADi, IOTAL]DADE
uop¡as:ez f
UNIDA D E

Obs:
O DA
f¿z CORPUS LITIRATIJRA

IAIINO.All,1IRICANA
f
(
( Nas páginás quc se segucm busca-se esbogar o corpus
( sobre o qual deuaría i¡lorm¡t-se a críLica literária latino-
( americana, Com csse intu¡to procedemos brcvc e mcsmo
esquemáticamente para: a) rcconhecer e interpfetirr ern s(¡¡s
( linhás principa¡s a situ?Eio do problcma; l.:) cotejar alguns
( pressupostos e conclusocs da críaica hegemónica com ccrtas
características da litcr¿tuñr latino-americina que podem ser
( detectadas cmpiricamcnte; c) [orn¡ular um princÍpio teórico,
( ceraamenre de maneira expedmental e provisória, ¡elativo ao
tema mencionado-
(
A neccssidade dc repensar e relormular o corpus da lircn¡tur¡
( latino-amcrican:r deriva da ce¡teza de que sua deliuriraqáo
( arual obedecc, qnr última instñncia, a oma viseo oligirrquico-
burgr:es:r da literrtum, visáo qr¡e foi ¡ransmu¡ada em base
( crítica qunse rxiomática, nrediante opcragóes ideológicas que
( só reccntemente sio discc¡níveis como tai§. Dcriva também
da convicsiio de quc o desenvolvimcnlo real das contradisóes
( socia¡5 na ,\mérica Larina perñ]ire ensaiar outms altern¡(iv:rs
( quc se vioculcm ios interesses e ?t cultura poprrlarcs.
(
( A CRÍTrCA COMO CONHECTMEN]O DE OBJDTOS
( UNITÁRIOS E A UMDADE COMO PRODUTO DE
(
UMA OPERAQÁO IDEOLÓGICA MUTILADORA
(
Aparentemente, a crítica litc¡lria Iaúno-americant, desde
( as suas or¡gens, tem considerado que seu conhecimenro

(
1-
I
isso iocnpaz dc formular proietos nacionuis suficientemente
e mais ou n)enos englobadores, a burguesia lalino-americana só excepcional-
(
só oodc versar s9bre colPus unitários iniciai das hisrór¡as i

;".r1;Á;,;;";1""r'"ntÉ'ouo ¡'Pulso i menre póde difundir sua cullura arrar,és de todo o corpo (
enfatizavám' como
nacionais curopéias' que social, e nem ao menos conseguiu estender de modo cfetivo J
il;i;;t;,;; I
sua própria rede educ¡cional. DaÍ que, ao propor a validadc I
(
materrr'
se s¡be, a u¡idade de sua i (
"";;;;;,^,""'"^"'i1L:^'r"-J;';:,:':'í,','.,i:.,"1,'j"';,,':; geral de suas formas de consciéncia, renha de ¡ecorrer a
procedimentos ideológicos extraordinariamente toscos, neo I
quc se percebe essa qucstao 1"";;; Ui";;,ros nacionris son:ente tergiversadofes mds suplantadores da realidade. I
a ndi.tn, Por excmPlo'
acei(am's
i (
apcnas c exclusivamente lr,las os mecanismos da unificagáo nao aLuam de maneira
oái-],".i, "qr^totianír ou pcru'1n^ que se pro<luzem nesses mulihdorx apenas no que diz respejto a sis¡emas literários (
;'i;;;;.;l-;ri,as em cspanholorais em línguas nalivas e que sc difcrenciam marcadamente da norma privilcgiada, a
,rir"a,-""0rr"," as litefaturasr cm cspanhol' sei1 exemplo do popular e dos sistemas em línguas nativas; atuam
l';.il;;,;'; ;i"t"turir Popula :"1..o-:
igualmeote, ainda que mediante outros r€cursos, dent¡o do
:*r'";,;^;;;;'*'t"'*;ry:"';]l'"?,IIf :f :!,Ir'.'X': própr¡o campo da literatura culta. (
cm bloco
;;i:";;:
-. e defioirivimente'.
,; '""s, ^lgo mais sutllmcnte'
etapa 'P réllistórica",
situadas numa
como se tivessem deixado
de ex¡stir a
No nívcl majs óbvio, encontram.se os casos de desva¡orl-
zagí o, ¡\a r gi nalizaCeo ou esqu ecimento das ma nif esta Eócs
<J
(
parrir da conquista' literár¡as que se afastam dos paradigmas consagrados ou náo
' u",,o.rr. or,,tiro recotle básico' é claro que fica suficien' coincidem com o rnodelo promovido de deleminado momento- (
d-e um Do segundo c¡so, lrá o exemplo próximo da resistencia ao
;;;;;;';;; unidxde in(cma do corPusr trata-se (
processo his!ótico que o constrtur- romance regiooal em favor do novo romance, sobrctudo
e do
,O'itrt"................1r'ñ"t"'o
coiocide com os timites-desse quando a<¡uelc é negado como tal, pais esta¡ja con)posio dc (
trias além <Jisso, como o colPus u¡o e "rorDances", c este advém como manifestasAo inaugural cle
:ffiil:'¿;;;ñém estabelccida sua cxclusividade (
''iiil"',i,, t;"n"''"j' rodo um géncro lite.ário. Narur¿lmenIe, volta-se, deste modo,
'" YlilT;:"": ;:'.,T;ft: ;:i;i: a a)cangar a unidade: o novo romancg, jnternamentc homo- (
da crí(ica deixa vcr scm dlllcr goneo, é, adcnrais, nossó único romance.
consti(u i9lo. (
dupla Inter€ssa sublinhrr outro pfocedimento, em aParencia mais
Tais oroceclimen(os sio simples e se basciam numa (
histórico que valorativo, e porranto menos óbvjo, que consiste
..J;;J'fi :";";;:l::":',ill"J^:J,:l;:3';il::"j:fi :: ná fixagáo dc seqüenclas unilineares oo processo da liternrura (
considcrados.nae *''-nrJJ"ni"rtr¡¿^¿"
lirerários náo .oc¡rt, latino-a mericana. Funciona aqui uña concepcao algo tcleo-
sico nem 8oz'ariam de eletl lógica da h¡stórifi liteÉ.ia: árticulada através de mornentos
(
X-0",,'iñ'J"tivamentc i:i::::riXJ;a:ir: dccisivos, parece ir na diregno dessas ¡nstAncias priv¡leg¡adas (
¡rtística dessas literaLuras c a-imP"ossí'el
nt'se m da populaeáo' ou prcparar seu ldvento, afasrando-se logo delas par:r de
lli,:;ii,,;ñ;; "l't'o'l" ""
p"
o caráter cslr¡- novo ir picparanLlo out.a elapa culminante. Desta maneira,
(
Náo devecir haver maiores drlvidas sobre ficam iora da história todos os desenvolviñentos quc, por (
que acabamos de dcscrevcr'
L"rn.-nic ia"otogico da oPcra§ao un) ou outro molivo, neo se lntcgram nessa seqüéncia de
Por unr lado, rePloduz t tt"t' it conval¡dar a ordem e a
por'ourro' rcalizaEeo sucessiva dc modelos tiflicos- Em bol parte do
(
;;.;*;;-;t;;'Ja socicdadc lalino-americara; dcbate sobrc o modernismo, incluindo as precisóes acerca (
'l,i da lilcratura' exPressa i universiliza§eo do pré e do pós-modcrnismo [hispano^amcr¡canol. pode-se
"tr".in.o
ia"."" ctrltural dos grupos dominantes
iá "lt'r]-,," ol¡servar claramente esta rcridencia. A lireratura que vai no
(

paradox'1.1i"1":l1d.l
Ao mesmo tcmPo, talvez um tanto latino-ámen-
rasro dc Dafío, o próprio Darío e sua escola, e logo o "abandono
á"it!tii" " fcacasso da burguesia e por do modemismo" formam um processo que cobre um extenso
".;"";;;;;;
;;.H;;; ;;Jida suieita ao serr papel intermediário
¿/'

26

I
llelativamente ás inco¡porasóes de maior vulro da
literatura popular e em línguas nativas deve-se
-
leva¡ em
*:.*";,iill',3 -
1l J:l [:%tii il.'J11:: :t ;fiffi X; conra sua exLrcma diversidade, para evitar outro lipo de
¡educionismo. Dc fato, como Iireraruras produzidas por classes
i, -"^T-llli:il ii'ia,,rs,,*,' r q::' tjll:i e élnias dom¡nadas, estio atomizadas e náo comunicanles:
"'Tl'1", l';il,',"-r-oo u''J' o-"t" de monsr ra
lorma¡¡1, na realidade, verd¡deiros arquipélagos c nio está

l::i;:*r:f ilil"'i:Intr$¡1i¿¿,;,6
aPenar
claro se consrituem sistemas lndcpendentes ou se, em alguos
casos, sio subsistcmas quc conyergem para um determinado
ll)Ill',tt-.t"t ,,ot sc trarate Í';'?: eixo unificador. Quancá ao ma¡s, no cáso das litemturas em
,"i
"i*
*I Pos sib
ir id a de
IJll llt ll""'T'o' l^;, lín&uas nrtivas, seria um gravc erro ntro perceber que dcntro
delas há nÍvcis cultos e populares e inclusive setores muito

*
f
:#::"J:;:r':n:'.u'o""ui'"'.t'""';;;e'comopostutaqroda l¡gados aos intcrcsscs c ) cultur¿ de castas hegernónicas, quc
(
podem chegar a formar sisLemas ou subslstcmas dc litemturá
( '**:: :T""1T::ü :# :íiT : senhorial indígena. Resta indicar que nesses cirmpos o Lrabnlho
i¡r-ü de tudo o.qrl:li.:t"'ir'{":. crírico está por sc realizar, enr grande medida.
(
(
"timinntlot
ll[i::{:m:'§ :'J,T:ü:"
ll]l]ñ.".," latológlco q,e e
nl*f li,6ft i O proveilo fundamenral que deriva da perspectiva plura-
lisa cons¡sle, obviamentc, em permitir a ampl¡agio do espago
literário lalioo-americano e em suscifar o estudo dos serorcs
'Jff:ffi;;ni;'''oi g'Po' "''Jfi
<rorninantcs
recapLurados. Tem, enrreranlo, ljmitasóes muito precisasr a
( primeira c mais Brave sc relaciona corn o p.óprio concejto de
( pluralidade e com o caráter estát¡co que Iraz implÍcito,
enquanto consagra a desintegrasio dos sistcnras literá¡ios
e nio prevo nenhuma nlternativa para informar sobre as
tilffi¿:f;:'"§,fj1ff il+':''""s1¡'x.^ zonas de conflu€ncia ou os movimenLos articul:rtórios que
efetivamenLe ocorrcm no curso da história. De base cn)pírica,
quflsc se poderia dizer que faz da realidade a ¡ealidade
( da multiplicidadc e desmembramento dos sistem¡rs - literários
na América Latioa lrn princípio teórico.
( -
(
(
n*t*ri*'*$1i$';4ffi
,*i"',':il*','.;,:cl'"i:ll*:':*ffi
O resul¡ado é uma imagem paradigmStica que reproduz
bem a densitlade sstratificada d¡ liter¡rufa lltino-rlmcricana,
mas quc se tr¿va e fina¡mentc se anula por carscer dc uma
#:i:::: pcrspectiva histórica e última lns6ncia dc um meca-
- em de contcmplar -a desir¡te8rac¡o
( nismo di¡lútico que a impcla
( do objeto sem rccorrer a seu correlato intcgrador.
(
( -}l,i,**i*t+'¡¡*'lr'"un'i,:":,t ¡. cRf.rrca coMo coNHEcrMENTo DE
( 1'oTALTDADES ulsróRlc¡s
(
Em mais de unr sent¡do a relaqáo €ntrs unidtde (como
( produro ideológico) e pluralidade (como produro de observa(io
(
(
ff#"sg[#**l#{,:Íffi* 29 I

(
28
t
(
(
=.-l
cmpírica) é uma relacio de oposigio mecánica. Serve, sem popular, ou. no também freqüenre emprego, por parte
da
clúvida, para desaíicular e invalidar o primer'ro de scus tcrmos, literatura culta, clc formas da ljnguagcm popular. Mas o fato
mas nio produz uma allernativa de intclecAño da literarura decisiyo é outro: a insc¡i§ro <Ioi s¡sremas lite¡ários no
la¡ino-americana que possa deslocar-se, mesmo no nível das
h¡póteses, pa¡a um campo efetivamcntc le6rico. Portanto, a
processo da história social latioo-amcricana. por ceflo,
insergño nunca € igual, pois nos casos exrremos as bases
a l
I
solugño é outra. soc¡oeconomicas condicionanres estao situadas nos an(ípodas
I
(
de uma dc¡erminada fo¡masáo soci¿I, mas ¡rata.se de um só
Trata-se, em primeiro lugar, de reivlndicar o conhecimento
cr.¡rso histórjco. porque nele,,apesar de su¡ comptexa
(
histórico da l¡teralura, iBora em lecesso e cm crise, e, na es(rzti-
verdade, o único Deio de informagao c¡cnrífica sobre a I¡ca9ao, atua negcmonicamente o peso das articulasóes. (
tilcratu¡a latino.americana, E esclarecedor recordar que o Inscrcvcr torios os sistcmas literários, ou os que eslciam I (
enfrentamento do imanenlismo e do formab-smo tem estildo em ¡ogo cm determinada circunslencia, denro de r.tm processo
a cargo de un)x sociolotia da lireratura com dificuldades histórico.social cnglobante, equiva¡c a c<¡nsrruir uma totali_ f
(
baslantc noríveis para verificar seus imp.escindíveis compo. oaoe concreta. Nto é demas¡ado advcrrir que uma rotalidade
J

I
(
nentes lristóricos, o que si8n¡ficou conceder i criticá idealista desta índole nio pretende homogcncizar o campo
literário
i
(
um espago que ela colocava ent¡c parénteses o da histó¡ia nem inibir suas contradisóes ¡eais; ao coot¡ário, aguga-ns I
mas que, a pflnir da outm perspectiva,-dev¡a ter sido as deflne com precisáo, porque parte delas para
e (
-absolutamcnre vital. Afinal, uma sociologia sem hisrória é ráar inre-
llSivel um processo licrário que nunca se¡á menos
conflituoso (
também idealista. quc a socicdade que o produz.
Recorre¡ ). história permjte, de imediato, cxplicar as razóes Talvez o exemplo maís claro, nesta ordem de coisas,
(
da pturalidade l¡rerária latino-amcrícana, que em grande parte
seia
o que oferece a .litcratura da conquis(a", Grosso .o.lo, (
procede do desenvolvimenro dcsigual dc nossas sociedades. sobre o eixo da hisrória social da conquista, ¡ tofalida<ü (
Esta ún¡c¡ comprovasio, ¡alvez óbvia mas neccssária para literária ficar¡a conslituída por:
náo se cair nos excessos do emic¡smo, modifica substancial- (
mentc rodo o campo do problema. Efctivamente, a perspectiva . a) a l¡tcmtura indÍgena, quc nar¡i c interprera a irruocáo
dos conquistadores e a dcstruisáo dos esradoj narivor, (
histórica obriga a considerar, em que pesc a pluralidade real ,.irior,
clcgirrs, núcleos simbólicos que logo se desenvolverio comá (
de nossas lireraruras, que existe um nível integrador concreto: milos messiánicos erc,;
o que deriva da insergio de todos os s¡steoras e subsislemas (
nu¡n só cu¡so hisrórico global. , I¡) a li¡er¡cura hispanica de <.lescobrimento e testemunho
da nova realidade. tensionada entre o documentalismo
ea (
No que se ¡efere á l-rasc social, nño parece bave¡ maiores fantasia, que toma a fqrma de relagóes e crdnicas;
dúvidas acerca de que, inclusive nos c¿sos rnais agudos dc
desagregaglo, quando um mcsmo espaCo é compirtilhado por . c).a. literatura popular espanhola, quirsc scmprc lt cargo
de so^ldado-s dssitudidos, que se expressá rrrravús rlc
modos dc produEao pré-capitalistas c capi(alistns, cxis(c um coplas=c
grau variável, mas efeti\,o de ar¡icu:agáo que pcrmitc compre, cangóes c.ítico-saf íricas; (
ende¡ a totalid¡dc. Similarmente. no embito da litcratura, até d) a lireratura mor¿lista dos espanhóis, que questionam
legirlmidade da conquisra e condenam o'arr.¿,
a (
os sislemas mlis afastados entre si tém sm comum o estarem O.
situados dentro de um só processo histórico. procedimcnros, freqüentcmcnrc cncarnada em rextos ""us
hisló_
(
ricos ou iurídicos ou em simples fllcgagóes humanirárias;
Tal lnsergio deve se¡ analisada com sxatidáo- Em alguns (
casos espec¡ais, trata-se dir insergáo de uma história literár¡a .e) a Iireratura oficial hispinica, plasmada em cr6nicas e
de dois ou mais sistemas, ou pclo mcnos de cc¡ra relagtro relagóes dos aconrecimenros, em inierpretagóes providenlia_
empiric¡mente comprovável: isso ocor¡e, por cxemplo, oa listas e.pró-jmpcriais, que com freqüéniia
,"ra.. e oU,.nfao ,(
freqüenre reciclagem de formas cul(as arcaicas pela poesia de prebendas pessoais;
i(
3O l(
(
(
(
(

ca¡equística' [anto no ger¡ero


I D a literarura espanhola
no ia oratória srgrada' quc
trs vezes emPrega
.r..íeri.o aor"
\ eñciéncia;
I-- ii"tr* ,rtl*" Para obt€r malor
\ ,u.rl,,,, inat-rgural do processodedesiruar
transculturagio'
seus autorcs
"i'" ,r'a. .*prit'r o; acontecimentos '
pcssoal'
".iín
:::.::-;"," hr"nte' en¡ l¡usca dc umr¡ autenticidade Il,TDIATISlI4O PIREN IDAD
i]?;'ffi; ,g'nt g"t"' do que muito
E
n)ai' tarde seráo E
I

oroiel.os nacionais
-á.r,rr.n,",
'- diversos níveis' A DUPLA AUDIINCIA DA IIiERAiURA
essa tista determinr aPcnas
umi estnrlu.,' ntts' de qualquer
."-'l^l"ir, , l""nguraSo de
I ;,:;;:;;,';,;,;;:; um principio <re ordenaqio e nere dá Dr TUNDAEÁo DA RIPÚBtICA
subsistemas'
i;;;';;'";,;i.."" literários. básicos e a alguns
t a
a-,-r'ir.-*a x iflvestita§io concreta Poderá tra§ar
"lia"r.aq,e efetivantcnte encadeia e clin miza a
I i"T * t.lriá.t Entre ii literatura col onial e a dos primeiros aqqs-¡lr
i total¡dade. ú!!S!¡ existe uma rclagio ambígua que tanto as enlaga
maior problema dessr proposta estc¡lt
r.Sp.
É orovávcl que o como irs contrapóe. Sem dúvida, este duplo mo<lo de arri-
totxli-
i do to¿o e momeoto em que ess'
",'.#il;;;,;Á culagáo tem a ver com a índole restrita da revoluqio eman-
:i;;.;;";i,'*;;" para <hr l,gar a ourr3' sobrerudo Porque
ji ":il ;;;i;;i q,c e- t.,l rantfot*a(io os r¡tmos histór¡cos cipadora que, como se sabe, foi muito mais política que
'to.npontnttt da totalidadc podem variar sociocconómica, nras agofa interessa examinar o assunto a
i"."d'ff;;t par(¡r de uma perspec(iva menos global; concletamentcl
Proccsso cqulváleria.a
Ilnr,J"or"ta.ntt Nio rastrcrr cs§ehistórico d¡ categoria de apenas ? que se refere ao públicor da Iiceratura de fundagio
;:ff;';;;;;" substancialmente
lado dcste qr're scria o Problcma da rcpública,'l tema que obriga a colocar, enrretanro. alguns
..iiil;il,
l"Ti.,"*','i"*t"t,)cntc, ao
muitos outros' comPlexos e pe ndentes' pontos relativos ao período anlerior.
;";cen¡
( p- iuma. scia qu¡¡l for a magnitude c a diñculd¡de dessa A esse respeito convém assinalar algo que
-
talvez por
dc perceber que I orgrnr- ser óbvio se costumx esqucceri a complcxa densidade do
( ,,;i;;;i.;, n':io "" pod' deixrr em lermos de - da literatura. Aludo ) simultaneidade de
lli.,i" ""rá"t da liter¿rur¿ lalino'americana ' processo histórico
( imediata de suPernr o conflilo exercÍcios li(erários distintos c mesmo cantraditórios, )s
,"t'ftil.;"tJ,i '"nt"g"t
( ff;;;;á;;" e" d¡ve¡si<lade' ma§' de
princ¡palmcnre' rcm
uma crítica que' io incor-
a
rclasóes muiro fluldas quc cstabelecem entre si e ao ritmo
ilrtrr'r"'d" o"t,ttt' o exercício dcsigual conr que sc desenvolvem.J Por isso, se sc tr:rla dc
( .^-I. .",i as relagóes enlre os s¡slemas literários e fixar os limites de um período, nunca se pode cncontrtr um
( "u¡a,o
H.:;;;;i;t¿ria social quc lhcs corresPondc' estí apra montcnto inaugural e oulro de encerramento, mas, i¡nlcs, \
fundo é iecisivo' a rcprodueáo especifi- \
( :'H;il;;;;;;; fra n ias cronológicas dy'.l úni rgs]glplXlg5' denr ro d as q u a ¡s
lr..ni. fi,.,,l'i" dos conflitos e contradi§óes quc tccern
a
se transformam csses sistemas literários; alguns desaparecem
( hisrória global de nossa socied¡dc' paulatinamente, enquanto ou$as sur8em com variada ¡apjd€z
( e, por último, muda o que se cos[uma chamar, unr tanto
paradoxalmente, a estrutura do processo.
( Itrn¿lot¡ l,hü¿tklad' @altda'l "l co'ptlt dc ltt liclot
ttto
y críric;i hÚñosmeñcrors
t",tr-iri¡roriá u' sotrE l irer¡tur¡ '
1 Carocai Ltt¡g§¿dd Ct1ltú\ P-43'5O, 1932.)
(
(
12
(
(
(
t
ilus¡res. Como cxemplo, Lemos uma d¡vert¡da versáo em ¿as
ORDEM BARROCA
A DECADÉNCIA DA exequias(do marechal Gamar¡a, a { dc feye¡elro de 1842), de I
Manuel Asencio Segura.'
s¡stema colonial' a
Ouando se romPe pol¡tlc'llenle o
.- -- privilegiada
{
literírturé r¡eó''"""'-- ¿- ¡ ncoclasñPonidor¿
- L..--ñÁñi"" .as vafiantcs, desde
I

cm lou ils SUaS


O APOGEU DO ILUMINISMOI CONTINUIDADE E
rlo Dcnsílñento iluminista a literatur¿ neocláss¡cl (r I
l],í.., 0'"'t"t"uria e conseryadom'uma posi§io definitiva- MUDANQA (
.. r,, ,r. áeslocildo o bartoco Pafa
'i,#" iü"-';'"1 1'-, l":: ;:i.:XT l""*lilil'l,lli Í : Por r¡?.óes óbvias, a indepcndenc¡a csLimulou decisivamente (
li:, :'l'j ::,"."' :."I"'ilT'?i; ".i I;
; f o m a n€ocriis-
r ie, os
0 i c e n teda a.orod_9§!p intclectual ilum:nista, c, em conseqüoncifl,
o ncocla.ssicismoltfi¡mou sua preem¡n¿nc¡a no c¿mpo l¡tccário.
(
'modernistas"' iruminisras e (
:i::;::' ;;;;;; e os ocupa Dox partc do século Xvlll'
mas-o Nao se trafr, contudo, de uma simples con!¡nuaEio exacerbada
:--- ¡ cri. mtrñeira. do iluminismo colonial e da literatura que lhe corrcsponde, (
liüd.,:i:*:::T,i:::;;["'::;ilfr1,1i'.i,['x""li; embora sejem, es vezes, os mesmos aurores que a produzem,
(
antes e depois de 1821, e apesar de que o rcpertório formal
"'" "^ ;;;;;;"9'" to' .qu" se cele brou a reconstrug:io seia p.aticttmente igual em um c outro pcríodo,s mod¡ficaseo (
e dcmonstra as vittudes da noYa
ri"'o'
Ii't"il;i;; s¡J
dc imedi¡to' mais importante nio a única s¡tua-se num^ponto funda-
.Á;- | Nerur¡lment€, o Daroco oio dcsaParece - - na colónia c ni¡ rcpública,
nrental: na difcrentc inscrgáo social,
(
',iI <ic domínio c Passa rt ser uma nrao'-
tr^ posiSiio do discurso iluminista. Pode-sc examinar essa rnudanqa em
""¿"*."tttt' e decrdente- A cronologiir pode varinr
em
i"rüin" várias instlncias do processo dc produqao da litcratura
'"'r'r-, é semPre o rnesmo'
* *on"-a, ntas o scnriclo do proccsso neoclássica, mas é posslvel ve-la com maior clareza no tipo
o dcscnvolvin)e n(o
;; ao qegla-riJ-sg r-lnrlgBendCocir' lilc-rnluE
de relaqóes que cstabelecc com sua ¡udiéncia.
tiñí", ót tr¡cos ger'lis' esta cstrutura; a Referindo-se ao período da indcpendencia, Macera enfatizou
o" l,,art.rra
oomlnavÍl o sislcma 'culto"' c o
vrncurrsd qv "- -''
itrrñinismo
tcndéncia ir importancia do surginento da "opin¡io pública": o r¡alism o
\ !-^-.^.^ rotes heacmonlco -_ sob¡cvivia como a prcssupóe assinala e ao mcsrDo tempo, coñstitui.' A
(
- i b¿rrorqe-ccEs Ju1 !T9:' : - a "opiniao
-
):J;:h:^; o"-'iJ¿' "ry1'o g€ncro menor' :r lo¡ cortcsá' qtte
ve¡dade ú quc públic:r", como instincj;r colcliva
' :;;;;; só iersisloim aos libedadores' san
capaz dc produzir certas rnudangas concrctas n¡ v¡da social,
:g;;;;" de se manifestrr na reccpqño detcrmina niio só a produ§lo jornalístic,r cla ópocrr mirs quase
'nn",,,n-" u"l'""'' .:"t" l:-':r,1;j':"tll::":;;':Lt?Jl
s similsres' Por r
rodos os B€ncros que se cultivam nesse momeoto. Estí vigenre
ni prosa dc ¡eflexio e n¡s cangócs cÍvicas, no lealro e oa
circunsúnciT sobrcvivcnte carece
i'J, o'u**." tt*-*is- Esse
barroquismo oratória crstrense, co¡stitucional ou perlantenta¿ nos anigos
de crlalividade' cÓmo demonstra a Srolcscr
H rot;i;t<¡ Lledíls lou-va indistin"
c quadros de cosrumes c até na correspondéncia, que,,,rpesar
,i*,iurá. dos versos com que FeliPe M¡nÍn" de sua privacidade, parece estar il cspera dc mui¡os leir<¡res.
.-^'-.r^ ¡ rrns e ou(ros' concrclamentet a
Pezueh e san
¡vfas lambém aqui é prcciso reconheccr que o linr¡te entre
'iJ':o,i.";;]tr"t" <lo fato de que r melhor ob^ d" (
Í."t-"]l:
choquehuanci os períodos é difuso, De faro, parl co¡linuar com o mesoro
xrenSa com-quc José Domin8o
; ,;;;"tl d" l6'1'-t:t-tl"^::t::]l exemplo, os oradores umodcrn¡stxs" havjanr dado urlt passa
¡ l¿-de agost"
recebeu Bolívar em PucJr¡' decisivo rrir constitu¡s¡ro da "opiniio pública" ao redescobrir
ordem litcrltia'. Cerca de vinte anos dePors' n¡ar
;;;;t;; as irrnEóes da prédica religios;r, questionando o cr¡áre¡ orna-
componentcs do barroco' 8'tosseir¡men(c menLal e impositivo da orutória ba¡roca e proporcionanrlo
i."u'ao-naaa,", latim'
llirii.ri"t *Sendai cultistcs' quase scmPre em
"rg'ns
un.t cstilo, se sc prefere, evangcl¡z¡dor, quc putlesse nrover
^'J
;t túÁulos nrs honras fÚnebres tje PersonrSens
;;';;r";
3,
Z1 -
\ produziu obras <la magnirude de 'acundo,t, mas ncrD Por
Ceñameotc, a ararória
os animos Po r meio do convcncimeoto isso deixou de marcar conr vi SoraP rodug¡o ¡nrc¡ectual da
liSada á corre , também PressuPu nha
barroca, nlcsmo a mais época-
de massa, m as frente ¡t ele a Palavra
um Público que Pod ia ser e sua fungáo / No discurso ideológico de entáo, mesmo crrr suas vcfl€ntes
etáculo do
cñI sobretudo Parte do esp Poder,
mais au(orilifias, "a vontade gcra) dos povos^ aparccin como
com o deslumbramento
( consistia em reafi¡má'lo c cxaltá-lo a razio fioal da independ¿ncia e co¡no sua lrrefutivcl justifi-
gra ndeza. Para os "modernistas"
o uase tauLológico da sua
za ?t consciencia dos fiéis e de crsio. Sobre_e§!erressugosto construía-se_ o democr¡tis¡no
(.
lrata-se de chcgar corn sin8€le
1)

menos cm Parte racional, c Por rcpublicano, dccidido a situÍrr "no povo", que segurrmcn(e
p rocluzir uma convicAio Pelo
I ssa vi:r muda substiinciilmcnte
a imagem que o orador lem efa uma catcgoria muito fnais abstr.rre que rcal, a lorma titr,rlar
( da sobqrania nacional. Seguindo csta linl¡a de pensarnento,
de sur iud¡Cncia:
con ver¡cido podia gerar-se a fic'ito de un discurso jluministx que nio
( obed ¡ente ao dircito dc ser
desse desloca- fossc mais que a expressáo das idéias, deseios ou interesses
( E impossfvet oáo <leslacar a ¡nlportancix 'popularcs"- O arrifício dessa ficqáo (lercrmina o carátcr
é bastantc paia estabelecer
menlo, mas ev¡dentem enre ele nao
( a vigéncia dc uma'oPiniio P
ública' autentica. O contcxto cxc(:pcional das obras liter.irias que a assumern como pers-
do novo tiPo de pectiva principal, e seu cscasso m¿rito, mas, em todo caso,
( €mq ue se rcaliza recorta as P ossibilidad€s elas represcnram um dos ponros exremos da cootradigao
c recePtor e as ProJ etá Predomi-
rcla!áo e ntre enrissor, discurso s e das agóes
individuai anreriormente rcferida-
( flaotemcn il no ámblro drs consciénc¡as
como dissemos, o dese nvolvimento Ass¡m ralvcz o cxeI]t plo mais ilusrrati cJa um poemir t
( privadas, Efetivaments,
certo grau de consc i¿ncia social qrte corria cor foll¡¿s vo)ar¡tes em 1822, e cujos a!rorcs, q ucl
da'oPin iio Pública" fequer
suficienteme ntc l¡vrc c
( e uml caPac¡drde d e 3gio colctiva cons¡gnam apenas as ¡nic¡ais de scus nonres, cxplic¡ t¡ 111c¡rte
cficazpara Produzir determinadas modificagóes n a dinámica \ lñrm¡m gscrevcr "pclo [em norlc do] povo perua no" A simplcs I
( só com a conforme
d¿ sociedadc leitura do texto. o uc se iDtirula :B-e-s! osta dos filh ()
de Iüsrdade!,4-sr!. es5a5 -Ce!l--tr
( fica va conslitll ído un.| es P.1i o a. A história
s<.¡mbr¡ de Alehualpa ", demonstra il arlif¡ciosidadc de r¡r¡l
condigóes comeg di§cuiio quc se supÓe crnitido pelo povo indígcna,rt artificig-
( ros ano§ da reP ública dcmonsrn que cssa
Pol ítica dos ¡:rinrei sidade quc toqJ o grotesco quando, em ouro texto yersificado,
ca réoc¡35 e rcstriEÓes, 8.¡nhou
( nova for!a socirl, aPeslr de suas que parcce corresponder ) mcsma súric, Huáscar confessa quc
dadc,ro Afinal, é um movi'
.

nluilo raP idanrcn(c vigor e efetivi "ir pena me cscapa de entre oé dcdos", ao conheccr ¡ derrotl
( que derruba e expu lsa o mini§[ro
menlo de "opiniilo pÚblica" do írDpério inc¡.rt Sem dúvida, ess¡ perspectiv'r dc produgio ,
( Monte¡8udo'rl literária cstava objctivaoente conden¡di aq fr¿casso-t6 l

( rtir daí, a o nrt blic No aurro extrcmo cst ficial literat a uc as.sLrf¡c
pr¡vilc dc to(la a clecturl. incl ir¡do em
sem maiores confliLos sua corrdigio dc iscurso ilunr n sl
Pflme ira linha,
a oroducio I itcrír lig-¡ssim scrá Por várias f eúo+o!-u¡¡¡,Ejil§-s-u I tacdestinadoecu nrprir !lrc
sté que ccrlos setores do romantismo
décadas, ao menos zador¡s iunto ¡ uma massa popular ing€nua, enganada, in9¡-,
estélica dfl litcratura oll a vincu lem
enlarizem a au¿oromia pcriente ou igoorant§- Esta literatuiJ realiza com enlr¡si¡snto
P!i mordialmente
i subjer ividade do escritor'r¿ Cerlanrenrc, seu caráter trar¡sjtivo e servig¡ll, como r: mprcendinrento
cs¡:r rel acao com a " ollnLlo_P ública
' nunca deix a de se.r pcda8ógico responsivel pela consrrugao de u¡na sociedade
-E"Lgi! ccialm te uando
cónflituosa, ou Pclo m cnos anb civilizada, livre e feliz. Obviamcntc, o espírito docenre de ral
se jus éem-dulsrm aScfrs a da sol¡eranl:r dopovoeada
litcrattrra prcssupóc uma rclaqJo hierárquica entrc o produtor
fo te.\ civil gad-qfa-dqsssPovo-§o
vanSUAl da ¡ntslcc[ua I como e sux audiéncia: aquele é p:lrlc dc trma vanguarda esclarecida
¿iri¡üartriüiálo-a¡quiriuÁql r¡rnaticidrde quc Lc\']c,
Pe-ru-c§ra pel, ci¿ocir c pclos icleais da modcrnidade, eoquanto csra
Arge+lL-eJal¡¡s¿' po"-€§5e-sg¡¡\/c.4*€
l?':yePlo._o¡
It-
36
(

é unra colctividadc necessitada de conselho e Suia pare mencionar apenas as mais drnmáticasr scria possível prcscryar (
e ncaminhar-se, vencend a independancia? Opta¡-sc-ia pelo sistema monárquico? (
Pro so. soberania popular tinha dc Instaurar-se-ia, ao conl.ário, uma ordem republicana? Uma

-l medirüzar-sc: se8uindo
ale nro
colnc
educa a
a ordem natu¡al das coisas, e
d
o repúblic¡ federal ou unitária? Autoritíria e presidencialista
ou liberal e parlamentar? E mais aindar a identidade do Pe¡u
seriá a que hoje conhecemos?, formaria parte da Federagao
(

(
(
A literatura da época, cm gcande parte, é um vasro esforgo dos Andes?, inlegrar,se.ia ao Peru numa confederagño?,
pata lazer ¡eal es¡a conco¡dincia teórica ou para explicar ou somcntc o sul se anexariá ^lto¡ Bolívia?7o Náo hí dúvida, (
os inevi!ávcis desencontros. Em algumas ocasióes ó cofic v¡vcr cnlao cra decidir dia a dia o fuluro nacional e buscar
(
auroritário do pensamento ilumin:§ta náo será mais que o con§Lruí-lo com ins(rumcnlcs que muitas vezes náo significavam
resultado d¡ reiterada e lrágica coDstaratáo de quc o suieito mais do que a vontade, o descjo ou o sonho (más também, I
natural da soberaoia, o poYo, nio esáva PrePar¿do pañr exer' cstá claro, os interesses) de uns poucos,
(
ce-la livremente, pelo menos da perspectiva e dos interesses lileratura de fundaqáo da repúblicá inscreve-se cm chcio
de alguns dos setorqs dominantcs.rT Tal foi o argun'iento ^ problcmrltica. Obviamente, a resolugio de tais r'nter.
Dessa (
fundameotal do rnonarquismo §anmarL¡niaoo, ardotosamcnte ro8asóes e de muilas oufras requeria certo consenso (
defendido no seio da Sacicdade Patriótica Pelo clé¡igo José cidadio, e- esse consenso rinha de- ser conseguido por muitos
(
Ignacjo M€rino, em polCmica com os liberais, que, ne§sa meios, mas sobreLudo atmvés dq discurso polírico-ideológico.
conjuntura, consegu¡ram impof suas idéias.rB Ccnamente, uns Em out¡as palavras, dever-se.ia conLar, fosse quaI fossc a (
e out¡os apelavam para a "oPin¡Ao Pública"- álternativa escolhida, com um respaldo da "opinieo públicn".
Por conseguinte, se o recepror priv¡le8iado da lilerátura da (
Sem dúvida a linl ata
úpocrt é, como se disse, a "opjn¡io púbtica", c sc frcntc it cla (
ostc ora l m¡is fio¡Lc¡sea¡e-ao+c¡sa-
se desdobra a dramaticidade de problcmas quc exigcñ dcfi-
mcn U (
niEocs imcdiaras, impóe-se a essa literátura uma luncion',tli-
e,sses vínculos, ¡'rgnQs vigorosos, desapirecem na
dade primária, mui(o direta, que :ls vezes se esgota no debate (
vertcrite libera e A verdade é que, se quisermos definir I cot,diano, Nesle sentido, é uma liremrura feita por e pnra as
novidadc do ilunrinismo rcPu blicano, ¡cremos dc sublinhar, urgescias do dia, inclusive quando o que cstá cm discusslo (

I por um lado, o repertório ideológico proPrizmente iodq-


pendentista, mas, por ourro, e aalvez sobrctudo, dcvcre¡ros
possa proielar-se no futuro da nacionrlidrde.'?¡ (

t ins¡stir no caráter decisivo do aparecimento da "opiniio


ú blica " como audié ncia imediata do dlscurso iluminista.

AS URGENCIAS DO DIA
Certamcntc o imcdiatismo do npelo e "opiniio pública" é
máis claro e constanlc em certos generos que em outros, mas
é difíc¡l encontrar um único que de algum modo oáo esteja
assinalado por cste trafo. Nos rnois compromelidos com essa
perspcctivl é notável o esforgo para ampliar o embito dá
rccepEAo e para lacilitar toda a dinimica comunicariva.
(

(
(
(
^
respe¡to disso, é fundamcntal ranto a preferéncia pelo iorna- (
A declaraEño da independéncia prcssuPós certa dcfini§io lismo (isro é, pelos géneros quc podem emprcgar este meio)
nacional, mas ao nlesmo temPo impl¡cou a abertura de um como a finne abertu¡a á oralidade, ou se prefcrirmos, á
ti
virsto €spaso problemárico. Nele se mesclavam situaEóes dc oralizasio. Tal fato se evid€nc¡a no tcatro ou n'Js cansócs, íi (
fato, sobre as qua¡s havia que toñlr decisóes quase in)ediatis, e certamenfe na o.atória, mas taml¡ém em todos os texros I

com ourfas que írPonravam paril o furufo da nova pátria, transmitidos pelo ¡o¡nalismo c pelas folhas volanres- Alé¡r
I
(
segundo as diferentes altern¿tivas ideológicas poslas enl iogo, disso, é preciso lembrar, como assinala Jorge Basaclre, que a iI
(
nras quc tambént requeriam decisóes ráPidas e urgcntes. PaÉ lcilura cm voz alta para grupos mais ou menos numerosos, il
I
ri (
38 3' (
l
(
I
I
mas oue cstc. oor um ato dc vonlade. assume como rrróoria,z)
óresum:velmcnte comPostos¡ em bol
Parter de analfabetos'
na época'27 Esta conversáo da Os desencontros e mal-entendidos sáo. nesse contexlo. \
!r, ,tn ao",u-" co¡rente ineviráveis.
Iomuni.rca" escfita em comun¡ca9áo oral condiciona direta
global do texlo e do sistema lireratur¡ que projeta seus signilicrdos no fururo tem
á, ¡nd¡r"r."nt. a composigio ^ mesmas camcLerísticas, mas pelo eslatuto específico do
A enfase oratóri1 que imprcgna a esras
ili.r¡r¡o que Pertence
ii;;;;g"." iu pto"o de reflexáo transmitidaexemplo
por meio do seu discurso teode a dissolver as contEdisóes reais no marco
d¡¡ utopia, Expressao cle um desejo, tal literatur¿ forja imagens
i..irr¡!ro podtria ser, entre ourros, um bom dessa
que respondem fundamentalmenLe i aprendizagenr de cerlos
iinámica o¡alizadora'a
nrodclos conceptuais que quase ntro I¿m raízes concretas no
ambito da nacio e que por ¡sso mesmo supóem a arurgio de
uma certa fantasir mais ou menos social¡zada. Ncstc sentido,
A IMAGEM DO FUTURO Dáo seria exagerado afirmar que ¡r graode literatura do l¡be-
ralismo foi integrada pela prosa reflexiva de seus ideólogos,
co mo se viu, a litera rur¡ dos rimeiros sd fc
,/ l¡lenras
a
do clia, Dlas est
pclos discursos parlan'tentarcs de seus políticos e, talvez,
eS[ava ComPrOm et¡da com os Pto pelos tcxtos constiruc¡ona¡s que tivcram csse signo. Ao r€dor
qrrase sel:t brc o futuro
POr sua vez, rinham desse intcfexto Biram mu¡ta,s or,ltr¿s obñrs de vários generos,
Cita ndo a conlrecida fr¡se de mas utópico- Seo
" Pro messa
da vida Peruanan, isto é, unr clenco dc valorcs cont
qu€ e socledacle nacionaL d everá alcanEar
num processo l
(lue
l

nio podia cleixar dc

f
hjstórico quc o Pe nsamcnto iluminista que l:'r, no Ilio d¡ I'rata, o h¡lurc¡ foi cncañ¡(lo mc<li¡nte ¡
i do Progresso
interPfctáf como a realizagio Paulltina construEáo dc projclos histór¡cos, enr alguns cir.sos minucio-
Essa conYicAáo ilumlnista tcm ce'tos
traq(:s i¡eculiares na s¡mente definidos, cnquarilo aqui, no Peru, c.: fuLuro sc
América HisPanica, esPecialrDente no
Peru, relic¡onados com ) :lprescntír ¡través da u¡opj.. I.: cssJ utopi:r. Lon¡(, ji sc
a revo-
o car,áter do proce§so independentista' De faro, €mbora viu. tinhr sucs fontcs na aprendizagcm dos princípios Llc
iuJo inregrc o ciclo das revolugóes burguesas,¡¡ u nr:r idcologia lonSíoqu¡.
".rn.ip"do.
,ou; nio se irata, como na Europa ou nos Estados Unidos,
f,] cutminancla política do fortal€cimcnto cconómico-social
de um sistema
dessa classc, mas, ao contrário, da conslru§eo A OIJTRA AUDIENCIA
olítico que deYeria Permilir o desenvolvimento de
uma
P
l¡u rguesia inciPienle e malforma dr,1' Em grande nredida, a
Dc forma correlata a csta projesio no futuro e a sua
t¡rag en¡ do futuro encarna-se Du m descnvolvimento dcsse modcl:rgcm imrginária, collggllgl, a liler¡rura dc fundagág
marcada por csta
rlpo.76 A produgtro ideológica da época está da repúb)ica apela paralóurrqlgjlg[-]iá nio se trara daquelc
comprecoder, nestas cltcuns'
si¡uagio con flitiva. É nccessário (l-ue ¡nteBra a conlcmpora neidade da "opiniio públjca" e cgia
do fuLuro, sobtetudo, n)as
tánclas, que as imagens ideolÓgicas aEio imed¡ata se cstimula, nras o muito afasrado l¡abitante
nio unicamcnte, as de Índolc llbera l, surgem mais da ássimi'
ionalizado do quc da de uma 'postcridade' (signo típico do Iéxico cle eniao), a
lagi o de um sistcnra ideológ cuja iulgamento se femete, com ¡nsist€nc¡;¡ e confiangn quasc
do iberalismo rinha cxp licitrmcnte
PfóP r¡. rcalidade País. O
inexplicávcis, a iprovagáo e nt€snto a celebragtro das atóes
a calcS_o,r ia-cmesmoo o §-YBr4gelesi3 do <lia- E fácil ironizar comparando a imperleiglo da obrc
irnporrtcla da exemPlar EuroPa rn"{_q¡1a, a-gy áhavia veoeide
cfctivamentc rcalizado pelos homcos da época com a l¿rnpera
o grande inimigo do Progiesso, o obscurinri sñó-,1nas cssa
)
\ palavr¡s
I
dc umr linguagem que auto-assunre sua transcend¿ncia
própria origem ilustre a fazia inconsistente llm oulr¡s histórica, mas scria injusro nio reconhecer que, apcsar de
or8anicamenlc do corpo social,
é uma ideo logia que ntro brota

4\
40
I

e se situaram nurD Ponto que América Hispinica, para colocar-se como parte de uma grande
rudo, eles fundlram a rePública tarefa internacional (que a ideologia formula como universa-
;;;.t;""" um Período nelasto cle inlaginado lrezenlos anos e abria
en) lcrmos lidade c humanidadc íntqgr¿) destinada a cumprir o desrino
iu,," aui. dcstino, como sc disse' era histórico da modernidade. A independencia e a soberania
de contínuo aPcrfeigoamento' popular, por um lado, e o cullivo da razdo e da ci0ncia, por
Essr sesrrnda audiencil suPóe' desse
modo' uma mtldanq¡
outro, tinham rJc sc interpretar em relaqao a todo o mundo
Hl
presente ao futuro' m¡s também imPlica
no .t*o,"ip"trt, do moderno e, nes¡e sentido, como construgócs hist6ricas de um
.,., m",fitii"glo de imagens c funqóes: da'oPioiao Pública"
ideal amplamente estendido, felo menos desde a RevoluEao
iiro,,t. nqui passa-sc I configu¡agio de uma esPécie Hr
",gora Fmncesa. Em nossi Afiéricá h ucm considerasse ue se
cooval¡da inapelavelmeorc as
¿" lont"nt" uni,crsal quequem erige como juiz suPr€mo
haviam lan o as bases aaa su f usive a Euro mas
o
,ga"u ot Pensam€nto§ de ¡inda estc cnLusiasmo fose geiro e ao cabo frusÍan(e H:
" Certamenle, t¡ata-se da revitaliza§lo do velho
ll ¡istOria. o certo é ue existiu nesse momenro uma consciéncia cu lir
em boa medida os estereótipos'
r¿o¡ao ¿, ¡"rr, clo qual assume 5' aliza o. Só nra arQ ue
espcciaLmcnte deslacár quc neste caso fem
aas interess¡
quise comg se os dcbctes ,/ esses valotes, ue efam triunfante nos 1,
un) scnrido lcgidr,)ador, T
^.,-r.i, cenlrxis, se haviam
du[inigio mais válida
Ioni.ntpot¡n"ot fossem cncontmr sua bases [istó¡icas l:i c aqui náo cra m as mesmas: objetivamc nlc, tr'
i.,trtt. T¿l fato se observa quando o refercotc é coletivo {
essa opgio estava condenada ao f¡a ca-5so )t
^á rtlgum dos Srandes heró¡s dr
oi ""io ."^,"¿o nrt figurr de
mns aindr se pcrcebe com mlrior nitidcz quando
i,.ri.n..r¿cn.ir,
, otLp.i" apel:rgio alude I Pe¡sonagcns secundirios ou
sc
ENTRE O IMEDIATISMO E A PERENIDADE
;it{l
mcÍlos imPorrlntes' Dcste modo, a Prolifcra§áo l
..iar" o
a-,,"
"coaa ou ¡cxtos de naturcza similar é a melhor prova
nr"mári., i(
da história"' Nio é possivclsolgld-cl-q-praeq§_s_o_49_ulq¿-liearura--sc{n it
de um amparo no "julgamento áten d As tes instñncias de seus modos de ro ,X
Há inumeráYeis tcxtos que exPte§sam essc recurso ao incluindo, por certo, a de sua recepEio yirtual- Náo há dúvidá ir
porv r, e ils yxriaoles do t«ma sáo
abundantes' Intercssa,
d€ que conlo¡mc csta sc configure, conl todas as suas alter- ,ir
fundamentaj§ Um dcles é a
entfetanto, frisar dois rspeclos
'
nat¡\,as e virrinntes, as obrrs c gs sis(cmas liceários adquiririo
no fuLuro: "Náo contam pela idadc, nrio (
1 bsoluta con[l3nEi uma especificidade hisró¡ica concreta. N os anos da nda
/ vive ao lempo, aos sécul os,)famalvive
lchenr algl ris¡nos da re úb lica, é notávcl a bipartiqao da audi€ncia cnLrc u01 ,;{
uma loa datada do mesmo lno de
a ctemidade", P ¡oclama
il 1'c'r com a univcrsalidade <lessa segunda que se insr na g mars I ara opa 'l
1821.?3 O outro Lenl
canst¡tuindo rl 'opiniio pública", e o outro q ue se oca
Nll me'§ ma loa alirma-se que "o orbe aplaude, r(
arrdiencil. na dircseo do fu(uro c se expande a ponro de cobrir o univq¡so
rcla, olha, aclama" o heroísruo ndadores da pátria,a
agua e a humanidldc, sob a rcitcr¿da imagcm de uma "p oste¡idade' (
queéoq uc hxvia anteciPa
lcgitimado UC fece com te
Fc rnando 'O espc Láculo da fclicidade (
u pós sua indepcndéncial será invejável Cada urná dcssas nudiencirs gcrl uma ordenr de condiciona-
[clo povo Perurno, logo (
"r mentos que ¡feta todo o processo de produqao da lireratura,
no univctso I nteiro
e com toda a humsnidade nus em sua própria pr,ítica o nomral é que ambas se e nLrelacem, (
Esre diáloBo con) a Poslcridadc inclusiyc dcntro dc um mcsmo texto, o que produz uma tensáo
-¡ó or)dc exDlicar-se scnilo como pro<luto da consciéncia de basLante acenluada. Tnlvez sejam essas tcnsóes que nrelhor (
,,- J-oo toairf quc se auto afirma como rcllizltdor de certos defincm a ativjdade liteúria dr época, De qualqucr maneira, (
nrofus¡m"ntc interoacionaiiT'ados No [undo,
zt eman-
"rLnIes inclusive di reproduzeor e esclarecem fielmentc o cluplo ritmo de um tempo
tr¡nsccnde¡ os limitcs dr piitria e
cipaqio'pareci,r (

1t3
I
42
(

i
I
f: Cf LOS^D,1, A)eiat\dro, La lilc¡al,tra ert ld soc¡e.l.td dc l',n¿ricd ralin¿.
feiro de asóes e utoPias, de urgéncias coridisnas - e ^lé Pc.ú y cl Río dc la Plnta: ¡837-lEE0. Friokfur¡: verl¡t xhus D:eLer
miúdas c dc expeclarivas de grandez'a que só podem
-- Vcrvuert, 198J.
da recep§áo' rrJorgc Bassdrc.hamou a ¡rcnf¡o sobre r rbismil difereñq¡ eorre rs obr¡s
realizar-se no fuLrlfo. Naturalmente, a análise
aPenas ilumina um cri¡das por Slrmiento e P3.do y All¡B¡ dur¿nlc ser¡ cxrlio no ch¡le: ,a
esouernatizarJa nas págir¡as anteriores, l rciactén dé ld Repúbllc¿. Lirn¡: Ros.y, l9¡o. t.II.
set;r da l¡tcratura peruaoa de ñrndagio de repúbllca' rnas
t. La poe¡¡d.le ¡a ¿rbanclpaclót,.
marca um roleiro Para se compreender mclhor a nlatriz da It ldem.
produgáo literária do Peru independente ¡6Eñ¡reEnto, é inleress.nae o yc¡o indígc¡isla que <omcga a desenvo)ver.sc
nesse t¡po de poesis, It
D Em alguns crsos, como os de R¡v¡-A8ücro c Torrc Tngl€, css€ dcscng¡ño
<onduziu ¡ rmiEáo.
(I¡uücdíatzyFrcnntdad: ta.lobt¿ otd¡e'rcta 'le la liu"'totÜa le
I B
'r Cl BASADRE,Jorac, P¿,.¡i- problcmr y pos¡billdrd. Limi: thnco In(Ernn-
b lt ut)acón de ts ftptibli..t 'Rcrtsra de o ir ici L(c rJ ri¡ ciorsl, 1978. fi¡. sc8oDdí e.lif:lo reptoduz em frcsinlile . prime¡r¡, c Il
btionimerjcrn 1, o.lo, rt20, p.45'54, r9A4 ) xcresce¡ti "^lgunrs reconsidcnc¡oncs 47 rños dcspué§'. Pode.sc segu¡r
p¡re da polém¡c¡ em La abeJd nPublicana.
¡, Umr inil¡sc d¡s corren¡es ideolót;cas da époci cm DASADRE, Jorgc- ¿¿
I
pro,»csa da la uldapcr¡.axr¡. Lifiar Me¡ar B?cr, 19t8.
D Cf. os ¡ivros
¡l citndoi de Rrs3dre. Tlmbém: TAURo, Pcnir époc¡
rcpubliq¡nr. Lima: Pc¡s,l, 1973, Ll. ^lbc«o. l
NO'I'AS
'r lensio entre hoje e o fu¡uro é um¡ constrñIc d|l ¡jtcrr¡ur¡ dx ¿pocn. .l
1t ^
público. 3udié'ch, rectp§io Todos eslc5 ltnn05
t\As^lr[É,. Htstorla de la Rtpt bl¡cadclPcni,t.ll.
'h:mDrc*rmos indiJtinlañcfltü §lt¡¡r¡ñcnlc, €nlrcL:rñlo,'¡ ofiliz¡§ao proí¡ovc o cmprcSo dc uru linSu¡gcm
,-"*"- l'io -lcilor vi¡lu:11' c¡uc forñul¡ o PróP¡io tcxlo' ¡ mirgerl).
,

coloqujal.
^ir¿'.Á"¡
;;üi;; ;ñ q* . texto pudcsse rcr ri<lo ' Ilisrcnn de ta Repúbt¡ca dct ¡Cf, HODSBA\IN, t. J, Lot fltuoluc¡o,tcs ¿r¿¡8rrcras. ]!léxico: Qu¡nto Sol,
Peni. Ll¡ri]l. Uni!c.siLa.ia, 1970' l'l'
2Este pcriodo corrcsponde.o que Jorge llfsldrc dEnom;n¡ a "dclcmrinxlio fs.<1.1.
¡tcf. COTLER, JulÍo. Clases, estado t \aclón eD cl Pcñi. Lamxr ll P, 1978.
dr n¡cionrlidade'.
, Cf mcu rniqor "L:¡ Ilclrlum pen ina: loril)tJ¡d coDlr¡dic¡ori¡"' cm: Fc'd'a Tnmbém: aoNlLLÁ, Hcrnclio ct:¡1, Ia l,úepe,ulerrcla en el Peni. Lir ú ll D,
di ir¡tlca Uíra¡a tothto¿ücríc nd'Liña,lx, 1l,,ul /dez' l'83'
1972-
úO quc nio impl¡clr, ccnrmen¡e, que csss deseñvolvimenlo fosse possfvel.
¡ p3blo Micer¡: '¡Ienguric y rnodcmi§mo perurno dcl siSlo XYlll-' rccopihdo
cñ Truhajos tlc brsori.,.I¡m¡: INC, 1977 1 lI' 'frt€ prob¡cmn, inlerpret¡do crñ rcl¡dlo ao vínculo cnarc bcsc c supcrcs-
rrulur¡, fol ¿srudido porJos¿ Crrlos Chilt.lrnoñlc cmr "El probtcmr dcl tipo
t Cl. La iocsta dc lo ct a cipación.llecoPil'Éo c f'rólo8o dc Aulelio Miro
h¡stórjco dc socicdad: crírim de sus supuesros', sucs teses s¡o qüestionrd¡s
Oues¡Jí. f¡.r, Co:ección Documcnril de h IndePcn¡lenc¡i del Pcni' l'71 Por Ciro L S. C3rdo5o, cm: 'Los modqr de produccióñ colonirles', Ambos os
Ra¡o. Cboq ebuarrca y la cornrade.olttción Cr67cas'
I
iCf, Cl¡.rtO,,ot¿ tcxtos fomm rccofhidos crñ vítios. lto.lot ¿e 0@dt¡ccl6rt cn ¡l¡tt¿tlco t,ttt¡t¡o, l./
Comilé E¡ccul¡Yo dcl J)¡c¿n¡enrr¡o cle Simón l¡olív¡r, 1980'
Lima: Delvi, 1976.
1 Attícl|los, po..sí1s t co,¡.dr as Limi¡: c?tlos Prince' 188'' ¡' CONCHA, trlsnuel dc snntl¡go. to¡ €n cc¡cbrldld dc lx iurr de ll
. Sotrc r con¡r:rO¡C3o da poe§i] dn emrnciptqio quc Phsm' com formxs lndepesdencia. lñ: ¿'l tearro cn la hrdcp?rrde rr6i¿. Edigao¡ prólo8o a no¡:rs
,.iJ¡d"""Ju, noi'o t.pc;tório tcm:t(¡co-r(ferenc¡¡, cf meu 1'r¡8o "sobrc críca a' de G!¡ilJermo USrrle Chamorro.limir Colc<c¡ón DocumcnLrl dc ¡. lndc-
i3 t¡,.f¡,*" dc lr cmaniiprción en cl Perú', cm Reaítta pendcnch dcl P€rú, 1974. v,ll-
'batu¡lt
XI-vll, p.1r'{-115 D ldcm,
, irtcERA, Pablo-'E fre.iod8mo cr l¡ lndcpendenci¡', rciumido cm T¡a'alor rMONTEIGUDO,José Bc¡¡.1Ído. Diá¡ógo de Atabtolpa ! Fcr¡ta .lo wl cü
de btsto¡1¿. L¡.¡a: lNC, 1977. l,ll. los cantpos elíseot. lr]t El leah de Ia I dcper¿etrc¡a- v.1.
,. DesdE mulro Ecdo procurou_sc inlcfvalnr e libcrd¡dc dc inrPrcñsr' Cf' rrA oclhorináLise d¡s cirus¡s dcsre fnc¡xo conrjnu¡ scndoa dc MARIATEGUI,
BASADRÉ. Hisron? d? l4 RePúb co dsl Peni' t l e ll' Jos¿ Cr.los- Slcte e sayos dc httepfttací6t dc la rcal¡dsd peñta a. Li¡n,t:
¡! Cf. -Prorpcclo'. ln: L¿ abeia rcDrblícana'Ed' frcsfmitc Pr6lo8oc ñous Ama!rr, 1928.
'T:ruro.
.le lLberto Limrr CoPé, 1971, Timbém: ODR¡OZOÍ-^' ¡{lnucl de'
Docume¡ttos bislóticos ¿et Pcni L¡ña.l$Pre¡ri dEl Fludo, I87J' l v'
(

t5
44
(

(
(
(

OS 5I$T[l\{AS LITIRARIOS COlüO (


,CATIGORIAS
(
llI§TÓilCAS
(
IIII'IINIOS PARA Ulr{A DISCUS§ÁO (
(
TAIINO A¡IIRICANA
(
(

St¡ s ci to ea caLc o¡ia d srs elo mcnos em (


pnrre, al talyez- im revisto da (
infarigável ino cr^ncia de nossa histori fi literár¡a. Incn-
7_es e5u fAr as a con tuais sr I tvtsm uase (
Iodas as histórias da litcra¡ura latino-ame rlca na imx8in¡nl (
sua ,lratéria cr) mo uma ssoüencia unilincar. suoressora e oer-
fectiva , Época s, periodos c Í!-eglgfgta§Ócs se sucedeqnu¡r (
lqmpo ún¡co e abstraro, obscuro m ¡s firmemc nte goverrrado (
P clo do Pro Pcmanece foair dc suz corlsci¿nc¡'¡
It rturbadora si ia ncidade de o óes lilerár¡a ntra- (
d ¡tól.ias e C igcrtntes, inclusive enlto orc an)en!o da (
artc hegemónica, c ccrtamenlc a coexisténcir, aindn mai§
(
inquietante, de várias literaturas prralelas e po!]Co r_nenos
quc au tónomas. (
O uso da cttcgoria de sistenra tenl tambóm a ver, e muito, (
com as postulagóes do pr¡mciro esrruturalismo, com seu
cartcsiano esmiueamcnto de succssividacles e simultaneidades, (

\r
mas interessa-me subtinh:rr que, entrc nós, obedece sobrctudo,
como licou dito, ) urgancia dc corrigir os erros dc uma histo-
ri r¡fia uc laz do d¡ ve¡§o umn uD idade e convertc cfn
t/ (
(

r( homogéneo o qu
<Jc u mt
c Iramente elc c i IO, se
c e harmoniosa como osl
cm bus

dcl gadeza quase an€mica da verseo historiogrífica de nossa


(
(
Iirerarura, o cmprego da caregoria de sistcmr poderia opor a (
esFcssufil <lc r:ma imagcm múlripla e conlrastante: o cullo, o
(
(
(
(
iflquietanle: de q uc l¡lanctra a5
ooDulJr. o indí8cna, par¡ lllenc¡ollar :rPcnJs os s¡slcma's
i',"ior rutto, tuaát inst¡lados no nlesmo esPaqo
de
Iiteúrio' conlo lirer¡tums ifrdi8snas e populares ennlentam
á prítica_de_s9a pl§p-IE_Ug'ó¡¡3-g-nela se inscrevgm? De bit-
I(
;;;i*^§;t nlaior, e inconlestável, da bastinte co:nplcxa
menrc autónomas no quc diz fcspeito i vida social, é provável
cstñtif¡caqio cl¡ litcratura lltino-ilnrerici¡na'
que seu tcmpo interior, o quc lcva de um texlo a outro, estcia
No fundo rieslg-opgto a.bj)4i§, co-nLudQ,
uDl jn§idio§a' submerso no ritmo do aconlecer coletivo, talvez muilo mais
o .""Jsitá ¿¿t.i[ti"-E acabava por ser ¡na.¡s
rcitcrativo que nutiivcl, prccisamenre pbrquc insisLir é unra
"r.r.,,iri,",
;;;ü;;;" quc lristórico, capaz de cletcr o tc¡nPo' ver(rcaii-
forma dc resistencia cultural e r¡m modo de vencer a inrerfe-
i"n.lr'" ¡ot'ron,ot' pcra fingir x solidez ir¡batiwl de unla r€ncia dcpredadoru do opressor.
ur., afinal de contas, por eslar fora da.ltistÓria'' A mais recente e Dumerosa coletánea de.¡r¡:,9¡ra._ggf.chya
"r,rrirro
iint," poui, servent¡a Eln oulras palavras' corriSilnos
os-
quasc denroosrr¡ quc os texlos se acumulam em torno de certos
,,ícios'd¡ hisror¡ograña, mas - péssimo negócio - acor¡LeciDrentos, como a colheita, o carnaval ou o casamento,
be qualquer maneim' nao é.demais
I
iir,n"t-"", l".,oiia.. vinganga senl que nossos olhos percebam o fluir temporal cryI9 !.1!'¡ll
,"iuln¿icrt a iustiga do gesto, que seria como uma
;;'q.,".;;.;'".t"i ,r.ui'o, havia passaclo cfetivanrentc seI
despercebi<to ce¡ebrasio e outra do ntesmo gancro, inclus¡ve quafldo cnt¡e
cmbas Eanscorre muiro tcmpo, Talvez e fo¡tc articulagio dos
f,ir,dr,", ntesmo dc sus utilidadc' iá t¡uc
"
conseguiu denronslr¡r a pluralidadc
dr nossa Lite'iltuta' :1te texros com o p.ocesso social n<.¡s obrigue, neste caso, a
sob cócligos €§túticos do ocidenle' , hisroriar mais csre vínculo do que a ordem textual que parcial-
,

"niiá".o,np..""aiaa sis(emrl ser¡r. mente o consritui. F,v¡tar-se-ia assim a imposicio exte.na de


É oreciso insisrir, de quelq!9r moclo' cm qJe um crilério de aulonornia literár¡a que, sob esses pfcssuPostos,
tr¡riOr¡. é,-,abstraEio ¡lcgitinrr c cnganosl' Enlio' llio é .se LoÍnari:r pouco claro e empobreccdor.
quc
fr,ig"."ao afimrar que o simultao€o é ilré mais histórico ." Mais quc hipótese, o que di¡sq¡¡g¡- anreriom)e c é_ p,uFa
h¡slória' mas
o ,icc.ri"o. Cada si§ten¡a tc:n sua Própría l-¿
suspeiLr, mas sulicienie p"ra evidcncisr que:rpenrs a vontadc
t"rtC. p^^i.ip" de oulr¿, muiro rnris abraogcnte' aquela
direll dc construlr r his(ór¡3 das liter¡Luras mrrginaDoA[rc umarr
oue.lisrin¡1ue um s¡stcma dc outro c ¡o mesn)o tempo'
e i¡rrlireta mentc, os correlaciona' Por is5o' 5c qÚisern'tos u rrrol)lemiticn cxce.rcionxlmentc cor¡olex¡, su ooeGldii ourr;¡ll
conlinuar falando clc sistemas, ¡lio nos resl' scn'lo l¡isto- Ll;tgt]gEafir' d. .onfron,^,'Jr-qs¡J,¡Er
",n-
i.,"p;;ñ;
4
rjcizá-los, e duplanrcnre, acal¡¡ndo dc Lr¡do con oPosiEio
a 'o nosso. Te¡emos cje aliar-r¡r.¡s i pntropologil
a inda que nlo

qu" conrr"pÓe flrlazmente estrtltura e Processo Ambos sio se ja fá ci l rj - l a d e se ulEf,o-Il?.=ec o¡r¿' nc a s e sr ru -


tl es c nc l r u s u i

his!ória ou nadi- turai.s, e sobretudo devcmos esrar aLcntos ao desenvolvimento

Ocotrc, entfelanlo, prra refer r-mc aPcnas I dois dc.¡s


da I¡istóri'¡ oral, ainda mlrito incipiente nx América Larina.
sistcmls m aiorcs, que (lunsc nio tcflos conhecincnlo
cl¡ De qualquer modo, é óbvio quc cstamos muiro mal equ¡-
história da s lilcfatufas populares e inrligerlas Sobrc es¡as pados para enfrenta¡ essa tarcfa, mas nlo se iustifica que
últimrs tc m-se exercitado, e¡¡r mul(os cílsos brilb11ntcmente, lhe seja dado um tratamenro inc¡dental; muito menos, que
o ofício filológico, resgatando textos e ProPondo
leilurls que tergiverscmos sua agenda, forEando os sislemas mí¡rginais a
em mais <le.* .or"n,o lonm decifragóes
quase hcróicas; cncerrar-se numa história que, bcm ou rnal, jrl conhecemos.
fnrr arn qr. temPo 5e instalaram esses Lextos? De imcdiato' Nada mais equ¡vocado, efetivamente, quc situar duas ori mais
rrta-"" a" um Lcmpo que sofrcu c intcrferéncia e o dano de li¿eraruras numa só crilha tempoml, inrercalaodo mecanica-
processo
uma conquisla cuio§ efeitos nao cess¡rm, e de um n¡en[e textos de variada proccdCncia no curso da literatura
¡,lr¡r¡o 2l1n¡¡vajo Pelo acaso da sobrev¡v0ncil dc alguns hegemonica.@
textos, dos quais is vezes restam aPenls mstros imprccisos e arngrcg¡i_pgt1glc-§sj¡rda mais. se é oossívql,sylnd_9., a
altcrados, o.r,l" r,tempo regido pelas secretas leis de uma partir dela, se fin8e uma vagárosa terra de ninguém, um
fl'remór¡a cotetiva aiodn nio suficicnrcmenle conhecida'
,19
¡8

(
(
(

I
c§Pa 9o ncutro e um tempo vazio onde tudo se unla, conlo C neslc Scnticlo, a)énr dc rcproduziÍ il.s ruplur-JS Sociocultur¡is
se tudo fossc igual, nüma F¡rn)onr¡ en osa cluc ocult ao I da l-¿rina, operam no espaco ambiguo cll resseman-
c<¡nfliLo c.ssenci:rl de lncr¡u¡ras que nro.sio menos qucl:ra das ^nrórica
Iizasio de formas e contcúdos alterna(¡vos, Certamente neo
ilo quc a sociedade que as produz.
cstc plurilismo si¡nplista, mos quase nunca ingénuo,
sio
o
igLrais as crónic¿s, a gi¡uchcsca, o negrjsmo, o ind¡genismo,
roolznc€ do no¡cleste bmsilciro,
a realismo mígico ou o
lr
^ opor r convicgeo dc que as f€lagócs entre os sistcnras rcl:r(o testemunh.l, ¡ras em todos cstes casos o <liscurso
dcvc-se
sio scmpre con(raditórias e geranr vínculos com este caráLer. hegen¡ónico se ,¡brc a outro; discursos, os marginais e subtei. ir
Nir Ar)1ér¡cn l-¡tina. cada sistemi represcnlr a atuagio de rillreos, is vczcs co¡] autcnti¿idadc quando sao produrivos
suje¡tos soci'¡is difcreocia<tos e em conieoda, in,5talado-s er]r - e falsificadora.
e is vezes com arrificiosidacle opaca 1,
-:r polifonir l¡¡rkhtir¡i:rnn Enfim,
aml)itos linBüísticos distintos, idiomáticos ou dirleLais, e só é cnriquccedort quando as vozes ,i(
forj'.rdores rle racionalidades e imaginários freqücnter)eote dos oulfos prescrv:¡m scu rom C femper¿ discofdantCS. parr. (
, incomrra tíveis, Esra é a r.tzáo cla al ni e todo exa abrcviar, nio s:io lr mesma coisa Canbio dc piel c El zoio clc
(
supor que a teor¡a c a prática do om a mils otl an¡ba y el zoDo .le abajo.
n)coos el¡cazes PiILo--c9!-9io--94lll!!!§l3 (uras homólo gas, I IDsislo em ueé o cstudo dcssa s relac oes c9ncrcta sa q¡:
(
m¡ ncir¡ de c m recnd cr
sr,¡am esclareccdogq da_ lqml_¡r_ele-r.9Jlif
_t l_".r: r !,:ggt"..- ¡ ráter da literatu¡a latino.am (
I flcana Í nlc o cxem lo tlo sod e noss:r rcivindi
De eualouer maneiÉ. sño as scmDre imDrevisíveis felacócs
d e autonomi a te rrca, quase nunca co-ncretanlente desen- (
concrct¡s enlre nossos slstemas que podem servir melhor pa¡.1
compreender a Drtureza de cada um dclcs e o scnt¡do da volv id:r, _Qal? -qu_e z8ora a nova rervrn dicafaro, de unta his tória
.,(
c9r¡traul9ao q.uc os_enl:rga e os_¡Í¡-z Panrclpantes uo cofpus c
I q u.
1p91¡p r ivo ii?óiñ¡ilEi dc (
s u a s p lu ra I idiilé3-é-dri ir-áEEóes,
da hisióIida lirerarura lar ino-amc¡¡g4m.l: lnúrit, obvi¡rmente, I se esgote novamcnte ná
as-sinálar que se lmta de relasóes assim¿t¡icas, quc reproduzcm I formuhgio de u m projero qu e neo sc cncarne cm trablllros (
específicos. Pode ser ainda p,of: se neo o desenyolve¡mos
oblíqua ou diretamcnre uma siluagAo radicalmente injusta, (
nós mcsntos, será a crítica mais conservadora que manipulará
mas é indispensrivel recordar, por ouro lado, que a produgio
algumas categorias, como a cJe plurali<.lade, para reforgar as (
simbólica tcm sempre a possibil¡dadc de torce¡ lr ordem da I
interprqlrCóes hisróricas, sociais c cullurais que precisamentc
rcalidade corn imaBcns quc rcconstitucm, no nível do discurso, (
nos inreress:t rccus¡r. IÉl peruanos. nño devc¡íamos es ueceí\
a ordsm mais rlta da justisa e da autenticidade, mcsnro que
qv e a tr:lgúd ia cxistcncial e cu lur¡ de Garcila.so converreu-se (
p:rr¡ isso ¡eoham de a.ssumir fiSUrasóes do opressor. Neste n:r-plenirude irrepreéñsível de uma mest icaseB.llulhlaeüe
sentic!or é extráofdinariamcn(e §-ugcsdvo recordar q uq n)uito I irnperiai; que a (
,.(
"c-do,_S¡:-1519-pr,rlGsg!9!¡ji-e-_¡tg-e-Cqy,m
!1_t^99 ngtj; tr!
Jc¡\tsaletn, en1 qr:e os exércitos c.isliros, teodo cnr sua vanguarda
o naltual, vencem os inñéis comandados por unl "sult,ro" beo't
de nrrma picci
ll tc.ne c nlitict hUminizasño (l:r ¡¡¡u¡g7¡, tal como a viveg *t
t¡ansfor¡¡rou-sc c¡n .signo precu¡so¡ do ccok¡gisno
conheciclo dos ín<Jios; Hern{n CoiLús; c (luc mais lardc, em ^18ucdts,
pós-in(lustria¡. A con-sciencir dc que (
nossa litcrilru.¡ ó p¿clulo
data incerta, os quéchuas dramatizar¡m a conquista com u!') dc vários e-anrag6nicos sljcilos sociais, cont lingi,agcns,
ato [¡n:rl enr que o rei da Espanha mand:r cxecutlr Pizano, (
r¡cio¡alidadcs e ilnagin,irios djsco¡danres, bem poácria
po. havet maudo soberano justo e picdoso. ler¡rlinar ¡un1a afirmagio prtzcros? da hcr¡nonit cntrc os
^Llllralpil,
O car¡rinho invcrso; que leva das litera¡uras mirrgin¡is :\ conlrários, algo assim co»to um¡ mestigagelu que ¡ldmile tudo,
hegcmAnica, pode-.se conheccr rnelhor porque suas insliincias ou quasc, senrpre e quando o rcsuitado nio for clcmasiaclg
Iinais inscrevem-se na face mais v¡sível dc nossa l¡ter¡tura- neg ro ou acobreado.
As que irs vezes denon)inci "ljt€rilturns heterog¿scxs^ ñ¡ncionam Além disso, as invesriEileóe.s concretas que urgimos neo
cm parte como receptoñrs <las Lmdigócs populares e indigenas, apenas revelario suas matériits cspecíficas, mas conlribuireo
(
50
51
decisjvamcnte para forjar, rlém da absrrag¡o em quc ainda se mesmo modo quc a afirmaEño de nossos vínculos com a il
rnovc todo o proieto, o pcrfil do objcto que qucremos conhcccr IrisLória anrerior ) conquisla é o substraro em que germina a
Nunca sc deve (:vitar o fato de que este náo é urn objeto espléndida cr¡ariv¡dade de Palrnl e Arguedas sáo :l

'naturil', mas uma conslrucáo intenc¡onal, porladorn de produtos de cena consciéncia ^rgueda§.
hisr6rica que cles próprios, ao
opgóes idcológicrs e cicntíficas talvez náo muilo Prec¡sas, mas, mesmo tempo efcitos c causas dc um proielo contplexo e I
em rodo crso, dccisivas. N_áo_ é-'natural", por exemplo, qus multidirecional, contribuem para forjar. Enfim, se palma revive
assumamos como latino.amcricana§ as iitcratu¡¡s prú-colom- o vicc-reinado, é porque seu dlscursp atualiza um intcncxto I

bia¡as, nen¡ (Lrrc atribuanlos coo(lisio Iit srri ria il oralida(lc fcito conl a escrita colonihl e com a sua própr¡a, como
(
sen letrr, nen: scqüer quc falemos dc "literarun" para referir-nos .
Arguedas, ao dialogar com os mitos e lábulas indígenas, póe
( ao jmaginírio verbal de culturas que nao parecenr ncccssita-r no presenlc, e no seu espaso, a linguagem do outro, alheio e
desse conceito. Tudo is(o, e mu¡to mais, explir"-se e se,_faz-, írtimo.
(
legírirDo qurndo exi§le umo conscienci:r clrra de porqug Náo sei se fica claro, assim, que os sistemas maiores de
( se problematiza um assunto como o caráter hetcrócliro da nossa liremrura rem consjsrCncias d¡ferenciais, cada qual com
litcraLura latioo-americanar lssunlo quc, de outros pgnrqs sua própria hisrória, quase rofalmente desconhccidas no caso
(
dc vista, se poderia c até se dcvcria omit¡r- das lilcraturas m¿rginai§, nras também, oo mesmo tempo,
( A esse rcspe¡lo, é cor¡vcnienle sublinhar qtre a própria funcionam denrro de um iogo de ¡essonáncias múhiplas,
( idéia de uma ¡iteratura latino-t¡¡rericana é gbr¡ da história, imprevisíveis e cootraditórias, cuios ecos váo e v¿m no seio
cle suas contínu¡s mudangas. Prra as primeiras Scragócs ds uma his!óri¡, que é o fato único a nos idenrificar com
( republicanas, nossa lire¡atura conreqava por volta dc 1810, "todos os sangues" de nossa Amé¡ica. É esla filiagáo plural c
( com a independ€ncia; mais tardc ganharam-sc, cmbor¡ cerl¿- contrastanre, com sua dura d¡amadcidadc c sua vocaqáo dc
rrlcnlc a paTt¡r de difercntes perspectivas, o§ tres séculos plenitudc, I raz¡o última dc um c.xcrcício crítico e hisror¡o-
( gnifico <¡uc quer reconhecer q rcconhecer-se nos muitos tempos
colonieis, co¡rvcrtidos cm ori8enr ¿as nossas lilcrirluras
( ñacionais; e só rnuiro depois, há poucos aoos e sem conscnso, com que se Lnma, §em prusa¡ a ave¡tufa at¡)el¡cana.
acrcsccntor.¡-se ao processo da litcralrlra l1tin o-a mericítna o
( período pré-hispñnico- Esti aprol)riasiro do passedo, qtre
( nacionaliza e l¡lino-americaniza urn tempo ¡¡ruiLo mais c-xtcnso ( bs sítlmtas l¡kñr¡os co,úo catqoríat b índtl.Ltr ctcn¡er¡!.rs pa¡a
do quc rquclc-que t¿m de vida nossas repúblicas, imp¡ica ltta dLtct¿etót, l. htutt encd,ú.RCL\ u. I 5, .29, p- I 9-25,
( uma complexíssima opcragio ideológica, com comp¡omissos 1989)
( político-socjais bem dcLcrminados, mais rléIn, nras n;-ro inde-
pcndcnrem€ntc, das opqóes lirerária.§ postas em jogo. Reco-
( nheccr um passado como nosso próprio p:rss¡do supóc um
( cerro nrodo de dcfinir o prescntc c de idcntificar ¡ índolc
do futuro.
(
Por isso nio ¿ casual quc, pnralelan¡cüte ao trabalho
( hísrorlográfico, que transforma o conteúdo da tradigño lite-
( rária latino-nmcricana e reforr¡rulr cada unla das rradigóes
nacionais, ocorram mudangas clecisivas no curso vivo de
( nossls literatums. De fato, pam yoltar ao caso peruano, a
( apropr¡agáq nacional dos tenrpos dit colónia é ¡nseprrá\,el
do exercício jmaginir¡o próprio da prosll de Palnra, clc scu
( o,xiro literário e social c de suas cxtcnsas ramificagóes, do
(
( 52

(
I
(

(
A',TN\iENQÁo', DAS NAqÓrs (
(
H I§ PANO.Al\,1IRICANAS
(
Rrrlil0rs A PART|T Dt tjl\,lA R[rAüo (
(
]EXIUAL ENIRI O INCA E PATIiA
(
(

(
Que relagAo pode existir entrc um'conto" que o Inca
registra em seús Cotnenta¡1os e sua re-escfita realizada por (
Ricardo Palma, numa das Tradigdes penrcnas, sobre o !ema
da '¡nvcncáo da América', que organiza os cstudos recolhidos (
ncstc volume? Aparcnlcmenre, oenhuma; entretanto, de certa (
I
perspectiva, talvcz se possa enconrrar alguma vinculagño que
náo seja irrelevante. Para isso, nccessito fauer
'I (
-unstalvez - esclarecimentos preliminarcs.
poucos
ii
.)l (
,li
(
I (
Lida hoje a lcse que O'Gorman sinte(izou sob a fórmula
"fl invenCio da América", comprova-se, na verdarlq, apesar (
do magnelismo que emana dcssa frase, que se trata <le algo (
pouco convincentei talvez otro tanto pela funsiro metafís¡ca
quq a Eu¡opa lhe atribui (conferindo "um scr histórico" no (
fundo, concisamenle, um ser a um acnte inventado"- por (
-
ela mesma), mas sobreudo porque sc supóe que essn complcxa
opemgio ocorrcu ioteSralm€ntc á pan¡r de unr "Ezio original'.r (
Certamcntc, nao é m¡nha intcnglo repetir o debatc sobre estes (
lemns, mas ¡nteressá.mc salientar quc á Europa. no mesmo
ato com que "invena'a Arnérica, est¡1 "invcntando-se' também (
e até com maior eficiencja a si pr6prja,
Embora a (
-comparagio -
scja algo flbrupta por mais dc uma razáo, após o
(

I
(

Orienrálismo náo há dúvida de que a conflgura§áo da ima8em I


do ourro é uma das cstrarégias mais comuns para definir
a

figuraqio dc si mcsmo'¿ e nisco - parcce claro exi§lc muito Rccenlefnenre verificl-se um especial empenho cm se
-
mais servigo e utilidade do que conhecimenro' defini¡ o carátcr de "con)unidades ioraginadas" que as nagóes
Além disso, há exalamentc cinco séculos' o Ocidenle nio possuenl e no aspecto decisivo que é a linguagem em todo
cessa cle'inventad a América. A esse respeito, bastaria recordar €ssc groccsso consrifutivo.' valendo-me muiro l.ivrcmcnac
á-.opto"o discurso cienrífico dos v¡aiantes europeus dos dcssas idéias, creio que caberia falar da índole discurs¡va
sécuíos XVlfl e XIX c sua dectsiva influéncia, inclusive
na das nacóes, neo parquc de um:¡ ou outra nlane¡r:l nio sejanr
formasao das auto-intagens americanas;'ou as muito menos "reais", na rcsvaladiga realidade que t¿n) os obietos hisLóricos,r
.onrpluua "informagóes" que a imprensa ocidentat difundc mas porgue suas imagens e auto-imagcns, o quc agora intc-
rodos os dias sobrc a parae luso-hi§panica do continente r€ssa, stro o produto de comp¡cxos processos lintüíst¡cos,
náo a ou nrellror, de extensas e sutis scmioscs, ors qua¡s o tccido
amer¡cano, definidamcn(e dc$¡nadas, com freqüéncia'
conhecer-nos, mas a fac¡litaf, medianle a compara§áo quase dos signos vii conslruindo figuragóes mais ou meno fluidas
¡nevitavelmente Pfeconceituosa, a comPlaccnte auto-imagem c es vezes contñ¡postas entre si. Destc rnodo, tcrhmos de
'civilizada" do Oc¡dente. habiLuar-nos a pcnsar a naq¡o como uma entidade em ¡novlmento
muito Também nós' quc, além disso, pode nio ter un)a só figum, nras tantas quantos
Nacla disso deveria suprcender-nos
renazmcnte a mesma suieitos sociais a experimcotam c a pcnsanr, Enr boa parte dl
h¡sptno-amcricános, temos exccutado
Littina, csscs su¡ckos, alim de reprcsentare¡n inre¡es-
oolrac¡o. ainda quc' obviamente, muclando clc lugar as
^mó¡ica
refe.Gncias e as vczes tornando-as complexas com sul¡s
scs c cosnlovisóes sociais relativamen(c dcfinidos, cG(umanl
conyalidar-se como porladores de signos dc idenridade étnici¡.
dcsordenagóes. Para dar uñ exemplo pouco problemárico:
arielisla é impensável fora da oPosicáo com gue A essc rcspeito, o caso andino seria eorblcmiilico.
a
enfrenta o esPírito saxáo, cerfamente também "invcnEdo"
^mérica l'or certo, sc estas imagens fitnciooam sincronicanlcntc,
como o ourro, com fungáo definidora, e á margem dessa vii¡ias cocxistindo ao mcsmo tcnrpo, cada uma dcles.supóe
"latinidade' americana que é, sen ncnhuna dúvida, sua alénr disso ll¡rr. consciencia cspccífica do tcEpo quc
- -Ihcs corresponde - con¡o história. Cada qual florja sue próprirt
maior e mais grosseira ficgio.'Um casg mais complexo é o de
SarmienLo, em que o eu é quasc sempre o deseio do outro
ou tradigáo; c isto
- conv¿m sublinhar - em dois
sen(idos:
mais clar¿min(e o dese¡o de ser como o outro-t Um conto cvolugio de si nlesma, com seu historial dc precursorcs
-outro cedamenLe táo- invenlado como os demais gloriosos e dc aoti-heróis, nras lambém conro ¡nragem hisLórica
global dc toda a naeeo. Por assim dizar, c d^ suicito decidc a
Naturálmenae, a ident¡ficagao de si mcsmo em fun§Ao da
hisróri:r qlrc lhc corrcsponrle, tr qual pcrtencc e ?l qual se
imagem do outro poderia neo ser mais que o resultado daú
deve.e De novo, para abreviar, um cxcmplo sin¡ples: nluitos
iOgil" pr"Oofnlnr"iemente blnária do pcnsamento ocidental
h¡span¡sfas imaginam que as nasóes aodinas conlegam conr a
(e até um jogo pouco compromeredor: "te invento pará
conquist¡r, (: todos os ind¡genis¡as encontram:ls r¡ízcs oácioni¡is
inventar-me'), sc náo fosse porque rodo o ptocesso está
ioscrito numa relageo ass¡métrica do Poder c dela forma par(e- nruito antcs, na i'poca prú-hispinica.
Na base dessa relaÉo está a forga do suicito social que enuncia Ncssas c¡rcuns!inc¡a§, n¡ais que invcnradlrs, ils nisócs saro
a imagem do outro e sua cor(clativa c?pacidade de corrvicqio pro(lulos ¡nstáveis <le vastos e tambóm ins!ívs¡s e¡ercícios
quá nao é ourra co¡§a senáo o Poder da imagem sobre §íE,nicos, geocricamcnte discursivos, qrre sociallDcntc ostu¡r'¡al,l¡
-o imaginado. Como suie¡tos da periferia, com exPeriéncia comPctir com os produtos clal¡orados por aLrtros sujcitos
acumulada por cinco séculos de história colonial e ncocolonial' sociais, d csma nancira c soble o llles¡uo ¡rssunlo, Ccrt¡-
náo há mot¡vo algum para insist¡r oessa maL(ria- mentc, o fttto náo é quc i¡s nagóes nio scjir(¡1 "rca¡s'(irs¡sto:

( 57
56

(
(
I

t
I
eles o sáo com a realidade que C pópria da h¡stó¡ia), mas de confl it¡vo, inclusive rancorosat
nenhuma maneira sio indcpendentcs das operasóes d¡scur- homogeneo e, se possível, ,r.lt#|.oo.""toto' num espaso f
sivas quc dc uma ou outrzr forma as produzem. Radicalizando
i
o fn"menro cm que em roda I

-,.-l-t:l,OaT. a América H¡spanica


a proposta: as nagoe§ sao feitas também (sobretudo?) de surgcm os discursos próD.ios
-oi"i, dr vocaeáo dc homogcnei- I
discursos, or¿., ::;í';;"**"
".u..
discursoso,;.;,;;;;':il";X;fl i
soc¡al dessa homogeneidade.,o:11";:".'.T;::: (
Os resulrados f.;;;.
III s^emp-rc_carasrróf icos: do princípio
lifr.o f r.g"na; ; q;"1' (
rncros, como qualque¡ ourro
cidadio, deviam ser
o.ü,üir,", "l
pouco Iempo atrás, as nagócs er¿m imp€nsáveis sem o indiv¡dua is de.suás rerras. dcrir I
^té definidor de sua homogeneidade. As nosóes tradi-
correlato .i"" *;; ;";;
^ ",,
do,.,'.iL,L"J'l3l,.,ffifffli; (
cionais acumulavam fatores de unidade para conceber uma Benas G tudo o que elas signif¡cam cutturrt, ",#
mrcamenre) e a rÁpida exDansáñ
soc¡"t. econl- I
vcrdadcl'ra nagior unidade de língua e cukura, dc €xperi¿ncia
bem dcn(ro do csquema iibcnl, i;il;il..
das grandes
t
hislórica, de componente étnico etc. Os romant¡cos sjntetizaram "comprava., ," ,..o.'r1".
"comuneros,
o assunto recorrendo ao 'espírito do povo" e geÉndo gr-aodes
até hoje vigentes
- n."a"a ronran,o
que jamais chegaram
proprictár¡os indivicluais
saber quc ,. ilruirm ,.n¿i¿olirr.rr_ -. (
- quc associam
rcdcs metalóricas oagao,
-
família, filiaEáo. O fato de que esta unidade j¡mais se produ- t¡camente, o grande discurso liberal
da igualdade entre os
z¡ssc, inclus¡vc no apo8eu dos estados nacionais europeusl uma na9áo produzia .",";,
:,1_1dro:.u:
desigua ldadcs. .';;;r-;;;; I
náo foi suficiente para fazer variar tal paradigma; na melhor
das h¡póteses, as fissuras da homogcneidade cram interprc-
(
radas como carencias rcparáveis medianrc políticas adcquadas, (
desdc a exlcosAo dos progmmas cducrtivos uniformizadorcs ]V
ou o dcsencorajamcnto do cukivo das línguas regionais (e ls I
yezes sua pcrversa proibiglo) ao esrabelecimento de sis'temas §e, como prerende Anderson,
a linguagcm é faror decisivo I
económicos de produgáo e mercado fortementc centfalizados. na constituigio das nacóes com
Ña América H¡spanica, contrarianclo as evidentcs fraruras , t o,nog.n.ra^,r"-;;'r;';ll? -t"munidades im'Binadas", i
cii' p.'.,i",,i. ri
" .;':.?.lir:?:1 ::ffi:;T ",T.1
que divid¡am ioternamcnte cada oaqlo, optou-se pelo mesmo u rge n
I
modclo. No século XIX e.cm grandc partc das cinco primehás rioplatcnse, em que, por um lad
i<r¡omátkas rrazi jJ;ffi ,"j,i.lil
(
décadás do século >«, a obsessáo primária foi a da "inregragáo"
de cada um dos países, por meio de políticas educativas
IIHTJ;:"::il*'::il
de um "idioma argenrino", p, .rempr", "rl (
delinidamentc aculturadoras que supostamente tcfminariam
:-::..§::
caso and¡no _ que em cc¡tos a rnl.
por apagar as dissid¿ncias cukurais (embora tais dissidénclas b,ao."."nt".o,ii;;;1,:;;;;:t^[:',.,ft [t;;:i:i.:l,J; f
(
corrcspondessem ironicamente i maioria da populagáo) ou, convenhamos _ um "idioma peruano" (embora
-vozes houvesse
de maneira mais dil¡Benre, por meio de gcnocídios conside- isoladas
que utopicament( i
rarlos oficialmente, sem ma¡or recato, como condigeo do
progÍesso. O que ocorreu com índios c gaúchos no Rio da
cla
I- aq,
". neo"oapenas
muiro aguda
r,,' i.i,;;l:,:i::X;il ;; T"::t,,.Il; I (

Prata C um excmplo, entre outros possíyeis. Tratava-se, pois.


da qucbra
Büismo (n¿ realidade, o mukilingüisno),
qr" ,,e;iil;';'iiii,:i
rn"I a.rnU¿rn .1."rrn"
dc conl¡guÉr nagóes que náo fossem algo como um escándalo n¡plur¿ talvez ma¡s profunda, a ol
qL¡e opÓe a asmfia do quécltua
frente ao que se supunha serem as nató€s européias. Em out as s de ourf¡s h;;;;:;;;,;;
palavras, a idéia subjsceore cra convcrter o hcrerogénco e it,st,"aos.e",'r',"-,;;;';H;::,'.'.':ffi ',',:"ffi
:"j;::."jH:: (

t8
59
( I
¡

(
I
fidelidadc que deve a um e outro de seus ancestrais; rdere-se,
mas um espaso lingüÍstico de converg€ncia Por ceno'
tinha-§e
(
óbvio' o csscncialmenae, á construgáo ou melhor, i autocoÉtruEao
(
de inventai produzir
-
eslc
-
espago' E, Ú Processo -
do sujeito quc fala no rexto c do espaso em que o faz.
'teve um g.ande proragonista: a literatura, especialmenle como -1)nro quanro obrer credibilidnde como historiador fiakd¡gno,
( c.,t"ndiam, com qr-re incluía gGneros hoje I nrargem
"mptitude
"da arte, os ncoclássicos preocupa a Carcilá§o elaborar com Precisio um pcrlo de
e os Pr¡rneiros románticos
( enunciagáo capaz dc <lar autoridade a um discurso crn boa
medida dissidente em relagáo a outros que haviam í¡¡neiado
(
lguais ou similares referen(es. Por fim, a plausibilidade de
( suas v¡sóes alternativas t¡nha como condisáo inevitávd fo4ar
um suje¡to que tivesse razóes e dircitas para escrevef o que
( de
Adnritindo-se essa exPo§iqao, Posso entrar na anál¡se queria escrever.r¿
( um-caso {eo concreto como o anunciado oá Primeira linha
Segu¡amcnte, há nos Co\len¡arios toda uma su(il, v¿riada
destc artigo: a re-c§cfiaa por Patma de um 'conto" que e complexa estratégia hisroriográfica, mas cla depende, muiro
( scus Cotncnlanos' Espero lan§ar alBuma
Garcilaso inclui d¡reramente, do que denomine¡ a auLoconsarugeo do sJje¡to
( ^os
como o discutso li(erário tenciona sururar
luz sob¡e o modo que (elata (e produz) a história. Lendo Garcilaso diz José
as fissura§ da heterogencidade nacional e "inv€otar' um "chega um momenlo em que a história se - cdvcrre
( Durand
espago suficientementc coe§o sobre o qual iosralar
-
emboca -
em a u toblogra fia";1, e assím é, por certo, mas náo se pode
( qrrrá nr.r"u dc maneira convincente a ligura harmónica
- esquccer que se trara de uma autobiografia que, nrais do que
( da naceo, relarar situagóes pessoais, teñdc a escla¡ecer a índole étnica
do au(or (e suas possibllidades discr¡rsivas). Por ourro lado,
( visto como sujeiro da enunciageo, o Inca ensaia um etenso
( UI\,1 lequc dc posigóes discursivas. Efetivamente, sem let'ar em
conla os vários nomes que foi usando ao longo dc sua vida,
( Garcilaso fala ls vczes como servidor ficl dc sua Mai6tade,
Como é sobcjamente conhecido, a obra ínregra de Garcilaso
( é um cmpenhado e mcsnro obsessivo rrabalho em rorno de sua ¡s vezes como mcstiqo duphrRente nobre, is vczcs simples-
( cond¡ge; mestiga; ou melhor, uma laboriosa semiose desti- mente como mes(¡9o, )s vezes como lnca e ás vezes como
nada á produzir a legitimidacle dessa condlgáo, pessoal c Índio. SAo figumgóes da pessoa que admitem variantes ¡n(c-
( socialmente, comeqando pel3 leBtimidade de uma escrira riores e que, certamente, nao sáo sempre nem necessaria-
a sua própria que se auroProPóe conlo articula§ao menre excludentes. Ao contrário, o impulso primário de
( -harmónica -
do vário e do mesclado: gqmq s5qrira mesti§a, em Carci¡aso é somá-las numa vasta unidade que cubra todas
( suma- Ccflanrente, ela o é, em muitos sentidos' Basta recordar clas.¡' Interessa-me entao o fecurso mais óbvio para obter
que vincuta tradicóes hisPánicas e quéchuas, que supóe o esta ambiciosa unidade. Nio há dúvida de quc é a figura do
(
án"r"nt" lránsito da oralidade á escrita, notávcl sobretudo mesaigo.
( quanclo se trau da oralidadc quéchua transvasada ¿ €scrita Neo é dema¡s recordar, enuetanro, que a prime¡ra deffniÉo
( em espanhol, enviando sua mensaSem tanto a lonSínquos étnica que ap'arece na obra garcilasiana, c que aparec€
par€nles cusquenhos quanto á cort€ peflinsular e ao leitor essencialmeotc pela necessidade interior de auto.identificasáo,
( culto do fl€nascimcoto. é a de'índ¡o". Estou aludindo, por certo, á curiosa interpolagáo
( Mas o que inreressa é salienur que a valldagáo da escrira dessa qualificagáo na tradugio do índio dos Diálogos deamo¡
mestiCa de Garcilaso, c§Pecificamentc nos Conenlarios e <¡ue será modificada, sem perder seu conteúdo éto¡co, em ¿¿
(
Ía Hisrgriq, oeo tem a ver unicamenle com a duPl¡cidade lorida del Inca, dados sobrc os qua¡s também Durand chama
( de suas "fontes', nem s€qucr com o esfor§o de prescrvar a a a{engeo, inrerpretando-os como cxprcssáo do orgulho de
(
6l
(
(
(
Garcilaso por sua 'condisao de homem novo";rt a isso caberia A reivindicageo da condigáo de mcsriqo, ranro mais
acrescenlar que o deslocamento dc "indio" a 'Inca'bem agucrrida quanto reperidamente se diz que nas fndias esra
poder¡a siBnificar a incorporasáo de um conteúdo nobiliário palavra expressa menosprezo,r, é pafe substarcial do disposi_
e, nestc sentido, classisa, á matriz érn¡ca origináfia. Pafece- livo bimembre quc tg.oa possivel a €scrita dos Coñenlaños,
me claro, porém, que "índio'e "lnca' funcionam quasc como texro rambém dual, como ficou diro, e a sua mane¡É (áo
hipérboles da csrranhcza do ser mcstigo, mas dentro do ¡nsól¡lo como o homem de dois sangues que o escreve, ao
código scmpre anbíguo que ás vezcs denuncia modéstia e dobr¡r dos séculos XVI e KVII. Neo ( dcmais ressalrar, entre_
)s vezcs sobcrba, e ao me.smo lcmpo, mas principalmcnte, ranto, que no fragmenro cirado a figura do pai tcm um papel
como aviso ao leitor de que vai ler um discurso diierenre, <¡ importanter o autor se diz mesrigo com orgulho porquc o é
discurso do outro. Quase poderia dizer.se quc a aulodefinigáo ("somos mesclados,), mas também porque assim lhe chah:ava
do mestigo real como índio ou lnca escritureis é uma forma seu Pai e§panhol ("nome criado por nossos pais"). É a parrir (
de sublinhar a alteridade desse discurso e dc qucm o emite- desra pos¡geo que a dedicarória da H¡storia general del peni
O fato dc qse nem a tradusao dos Diálogos, nem I¿lor¡da implica, até ceno ponto, um novo desvio na filiagáo: desaparccc (
rcqueiram a autorizasáo auaobiográfica, necessária aos Coo1en- o espanhol do "nosotros., implíc¡(o na caregor¡a mestisa, c (
,años c I His¡orla Eenerql, náo devc fazer.nos esquece. que enr seu Iugar acolhcm-sc fraternalmente indios, mesrieos c
Garcilaso intencionalmente tece r.rma apcrtada mallra dc refc- "crioltos'. Diz a dedicarória: (
r¿ocias cruzadas entrc todas as suas obras, especialmen(€ em (
seus prólogos c dedicatór¡as, de modo que, quanclo a legiti- Aos fndior, meslicos e 'criollos- dos relnos c provínc¡as do
rnagio autobiográfica passu ao primeiro plano em seus grande e aiquíssinlo impér¡o do peru, o Inca Garcjlaso ¿c l,
(
dois últimos Iivros está solidamente -
respaldada pela
- iáse definiu, desdc muito anres, como Vegi, seu irnt¡o, comp3t.iorl c vjziñho, saúdc c felicidide_ (
figura de um autor que
íoclio/Ioca; e também, em outr¡ ordem dc co¡sas, como escriror Seria tcntador correlacionar estil¡sticamentc as duas enume-
(
c¡udiro (com a tradugio) e historiado¡ ameno c fidedigno (com raqóes, associando índio a irmáo, mesrigo a compatlióra e (
La Jloridq). Parece-me que ainda náo se estudou suficiente- "crio(lo" a vizinho, mas na realidade a economia da frase
mente o complexo processo que añicula todos os livros de parece girar sobre o lc¡mo mcstiso, a parrir do qual se abÉga
(
Garcilaso e gera algo como um espago macroautoral que o índio e o "c¡iollo" (isto é, todo o munrlo americáno) e se (
cm cada caso opta por variantes internas mais ou menos acumulam os significados afetivos da seguncta cnumei¿g¡o.
sut¡s, mas que náo excedcm as possibllidades dessc anrbito (
Em out¡as palavr¿s, aq reivindica¡ enfaticamenre seu caráte¡
trabalhosamen[c demarcado. mestiso e ao associar-se fr¡te¡nalmcntc com índios c ,criollos", (
Em rodo caso, aioda que náo dispuséssemos do óbvio dado Garcilaso assume uma reprcsentativ¡dadc múltipla e coloca
(
biogáfico, quem escreye os Comontar¡os oiao pode scr nada seu discurso no cspaqo do vário. para
iogar o ií neo ráo novo
mais (nem menos) que um mestigo, De faro, o senrido último jogo pós-moderno: Garcilaso considcra-se autor(idade) de (
do scu discurso seria inexplicável fora dessa condigeo quc múltiplas escrituras e c¡é instalar-se numa inrcrscqto urópica, (
- a
é condigáo do suieito e dc sua escritura. Todos rccordam a parrirda qual pareceria poder realizar o ideal ,,panóptico,,,
bela e firmc reivindicaEio Sarcilasiana do mcstigo: globalizador e (oLalizanLe- (
É oportuno indaga¡, contudo, se é possível real¡zar essc (
Aos filhos de espróhol c ,odia ou de índio c espanholi, pro¡sto ou mais cxatamcnte, se Garcilaso pode faz€Jo. É
(
clÉmlm-nos mcsricos, prr¡ di7¡r qoe romos mescl¡dos de ambas claro, de- imediaro, que Garcilaso ¡mag¡na a condigáo mestiEa
rs ñafo€s; (o noí¡el foi imposfo pelos primciros esprnhóis que em tcrmos de coniuosáo e sÍntese, embora ás yezes neo sem (
t¡vcrrm filhos com íod¡as. c por ser nome ca¡ado por nossos
pxis e por su¡ si8ñific¡qáo, ,ssim me ch¡mo cu ) boca chei¡-
sobressaltos. Com esta final¡dade, recorrc a várias estratég¡as,
(
(CornentaÍios, Lib. lX, Cap, )OOfl, t,lv, p.163)r6 desde a assimilagáo do neoplatonismo, filosolia em que
(
42 6j (
(
I
(

(
abominávcl por ser feia; eu a oLhava com ons e conr ou(ros. O
(
encoottou uma base conceptual especialmcnte aProPr¡ada dono da pcdra, que era ho¡rcm rico, rcsolvcu vir I Esprnhr e
pafa pensaf e Pensar-sc, em [un9áo de uma harmónica !r¡zé-h collo esrava p¡ra apreseot:iJ¡ ¡o Rei [...i- Soube na
conrcreéncia di forqas dissímiles e oPostas, á cerleza - náo Esp3nha que a nau se perder¿, corn oufr:r multa r¡qucza quc
... t ñda, - acerca do sentido providencial da história' t¡az¡!, <Cot rcntarlot, L¡b. vIfl, Cap. XXIV, t,d, p.80-8f)
NcsLa ordem de coisas, carc¡laso si(ua o incaico nao
em
contraposifáo i conqu;sfa, mas - con)o o mundo c¡ássico De imediato, b€m dentro do seu cstilo, Garcilaso revela a i

em relaqáo ao cristio ) maneira de prólogo Propiciatór¡o mancira como os espanhóis v¿em essa esrranha pedra
-
da evanBclizaÉo das fndias. É óbvio que assim, como etapas ("o¡havam-na [.,,] como coisa maravilhosa") c como a v¿cm
!i

d. u, .ü grard. processo deseiado por Deus, que conduz da os índios ("chamavarn-lhe buaca l,...) admirávelcoisa"), gerando
e da
barbárie d-as épocas renlotas á raáo natural do incanato uma espécie de tr¿dugao subteránea e imermediada: afioal,
oiio nrrurrl i revelagáo divina que se oferece aos índios nesre conrexto (que suprime qualquer conotagáo religiosa da
com a conqu¡sta, dcsdramatiza-se o fim do imPério c sua palavra qu€chua), buaca é exatameote o mcsmo que a "co¡sa
Jo^ir,"gao' p"to" espanhóis' O discurso histórico Pode de maravilha" dos espanhóis, c assim as duas visóes parecem
discorrei sem contratcmPos, suurando tasgóes e soldando co¡ncidir num só sentido c dentro da sempre des€iada harmonia
a mclhor das razóes: a div¡na Alé certo ponlo' do duplo, gue no fundo é, na verdade, único: coisa dc ma.avilha
o quebrado com
esü op.raqáo também consegue suPerar os descncontros - buaca = admirável co¡sa. Sinromalicamente, Garcilaso se
interiorcs do PróPrio Garcilaso' seore na obr¡gaqáo dc dar seu próprio testenrunho e assinala
E coo(udo, cmbora poderosíss¡mos, cstes e outros disPosili- que "c¡¡ a olhava com uns e com outros", Por quc, se buaca c
vos concepruais ncm scmprc funcionam eficazmenLe Náo
iNis- "coisa de maravilha" sao sinónimos (ou quasc), o Inca rorna
(irei na unras vezes refericla ambigúidade, nem no§ vaivéns mais explícita a duplicidade do seu olhar? Inclusive, se "ollrar com"
ou mcnos constantes próprios da Prasa garcil¡siana' que sáo se inrerpretassc simplesmeote como "olhar em companhia de',
óbvios ¡ndícios da initabilidade e mesmo do nao resolvido a urgencia dessa preclsáo contioua sendo insólita. Provavcl-
conflito de sua Proclamada condigao mesti§a; aPeoas me mcnte, o que ocorre é que essa tradugao (riangular resuha
d€tcrel num [exb, aParentemsnte alheio a €sta problcmática' insarisfatória para o próprio Garcilaso e, aÍinal, ele nio pode
que se pode ler com um Pouco de imaBina§io - como deixa¡ de registrar que, na realidade, a pedra é olhada de
- do fracasso desse <teseio de harmonia'rB maneir¡ diferenre porque lhes diz coisas diferentes, a índios
me¡ifoá soterrada
É o seguinte, c cspanhóis. Talvez a insatisfagio provenha do fato dc quc,
nesre fragmento, mas náo cm oulros, Garcilaso tenl:a supri-
no mido o sigoificado sagra<la da bu¿ca.te Se o dvesse explicitado,
No ano de mil e qu;nhenlo§ e cirqücnta e !cis, achou-sc
rcsouício de ra, *inr, rJaquclzs dc Cal¡3hu¿y', uma
p€dr¿ "coisa dc maravilha' c "admirávelcoisa" teriam cancelado sua
cri¡d¡ com o met¡L 1..,1 porquc lo'da ela csrava perfundr-por sinonímia porque aquela nao teria o ceníter div¡no desta.e
oÚ"iura" paqran"" c 8alndes guc I ¡11'¡vc55xvam dc um
l¡do
como Mas o fragmcnlo é ainda mais incitante, Recordemos que
a outro, Por tod¡s clls assomav¡m Pon(as dc oulo' se
Garcilaso anota que "diziam os que entendiam de minas que,
¡hc houvcsscm l¡nqado ouro dcrretido Por cinrn' Al8,um3s Pon¡as
§e nao a ,irasiei¡ dc ondc eslava, com o tempo toda a pedra
saf¡rD [ora d¡ pcdr¡, outrJs emParclh¡vam coln elt, oulras
ficavam mais p;¡a dentro. D¡ziañ 05 que cntendiam dc n¡inas se converteria €m ouro". A frase devc ser lida com relagáo á
qoe, se náo a ti.¡sscm de onde cstlva' com o ¡emPo
(odl a que inicia o capftulo: "da riqueza de ouro e prau que no
Dcdr¡ sc convcler¡a enl od¡o, No cu¿co olhavam_na os csPi- Pe¡u se tira, é boa teslemunha a Espanha', c com a que
l,h¿ir.oro miJ¡ ñar¡vithosr¡ os fndios cll3'navrrrr'ñl ¿t¡¿ca' conclui a his(ória dessa pedra-ouro excepcional: sua perda
que, (omo iá di§scmos anteriormente, cntie oulr¡s mui(r§ 5i8n¡fi- no oceaoo- SeÉ demasiado audaz pensar que o lexto, sem se
-admirírvel co:sa' dign3 de
ágá", a""i" nomer urni quer d¡¿cr
admingao por ser lindr'-, zssim como (xmbém si8ñifica coisi
propor clar¿mente o fato, narra a h¡stória possívcl do incaico,

61
o,

(
(
I
(
figurada na pedra-ouro que sc teria torn¿do inretralmentc ao menos no discurso das jntengóes. necessitava reconcí¡iar (
ouro, se a deixassem onde e como cstava? Nao será um suas duas verrenrcs na figur¿ de um mestiso excepcional.
Raúl
obscuro lamento pela ruptura de um processo que iá estava Porras, com sua reper¡da frase acerca dc Ga¡iilaso, como (
I
rraositando as espléodidas vias da idade de ouro, e po¡ seu "espanhol oas Índias, indio na Espanha", inruiu ce.¡ei.amcntc (
malfadado fim, uma perda ocor¡ida prccisamente no ncio do o dilacerameoto jncurável que cruzava dc lado a lado a vida
mar que trouxe os conqui§tadores? e a obra de Garcilaso, mas creio que foi (
José Durand quem
Mas, al¿m disso, iá que a lógica do sign¡llcado sc abrc quest¡onou com maior consisténcia a imagem idítica
do inca, (
aqui ao cquívoco pluriss€mico, neo subjaz em todo este relato como emblema.dc harmónica plenicude, ao sublinhar a tragi-
(
a noslalBia de uma unidade possível, totalmente áurea, que cidade essencial da figura c do discurso garcilariano, ,3uc."o
i
a história acabou por destrosar? Essa unidade possfvel reria lnca glorificar suas duas esrirpes _ diz _, mas a glória que (
feito inútil, a(é ¡mpeosávcl, o duplo olhar e o rmnsvasamento lhes dé sc achará embebida de amargura".2l
(
da tradugño; no fundo, !eria feito ¡nútil a trabalhosa cscritura De qualquer nraneira, nio foi essa imagem lrágica
I do Inca (
garcilasiana, que assim ponto de vista
- desse
se aprecia que prcvaleceu na consc¡encia nacional; foi, precisamente,
-
mais como o doloroso remédio de uma fc¡ida jama¡s curada
a
opo§ta; a que enconfra em sua vida c obra a admirávcl sír¡(e§C (
do que como a expressio de uma plenitude global e pcrT-erosa. conci¡iadora, como imagem já propiciarória de uma nagio
Dessa perspcct¡va, a narragio da pedra-ouro náo propóe uma paz consigo mcsma. Nao inle¡cssa l.]istor¡ar e"," ."a"pgao
em (
inragem da mcstigagem agora entcndida como violencia e
d,
discurso garcilasiano, mas é impossívcl de¡xar de aá*iorr", (
cmpobrecimento, quase como muf ¡lagáo do completamento quc neh rem singular impo(ancia as leiruras dc
José dc la (
de um se¡ que a conquista dcspedagou? R¡ya-Agüero, ralycz nAo tanro 2 contida em La bjsloria
en el
Textos como estc, e há outros muiríssimo mais óbvjos, Pení, quanto e pr,ncipalmenre scu clifundido elogio do (
corroem iDternamcnte a harmonia proporcionada com esmero lnca, no qual -rcpctidame¡te o autor
- dos Conenlaios (
ai¡rece
pcla escrirura mes(¡ge do autor de duas estirpes e denunciam como sfmbolo do "peruanismo", cmbora hmpouco se possa
a imaocjável rispidez das aporias que o lnca, sem dúvida, dcixar dc lcmbrar que se trara de um "pcruanismo" em que (
o
nunca póde resolve¡ de todo. A reconcil¡aqáo propiciada por conceiro de país mesrigo ¿, na rcalidade, uma espécic (
<Je Áuito
Garcilaso nao termina nem nas Íodias ncm na Espanha; talvez, ¡ecertada conccss¡o do escrato "criollo.-a¡istocrático
ao (
como a pedra-ouro, naufcague cm meio ao occano, no espago lnoculrável componenrc índio da nagáo,r?
dc n¡nguém, Nio por acaso a ob¡a de Garc¡laso lcrmina (
¡ntenciona¡rnente náo com uma imagem dc sintese e plenitude,
(
mas com a inversa, ¡ da execugáo do'born príncipe'Túpac DOIS
I par¡ {contar por úlrimo cm nossa obra e ¡rabalho o (
^maru
mais lastimável de rudo quanto em nossa ¡crra ocorreut e Nos Comenldrios, inre¡calado l,Io assombroso
"o discurso (
escrcvemos, para que [e é precisío importantíssima] em tudo da abundancia",4 em que se louva a descomunal feracidadc
scja rragédia". (Historia, Lib. VIII, Cap. XlX, t.lY p.i169) (los lrutos curopeus cm terla americana, (
Garc¡laso narra um
Com o correr do tcmpo, e contra4izendo o sentido tráBico "conto dive¡tido^: encomcnrja-Se a clois índios quC fCr". (
a
da obra de Garcilaso, como tenaz c brilhantíssimo esforgo L¡ma as p¡imícias de uma espléndida colhe¡ta
de melóes, e o (
inútil para an¡cular cocrentemeote rs muitas tradigóes que cap.ataz os adverte dc que náo devem comer nenhum
"porque
se acumulavam nele, rornando-as pelo mcnos compátiyeis, a o dirl'a carta que rambém lcvam consigo- No caminho, (
os
elitc letrada construiu, já dcsde a primeira década <leste índios dcsobedecem, mas cuidam <tc pár a
cana atrás'de (
século, a imaSem ofic¡al do Inca como o "primciro peruanon, uma parede, para quer nio os vendo comer,
nao possa djzcr
porlador sobranceiro do símbolo máior de uma nageo que, nada. entregar a cdt}a c a carla, sio dcscober¡os. Diz (
^o o
(

67 I
(
(
I

encomende¡ro: "Por que menris vó§, que csta ca diz de que bebas, e terras quanaas vejas e possas" ou..de manhá é
"
que vos deram dez e que comcstes dois?', e aos íodios só ouro, ao me¡o-dla pfala e de noile mata"; as palavras,cnco-
lhes resta confirmar que "com muira razeo chamavam aos mendeiro'ou 'mak-serano"; a frase "ao que nre expulsar
espanh6is dcuses [...J, pois cntendem fáo grandes ssgrcdos'. da minha casa e herdade, eu o expulsarei do mundo'erc. É
<Cornentaríos, Lib. fX, Cap. )O(lX, p.159-160) claro que esfes comentários lingüísticos, todos de algum
¡ntensamente signi[jca(ivo em vários nÍvcis, o 'cgnto" modo relativos ao Peru, acompanham e realgam o ponto
coloca num primeiro plano dc inreresse a confrontasáo enlte que intere§sa:, origem peruana de,carra canta,,, como
oralidade e escrira e sua desigual insergao c uso oa dioam¡ca variante de'rezam canas^ e'papelzinho fala", aquela casriga e
do poder sociali c embora seu tom scja cómico, ou antes ir6nico, esra 'ultracriolla'. A forma "ca¡ra canra, é a preferi<ta dc I

náo deixa de re¡ rcssonáncias trágicas: repete a hisrória da Palma e por isso d¡z 'vou reclamar lpara elal iunro i I
-
Real Academia da Lfngua -as honr¿s d€ pen¡anismo'. Em cerro
derrota e submissAo dos índios e sua ex(rcma dcbilidade frcn¡e i
á escrita da autoridadc ou igualme¡te sentido, a anedota dos melóes é, na rr¿digáo, quase que apenas I

- - á auroridade da
oscfi(a. N¿o me dclerei na aoálise dcsse conto, que foi mal¿ria um pretex{o para desenvolver o rema dos ame¡icani.imos, tao
i
de vários csrudos, alguns baslante noráveis,¿{ mas quero caro a Palma,u, e especificamenre a origem nacion¿l do refráo
reiterár que sua consti(uis¿o * a panir da contenda cntre o que dá tírulo I tradigáo. i

oral e o escrito é definitivamenlc heterogenea e bclige- Em todo caso, muiro no est¡¡o palmista, a propost¡ "erimo-
-
ranre. Ou como indica Pupo-walker: lógica" sobre "carfa canra'('busca a or¡gem da frasezinha enr
questAo) baseia-se numa narra(Ao amena. Co¡vém analisíJa- i
( de tudo, no pr¡meiro diáiogo entre os carregadores
A escrira surtc [...] nestc conto co¡¡o espago coñfli¡úoso da
ncrr¿Cio e como medida que reglsrr¡ r dislincja interior cntre
^nres
índios, o auto¡ anota que se realiza em "clialero lndígena,,,
duas re¡lid¡des cullur¡is que sofri¡m um processo nrútuo de anotagáo que desaparece a part¡r do segundo (e¡nbora enl i

riusles c dolorosss ruptur¡s.¡t algum sc mcncione a palavra taitai>, obviamenre porque o


final da histór¡a cxiBe quc os índ¡os que comeqararn falanclo
Já se obscrvou quc o conto de Garcilaso é a fonte imcd¡ata enr quéchua o laEanr agora cm espaohol. Um deles exclama:
de uma das lrad¡góes "Carta canra'- de Ricardo Palma:ú "Tu os v€s, irmio? Cafta cantal" Desre modo. se produz, quase
-
e que a mesma história aparece cm outras cróni6as, como a insensivclmen(e, um deslocamento do quéchua para o cspaohot
de Gómara e á de Mártir dc Anglería, e tanrl¡ém na obra dc c a corrclata extingáo daquelc, Ironicao¡enre, com inveros_
pelo menos mais um au[or do género tradigáo.'z7 Através da similhansa que náo parece pfeocupar em nacla ao autor, o
( siotomáüqa ¡iberdade com que Palma ernprega fonres coloniais, rcfr¡o cspanhol nasce da palavra quéchua.
que ú indício da profundidade com que assume como sua Mas ainda há mais: a exclamagao que surge em casrelhano I
I própr¡a essa tr¿digáo,4 "Ca.k canta' náo ren¡ete ao lnca mas dos lál¡ios do índ¡o é ouvida pcto encomendéiro, quc a repere
ao padre Acosla, mas é óbvio quc o texto quc tem enr menre, cntusiasmado: "Sim, grandes velhacos, e cui<.lado cont ou(ru,
e talvez mesmo e yista, é o dos Conentarios.Dc fato, o argu- pois já sabem vocés que qarta c¿nra,, com o que se consuma un)
(
menro é quase identico, com deralhes a mais ou a r¡enos, segun<lo dcslizamcnto. O cncomcnde¡ro espanhol se aproprir
dos quais o mais impotante talvez scia a mudanqa do assombro da palavra do§ fndios e a reverre como an¡caga _ contra
dos índios ante os poderes sobrenaturais dos cspanhóis pelo - do enconrencleiro,
elcs, llesla ass¡nalar que é a palavra o
castjgo ("bem surrados") que recebem. narrador da ancdota a seus emigos, que permire difundir
Enrreranto, a trad¡gao de Palma inclui uma vasra série dc o ¡ef¡áo c faz-er com que "atravcsse o mar". con¡ sua
anotasóes l¡ngüísricas, e em úkima instaocia sua inrengáo é ernigragio para a Espanha, como máxima do ^ss¡m,
conquistacloq
revelar a origem da frase "carta canta". Efetivan¡entc, explica termina a parte oral desre cu¡ioso e sinfomático it¡neÉr¡o,
de ondc procedem os provérbios "Casa em que vivas, vioha cujas instenc¡rs básicas vio do quéchua ao cspanhol falado

68 69
I
I
pclos índios, em primeiro lugar, ao espanhol das classes (
€srÉtégia destinada a modcrnizar e uniformizar a vida social
superiores da socicdade colonial, em seguida, e ffnalmentc hispano-americana dc finais do século XIX
-
que é Parte (
ao espanhol geral (e aurorizado, como logo se verá) da decisiva da formagAo e consolidagio dos novos esrados
América e da Península Ibérica. (
nacionais. Como se sabc, e a essc respelto basta pensar na
Por ser complexo e cheio dc significados de vária na¡u- obra de Andrés Bello, ncste empreendimenco o idioma tem (
rcza, esse processo depara com outras surpresas. aqui, um papel esscncial como produror da imagem socializada da
comun¡dade nacional e como cspaqo que cm si mesmo pode
(
obviaorente, tudo sucedc no plano da oralidadc; ^té agora, a
riansmuragao rclaciona-se e cscrita, inicialmentc de manei,-a .ealizzr a homogeneidade requcrida pela nagao, para cxislir (
indireB, pois remete ) história que explica a origem de "carta como tal.'! De fato, quando Palma, quase sub-reptic¡amente, (
canta" ao padre que "ssc¡puer¿ longa e minuciosamente desloca o qu¿chua e o converte em espanhol, está produ-
^cosla,da conquista', mas, a scguir, o faz de
sobre as ocorréncias zindo um espago homogéneo, §cm fissufas, justamente onde (
modq explícito, ao se constatar a exis(encia da frase na se rompe com maior risco a comunidade nácional; quando (
cscrira da própria tradigáo. Daí pode langar.sc á coDquista dc troca a lzla popular em tscrita culta, csrí gerando um novo
um espago no arquivo máximo autorizado do idionra, nada e mais lirme espago homog¿nco, enquanto cmbrida as volúve¡s I
menos que o Dicionário da Academia, que efetivamentc acolhc e descsrruturantes modificagóes da or¡lidade; e quaorlo, por (
a propostá de Palma, Nesse ambito quase sagrado parccc últ¡mo, reduz rodo o processo á autor¡zasao da Academia,
esrá legitimando, com um poder exccpcionalmcnLe forte, uma (
tcrminar sua zigucz^gueanle travessia idiomáticar a curiosa
l)isrória lingüístic¡ narrada por ocarta canta". norm¡ lingüís¡ica que rcge modelo e lel o ¿ror¿ ldioma, (
-
mcsmo tempo, é claro,-ao suprimir humorislicamcnre o
Como se sabe, boa partc da Lradigio se dirigc ao reg¡stro ^o na história de Garcilaso, Palma cr¡a um lugar ameno (
conflito
dc [ormas orais, c náo seria incorreto sustentaf quc parece para iostalar em ha¡monia * a ngva nagio.
cstar presidida pelo áoimo de apreciar a graCa, pertinéncia c - (
política do idioma em Palma e cm seus imediatos prede-
incisividadc da língua popular, ou talvez mais gencricanlente, ^ (
cessores (os ucostumbristÍrs" de cunho liberal, alguns mais
de uma presumida língua nacional, mAs ao mesmo tqmpo
c tudo indica quc nlo intencionalmeñte * propóe uma bcnl - ou meoos populisns) € §ugestivamen(c cquívoca: ao coliSir (
usos populares, ou em geral cologu¡ais, para rec¡clá-los em
defioida hicrarquia lingüística, na qual, para sinletizir o iá (
visro, o qu¿chua cede anle o espanhol, a oralidad(: antc a seu própr¡o estilo, quasc sempre i maneira de cilasóe§,
alinham-nos, ordenam-nos e os domes(icam, sublraindo-lhes (
cscriLa c tudo ante a auto¡idade da Acadenria, De certo ponro
de vista, parccem ser etapas de um iusfo processo de rcivin- o exc€sso quc os t9rna imanejáveis; c Por essc caminho (
prctendem alcanear para sua própria linguagem um c.statuto
dicafáo dos americanismos,p mas uma leitura inversa revela, (
nacional, como rep¡cscntagio adcquada, por ser abarcadora,
antes, unl gcsto de acatamen(o I instancia rnetropoliuna que
da escrita artíslica c da [ala vulgar ccrlamente, c cm mais
¿utoriza (ou náo) o que se fala na América. Ambivalancia sin- -
dc um sencido, csrilizada. Escobar viu bem como na p¡osa de
1
romática: a relvindicageo da lioguagem príptia é ao mesflro (
Palma parcce dissolvcr-se a contradicáo enrre o casticismo
tcmpo o reconhccimenLo da autoridade alhcia, que podc
de Pardo e 4 língua aplcbeada de Segui¿,r'mas na rcalidade (
consagáJa como reprim¡-la, e a cr¡at¡vidade oral é fcs(ejada
o exper¡orento das tradigóes vai mais além, porquc neo -§ó
pfecisamente no mesmo momenlo em que deixa dc sé-lo, (
rcsolve uma conlrovérs¡a literár¡a como propóe um modelo
primciro inscrita na escrita culta do própr¡o Palma, e a
de língua nacional, apoiado scgundo a fic9eo de 'Carta (
seguir instalada no nicho do Dic¡onário.
canla' -
em dois pilarcs alheios e ordcm da literatu¡a: a lala
Seria exagerado considerar a operagáo l¡ngüistica de l,alo)a - e a Acadcmia, modclo que se cstende a todo um
dos índios
(
como signo de uma opgáo hispanista ou colonialista,,r mas náo gGnero (náo por acaso seu nome é Trad¡ciones peñtanas), e (
seria dema¡s entendé-la den¡ro da voluntariosa c eng)obadora finalmente se projeta sobre o sentido da própria nagáo. Talvcz
(
70 1l (
(
J
(
(
l ii.
I
conr nrenos explicitag¿o que outros €scritores do séculó XIX, uma natáo insisfam cm vcr refletida em sua vida e obra a
I apetecida conciliagio de uma mesriqagcm quc logo se convcrrc
Palma inscreve sua produÉo na problemática maior da época: i
cm ideologia, encol¡¡idora do que a conquisra quebrou e a
criar uma inugem e um discurso que diluam as contradisóes i república nio póde soldar senáo no discurso da homoge-
solapadoras da príptia idéia de naqáo, construindo espagos I
neidade que tem em Garcilaso, precisamente, um dos seus
homog€oeos sobre uma real¡dade opressivamentc hctcroténea, i"
I
, grandes símbolos e de seus Srandes argumenros. A decisio
conr o ánimo de edificar na c pela linguagem uma comunidade
de Palma de rccsc¡cvcr um Fragmento dos Conentarios pa.a
nacional possível. Dizé-la, náo corno tcma ou contcúdo do produzir, enrre ourros efeiros, o dc uma língua ,brangente e
discurso, mas como significado da própria índole da opcragio toral¡zan(e, em cuja lrama parecem diluir-se os contrastcs en(re
lingúística reali¿ada no texro, era pclo menos a prcfiguracio oralidadc c cscri(a, quéchua e espanhol, lÍngua popular e
discurs¡va de que rambém no plano da <calidadc (e sobrctudo lfngua cultr r autorizada, inscreve-sc enyiesadamen(e na
nele) podia consfruir-se um espago comum onde qualquer mesma l¡nha e renova a vocagáo de ha¡monia que efetiva-
convergéncia harmónica (nras hierarquizada, por cerro) fosse mente, cmbora ao longo do tempo se frusrre, cstá na obca <jo
possível. Inca. Na rcalidade, Palma nio só "inventa" uma nagáo, a qual
De certo modo, é um mon¡ento fcliz: a linguagenr da arte dota de uma lrad¡gáo p.cst¡giosa e sem problema", o, só se
está em paz com a fala da rua, a escrila com a oralidade, c prefere, de uma hisrória que tanrbém serve para convalidar a
tudo dcntro de uma ordem volunlarlaNeotc conciliadora, existeocia de uma nacionalidade independenre apenas dcsdc
lronogeneizante, que na rcrsa superfície da página escrita a yéspefa, mas, ao mesmo tempo * e talvez ¡sso seia o
c¡-e encontrar- umír fiSurageo §ocial alentadora. essencial qU "produz" a linguagcm com que essa
encontr¡
- - "inv€:¡¡¿"
nasao possa dizcr.se a sj mesma. A longe hegcmonia da
Exan)ínci, em ourro lugar, conro Palma faz da Colónia um
vcrsáo palmi§ta as§inala clar"mente sua cor¡espondéncia cam I
espago e uri¡ momento antcno.s para a história do Pcru,
desproblcmatizando-a com humor e sutitcza-r Sobre o genero amplos apetltes socia¡s, mas neo deve ocultar que coetanea-
é imporunrc a antologia (e o cstudo prelir¡inar) de Estuardo menter a pa ¡r de distintas vertentcs, outros suieitos sociais
( eslavam PlQduzindo discursos opostos, cm alguos casos
Núñez; ago¡a, no plano da {inguagem, bcm poderja dizcr-se
algo similar: diluindo as ¡ensócs do bilingüismo e fazendo-o, especificamenrc polGmicos, que ma¡s ]afde competirño com
adentais, descuidadamentc, como quem rcaliza unl afo abso- ela e acabarto por subo¡diná-la. Nesse momenro surte, como
"comuoidade imaginada', ourra e diférenre nagio e ourro c
¡utamcnte narural, apagando ao mesmo ten¡po as fronteiras
enfre o or¡l e o escr¡to e o culto e o popular, e afirmando d¡ferente discurso, Mas este ¿, por ceío¡ um lema que escapa
aos l¡m¡tes do preseore estudo. i
(
por úkinro a legitimidade do peruanismo na autoridadc da
Academia Espanhola, Palora produz u¡n cspago l¡ngüístico t;.
I tambérn ameno, quasc paradisíaco, onde a naEáo pode ler.sc
a si nresma scm {oonitos con1o tal. (Ia lruerckitt .le lau acloü6 btttt¿ úuc ticanas. R€ÍExlo,q
-e - : a pa d ¡ r dc u n o rclac¡é ¡dt Í al efl d el t ¡ ¡ ca y palnrd. I : lá
( iñ vcoc¡ón dc Am¿ ri(s_ ,l ñitordan¡ Rodopt, 1992. p. ,
39_156.
l&l,lrlt2rteloJ)
l VI / TRÉS

Se na figura c no díscurso do lnca compclem seu <lesejo


dc l¡armonia com fraturas de vfíria cspécle, que afinal rernrinam
por corroer c fazer impossívcl a rcalizagáo de tal desejo,
isso nio impede que a reccpsáo tradicional de sua obra e a
construsáo social de seu s¡goificado con¡o herói cultu¡al de
(
73

(
I
r. In(ereitou-mc o lex(o c scu JlSnilicrdo po55ível ro livro dc ror8e Cuzmán
NOTAS
§ob.c a merig¡8.m nx Pocsi¡ dc vllleio, quc a Editori.l Uñivclsklrir dc
(
srn dágo pubticr rl brcvcmentc. Cu¿mfn o cmPrcsa Pih oulros cfcitog,
¡ O'GORMAN, Edmundo. ta ¡nrotc¡ó¡ dc El unived¡lisr¡o dc l, l, Por cxcmplo, llanúú bnaca, que et l¿Ear sogtddo <Conts la/1o5, Lib. l,
cultur¿ dE Occ¡denl€. Méxi<o: FCE, 1958. ^,n¿¡¡?¿,
p.16, 75,83.
Cap. lll).
I
¡ SArD, Edwrrd. OdctttallsÚ. Ncñ vo¡k P!ñrhcon tlooks, 1978.
-Sobrc cs probtcm¡r dl Lr¡dugio. cf. H^RRISON. Rc8¡ai. S/8rs, .§orAr¿n¿
t PB TT, ¡gary Louisc. HumboldL y la invcnción dc N euo Tcato {
MeDtory¡n tbc A¡det. Austiñ: univcÉ¡ty of Tcx.5 Ptcss, 1989.
Cn7l6q srrnford, l. t, 198a. ^m¿r¡sr- ¡rDUR ND. Ejrudo prcliñinar. not^s, p.Z3-24.
¡ RODÓ.
Joi¿ En.iqse- Adcl l)'l Los ,ñottuos dc ha¡c - Cit-Jc-¡si lliblio¡cc¡ x RIV^-AGÚERO, Jos¿ d e.lo. Lo bgto¡1a dd Peni. rlmr, Uñivcñid¡d Glólic¡,
Ay¡cu<ho, t19001, 1976" lgloi El Inc, Girail1so dc l¡ vcii, ln: obmt completas. L,¡na:. Uo¡vcrBidid
t l\lcnciooo rlguns ru(orcs quc mxti?lm (oÍr sulilcz-1 o iulBlDcn(o, ¡Lgo C.ió¡i(a. T.Il: I)Él lns¿ G3.€ilaso ¡ E8uren. tl9ró1, 1962
csqucrDlÍco quc arrrrce ro lexto. SARMIENTO, DorninSo F¡usr¡ño. F¿6¡lrdo. (
D ORTEGA,
rulio. P.E unr tcorh dcl{er(o ht¡ñoimclc¡no: Colóo, C.rE¡lato
Cxfa(rs: tlibliorcci ll8{5), 1r77; rlT¡t(, Noé. Eltac¡tndo.h g-,n y cl dilcu.so dc lr lbund1ñci^. Itt,bto da Oí¡¡ca lltemda Latirloah¿er7cana.
^y¡cucho,
riquca de la pobrczs. Próloao r Dom¡n!,o F¡urino Slrñierto. l'ocundo. Lirna, XIV, 28, 1984.
Crñcrsr Blbliorec. 1977i PIGLI^, Ric¡rdo, Nor¡s sobrc ib.xrdo. ,, ARI(OM, Jos¿ Ju!n. Homt,rc y mundo cn dos fúcnto5 dcl lncx Garcilrso.
^y¡cu.ho. Ill, 8, 1980i R/lMOS. Julio- D6¿n.terúrbs de
Ptnto.te VIs¡a,Ilucños (
ln. Cc,ltitt,ñbr. de ADtdn'.¿. Mrdrid: Crcdos, t8?r; CHANC-RODRrCUEZ,
la modenti.lod en A¡ré^kcs,
ca lztlrro- tirer¡rúñr y polfuicr cn cl sl8to XIx.
Rrqucl. Ehboñciór dc /as fucnl€l en 'Cnrr crnlr' y 'Prp€fi(o ¡xbh lcnEur'.
México: fCE, 1989. I, I.
6 A p!n¡. drs colos¡Cócs de Dcrldl c C¡rous,lo¡il l\lol (Teorío ¡iter..rin Kcrt¡cLA QterlErl),, 24, 1977i PUPO-V^l"KER. E.t¡llltJc, Htstoda, crcació )
ptolpcia c los textot rlel h.a Ca¡cituso tt¡ lz VqL Mid.id: Poirúe-Toñtnzrs, I
IoútDU¿, ¡í7.i¡i& clúrd.¡, 1988. p. t l4- l l 5) co nsid pt.¡ qu c sc ¡ rr¡r sobrcru do r98Z: HERNINDEZ, Afi¡. El lnc.r G¡rc¡l¡so: el oGcio dc csc¡lbir. P¿rr¿r,
d¡ ¡óBic¡ do mrchi5mo ocidcn(¡1. Mér¡co, 2r7, l98r-
t ANDF.RSON, Ilcncdicr - lñaqhre¿ .omtiítkr alcnsc(ionr on (he Or¡8¡n nnd n PUPO-\VALX ER. Íüro ñ4 crcaclótt y p¡oIz<¡d en los lextos dcl htc.l Garcllato
Sprcrd ofN!tion¡li5m. Londr<sr vcrso/Ncs Lcft, 1981. ¿a la Y4c, P.rn- (
'VHITE, Haydcn, Tropl¿rorrD¿r.otrde ErsryJ in Cultur¡l Cr¡üahñ. BrltiÍiorc: ,r "Crrr c1nrr'rp¡rccc na ¡crceirr séric (la7r) ttrs Tradlclo»cs l,enr?r as.
JohDs llopk¡os Un¡vc6ity Prcss, | 979; DE CnRfli AU, M¡c,,,cl, ln $.rík.ra de Sendo um te¡ro breve, ñlo cito pí8in¡r. cdido qtlc ci(o ¡px(c(c nr bibl¡o_
la bktotlo. t\léxico. Univcrs¡d.d ¡b€roamcridn, Scpsc(cnras. 198r. ^
, CORNFJO POLAR. ldlir.
k Ion'oclót ¡te ¡? t¡ad¡ci6,, lita4r.lr et eI t Hoñlrre y muñdo cn dos cucntos ¿cl Inc, Grrcil.so¡ crJANG. I
Pen¡. L¡rna: CEB 1939, (ln¡,)
^nlon¡o. ^RRoM, Kettu¿kt Qto e¡ty,l,t. §obrc o 8¡ncro ¿ ImPorl:rnrc i
RODRfGUEZ.
ro AA¡ÍOS.
Dcsencúenlros dc h modcrnl.t!d en Amé.lcJ ll(i¡¡. inro¡oE¡! (c o csrudo prel¡,ttin.r) dc NÚÑEz, Erttrr.¡do. T¡a.lactoie! btspa'
" ESCOBAR, (Ed-t. El d¿t ntul¡lltuRik,,lo ¿,' crP¿ni. !im¡: Ins- tooÚert.a ¡w. Ca¡acx: u¡bliole(¡ Ayacucho, 1r79.
^fbcrro
tituro dc Érrudjos
'{to
t¡crurnos, 1972; a^LLóN. Enriquc, CERRÓN, Rodolfo(Ed.),
' CO,TNEIO POLAR, 11¿ lor actó¡t dc la tn. cl6t, ll¡e.aria e" el PenL I
{
Dtglosla lln8 oJ¡te.üta yeiurac!6¡t en el Pcni,llomm¡J. ¡ Albcno EJcob¡r. , P tlt^, Ric¡do. NeoroS atños y otae¡ica¡rlto1os. L¡ml: lmp. C. Prin(c, 1896.
L¡mr: Concy¡cc, 1989. ,A dcfcsa dos rñcric|lnismor cuslor.r . Pilm. mt¡s dc om ditsrbor com ¡ 'l
'¡ Ejnboñ ¡ bibl¡ogrdii sobrr o .Lssunro s.i¡ mu ilo rmph, for¡m.mc GpcÍillmcnE ,lcidcmir p: nh o h (r dot u mc n¡ ¡Éo dr Pol¿mica zpJf.cc t]o BolEtÍi dc la
E15 {
úrcis os novos crudos sobrc crrEil1so quc rpÍe.em fL blbl¡ogf]tu c rl8uns Acd¿eñta Pcn¡atadc ld fr,r8o4 20{Nucv' Épocl, l985l O lcxlo bísico dc
csludos gcmis s{)brc ar (róric]! que 3¡o ¡3mMm ciL:dos nr b¡bl¡oaEfi¡. As
ciEsocs de Letros dcJot€ DuEnd, rl€m dc ncrÉaíri3s, sloumr homcor8cm l
Palm¡ nessi mfl¿rir é "Ncoloais,nos y nñcric¡n¡smo¡- (1896)
,r MAnlÁTEGU|,roié Catlos Siete o szyos de i tctPkta.tó» de lo ¡sal¡.Ia¿,
I
D DUMND. JosÉ. Esludo f,nllmlnir c nolxs. lñ: VECA, C.rcilxso dc Is.
pcnn,D. s.<d.119281- Limar Amruta, l16J;CORN9IOPOL A LaÍomocló,I {
Itlttoio Ee craldd Pani. Um¡: UrivcE¡drd de Sin Mrrcos, f¡6t71, r162. p.t l.
r'Um úñlco ex€milor ¡s mrril¡s 'pes5ozs' mcnc¡or¡d¡5, c oulrJs m3¡s,
.lrla t¡adtclót llte.o.ía c cl t'cni,p.57.66,
r¡R^I1OS. Dcs¡r¡¿rrcrrros .le la modañidÍl eñ An ¿tlca Lati@.1,ll
, ESCODAR, ¡b€ño..&, nanacló e et Pcni.Lim¡: Mcii¡ thcl, 1960. r«lv
i
acomulim.s. nr dcdic¡tór¡¡ di L.rdú§1o ¿6s Dtálogot qúe Carcil.so inclui t CORNEJO POL B. 1-¿ lonnaclóu de la tÉdlcló,t llteruría c el P¿ni.ll. I
no f¡nxl do Próto8o l l,alsrorl¿. Em sc8úi¿i, (ito
no inrcr¡or do te¡lo, cñtre
(
par¿ñleses, rnoliñdo 1p¡livm flürorrcscBUidr do Li!ro, do c.pÍúlo, . cm
cJJos nccessir¡os, do lomo cd¿ pás¡o..
', DURAND. fsrudo prcliminrr c nohs, p.4a.
{
'ú Cito dc ¡cordo com o s¡stcnr:r indicádo nx ool:r lntrrior, rncDcjoñ1ndo I
ncstc (i¡so a Plllvr:! coñanl¿¡,fos,
" BURC^, 1984, p.276 ct scq. (
{
74 15
(
(
(
I
I
I
I
L

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA I

i
ADORNO, Roleña. F,'o Orol lolYlíile Eq¡Bstíor" Native Andean
Ear¡y Coloñial Period (Ed.). Syr¿«¡se: Univer§iry
I
Chronicles ofüe
ofSYc¿cusc, 1982, i

ESCODAR, Albeno. H¡sloria y lengüxjeqn los Comcnlarios ,eales.lnl


I
I
OS DISCUR§OS COLONIAIS E A
Patio de let ras. Lima': Caballo dcTro¡4, 1965.

JAKF LVI-LE¡VA, Suszo .lraduc¿ión, ascil ra ), uiolcncio colott¡-


f0Rl\{AQÁ0 DA ilTTRATURA
zadorai un esNd;o sobre lr obrl del Inca Garcilaso, Syracr'rse:
MaFvellS(hool, 198,1. lllSPAN0.AilltRlCANA
LtINHARD, Madn, L1 cróniq¡ {ncs(iz-a cn México y el Penl hasta
.1620. Apunces parr lu ssrudio histórico-ljteñno. Reuis[a de (RrrrrxÓEs s0BRE 0 cAS0 ANDtN0l
Crít¡ca L¡terada lalinoa¡r1cncatla, Lí.fla, [X, 17, 7983.
MGNOLO, \Yahe¡, Can¿s, crór¡ic¡s y relacioñes dcl descubrimienlo
y la cuqu¡st¡. tnr MADRIGAL, Luis f oigo (Cootd.), Htstoria de Poucos ?con(ccimentos hislóricos sáo táo complcxos conro
la literatura bisPar¡odnrcricana, Mx¿ríd't cÁrcdra. TI: Época os que se arliculam enl torno de fatos da conquista e da
colonial, L982, colon¡zagao, sobrctudo quando, alravés dele§, sc cntrec.uzam
I
PALITTA, Ricardo. Cartá cd.rta,lr. Trad tc¡ond PantanLt l¿adntJ. CAlfx, universos socioculturais radicaln¡en(c divctsos e mesmo ¡ncom-
!. ,118751, ¡923. paríveis, tal como succdeu no quc hoje é nossa América, a
patir de 1492. Complexgs c confusos, iocisiyamsnte ambíguos,
VEGA, GarcilLso dc la. Mslor¡a geteral del Pcni. Estudo preljminar
ponque i quase incontrolável metástase de poder, exacerbado
c no¡¡s deJosé Durañd, ümar Un¡vcrs¡dad dc san [!arcos, [16171,
a ponto de qonycrtef-se em cspetáculo dc si mesmo, um
1962.
podcr capaz de reproduzir.sc inclusive nas instAnclas mais
vEy-cÓItEz, Nicolás. ¿ Dónde csl¡i Garcjlasd l¡ oscilación del §u.icto privadas da vida colonial, aaé nos sonlros, na imaginagáo c
calbnial cñ la formaci6n dc uo discur§o tr¡nsclu.]r.lñ1. Rcvisla.tc nos dcsejos, opócm-se, quasc s€mpre subterraoeamentc,
CríllcaL\¡cruria I-at¡noa»leica d, fÁ¡na,)<\llf , Y, l»1. gesios, alitudes e movimentos dc res¡stencla quc também se
d€sdob.am por rodo o corpo social, e por seus ma¡s sut;s
( tbe "Cor¡rcrrlaríos Rcales de los lnces"- Csmbridgc: Cambridge ¡ntelstíc¡os, gestando ás vezes enfrenlamentos de extrema
violéncia e
(
UñiveGity Prc's. 1988. -
em cenas oclsióes, ao mcsmo tempo
- compli-
cadas e fé¡reas ou débeis redes de negociagócs e entrelaga-
(
men[os, para as quais a categoria de ranscultur¿gáo torr¡a-sc
adcquada mas ¡ncomplcta.r Dever-se.ia acrescentar a fluluante
( e ferve¡te proliferagáo de contcadigóes deot¡o de cada uma
das "repúblicas", ¿ dos esprnhóis e a dos fndios, que a caroa
instaurou para cortaf a pirámide colonial, mcdiante um¿
espécie de vazio social que afastasse uns dos outros, rDas
que, mu¡to rap¡damcnte, seria um aglomerado de mesrigos,
( prqtaSonislas prematuros do drama da h¡rmonia como dese¡l
( impossível.'z

(
76
(
(
(
(
S U R o
o 7000 by Ccñuo ¡lcElroili6 LircEri6Anto.¡o
c. ñdo Pol, - L¡o/P(ñ
l, 2(P d¡ ládudo br,§ilciñ: Ediroa uI^!G
E!! lirrDoú p1ñrddr nio po']! sc. ¡.produz¡do po r
qu¡lquc. ñcio*¡r r!roriD§lo $criD do tdiroi

comuio nolir, ¡13ó' lf,


c¿ t]( O (onllor ^ntoñió.
vo¡r ¡¡luÉluÉ c cullui.
l2Iiña¡mLnc¡n¡l Anronio Coñcio Pol:'(
ors:| ni¡rÍ;l o }lirio J. \4lJdij¡ r¡Cdéo lllr
Y¡lIi de Crrvill'o. - Ucto llorizontc:
UNIC6NT¡¡C [d. uF¡rG, ?000.
(tlumldt¡s) rNTnoDúcÁo
CAMPUS DE NAT' 325p. .
SIELIOTEc.A ,, Llrcnr!n li¡i¡o.3¡ncri.¡n¡ - Conveoaqlo (o Co.ncio Pohr iolxs r
N. r.o.3 \:^dj- criüs c ¡nr(aprBt¡o L J.\tldcs,[hrio IIisrórir d¡ L¡terrtum [.atino-Amcri(itrl 1
oe..']I¡o& ¡1. c¡rv:tlho. ¡ltr vrllc de I¡l.rrulo
lY. SÉnc
Í f r coNcflTos DE FUNDAC^O
cDD: §60
cDu:660 Probl€mis e l'crpc.tivis dr CríliF Lilc¡7.rdl
Gb¡osr(-tóN public¡rto: Divlno ds Pl,n.ir¡dtóc Lr¡ióo-^mcri«¡na l5
Djwlgr§lo dr DillidLú¡ Uijvc6idri5 . UI}IG Apé¡dicc: P¡oblErñrs Atrriis d:! Critic¡ 19
lSBN:8t7o{r.lr¡
Unid¡d(, PlurJlidxdc, TorDIid¡der O Cort'ús di
o [D|TOn-ACÁO DE TErrO
,
f Liter¡tnl-¡ Lrtioo-^mcrican! Z'C
AD¡ ¡!,r¡i¡ d.lqoE.r
P¡OJETOCBfOCO ¡nlcd;ilisr¡o c PcrcnldrdÉ: Dupl¡ Áudi¿rtcir
1l
C¡ór¡r c¡rnp6 ' rranSd dn Líl.r¡turJ dr rlndlg;¡o ^di Rcpúblicl 1J
.: cA!^
f,róñr.8.rá ¡lc ¡r¡nlló B.¡i.o Os S¡stcrs3s Ülcúdcs aomo Crtcgorias ¡lislóriEs:
¡ p¡n¡r dc rcprcF¡r¡qócr d¡ ¡rlc rnd¡n¡
REV|SiO DC t'[OV^S F,Lcmentos p1rl uor¡ D¡scurtlo Lll¡r¡o-,Amcrlc¡n! ¡17
¡hrirA!!rc.iüt Rib<ko
¡iúbir f¡nuir dosSrnloj 'ln!¿n9lo' drs Nrsócs Hisp:¡no-Am€,¡srnú;
:=,,á- Peol)ucio cR,(ftc^
r.ót
+ ^lcnL'rÜi¡s r pzd¡r dc umr Rchqlo T(rrull c^k!'
Jóo¡r ¡o.l.iBucr o lñc¡ c Pilnr¡ 55
roR¡!,rTAÉo
Rimonr\lv.s[forr.
F.DI]PEA UTAIG
Anrónjo cJlor,6627 - D¡bli(xñJ ccnhl-§1,405
+ O.slrls(lr¡,os Colon¡rir c x ljomHs:lo ¿1 UIcmrurJ
Hilp.Jno-rmcricln. (Rcflcrócs sobrc o Ciso

-- GBPN P¡m9ulh. -3¡270 9Ot - tklo Ilo¡ierv¡lc


^v.
Tcl., O l) 4t>4650 - Ii* G l ) 4» ?68 .4
@
( 9m:Eli@ClxlfFstr
E, r oS TEXTOS P R^DrGM¡lTrCOs
(
-* hup//§aalil¡rora tun/úf nB
IJN VE¡§IDA DE TTDT ¡]JlL DIi ¡D¡IAs CE¡¡]S
f,d(or: FFEi@ Cósr dc Si Bincto Jq<é noñoro e 06 llroblcmrs dl Nov¡ Nrr,Irila
rGi.i¡B: ¡Ju r]í.ü Al¡Rül¡ G!&l: Hisp:non\ñüriÉrna a,
(
OOtI§EU IO EDT¡ r}RLTT
'l_mNú Sobrc o'¡ico-¡nll¡acñismo' c os Somxo(cs dc
( cr¡bs ¡lcildCrpuzo füho,lldoie ¡luÉ ¡!c¡[cl§r,linE. I o5
L4ilc 8,¡ñdlo. ORIGINALXEROX I
(}úfio hgundcs
LuÉ ^ntón¡o l, !b¡o.¡ ora!¡o .L¡ cdí, R«l§, I!].ü Hclcf,
( D, m'.!.coo c si}. If.E¡ ^Éa
h. nomcq C¡ rlje Cu imr¡q. SUr¡É ¡tr¡ t.¡t c6.r,
Vlndd ¡!clo ¡tin..t¡ (Psid4$d
Pasla: aa O Discurso dr Hir¡Ioni:¡ lnpossívcl (O In!¡
cxrcil:lso dc ¡¡ vcs¡: DL\orso e Re(ef{Jo socirl) r 1 7
I

5urffi Cópias:_¡)<ó
A^rónio L!¡¿ linlD ¡jÉü§, Ildr¡i¿ rúr¡c Dqra(. qieb¡o lt¡.hrdo c6r¡h, t¡Úr do _ Conditlo IfiSnn(§ c ¡ñtcr.¡rLurlidxdc
BJ rci C$,io¡¡. Iü,¡.!¡r CDF5 5r ¡ B¡¡b{É. ¡!.qrilio Nund V¡.iE, Nño. Bipo¡to 0bs: ¡ltuhiculr¡rñl: O Cl5o dc Ar8ucdas t27 t
.k souE, ¡triÉlijo nEri¡irno Itrr$s
(

(
I

(
BIBLIOGRAFIA CONSUL'IhDA (

(,
Roleoa. ,"ro m Orql toly/ritten E).iressionr Nalivc Ande¡n
^DORNO,
Ch¡onicles o[ rhe F¡rly Colonial pcriod G<J). Syr¡clsc:
Universiry
I t
of Syrrflsc, I982. (,
ESCoBAII, Álbcno, Historia y lcnguaie en los Conenlaríos (
Patio de le!ras. Liroit: Cnballo de Troyz, 1!6J.
re.¡les.ln: U) DISCURSOS COLONIAIS E A
JAKF^LVl-LE¡V^, Su sxnl- l'mdtcci6r¡, escrihtta u¡olclcia
!
zadora: u.t esttJ<)io sobre lf ob¡-a del Inca Carcilaso.
colo»i- r0Rll{AqAO DA LITERAIURA
Syr¡cusc,
}taxwcll Scho(Jl, tg8{.
HISPANO.Al\,tIRICANA
LIENHARD, Iuarrín. La crónica mesriza cn Mélsico
y el pcrú hrsa
Rau¡sn je
1620. Apunres pa.ir su es(udio hisrórico-lirerario-
Cilica Literaria lrtlr¡oar erícana,Liñir, lX, 17, lgg3- lR
Irrrx ó¡s sonnr o cAso ANDtNol (

MIGNOLO, §hlrer, Canas, crónicas y feltciones (


dcl deso]brimienro
y la conquisr!, ln: M DRIGAL, Luis fnigo (Co<>rd.).
His¡oria tle l
la lf¡eran,ra h¡spa ortdeicdne- fvfaaaa, Ctreara. Poucos ¡coolccimcntos histór¡cos seo tio complexos como
f.,f, Época (
colooial, 1982. os que:sc ¡rticulam efl) Lorno dc fatos da conquisra e da
colonizaEio, sobrerudo quando, através deles, se entrecruzam
PAI¡,Í , Rlcafdo. cÍa ca¡ta.lft Tra¿licíor?6 pantanasMadrd: C.alpe,
universos socioculiurais ¡adicalmenre diversos e mesmo incom-
t.\, f18751, 1923. (
patívcj.s, tal como sucedeu no que hoje é nossa América, a
VECA, Garc¡laso de l¡. Historta generaldelppni. partir de 1492. Complcxos e confusos, incisivamente ambfguos, (
Esludo prcl¡minar
c noras dcJosé Durand. Lima: Universid¡<i
desan Marcos, f1617,, porquc i quase incontrolável metáslasc de poder, cxace¡b¡do
1962. ('
a ponto de conveÍtcr-se em espetáculo de -si nesmo, um
VEY-GóMFZ, Nicolás. ¿ Dóndc poder capaz dc reproduzir-se inclusiye nas instáncias mais {
está crrcihso? t¡ oscilación delsoiclo
coloni,rl en la for¡n¡ción tle un discu¡so rr¡ privadas dfl vida colonial, ató nos sonhos, na imaginasño e
osct¡lrunl. Reu¡sn de
Crilica Li¡eraia lat¡
oatner¡cand,Línt4 )Otl,34, 1991. nos desejos, (rpóem^se, quasc sempre subtcrraneamcnte,
Z^MOnA, Margar¡ra. Le\gtage, Autboit! an.l
.qestos,:u¡tudes c movimcntos de rcsisrénc;fl quc trmbém sc
l»digcno s tlistory ¡¡1 desclobram por toclo o corpo social, c por seus mais suris (
tbe "Coneül.trios Re.tles de los lncqs,,. Ctñbriclgc,
Cambriáge intcrstícios, 8cs(ando -)s vezes enfrentamentos de extrcma
Univcrsiry prcss, l9gS.
viol€ncia c em certas ocasiócs, ao nlesma Lenpo compli-
- ou débeis redes de ncgoc¡agóes c -entrelaga.
cad¡s e lérrcas
I
(
¡renlos, para ¡s quais a categoria de taansculturagao torna-se
adcquada nas incompteta.' p_evqr-se.ia ac¡escentar a-flutuante (
¿ fervenre prr.:liferagáo de contr¿disóes dentrr.¡ <lc cada uma {
das "repúblicas", n dos cspanhóis e a dos índios, que a cofoa
(.
iDstaurou p¡ra cortnr r pirámide colonial, median(e uma
cspécie de vazio social que afasusse uns dos outros, mas (
quc, muito rapidameote, s€ria um aglomerado de rnestigo,s, ./'
(
protagonis(a 5 pren]aluros do dr¡ma da hilrmooia como dese
I
impossÍvel,2 (

]6 (
(
(

( E evidentc guc uma situasio c um proccsso como os menos elevados. disso, embora a indcpendéncia gerasse
l1 descriLos at€ aqui, cor¡l unt brusco esquemalismo, náo se ^lém uma ruptura mais profunda do que
n; ¡nstituis¡o literária se
[or¡taliza¡: ncn) se inslaLrram po, rneio de una ún¡Ca natriz costuma supor, sobrcludo pcla apari§,o de novas d¡mensóes
( discurs¡va; c entr€tanto, dur¡r¡te ¡nui¿o tempo. as disciplinas ém seu espago de recepgáo, é também ccr(o que sc podem
( Iitqrítias folalizar¡m.eu in¡eressc na esrreiia Fr¡.ri. ..cGl7a- tecer trad¡goss p¡rciais de índole mais especificamenre lite-
( LÜ_ftlgl¡Igll colonlal domtn¿n dra. riria, como a que articularix, no caso tlo Peru, I sát¡rir (lc
e¡úgfl ¡:_r:..ZSs -SA.CIesqr_!¿ pg§.-e¡jl!¡ das man ifeslacócs Óaviedes conr seu "costumbrisDro" aplel>cado, i\ m'Jne¡ra de
( * d_os conquisradores..ilerr¡ ¿os-ieiá;; d. ;;;;¡;;;;,; .! Segura, o tradicionalismo dc Palm:r e írigumrs expressóes do
ponto, que dcpois do brcvíssirno cntusitsmo por alguns amCri_ "criollismo", inclusive até a prirDeira merade do súculo )C(.
(
canismos, (lue se imaginavaír como forjldorcs <lc Iiteraturas
.É claro que, desta perspectiva tradicion¡1, que privilegia
( ra¡o novas corrro as repúblicas fundarjas na véspcra, a historjo-
grafilr ljrerária h¡spano-amcrjcana realizou pronranrente, no consistentc e mesmo excludentemenre o scror hegemónjco
( das letras colonia is, o excrcíc¡o l¡terário qu e vai de 1492 a
século XIX, a camp)era operirgáo dc "apropriar-se" clo lcgado
( 18t0, aproximadr men uola cn tcgori¡ naro só format jva
colonial c dc "nacionalizá,1o,, segundo ¡ forruita gcog"rafia
nrxs [undrdora: ír inda hoje po(l(:,¡ os lcr histórias en) qu ea
( polÍrjca quc entio comesava a esbos¡r-se, rjenr,á .1. u_ I

literatura hispano-amerjca na nasce conl as relagóes, crónicas,


contex¡o replcto de indefinigóes de vária naturcza.¡ Assjm, -cmbora I

( "esta" literatum colonial foi considc¡ada como um período ioplas e romances da é-onquisia,¡ néro sempre Íi(ue
explícilo que essa intcrprctagáo impl¡ca por outro lado
( a inscriCeo de nossa IiteraLura no caorpo -ibérico, por ccrto,- e
da hispano-amcricana, e de cada uma dc suas nasóe-r, cuttron,
dc ¡rodo paradorial, o conscnso crÍtico lhe fo.sse espccial-
( :i ¡::.
ainda em um mais amplor o lar¡n¡sn)o, espccialmentc vigorosp
men¿e dcsfavorávcl: de acordo com este consenso, a colonial
na Nova Espanha, incluindo o praticado por alSuns iovens
( nio leri. sido o)ris quc umi lircrrru¡a teira d".ó;l;"-;.;;;; nobres astecas,' assim como o extcnso cxercicio do petrar.-
(
(
d scn¡ ncn,os nem transccndencia, perdida cntre o áulíco
dgloto, que i¡ retóric¡ ni¡o encobre v sim aprofunrja-.
Nilo é o momenro de ertntioar o senüdo da ironia subj¡cente
cá quismo indiano6 scriam prova, a plrrtir desse ponto de visra,
da filiagio ocidental da nossa literatura, desde o seu próprio
8erme.
( no flto de assumir L¡m3 lrfldisio que ¡¡cssc Dlcsnlo :tlo s(j
Enlretanto. se transfor¡nar¡nos o corpus c o cAnonc coDsit-
desvaloriza, cnrbora seja óbvio que isso tcm a ver corn
( o grádos no fundo, se episremologicamcnte mudarmos de
objero - a literatura colonjil adquire de imediato ourros
crluiyoco da consciéncja a¡r)cricana cle entiir:, rio qr¡c
diz
( respeiro ao significrdo du [.spanha e clos séculos co]oniais,
valo¡cs. -,
C-o-nto ¡nr¡tei rro princípio, p-oucos proccssos s sitursóqs
mas Sostílria dC anotar que náo c¡.:t compllcXdo convcrref:
( nessa circLrns(incia, para cmpregar lermos enl uso,
sio t-f,o co¡¡rplexos e tño contraditórios como os que se referenr I

o corpus a fatos da conquista e da colonizaglo, o que pelo menos


( em cíinonc; em outras pt¡avfas, adquiri(¡a em bloco a
cxperi. dcvcria suscitar a suspeÍta dc quc a lirerarura quc ¡hcs corrcs-
)

¿ncia ljrcrária colonial, ern seu estraro culto, náo .ra


( dlfícil pondc devc scr nio menos inlrincada e heteróclirl lila,o "é,
lricrarquizá-la ern torno dc cerr¡rs ñgur¡s
nluro" sem dúvida, scmprc e quando "também" Ievarmos cr¡r centíl
( que, ao scu incontest:ív€l vllo¡ ljtc¡írio "",Ut"fniricr".
(esLou pe»sandá cn os discursos subalternos, cmcrgcnt!,.s ou resicluais, e as
Cn¡cil;rso, o Inca, ou c¡n Ercilla), sornavam um útr.l e insr¡utivo ::
( simbolismo para ls repúl.¡ficls em forn.:agio: o heroísm<.¡ I rclaEóes de ida e volra entre esres e os consagrados pela

\i
co h¡sroriografia lilerária até hojc donrioante. Nesta anrplia(io
( vrlor ariluc¡ñu§, c:rIlLlldos por Ercilla, tomrnr-sc
( c¿Irlsnr, d() mes¡Do modo quc a prradoxal ha¡¡¡¡onia
ln<JiEi<; nrciorral
lticrír_
,,1 do corpus, clue de inrediato conr.ene em multilíngüc a l¡ter.¡tur-¿
coloni¡1, ¡rticLrla-a sob <.¡ duplo modclo da escrira c da
.
I
I

qujcil, expressl pclt mcsriE¡gcor duplanrenre


nobiliÍri¡ de. oralidade, co¡fi suas zo¡ras dc rcpulsa e conllu€ncia, referindo.e i
( Garcil¡so sc converte em figrrraEio soci;rl alentactora, tanrcl
:r urna constelaceo de conscié¡rcias socinis dissímilcs c, ,ro
pa|.a a aristocfaci¡ ,,crio)l:r. peruala con¡o pa|.¡
( outros eslratos mesmo tempo; nrescladas, está em dcbatc a própria nogio dc I
I
( 7f)
19 I

(r
(, i

r\l
(
(
(,
literatura e as opgócs de abandonfJr em bcnefrcio de cooceiros Nao se trata, contudo, de historiar os sole.rados modos (
mais abrangentes e mcnos histór¡co-culturalnenrc condicio-
nados, como seriam as catego¡ias dc á¡scurso ou prática
de sobrevivencja dessa tradigáo anrerior á conquisra; o que (
tenciono é formular algumas hipóteses acerca do funciona-
textuais.' 'l-enho de invesrigar esta problemática ieórica, de meato da li(eratura coloni¡l como cspago e proccsso que só
(,
repercrrssócs nio ¡bercáveis, recor¡endo a um atalho ouasc
grossciramente pragmítico: continuo falando cle Ilrcratur.r,
podem entender-se em termos de uma contradigáo marcanLe (.
e globalizadora (que provém da própria mcrlula da situaCAo
nas sob um:r pcrspecliva qrre inclui a¡ú a evancscenre ma¡gem colonial), em cujo inLerior cabcm, cntretanfo, intercimbios e
(,
nl qrral s.io ílinda au(líveis as vozes dos subiuga<los. aliancas de variados tipos, Para tal, remelo-me ao que seria, (
Fazo-lo supóe realizar uma operxceo hisrórica clc todo há clnco séculos, a "cena primord¡al" da consciénc¡a andina,r'
(
si¡rtil¡r ) que ol>Servci Sobre a literarura <Ja Colónia;¿ vale Refiro-me ao "encontro" cntre o nca e Piza ffo m C:tiamarca, a /
dizer, -apropriar-sc" da experi¿ncia simbólico-vcrbal ¡ndina 16 de novemb¡o de,llSLquando os conquistadores ñassacram
pré-l)ispánica e 'nncionai i?_á-la ", com roda a sua inscriqio na um grande númcro de membros da comitiva imperial e apri-
oralirlade, sem a qual
('
é óbvio scriam ininrcligÍveis os sionam Atah\ralpa, que pouco depois serí cxecutado, mas
-
(liscursos indígcnas coioni:ris e os- qltc¡ com notíiveis (rans- / sobretudo a uma ccna imediatam¿nte anterior, por ccrto (
ibrnragóes, conrjnuanr sendo criados a(é hoje- parad¡gmática: a do padre Valverde "dialogando" com o Inca, (
eu4e_lqdlr .1
os em li¡eratura quéchuil estáo dc acorrlo em at¡avés de um Lradutor quase inverossímil, para cumprir com
-cspccialis,tas
afirmái quc duranre o incanaro l:oüvc um sis'rema fireiári-o o cerimoniat do rcquerimiet¡o c exigir dc Atahualpt que (,
scnhorial, cujo sujeito, enr última insreoci¡, err o prOpíio1 rcnuncie ¡ seus deuses, adore o cristio c preste vassal:rgeq (.
\ I':stado, c outro plebeu, certamente nrrrito mcnos cojin.raol ao impe¡ador dom Carlos. Quase todos os cfonistas n:rfram
(.
e conr um copioso registro de var¡ávcis- Como e oralirlarlel que o lnca pediu provas do que Valvcrtle lhe dizia, e que o1
ca¡ece de arquivos, é pouco o que ie podc rcsgárar cl. u-.' * sacerdore, nrosrrando-lhe a Biblia, rcspondeu que a verdade (
ou(ro, ,nas é ciaro que o primejro deixou de procluzir_se com estava cscfita ncsse livro; conlam taml]ém que o Inca quis
* I A conquisra, ou mais exafamente, Com o dcsaparecintento dir "ouvi-io" levando-o ao ouvido, c que
-
exasperado ante seu
(
irrpério, embora dele ficassem yatos ,ast¡os, ou melhor, ao chao. Scgundo as mesmas fontes, (
I murn)úrios mal audívcis, arrayés de umas poucas c fo¡tuita,i
-silenc¡o
- arremessou-o
csse geslo foi a origern da matanfr de Cajamarca.
transcriEócs da palavm quéchua ao alfabelo ¡atino (como nos (
Evoco esre episódioE Dorqus,-cfeie ysr. s_!--§U¡ dr¡.-marici.
hinos sagrados que repfodrizeBr Santa Cruz pacllacuri ou dadc o cmblcma dCe io.c_luindg_.a ordenr da (,
lYlolin¡), ou merlinnte textos hispanicos, cujo fundo ser¡a .- li,}
prra.dar apenas dois cxcmplos _ uma ve¡sio da homenagem
cornurticasaori e da ]íteretura qrre se constrór sobre c-ssirs (
bases. Ncle sc acumulam e se abismam contcúdos de cnfren.
rilur¡ áo Inc¡ (como em Titu Cusi yapanqul), ou ,." r,or"r-tiu, [amciito c repulsa, desde o bil¡ogüismo nral remediado po¡
(
éPico-ceiebfatória quéchua (como cm Beranzos).'o Inscrir, na
esfera da vjda privada, a lireratur¡ plebéia condnuou produ_
tm letgua precarísimo, qrrase de f¡csio, até o insalvável (.
desenconiro da oraliclade primáriarr com a escr¡ra, passando
zindo-sc
_(lepois
da conquisti, e¡nbor¿r tambénl, aa.,"nran,", ol:viamcnte pela üútua e beiigerante alteritlade de do¡s cont
(,
com modificagócs, n)^s a ela só podcmos tcr acesso arravés consc¡¿nciá6 dos deuses, do mun<lo e <la vidlr, que enlranl (
de unra qlrxsc in¡possívcl busca cla voz anriga n¡s vozcs quc cm conta(o pela pr¡meira vez, e tudo isso at¡¡vés da vol
ainda ¡rersistenr como tajs ou que foram iongelrdos p.la suprema do Inca c da incontestávcl palavrn do sacerdoae, cuia
(
esc):ila, cm difercntes mon)cntos da hisrória, De aml¡ts,
da verdade csrá escriia, para sempre, nx escritura de Dcus- (
literr¡tura ¡rnperial e da dos indios corDuns, exislem vestíg¡os,
e tambénr, nos jnformes dos exrirpadorcs de idolatrias-que
o cpisódio mostra com rotal lransparéncia o recido do ^ssim,
poder (t
que anula a discursiv¡dade colonisl, iá que obviamente sc
conr ¡nvoluntária
-eslayam ironia
- deixaram testemunho do que trata dc uma conquista também semiótica,r5 em que a palavg (:
des(ruindo. falada em espanhol subiugil a voz quéchua e ambas, j1 (.
80
8l
(.
(
(

(
vil e frac-.¡ lel se nio recorremos-)s letrás par¿ aproveiti-las
( lricrarquizadas, ficam sob a il¡le!+g§E4¡slita; mas cssa
rra nsparénc¡a pod er en ga oosa i 9-S i¡¡.!!Sl-dq,lg9.d§-¡d
se
,,1
cm nossas necessjdades [é] coisa impossívcl podermos recordar
( qg4gis't.,-,r$e!ste-ds§iiu¿sfnal-a-esc¡ua.--- -$api¡¡- pot exlcnso"; em outros tefmo§, na precisa instincia enr que
( cionl na dinamica .flA-.§e!ryn¡caÉo e, 49 fq¡(9_,_sll.-t¡aU_u m a oralidade quéchua se póc cm prárica, c devc LA'lo fe¡to com
lU eficiéncia tal que desarrania irremediaveln¡ente o espanhol
( !rg nificado, o do Podcr, significado que pervcrsamcntc sq
coñstitúi como o rau o scntido, como signo inintcligí- do tr¡duto¡ e do cscrcvcnlc, nessa mesmfl instancia submete-se
( ¡,el. !¡!n19!lg!y9t p,lI4 4J-1!ullp_:a.e. os seu,s; scm dúvidr, :nas
i escrita, embora - como numa espiral - essa escrita seia
tambúm para os conquisLadorgs. Efctivamentc, sq o liv¡o de considerada explicilamcntc útiI aos intcrcsses dos índios:
( I ^l'\ ¡rrecorrcmos ás lerras repito para aprovcitá-las cm
Valve¡de esrava escrito em la(¡m, conro é provável, ninguém, - -
( rulém dclc, teria podido lC-lo cm Cajamrrca, mas mesnro se- nos.sas necessidades'.'ó
estivesse escrito enr espanhol, nio eran¡ r»uitos os conquis- I)csli r'Daneira, a litemtrrra colonial se const r(ir de
(
t?dores lelrados capazcs dc cntcndüJo; por conseguinte,-a uma franca ou solapada contenda entre duas ou mgis vozes e
( lerra ingrcssa nos Andes nio como insrrumcnro dc conruni- de um acossamento nrúlt¡plo, por parte d. d j_lg¡g¡lc§-s-u,¡silos
( cagio m¡s como atributo e encarnagio da ,\r¡Ioridadc, como ér ñ¡co-sociais, flo espaso da letra, essa lelra qu c-&r-i4¡grt!:
l'oder quc, de nrodo prtrlltdoxal, scndo linguagern, se mostr¡ ¡ncn¡e signo enigmático do Podcr e quc com gr¡nde lenridao,
( e se in)póe em sua condiEio de enigor¡ indecifr;ivet, É u¡r.r c sem n\rnqq ¿bnn<lona¡ sua associaCAo com a Autorida¡fq, I

( thdcr que se deve ¡ctcr. dcssacaraliza.se e se canvertc em terrilório por prescrvar ou


Conlo é sabido, nos ¡nos imedialaorerlte posteriores a 1532, conqu¡star, quase como um segmento da política e da economL¡
( os Índios considcrararn os conquistldorcs como seres d¡vinos, de apropriiqóes, exproprjJsóes c rcrpropriagócs, quc Icnsion-JIn
( uiracocbas, entrc oulras razócs porquc falavanr 'a sós com é corram toda a vida colon¡¡1, N¡o devemos nos esquecer de
uns panos bmncos" e podianr conhecer por cstc mcio milagroso quc a 'cena prirr¡ordjal" de Cajemarca, h;i pouco referida, é
( evocada pelo mcnos dcsde o século XVll, e peroranece em
o que nunc¡ Linham visLo ncr:r ouvido; rr)as Iambén¡, desde muito
( cedo, c a isto se dcu ¡¡enos én[ase, compreenderam o poder nossos dias enr danEal e ccr¡firónias riruris e cm representa§oes
soc.i¡l da cscrita e logo dccidiram ¡niciar o loogo c d¡fic¡l que um tanro abusivamentc clramamos rca(rais, c em anlbas,
( soL¡rcrudo nas seguñdas o vcrdadciro núclqo (lramático é a
proccsso de apropriir-se dela p:rr¿ scus próprio.s fins- Certa-
( ntente, cmbora muito divcrsos cntre s¡, os casos cxempla¡cs possess¡o ou despossess¡o da Palavra e LIa lctra que
- -
fortuiranrenre a respalda, com brse cm manuscr¡Los ¡s vczes
( seriam os de Guamán Po¡na c de Garcilaso, o Inca, e enr
outla dimenseo, o dc Espinosa Medran -nle quase inioteligíveis. Curiosanreote, se as reprcscntagóes da
( (jestacir L],D aspcctor quflnclo, ern 1r70,'fitu Cussi Yupancl n¡orte clo Inca insistcm nn radical inco¡runicagio entre índios I

o pcnúlt¡mo Inca, no reduto final d€ Yilcabar¡ba, dita sua c sspanhóis, com freqiiente énfase no mistério d^ cscrita, sua
( "Ynstrusción'' a dois c,spa[hóis, um dos quais sacerdote, para própria celebragio ritual inrpóe um vasLo ñmbi¡o dialógico, no
;
( que a traduzam do quéchua ao cspaohol, !,screvanr-Da e a qual se lcvanta urna ¡¡rulridio de vozes a contar histórias tio
( apresenlem cm scu name ao Rei- lnleressir-mc csse frto, convergentes, ií que lratanl do mcsmo assunto, conro dissí-
porque as oscllagóes do scu conteúdo, que apresenta, cn') miles, oa medida cm quc as cvocan) c iflterprctanr a parlir de
( perspectivas e con¡ conleúclos iocomp,l tí\,cis. InIlro que nesse
(
(
ternros de dcvoseo c vassalagem, os ¡¡ais fortes insulro-s e
amcrigls, sAo pontrralmcntc correlat¡.s ¡s indecisócs cnlre
a voz quéclluá, cont que se narr¡ r história, e a cscrjla espa-
nhola, que se julga necessária para que aquela nio se percu
I
;,\
j:
(luáSC nurlc¡ ofquc nao sc Jo
de uma sintese superior, abrangcntc, c ao cootríri o, como
quc se desmembra e fralura num discurso curo único e¡xo
I

J:
( no csquecimento- Com triigica ironiil, o portador dessa \ pfrece scr o quc oscila cntre ¡ alteridade e a contradigio.
histórla, no próprjo rnomento cnr que a narra oralnrcntc, nesse diÍrlogo, insisto, fo¡n¡a-se o qrrc hojc cntcndcmos como
( e em quúchua, assinala que "a meorória dos lromcns é [..-] literatura da nqssr
^mé¡ica-
(
82 8)
(
( (
(
(
('
(,
O lj,rcu¡¡o dos lqs¡qlsti4¡s.-gus-g¿q-é- qe¡¡1 o {o-q
cécu
ó
Cf- COLOMBÍ-NIONCUIÓ, Ntda <le. Petrurqritnopen«no: D¡ego Dlvxlos
espanhóis, nenr o dos índios, nem !1_!rpauco t§geq de lorbos,
y Figuerox y 13 poesín de le Miscelánc, Austt3l. Londrcs: Támcsis, 1985. (.
7
Nudo espccirlmcolc is conlribuisóes de v/,rlter [!¡Bnolo e Rolcñ? Adorno,
mas o que csti construído pelo e com o conflito que os SePara
que prcfercm cnrprcg?r a mrcgorir do'discurso', c dc Maníñ Lienh¡fd, que (
e os une, em ¡nextrjcável vÍnculo que Is vezes náo é scnlo o embo¡¡ usc como crtegorir bls;cr a de 'l¡teñlur¡ rhcm?tivn', rcfcrc-sc com
L

(la contradigio mai.s ríspicla, num excelente modclo quasc frcqüAncia á 'priticrl lcxtual". Cf. os anigot dos dois prime¡ros e rs respec-
(.
I uma premon¡sao da índole de unr processg que chega até
- rtvxs bibliogra,'irs, ri Re oitlo de Crí¡ica IitcBia Lal írroa¡ftr¡aona, Litña,XlV,
(,
os dias de hoicr o
-
signo maior de uma literaNra a nossa
28, 2q sem. lr88; e do lcrce¡ro, se\r lirro 14 ¡,toz ! su b¡re.lla. Ilavam: Citi
-
que é campo abc¡to i i¡salvár,el heterogencidade de vozes e
- de lrs Añéric"s. 1990.
t N, tcllidide, c§I, oPerf,9áo, com ?Dlcciprqaes Do séc(¡lo XlX, levc umr
(
lerras plumis c dissidcntcs, aos muitos tcmpos de uma his¡ória primejri cup;r decisiva nos años 20 e se [oi coñso]ida¡do postcr¡ormcnte. (,
nrais assombrosa e dcnsa que a linear, ás várias, nratiza<Jas Cf. rDeu lilro cltrdo n:¡ nol, 3-
, Rcmero:l quc ¡lr¡rlmcnle ¿ J antolotil m¡iscompletat lltcraht¡a qtúabua. (
e confusas consciéncias que a cruzam e lhe conferem atordo- Edido, próloto c cfonolo8¡r dc Idm$ndo lJcndc¿ú Aybrr, Ciricasr Ribtio-
ante consistencia. Espelho, cnfim, no qual ao olhar-nos rec¡ Aync('cho, 1990,
(
podemos descobri¡ com sobressako e pFzgr quc nosso ft Añbos csrt¡dirdos por L¡ ENHAIID, Ntnín, ln wz y stt )tuel¿. I Iir.ir¡n: C¡s:r (
- -
rosto e nossa identid¡dc sio Iarnbém, c ao mes[ro fernpo, a dc hs Añéricrs, 19r0. c¡p. \rll. Sobrc llcranzós, cf. UENDEZÚ, Edrnun¿o. ¿¿ :

idenLidade e o rosto do outro. otro ¡¡acr.rtnrupenñ .r. ¡ré,(ico: Fondo de Cultuñ E(onómicll,1986. (Erpc- (.
I ci¡lmeótc o cap. I)
" il.x Hemándcz cnrprcgr o lcrmo em scu 'Prótogo" no !ivro de MILLONFS, I
Lnis. El )ncd por lt, Cq,a. Limrr Fuñdrción Ebeñ, 1988. p.2f.
rr Añilisei es.(e fato eñ "F.t comienzo dc la hel€rogcneldtd En lrs tlrcr¡rura5
(
(Lot.llgcwrosr'olo lal6 y lo fomlaciótt ¿c Ia lllemnto
bkpanoanrcríca o. 1¡¡: Adrs del :C{v Congresso de¡ I ísljlulo andin¡s: voz y lclm cn el 'dillo8o'de Cijlrñi.c¡', ña Reu¡sta de Crít¡ca (
dc Lircmturr tberoamcricani, Bolcelona: tr,ll¡l,Jlo.le L{letu to
Litcror¡a ¡-alinoa, eric¿r¿, L¡ma-Pirñbürgh, XVn, 13, l0 sem. lrtl. Cf.
lEma,nl'rí ca nd, t W, p 365-372 ) trmbém os e¡celc^(cs csrudos dc MACCORMACK, Sablnc C. Arrhúrlpr y el (:
libro. Reu¡sta ¿e h¡dlos, IIxdrid, XLYI¡1, r84, scl./dcz. lrBa; c s[ED, Pltlricia,
Frlling ro ll¡rvÉl: Atilrullp;!'s Encounter with tlrc'!ilto,d. Iat¡» Arrrcricdü (,
Rcseorah ncD¡cu, Nc\'t llcxlco, 20, 1, lgrl.
f, TERR^ClNl, Iore. I co¿lcl .tc! silcnzio. Torino: Dell'Orso, r
r88-
(
ri ONG, \viller. Oralldod y escrltú¡a. TccnoloSirs dc li p:rtrbri. ¡lé¡¡co:
NOTAS (
Fondo d€ Culrur:r Económic¡. ¡987,
I CI- os l¡vros clc GALINDO, Albc^o llores. Búsca do ú inca.lúenti¿1d y
¡rTIRRAClNl. l ao.llcl lel s¡let¡zio- (.
t6YtÉtnqc¡ó ¿ll yn$t.|ot Dieto Cdnro'fn C¡tstly lrang tparoclt¡tu!
uloní] en los,lndcs. H:rv;rn:r: C¡sr dc lr5 Amér¡crs, lr86i c dc IILIRGA, lhtst.e sc¡lor l¡.cncla.lo lopc Garcia
de
d¿' Castro... Edlsio e lítroduglo de l-uis
('
lJJanncl. Nac¡micrtto de nrn ¡oP¡tt.l\ltcle e tesurrccd6n dc tosincrs.l.im.:
ilillones, Lim.: Ir85. p.2. Ifodcrnizei pxrcidrncnlc a ono8mli¡ d¡
El \¡¡.(ey,
(.
lnsl¡rulo dc Apoyo AGrrrio. 1988.
chag¡o. Cf, os l¡vros de :hq\rel Chirn8-RodrItucz. v¡olc¡t.io y skbue6¡ófl en
¡ Certrmentc, o ¡ssunlo é miis complexo. ¡J¡stari¡ asslí?hr qüc, no lcxlo,
la pñta .olo ial bisp.nrctusrictn.¿, slglos XW, XVll. (
ni'ro me r€firo I prcmalur¡ prcseng¡ de outros 8rupos étnicos, csPcciilmcn¡c , ItAs.cllr§dcs correr diiléricn r o diílogo bxkhtiri:rno s;lo anilisrdrs porlris
os dc o.i8cm
i Prrr o crso do^Íricrña-
Pcru, rrabrlhci neslc lcmr cm metr livto La IoñMc¡ótt dc t.t I 7¡v3lr. Mrdnd: Pomii Tn"a^? s,l9AZi Ia aptupiacld, dc¿sfurro.l res cron¡stis (.
¡ndi8eñas del Peri. T.rnpc: Slale Ur¡vcN¡ty, 198a; c n recopllagio
trud¡cl6n li¡erorí.t ett el Pxni.Llnat CEP, 19A9. dc RotcDi Adorno. /'¡er Oral ^rizoñ¡
to V;nen Lip¡r¡.l§/or: Nfl¡ve Chronic)cs (,
1Dc firo, os dois rrris .c(crrcs c rmbiciosos proielos colct¡vos dc hislória d3 or rhe Early cotonjrl Pcr¡od. Syr¡cuscr UnleersiLy of Syñcuse, ^ndÉn lr8?; ,¿
liler¡tur¡ hispcno-rmcriciñr pr¡nciplxm com volumes dedicxdos I lilcrrlurn Dos»¡.,¿cnr a.l ! tllljlil A¿/rl,¡. Uór poéticr dirlót¡cr. il]drid: Lspisi-C:rlpe,
(
coloñirl- Rcñro^me ros quc fonm dir¡8;dos por MADRIGAL, Luis lñi8o.
Hlstorta de ta ¡¡rc¡atrtra blsPatoar¡rcñcan¿. ¡úlldridr Cltedrr.'r.I: ÉPoc:l
t991. (,
colonirl , 1982i e coIC, Cej.]oÍtil, Historl¿ t crít¡ca de la líteralura blspano-
aDrcn<a,E. ItnÍccloía: Críticr, 1r88. T.l; Épocr co)oñixl.
(,
'Cl ¡tO[fERO, ltn¡cio Oso(io. L.t ctsctiattza dc¡ latí,] a los l,ñ ros. l',é.xico. (
Univcrsid¡d Nicion3l ALrónomi de [,éxico, 1990. Osotio tcm rfri¡s oulr¡r I

conúibuifóes sobre o lenri- ('


(
8l ,,1
85
(.
(
I
-'.
s U R o
O 20mby c.nlódc Errud¡ñ lir(E riot ¡. ro¡io
co dcjo ,oh r - Limr/P.
g ^¡
20OOd¡ raduÉo bEsilciE: Cd¡oá UF^IC :
( Elrc liv'ó ox p¡ñ.d.,c nlo flrc r4i ,.?¡odúndo.por
9uJlqu.. m.ioi.m r!rori¡rrlo (Éíil¡ do fditor.

Corñc¡o Pol¡r,\nro¡io. I9.]6 - 1997


(_¡rk o (o^dor Yor: litc.3ru6 ¡ cuhuh I
LlrinGrm€ric¡ii/ADtoniu Cohcjo Pola(
orEr¡iEÉo itioor. \lld('s; rGduqao Itt:
vrllc dc C¡rvrll¡o. - uclo ¡ló.¡zoñrc;
Ed, uFrtc,2000.
UNICENT¡C
(llum.oixs) :NTRODUqiO
CAMPUS DE I!A¡. ,25p. -
BI¡LIOTgGI ¡. Lircralur¡ litiño-x,¡rcfic.¡, - Convcrsrg¡o (om Corncio Pot¡r sobrc i
( N t.c,Já\¿ajg- Criüc!. ¡nrdpcn§io ¡. J. vrld(s,l\lrrio Hjslór¡i dr Liler¡lurx Llltino-Amcri.lni
Q-¡-.',rL/o( l:. Clelho- tlkr \hllc Js I¡l.Iolo
IV.S4ric
¡ E CONCEIToS DE EUND^C^O t,
CDD:860 -H.
CDU:660 lkoblem¡J c Perpcctivis di crflica L¡(rlri-r
GllloB3donr oubl¡c¡r3o¡ Divino d.Pl¡&hmcoto c Lil¡r¡o-^¡nericañi I5 ¡
DiwiSrf¡o ú libliorca Unjvc6ilíria - UF¡jG ,\pondicc; Problcmxr dr Crfllqr 19
ISBñ: et7olr.r7'{ ^tu¡is I
Uñ;dade, Plu6lidrdc, Toralidlde¡ O Co.pus dr
.t. o EDrrO¡AgiO DE TEr] O Lire.rtuíl L:rrino-Amcrfcrn! 25
An¡ ¡lrri¡ dc l\loacr
( () f, I'S0JgTOCnIFlCO lmrd,xlisn)o c ¡crcñ:drd(: Dupl.r Áud'i.ncil
!: cló¡¡¡C¡mpñ - ,ra,E¿ dx Li(cñ¡ur¡ dc Fund¡C:lo ^d:i Rcpdbllcr ,,
c^t¡A
( l ¡toñrtBcm dc ¡trrrclo tkl¡<o
C Os Sllrcnri5 U¡crj.ios conro Circ8or¡is lliróric¡si
. p¡ r ir d. lcprcs.dr¡rocs ü rnes¡d¡M
¡l:vlS,lo D§ I'Rovas tlcmcntos f,rE umr DiscDssto l¡rino-^mericrnx ,i7
Ñ!rir aprrc¡dr li¡bairo
Rúbii Ílivir dorSrntci
Pr{ot)ucÁo GnÁFrc.{ 'r -, A _lnv(D§lo'ri1s N:lsücs
Rcne¡ó(§ r
H ispr no-Am€
prnir dlr uma Rel¡CJo
oEñas:
T(¡ru: crtrc
I
( JoÁ.i Rod¡ir!§r 11óG
¡o¡¡rATAg.io
( BrñooÁh.c§Mour. r rbori9l.Io dr ljreÉrur]
Os D¡s.ursqs Colonlri! c
EDT¡CI^ UF¡IC
A lfisp¡no-Amcricxnr (Rcflcxó§s sob.c o Crso I
Av, - ¡il¡t¡orl'cl ccñurl - $lx 105
6^io G,lo§, ó6?7
( CrñDur P¡mDollE. ll?Lro¡ - lk¡o llod@ñrc/^tc Aodino) 17 I:
'r<¡.: (rl) 4»4650 - f¡¡: (]l) ,lr-1768 /'i¡
E E¡!: FrioEct!.qfmxl,
É I É OS TEXTOS PARADIGM,(TICOS
IruF/A$ry.dlir6Ácñ/ul¡n8
ur¡t t'Ens¡urtDE ¡EDI¡i^L Dt^l¡N^s Gut §
lciron lFÉlrc Cés r dc §i F.rrcro ,osé Donoso c 05 Problcoús dr Novi ¡"rrn(ita
vi6l¡{noa: AE l¡i<ia Atmdtt¡ c¡r"¡l¡ llisp¡no-,1meriüñl
I coNSEj to lii)n()ltllr sol)re o'Nco'lñdigcnismo" c os Ro¡nxnccs dc
TnuLq(
( C.rlos^n¡ónlo Lclrc Bdn(Eo, Hc¡tor Crpszo nllD.ll(hio ¡tun ¡ru,AC¡Surli.§ JRIGINALXEROX r o5
Lu¡¿ Ods¡o Pr8lnd§ ¡Irnocl Orly'o d¡ C6D Rdlu. ¡ti rü I tclLór
( o]me.ño c 5üÉ J\!.!,|.,^mDl.
8oftu cJ ddF C ui^rrJcr, §¡lE N ¡!¡rb ¡!t C¿ú... Pasta:JE O Discurso d¡ H¡rmoíix lnrpóssn.cl (O InrJ I
!Éndd NiE¡d: (¡t6idc .) Crrc¡l¡.ro ¿e lx \hgr Disorrso c Rccí{io Sfii:rt) r1?
^rcJoSr ¡snl Cópias: {3 t
Anúñlo t¡ ¡, P¡ñlb tuErrq S(aIiz Pú*rdc 1¡ nl§, C¡üi¡¡o Cénri¡r, t¡ñldo Condiglo ¡li8nnrc c IDtrncxlurlidrdr I
l¡lri GE{¡-oo. ¡rtrú ¿1r G Eqs Slrl, Bi+38. I\f¡utrl @ NcnÉ^t¡ctEdo
McúE, Nddñ U¡xndlo 0bs: Muhiculruñl; O Clso dc rsucdrs tz7
dc §oua. ¡EBldo ¡\trtuñi, É ¡,¡¡q\r¡i t
I

I
(

(
(
(.
(,
(
A ',tNv[NqA0', DAS NAQ0IS (
(
HISPANO.A¡l1ERICANAS
(
Rrru[ÓE§ A PAR.ITR DE U}lA RilAQÁO (
(
TIXIUAT ENIRI O INCA i PAIJ\,|A
(

;:i f
(
ue la de existir entfe um "conto¡ UC (.
re anos c til (
R Palma r,uma d"s Trad
4 "inve da Am¿rica que organiza os csrudos recolhidos
nestc volume? Aparentcmcnte, nenhuma; ent¡ctanto, de cena
(
il
(
pcrspectiva, talvez sc possa encontrar alguma vinculaqáo que
talvez nao scjr irreleyant€. Para isso, necessito fazer (
-uns poucos- esclarscimenlos prelimina res.
{
(
I (
(
Lida.ho s¡ntctizou sob ¡ fórmula :

da comprova-se, na verdade, apesar (


do nra gnetismo que cñan a dessa fmse, que sc trata de algo (
pouco convjncenLe; lalvcz nio tanto pela Fungáo metafísica
que ¿ Europa lhe atrjbui (conferindo "ur¡r ser histórico" no (
fundo, concisamenLe, um scr a um "ente inventada'- por (
-
ela mesma), mas sobretudo porque se supóe que essa comploia
operrgño oconeu integr¿tmcnle r panir de u m 'I:az¡q origincl',1 (
Certamente, nAo € nha inre tII O deb;rtc sobre estcs (
tema mas rntere -mc salient¡r ueaEu iI no mesmo
ato com e "inventa" a Améri cstá''inventarido-sc" lam
(
é com ma ior eficlcncla as rlr. Em Q¡A iI (
-eat -
comPara o seja algo abrupta por mais de ümí¡ razio a
(
(
(
(

I
¡
( Orientalis¡no niio há dúvida de quc a configurafiro da imagen) I]
( do outro é uma das estraté8ias ma¡s conluns para dcfioir a
( figurasáo de si nrcsmo,t c nislo '- parece claro - exisle nluilo Recentemente verifica-se unr cspccij¡l empenlro cm 5c
ori¡is servigo c uLilidade do quc conl¡eci¡nento. t
definir o carálcr de "c-o,nlu¡ridades imxg¡n3d3s" que as n:rgóes
( disso, há exltamente ci¡)co súculos, o Ocidente náo
^l¿m Oossucm c no xspecto dccis¡vo que é a Iingu:rgenr cnr rodo
( cessa dc "invcnla/"a América, csse rcspeilo, bastari¡ recordar !:
essc processo constilutivo,T Vrlc_ndo-me nrujto livrcmente
.
o coProso ^
Ltr o cicntífi o des vir ilnLcs cu us dos
( dcssas idéias, qreio que c¡beri¡ falar da índole discursiyn I

séculos Xvlll c xlx e suii decisrva rn uAncia, inclusive na dilnigóes, nilo porquc dc uma ou ourril mílncjra nio scirn) I

( formirf alo d as auto imxfle ns anter¡ca Da5 ou as muilo rnenos "rcais", na resvaladiqa ¡ealidadc quc ¡eo] os otjetos históricos,á
con§Prcua§ fma qus I ¡mPrcn§ a ocidental difunde ' ma5 porquc suas inrrSens e ulo-irnxScns, o quc agor¡ intc-
( todos os dias sobre a parte luso-hisplnicr do conrinente res;a, sño o produto cle complexos proccssos liogüísl¡cos,
( americino, dc[inidamcnte deslinadas, com freqüencia, neo :r ou melJror, de extensas e suLis selr)ioses. nrs quais o tccido
conhccer-nos, mas a facílitar, mediante a campaásio quasc i dos s:[nos v¡i construindo figurasóes n:ais ou ¡nenos flui<]as I
(
inevjtivclmente preconceituosa, a complacentc auto-imaBem e As vczcs contraposlas eotfe si. Dcste nrorjo, teríamos de
( "c¡viliz:rda" do Ocidcotc. habituar-nos a pensar a na!'ilo co,r)o umacnüdade en'r movintento l
( Nada disso deveria supreendcr-nos muito. Também nó§, que, além disso, pxle oáo ter urnu só figor¡, rncs tantas quantas
hispano-americanos, lemos executado tenazmeote a mcsma sujeitos sociais a experimcntam c a pensam- Eor boa parte clc
(
operaeio, ainda que, obviomente, mudando de lugar as Latína, esses sujeitos, além de rcprcscntarenr ¡ntcres-
( ¡efc¡Cncias e is vezes ¡ornando-as complexas com sutis L ^mérica
scs c cosmovisócs sociais rclativamcnlc definidt¡s, costr¡mam l
(
desordena óe ra dar um exemplo pouco problenático: i convalidar-se con)o poladores de signos tlc itlenlidade étnic¡,
il Am¿rica rsr é impcnsável fora da oposiseo com que g§sc rcspeito, o s¡so andino seria enrblcn)i¡tico
( (i ientá o esDírito saxño. certamente Lambénr "invsntado" ' ^ l>or ccfto, se cstas imagcns funcionanr sinc¡orlic¡oreotc,
( como o outro, corn fungio definidorl, e ) n:argem dcssa vá¡ias coexistindo ao ntesmo tcmpo, cada unra delas supóe
"laLinjdade" a¡ncric.in:r que é,.sem nenl¡uma dúvjda, sua xlém d¡sso r¡r¡¡ consciencia cspccífica tlo Lenrpo que
( -
rDaior e mais gros.seira ficaio.{ l;rn case_¡liLi.s_ complg¡q í" d9 -lhes corresponde - como his¡ória. Cada qual forj:r sua ¡:rópria
( i sarnrieotDcm que o eu é quase sernpre o dcscjo rJo outro óu tfadigr-lo; e isto conr,énr sublinhar cnr dois sentidos:
mlis clur¡mcnte o deseib de ser cómo o outro.t Um qor)lo cvolusio dc - si mcsma, cont seu h¡storial
- cle precursorcs
( -oulro certamcnlc t¡o- inventado conro os dcmais.
gloriosos c de anti-heróis, nras tsnrbóm con¡o ¡n)¡lgem hislórica
( NaLuralmcnte, a idcntificlqáo de si mqsmo em fungio da global dc toda a naqio. Por ¡ssim dizcr, cadu suicito decide ir
( imagen do oulro poderia nio ser mais quc o resukado da históri'.r quc lhc correspoode, il qurl pcrtencc c I qr,utl se
lógicl predonrinanterDenre binlr¡x do pens¡nren[o ocidental 6 deye.e De novo, para abrcviar, unl exen)plo sir])ples: r¡)rlitos
( (c até um ¡ogo pouco comprometcdori "te invento p¿rd hispnnistas imrlginam quc as naf6es andin¡s comegam conl ír
( invcntar-¡re"), se nño fossc, porque todo o processo está conquist;r, c todos os ind¡gcnislrs eoconlmnl:rs raizes nxcioniis
ioscr¡(o numa relag-¡o assjn)étrica do poder e dela forma p;rrte. n¡u¡Lo an(cs, na época pr¿-l¡ispinica.
( N¡ base dessa relaglo está a forEa do sujeito socirl que cnuncia Ngs§!§ circu! §.!¡o-ql4§, !t?is q-us iltlcnl¡dll§, !r§. rylqo!§-§iro
-J ¡nragem do outro e sua corrclaliva capacidade clc convicgáo
( qrs(lulos instáve¡s cle Yrstos c L¡mbÉm ¡nsrávqis exercícios
quc nao é ouLra coisa senio o poder di ¡magen) sobrc síBoicos, gcncricJnrente discursjvos, qr¡e soci.¡llrsnts costunrnnl
i
( -o inraBinlldo. Con)o suiei[os da pcriferia, com cxperiéncia
competir conr os proclutos etal¡o¡:rdos por oulros sujeiros
( acumulada por cinco séculos de história colonial e neocolonial, i
sociais, da mcsn'¡a nlanc¡ra e sobre o rncs¡l:o :rssunto, Certx-
náo l¡á motivo algum para iñsjstir nessa matéria. mentc, o l¡tto nao é quc xs n¡sócs n:lo sci¡¡)r ''rcílis" (insisto I
(
( 56 5)
(
(
I
(
(
elas o s¡o com a rcalidade que é própri1¡ da l:isrória), mas de 994!l!¡9, inclusive rxlc? (
homogeneo c, se possÍvel, harn¡onlco. Lo
nenlruma maneira seo independentes das operagóes discur. (
sivas que dc uma ou outra forma as produzem. Radicirlizando E ranlbg¡n o áorrrcnto i- quc.m roda a América Hispinica
a propostá: as nasóes sáo feitas também (sobretudo?) de !,.::'l:.,'.. súrgem os discursos próprios dessa vocageo de homogcnei.
( ,:

d is cu rsos. ..:.1:.
dade, embora ialvez seja mais exaro dizer que foraml"ses (
discu¡sos quc criaram neo só 3 vocacao, mas a necessidads (
social dessa homogeneidade.ro Os rcsultados loram quase
ilt ser¡tpre ca(asrróficos: do princípio libcral segrrn<Jo o qual os (
índios, como qualquer outro cicladio, deviam ser proprietários (
Aré pouco lcmpo atris, 1s nrsócs crilm impcnsiivcis sem o indíviduais de suas terras, dcrivou por exemplo _ um
dos mais deyasradores araquc.s conrra - rs comunidaclcs ('
co¡relato dcfinidor de sua homogeneidade. As noEÓcs tradi^ indÍ-
cionais acumula\,ílnt fatores de onid:¡cie para concebcr uma genas (e tudo o que clas significam cuhural, social c econo- (
micamenre) e a rápid¡ expao.sio das grzndes fazendas que,
vcrdadcira nagiro: unidade dc língua e cultr:r¡, de cxperi€nci¡
benr denrro do esquemn libcral, .compravam" is te¡ras aos
('
histó¡jca, de componente étnico ctc- C).s romñnricos sinrctizaranl I
o as§lrnto rccorrcnrlo ao "cspírito do povo" e gerando grandes 'comuneros'- nesse momcnto proprietários ¡ndividuais _ (
,
rcdcs metafóricas
-
até hojc vi8entes
-
que associar¡¡ nacáo, que iamais chegaram a saber que ¡s havia¡n vcnd¡do, Satcas_ (
lanlíl¡a, filiasio. O fato de ([uc esra unidade janrai.s sc produ- ticamente, ojrande discurso liberal da iqua ldade ent rc os
zissc, inclusir.c no apogcu dos estaclos nncionais curopcrts, cidadaos dc uiia- nailEaEiluzinE-ajores e mais agud_a_s
niro foi suficicote para Ítter variar tal paradigna; nlr melhor. desigualdades. (
(las hipótese-s, as fi§suras rla homogeneldqde_ gryIn iqle-fplc- (
taclls como carencia-s_rcpariivcis mediantc poiíticas adcquadrs,
desde a extenstro dos programas eclucativos uníformizadorcs IV ('
ou o d ese ncoraia mcnto do cultivo das línguas rcgionais (e is i,.,t (
vcz(s suir pcrverse proibigio) ro cstrbclccimcnto clc iiste¡¡¡rs Se, como preren<.j( a ljngu¡gcm é faror decisiyo
cconón)icos dc produgio e mc¡cado fortemente centralizados. ^ngersor\
nx consliruicio das naeoes (
conro "comunjda(lcs intlginaclai.,
r.Nx IIispinic.l, contrarirn(lo ír.s cYidcnrcs fr1lturas a homogcncidadc rlc uma lingua nacional to¡nava_sc uma (
^méricrinternomentc cada naq'lo, optau-sc pclo D)esmo
quc divicliam u18¿nci:l priofitárlr. Ntio r¡te rcfcrirei :ro comp)exo caso
('
mc¡dclc¡- No século XX e cnr grandc pertc dns cinco prin)eiras riopiatense, em que, por um lado, combatem-.sc as iotpurczas
(lac:¡dfis (lo século )O(, a obsqss¿o primiria foi a da ''iotegragio" idioml¡icas traztdas pela imigragio e, por outroj sonha_se com (
rlc crtda um dos países, por mejo dc políticas educativas a criagáo de um "idioma ¡rgqotino,,, por exeruplg, ntas ao
I
(lcf¡ni da mcnte acu!tu mg!-o,¡¡s quc supostanrcnlc tcr¡rrina¡iam caso anclioo quc cm cenos aspcctos é lrinda nrais perfur-
por apagar ¡s dissid€ncias culturais (cml¡ora tris dis.§idéncias badoramcnte -coln¡:lcxo,lr Cermmcnte, n ninguém ocorrcu c¡iar
correspondtssem ironicamcntc ) meioriir da popLrlnqio) ou, convcnhamos um "idiomn
-vozes - rlopicamentcpsruano,,(cn:bora
isoladas quc pregavnm
houvesse
dc manci¡a nrais d¡l¡Berite, por meio de genocídios conside- em espanhol,
rarjos ofici:rlmcnte, sem mrrior rccuto, como coD(ligio do ql¡¡6 - consci¿ncia
¿ voita ao quéchua); lrouve, sim, unra
progresso. O que ocor¡cu conr índios e gaúchos no Ríq di muito-aguda nio ¡penils da qucbra c¡uc signjFicava o bil¡n- (
I)rata é um c-xcmplo, cntrc outros possí\,eis.'fratava-se, pois, Büismo (na realidade, o mult¡lingt)i-smo), mas rambént de uma (
cle configumr nagóes quc nio fossen algo como um eicañda]o ruptur^ talvez- mais profundar a <¡ue opóc a agralia clo quéchua i
frente ao quc se supunha serent as nasócs européias. Em oullas e (le out.as líoguas ar¡eríndias ) escrira dos est¡¿ros .iriollos" (
palavras, ¡ ¡dé¡i suq¡ac(:ntc cra convcrlcr qr hererogéneo c ilustrados. Assim, nio se (ratava de criar u¡na )íngua nacion¡1, (
7 (
tB 5t)
(

,,1
fidelidacle que dcve a ut¡r e outro cle scus ancestraisi refcre-sc,
mas um csoaco lingüístico <!e co¡ae¡gi¡§3 Por ceno, tinha-se
este espa§o. E, C óbvio, o processo csscncialmentc, i construEAo ou rnclhor, i autoconstruqAo
-
d; ñ;;ta= pro¡uzir
- a-l(tle.!.a, especla!mentc como do sujeito quc fala no texlo c do cspaqo em que o [,a2,
teve um gr¡nde prolagonista: -'l'án(o
quanro obter crcd¡b¡lidil(le como lristorjador [idedigno,
a entcndiam, com amplitude que incluía g€neros hojc á margem
,
preocuPat I Garcilaso elaborar con Precisáo urn ponto dc
da arre, os neoclássicos € os Pr¡mciros rominticos'
enunciageo capaz de dar autoridade lt um discurso em bo¡ )

medida d¡ssjdcnre cm rclagio a ouLros qltc haviirm manejado


iguais ou similares refcrcntes. Por fi¡n, a ¡rla usibilidacle dc
suas visóes alternelivas tinha como condigáo inevitável forjar
um sujeitg que tivesse razoes e dircilos para cscrevcr o quc
Aclmitioclo-sc cssa exPosi§eo, posso cntrar na ;rnílisc de querÍa escrever, ''?
unr caso teo concrelo como o anünciado na prioleiff, Iioha Segurarnente, há nos Col2en t arioq-1g5]a-,y¡11_.1-y!lylria{a
<lcstc artigo: a re-esc¡ita por Palma de um 'corlto" quc e complcxa estcatégia historioBráfi \ nlqs r!4-drP <le muito
Cárcilaso ir:clui nos scns Cotrtc¡tlqnos Espuro.larl§¿r alSulni
luz sobrs o moclo conro o iscu rsg -lire?ñÑencionir sutt¡rar Garci )z os¿ t

as [issuras da heterogeneidadc nacional e "invehtar" um Durand "chega um momento ern que 'J histó¡ia se convcfic
I

espa§o suficielllel]enLc cocso sobre o qual instllar - cmbora -


em autobioBrafia";rl e a.ssim é, por certo, mas rr,1o sc potle
^i.1 qrrr. r,rn." de ma[cira conviBcsnte - a figum harmónict esquecer que se f¡alr dc uma autobiografia quc, nr:tis do <¡uc
da naqeo. celatar situa!óes pcssoais, tcn<lc a csclrrccer a índc¡le {'tnica
do au¡or (e suas possibilidades d¡scrrrs¡vas). I'or outro lado,
visto co¡no suje¡to da cnunciaqio, o Incn ensaia um extelso
UM leque dc posigóes discursives. Efctjvao)enlc, scr)r levar em
conla os vários ¡o¡res que foi usando ao )oogo (lc sulr t,ida,
Como é sobejamen(e conhecido, a obra íntcgra dc Garcilaso Carcilaso f¡la )s vezes conro servi<lor fie{ (lc sua iqajestitde,
é unr empenha<.lo c mcsmo obsessivo trabalho em tomo de sua is ve¿cs conr¡ lnestigo duplamente nobrc, is vezcs sirr:ples-
condigile mestisa; ou melllor. uma laboriosa semiosc dc§ti- mentc coD)o mcstigo, ¡s yczcs corno lnca e ls vezes como
nada a produzir a legi¡¡midadc dessa coádiqño, pessoal e indio. Sio figuragóes d:r pcsso:r quc admircm variantes jn¿e-
socialmente¡ comc§a ndo pqla lcsiriqljcf t-dg dJ--ur!¡A.-SsSI!Ja riores e que, certilmcntc, nio s¿o sempre DeID ncccssaria-
-/ lagio rrenre cxcludenLcs. .Ao contrário, o,¡tpulso prinrário de
1 i-ql. P-É.Plir - ,oue se autoP
-l¡arm6nica do vário.9- do.rnesclador como e§crita me§tiga, cm Ga¡cilaso é sonrá-las numr vast¡ unidade qr¡c cub¡a todas t.
suma, CerlanreDle, cla o é, em muitas sentidos' Basta rccordar clas.lr lntcressa-me cnl¡o o recr¡rso miris óbvio p¡rá obtcr
quc vincula tradi§ócs hisPinicas e quéchuirs, que s\rPóe o esta arnb¡ciosa unicja<]e. Ni.o há dúvidi rle que é a figrrra clo

xl áon",nn,. trinsito da or¡lidade i escrila, noiávcl sobretudo-


quando se trala da oral¡dade quúcbua transvasada ) cscrita
* mestiCg.)
Náo é dcmais rccordal cotrctanto, que a prinrejr¿ dcñnjEio
em espanltol, envi¡ndo sua mensagem tanto a loogÍn-qu-os- étnice que ¡pírrcce n¡ obra garcilasiana, e qus aparecc
parcntcs cusquenhos quanlo I corle pcninsular c ao. lcitor csserrciqlnre0tc pcli. necessiclatle lntcrior dc errto-rdentr[iclEio,
culto do Rennscirnento, é a de'$diqr'. Estou aludindo, por cct(), i\ curios:r rctrrpolegio I

Mas o que interessl é salientar que a vllidaqio da esc¡jta dessa quír¡ificagao na tra<lugao do índ io dos_D!!!9gos_tle_qn9ñ
mesliCa de Carcilaso, csPec¡fica n)e ate ras Col etll+r¡os e quc seú morlificada, ssm perder seu contcúdo étnico, cD) La
¡
r'ú, Hisloia, nao tem a ver unicamenre con: a dupliciclade Iorida del lncq,\d¡dos sobre os quais tambénl Dur¿nd ch¡mir t
de surs'fontes", nem sequer com o csforgo de prcscrvar a a iteng¡o, intcrprctando-os como cxpressÍio cio orgu)ho de

60
6t
(, 1..

4, .¿)
(
(
Garcilaso por sua "condi(to dc honrqel ¡rolta"l'|!r isso cabel:¡a A rcivindicasáo da condigño dc mcstigo, tanto ma¡s (
acrescénta¡ qúc o deslocamento de "índio'a "lnca" bem aguerr¡da quanro repelidamente se diz que nas Índias esla
podcr¡r sigñif¡car'.r incorpomgio <ic um contcírdo nobiliirio palavra expressa menosprezo,tT é pane subsrancial do d¡sposi-
(
e, ncstc sentido, classista, i flratriz ¿Inica oriSioária. Parece: Livo b¡mcmbre que tarna possÍr'el a csc¡ita dos Comentario§, (
mc claro, porém, que 'índio'e "lnca" funcionam quase como rexto também dual, como ficou diro, e A 5ua maneira llo (
lripórboles da estranheza do ser mcstigo, mas dentro do insólito como o homcm dc dois slngues que o escre\¡e, ao
código scnrpre anrbíguo que ils veze.s dcnuncia nodéstia e dobrar dos séculos XVI e XVIL Nio é demais ressaltar, cntrc- (
ls vizcs s<¡berl¡a, . oo.irnro Ienrpo, mas principalrnenr"e,' tanro, que no fragmen[o citado á figura do Pai tcm um papel
como aviso ao leiror de que yai ler uin discurso diferentc, o in'rponante: o autor se diz mestiqo com orgulho porque o é 1
discurso do outro. Quxse podcria dizcr.sc que r autodefinigzo ("sonros nesclados"), r¡ras também Porque assim l¡re clramava (
do nrestigo rcal como índio ou Inca escriturais é uma lorma seu pai cspanhol ("nomc c¡iado Por nossos pais"). E. a partir (,
de sublinhar a alterid'¡dc desse discurso e dc quem o emite. dcsta posigio que a dedica(ória dt Hisloria general del Pcni
O [ato de quc ncm a tradugao dos Dirilogos, nc.¡It Lq.fToida implica, até ccrro ponto, um novo dcsvio na liliagño: desaparecc
(
requeiram a autorizir§-.lo aulobiográfi ca. necessiiria aos Co¡¡¡s¡7- o espanho) do'nosolros", implícilo na categoria mcstiEa, e (.
¡qiose I Hislolia Seneral, .:io deve fazer-nos esquecer qtte em seu lugar acollrem-se f¡ate¡nalnrenre lndios, nresti§os e
(,
Garcilaso inrcncionalmcn(c tece uma apeftada malha d_e refe- "crióllos". Diz a dedicatória:
réni¡as d7uzaclas entre todas as suas obr:rs, especialmenre em (,
seus prólogos e dedicrtóriás, de n)odo que, quandá-á1é[iii-' Aos índios, meslisos e "cr¡ollos' dos reinos c ptovíncirs do (
masño aútobiográfica passa ao primciro plano em seus Brande e dquíssimo império do Peru, o ¡nca Crrcilaso de k :
dois últimos iivros -
iá estí solidamcntc respald¡da pcla \regi, seú irmlo, cor¡pltaioar e vizinho, saúde e felicidade. (
- se defin¡u, dcsdc muiro aorcl, córiró-
tigur:r rlc urf] autor que (
índio/lnca; e lambém, en ou¡ra ordcm de coisas, como escritor Seria tent¡dor cor¡elacionar esl¡listicamenlc as duas enume-
erJdito (co¡¡r a tradLrgáo) e Iristoriador anleno e fi<lcdigno (coil raEóes, associando índio a irmáo, mcsligo a comPatriota c (,
* tq ltori¿a). Parece-me que ainda nio se es(udou suficienie- "criollo' a vizinho, mas na rcalidrde a cconomia d¡ f¡ase
(
nreote o contplexo processo quc articula todos os livros dc parece girar sobre o ter¡¡o n'restico, a partir do qual se abraga
Garcil:rso c gcra algo como um cspaso n)ilcroautoral quc o í¡dio c o 'cri<.¡llo" (isto ú, rodo o mundo rmericano) e se (
cnr c¡clit cltso opta por vari:rütes inlcrnns nrais ou menos acumulam os signlficados afctivos da se8unda cnumer^qáo.
sutis, mis que nlo qxcedem rs possibilidedes desse iiñbilg
{
Em outri¡s palavras, ao relr,indi.qar enfalicamen(e-seu car',iter I

trabalhosa¡ncntc dcmarcado, mesL¡go e ao a.ssociar-se iraternalmentc conr índios c "criollos', ('


Em todo caso, ainda quc nio dispuséssemos do óbvio dlrdo Glrciliso rssume uma fep¡esentativid¡de múltipla e coloca * (
biográfico, qr¡em escrcve os Coitcntar¡os ñio pode scr nacla scu discu rso no espago do vírio. Para iogar o jí oiio tio novo I
mais (ne¡¡r mcnos) que um mestigo. Dc fato, o sentido últinlo jogo pós-rnoderno: Garcilaso considcra-se auror(idade) dq (
do seu discu rso ssr¡a inexplicrivcl for¡t dsssa condigiio que múkiplas cscritui-¡s c crC instrlxr-sc numr intcrsc§lio utóPicq, (
é condigiro do sujcito e de sur csc¡itura. Todos rccordam:r- a panir da qual parcceria poder rcalizar o jdeal "panÓplico',
globrlizrtlor c (
bela e firmc reivindicaeio Barcilasiana do nresliEo: tola liz¡ nte.
É oportuno indagar, conrudo, se é po.ssível realizar esse (
Aos l¡llros de espxnhol e índii ou dc índio e espanhol¡, proisto * c¡u mais cxalamente, se Garcilaso pode [azO-lo. É (
ch¡mrm-nos mcstilos, p¡r¡ dizcr que somos mesclados (le xDrbrs claro, de imediato, quc Garcilaso imrgioa ¡ condiEio mestig,
is ni(óesi Io ñoñcl foi iDposro pclos pr¡rleiros esp¡nlróis quc em lcrmos de conlungio e sínteser embora irs vczcs niio sem (
rivcranl l¡lhos com índjxs, e por scr nome criado por nossos
pais e por sua s¡8niñcasio, assim me chcmo eu il boca cheii.
sobress¡ltos. Com csra fioalidade, recorre a yárias eslmté8,ia§, (
(Contcr¡tarios, Lib. lX, Crp. )O(Xl, r.lv. p.163)16 desde fi issimilasáo do neoplatonismo, filosofia cm .que ' I
(

63 (

(
(
(
tt
( cncontrou uma base conceplurl especirlmenre aproprjada abonrinávcl por ser feia; cu a olhava com u¡¡s c com <¡urros. O
para pensaf e pensar-se, em fungio de uma harmónicl dono d¡ pcdr:¡, qúe €la homcm rico, ¡esolveu vir ¡ Espenha c
(
convcrgencia de forgas dissÍmiles e opostas, i certeT-a naro
traze-l¡ como estav¡ par3 apresenlá-la ao Rci 1.,,1, Soube o¡
( sen) feodas
-
do se_orrd_-a playj-detrlinlja-h¡slérja.
lLpanhi que a oau sc pcrdr'ra, com outñr ñuila riquczn quc
t azia. (Codanlar¡os, Lib. vlII, Cap. XXry, I.{, p,80-81)
N colsa§ Garcilaso s¡tua o jncaico nio em
(
conLraDosiciro i\ conqu jsta. mas corno o mundo clíssico I
( - De imediato, bem dentro do seu cstilo, Garcilaso revela a

4
I
c¡n rela io ao crisleo á ma ncir¡ de prólogo propicifltório
- maneira como os espanhóis v6em essa estranl¡a Pedrir
( da evange¡izseáo das lnúlas. t óbvio que assim, como etapas ("olhavam-na L.,l como coisa maravilhosa") e como a veem
de um só gr¿nde processo desejado por Deus, que conduz da
( os índios ('chamavam-lbe buacal...l admirável coisa'), gcrando
barbárie das épocas rcmotas ) razao oalural do iocanato e d¡
uma espéc¡e de tr¿dusáo subterránca ei¡re.ruediÁla: afinal,
( razio nátur¿l á revelagáo divina que se oferece aos índios neste con(exto (que suprime qualquer conoraqáo religiosa da
com a conquisla, desdram,¡r¡?r-se I palavra quéchua), huaca é exat¡mente o mesmo que a "coisa
donlina elos c anhóis. O discurso istóri co de
de mar¿vilha" dos espanhóis, c m
( di¡corre r senl contfatempos suturando rasqóes e soldando
coiocidirnumsósentidoS{S$I9.iq_s_cnlfc_4"_¡gE4r¡¿gg j"
oq uebrado cam r melhor das razóes: a divina- Até ceno ponro, do duolo..q¡g¡9,iJ¡]dp-1;¡avqr-dad-e. úoico; cqis,3 de maravilha
bém consc gue supcrar os de sencon
--j_tlS9g :B n)fÁy§ co,sa. Si ntoma ticamente - Gircilaso se
¡nteriores do.próprio Grrcilaso, sente na obriqaÍio rle d,'. ceu fró0rio resremunho e assinala
E cantudo, embora poderosíssimos, estes e outros dispos¡ti- ue ueu a Lfos" Por
vos conceptuais nem senrpre funcionam eficaz¡renre. Nño insis- 'coisa dc maravilha" seo sioónimos (ou quasc), o Inca torr{,r
tirei oa tantas vezes referida ambigüidade, nem nos va¡véns n]ais explícita a duplicidadc <lo seu olh¡r? Inclusive, se 'olhar com"
ou nlenos conslanlcs Próprios (la prosr SJrcili¡s¡ana, quc si=lo se inlerprctasse sirlple-smente como 'ol]rar enr companhie dc",
óbvios indicios da instabilidade e mesn)o clo náo rcsr.¡lvido a urgéncia desst precisio continu? scndo insólita, I'rovavcl-
con0ito dc sua procllmada condiEio mesriga; apcnas me mcnte, o que ocorle é que esst tradusio trianSular resulti
(
dg¡g¡gi¡qm rexro, apa¡enremente allrejo a esra problemárica.

1
i¡rsatislatória para o próprio Circilaso c, afinal, ele nio podc
( uc se ode ler conr unr ()u () deixar dc registrar quc, na rcalidade, a pe(lr¡r é olhada dc
-
( nr¡ncira difere¡rc por<¡ue ihes d¡¿ co¡sas diferentes, a ínclios
o se ut [e: c cspinhóis. Talvcz a insat¡sfageo provenhi! do fato de <¡ue,
neste ira to mas nao em outros Garcilaso fenlra su tt- 7
( No ano ds il c qu¡nhentos e cinqüeota e seis, :rchou-se no mido o significado buaut.'e Se o tiv€sse cxplicitado,
c.le
resquÍc¡o dc uma n¡ina, daqoelrs de C¡llahunya, uñ.J pedrr "c-q!§4 de naravilha" e "adm¡r,í \,c corsil 'terianl crncc a su il
I criad¡ conr o mcral I..-l porque toda ela esl¡v¡ perfuridl por .sinonímja porque nquela nao teria o caráLer divino des(a.t
abc!.uns pequenas c gmodes quc o ¡travess¡v¡m de um l¡do
:l outro. Por ¡odrs clas assonrtvam pontas de ouro, cor¡to se I'las o fragmenro é ainda mais incit¿nte. Recordemos que
( thc houvcsscñ lingado ouro dcrrcljdo po, cima, ponlas Garcitrso anota que "diziam os quc entendiar¡l dc minas que,
sii¡m lorr da pedre, ourras cdprrqlhrvam com ^lgunras
cla, outras se nio a ,irassern de onde estava, com o rempo toda a pedra
( ficilvim mi¡s prrx deouo. Diziam os quc cotcndiam dc m¡rrs sc cor¡verteria em outo". A frase deve ser lida conr relaqáo i
que in¡cia o capírulor .dll riqueza de ouro c prata que no
que, se n¡o a litasscm de onde cstavir, com o tcmpo tod! a

t/
(
pcdra se conveneris em ot¡ro. No Cuzco olhirvirm-óü os éspr.-
nhóis como cois:r nr3.xvi¡hosa; os í dios chlntxv3m.ñ hÚg@ lC Peru se ri,a, é boa lesrenrunha a Espanha', e com a que
que. como iá disscmos ¡nrcriomrcntc, cntre outrrs mu¡trs §l;ifi- conclui a hisrór¡a dessa pcdra-ouro excepc¡onal: .sua perda
( cagóes desre norfie, uma quer d;zer'¡drnüávcl cois¡, dign¡ de no oceeno- Ser ia¡Jo a,¿dtz DSa t ue o texlo, sem s c (
t
(
(
¡dÍl;rilllo por ser lindr", ¡ssim como [cmbúm signiñca co¡sa
-77
gt9p9l.l"L,-l¡!99 falo, n-=
"¡§g'r¿:!9:rygl@¡&s,
t

64
,/ 65 ¡
(
I

(
I
flg:f{l ¡,r pcdru-ouro quc sc teria tornado inregralmcnrc ao lnenos no discufso das ¡ntengóes, ncccssihya rcconcil¡a.
ouro, se a deix¡sse¡r on<le e comg estrva? Nao scrá um suas du¡s vcrlcntes na figura de um mcst¡go cxcepcional. Raúl
obscr,¡ro lanrento pela ruptura de unr processo que já €stxva Porfas, com sua repetida frase acerca de Garcilaso, conro
lransittndo as cspl¿ndidas vias ¿n iclaclc de ouro, e por sc_Lr "c-spanhol nas f ndias índio na Es a nha ", intúiu certcifamcnte (
i
m¡lladado fi,r, u¡¡ra perda ocorridl precisamenrc no lneio do ó dilaceramento incurável que cruzava de lado a lado a vida (
,maf quc trou:(c os conquistf,dores? e a obr¡ de Garcilaso, mas crcio quc foi José Durand quem
Nlas, alénr disso, ji quc x lóBica do sigoilicado se rbre quest¡onou com maior cons¡stencia a iml8em idílica do lnca,
aqui ao cquívoco pluriss¿mico, nio subjaz cm todo cstc rclato conro enrblema dc harnrónica plcnitude, ao sublinh:lr a lrag¡"
e nostirlgia dc uma unidadc possívcl, totalmsnte áurca, quc cidadc essencial d^ fiSura e do discurso garcilasiano: "g¡g¡p- I

x hislór¡a acibou por dcstrognr? Essa unidadc possívcl tcrir


fcito inúLil, rl¿ impcosÍvel, o duplo othar e o transvasamcnro
da tradugio; no lundo, tcria leito inútil a rr¡balltosa cscrirura
l Inca glorificar suas duis es(irpes
lhes dG se-acháiá cml¡étiida de
- li_z :-, nr-a.s 1f!_ó_ü4_ -q--u.s
anrarguran.rr
De qual<¡uer maneira, náo foi cssa intagell lr-iglc-a_go-l!94
*

garcilrsiuna, que x-ssim desse ponro de visrt sc ¡precia quc prevaleceu na consciencia nacional; foi, precisamente, a-
-
mais como <.¡ doloroso rc¡núrlio -
<le unra ferid¡ rrmíris clrr:rd:r oposta: a quc cncontm em sua vi<la e obra a admirável síntsse
(
do que conro e expressño de unra plenitude global e prazerosl. conciliadora, como inlagcm já propiciatór¡a dc uma nagáo em
l)essa pcr-spectiva, a nnrragio da peclra-ouro nlo pfopóc uma paz coosiSo mesma. Neo ¡ntcressa histori¡r csta receP.g-ao do
inrage:l da mestiga8em agora cntendida como violéncia e i. discurso garcilasiano, mfls é impossível dcix¡r de ntencionar
(
t' empobr€c¡mento, quase conlo mutilagao do completamento
i
que nela t€m singular irnporráncia as lciruras de José de la (
<Je un¡ scr quc a conquista despedaEou?. Rivá.^gúero, talvez n¡o ranto a cont¡da cm La hísloia en cl (
Textos co mo este. e h á ou gqs-lnuitissjtr0a_Da¡s_óbvios Peñi, quinto e princlpalmenre ssu difundido elogio do
-
Inc:l, no qua¡ -repclidimente o auLor dos Cotttcttlclrios lpJrece (
corroe n) ¡nLeroanrente a -ñi r¡ronia proporc¡onada conl es¡ne
pcl¡ cscritura mcstiga clo ¡utor dc duas cstirf)cs e denuncia co¡ro símbolo do "petuan¡smo", cmborn lampouco.se Possa (
deixa¡ de lcmbrrr que se Lrata dc um "Peruanisnlo' ern que o
f-imanc¡ável rispidez das rporia.s quc o Inca, senr dúvida, (
ounca pódc rcsolvcr dc todo. A rcconcili¡sio propici:rdr por conceito de pais n)estiso é, na realidade, uma cspécie de muito
óáiiiiri" nao ternrina nem nas Índirs nenr oa Espanlrr; trlvez, rccortada conccssi,-Io do csrrato "criollo'-a¡isLocritico ao (
corrro u pcdra-ouro, naufrague er¡r n)eio iro oceino, n() espaso iooculrável componenre ínclio d^ nacño.'?z
(,
cic ninguúm, N¡o por acaso a qbrq {g C.lqgjlase !qr¡!!i4a
imcncignalmcntc náo-com uma inragcm de sintcse cplcoirude, (.
,nls f^94 iI invs¡sa, a cia exccugao do "bom príncipe" Túplc DOIS (
AmÍrfu I prrn "conmr por últimg em nossa obra e trabalho o I

mais lastimivel de tudo quanto enr nossír tcrril c,corrcu, e (


Nos Co ten¡atios, ¡ntercalado no assombroso'o discurso
escrevemos, para quc [c é prccisio i,¡portantíssim l cm lu(io da abundincia",r'em que se louva a descomundl fcracidadc (
scja rrag¿dia''. (Histoia, L¡b. Vlll, Cap. XIX, t.lv, p.l16p) dos frutos europeus ent tcrr:r írmericana, Gxrcihso narra úm
(
Com o correr do tenrpo, e contraqizendo o.scñlido (riigico "conto diverLido" i3¡¡ggr¡-en_d.n1s3-1Sle, ¡s j4d ig§-CUf- Ler¿c;¡--a
da ol-lra dc Gilrcilaso, con¡o tcnaz e brilhantíssinro eslorqo Linlx as prinricias de unra espléndida co-ll¡,cit¿ de melóes, e o (
inútiJ para articular coerentcments as ,nuitns tradiEóes quc capataT- os aclr,crtc de que nio dcvcm conrer oenhum "Porquc (
sc acumulaYlm nele, tornando-as pelo ntcnos compaLívcjs, a o dirá" I cafla que tambúm lctanr cons¡go- Na caninho, os
clite letrada construiu, já desdc a prinreira década desre indios desobedecem, mas cuidam de pór a carta atrís de (
I
século, a jmagem oficial do lnca como o "pr¡meiro pcruano", uma parede, parír que, nño os vendo comcr, nio posse dizer (
porlador sobranceiro do sÍrnbolo maior de urrla oasio que, nada. Ao cntregar a car8a c a carla, sio descobcrtos. Diz o
(
l
66 G1
(

(
( 2-
L.
( r'

,,

tt encomendeiro: 'Por quc mcntis vóS, que esta Carta diz de que bebas, e tetr¿s quanlas vejas e Possas" ou "de manhá é
r¡- ;. que vos dcram dcz e quc comestes dclis?", e aos índios só ouro, ao meio-dia Prata e de noile mata"; as Palavras "enco^
( [.:..
§
lhes ¡esta confir¡t:lr que 'com muita razño chamavam aos mcodciro" ou "mrlíl-serrirno'; a frase "ao que rnc cxpul-sar )
( I espanhóis deuses [...J, pois entendcnr !3o grindcs segredos', de minha casa e herdadc, cu o expulsarei do mundo^ etc. É
É

( (Comentaios, Lib. IX, Cap. XXIX, p.159-160) claro quc estcs conrenLários lin8üisticos, lodos de algum
[',1 Inrqnsan]e,nte, s¡gn¡ficnrivo -enl yárjos DLvEis, nlodo relatiyos i¡o Pcru, iconrpanham e re¡lq¡m o ponto
( "r
-o "eqr!t_o"
I cofoca qun Primcifo plano de intcrcsse a confrontagio enrfe que intcressa: ¡q-origent pcruana de 'carta caola", conro
( i oi'álidadc c escrila e sua desigual insergeo c uso na d¡nár¡tica va¡iante dc "rcz,im c:trtas" e ''papclzinho fala", aque)a citstiga e
l do poder sociirl; e cmbor¡-seu tom scia cómico, olt antes irdnico, csta "ultracriolla". A for¡ra "carta canta'' é a prcfcrida de
( ir náo dci¡ia de ter ¡essonáncias trigic:ls- repete I hisréria da Palma e por isso
-
cliz
-
"\'ou reclan¡ar lpara ela) junto )
( ll dL'rrotr e submissio clos índios c s,,l ..rtr.'n. dcbilid¡de frqnte Rcal Acrdcoria da Lín8ua as lronras de peruanismo", Em cerlo \
l:
i escrita cla autorid:ldc ou iguillmc te i autoricllde tla scnlida, a anedota dos melóes é, nr lrJdis¡o, (lrtx.sc quc apcn?s I
(
-
(scri(a. Nio n¡e clercrei nl aniiise - qr¡c [o¡ nl:lt¿fi¡ unl prctc.\(o paru dcscnv<.¡lver o tenra dos rrnericanismos, lio /,
( ll d-e
dessc conto,
vírios estud6s, alguns bas!alLe notivcis,2l mas quero ciro l Palma,p e cspccifiear)clltc a origcnr rtaciorrrl d<¡ ¡ef¡io i"
i .,í.
( ,l reilera¡ que su:t conslituigio a part¡r da conlenda entre <.¡ que dá rírulo ') tracligio.
i

il oral c o cscrito -
definirivanlenre En¡ todo caso, muito no est¡lo palm¡sta, a proposta'etimo-
I hcterogEnea e belige-
(
r¡ntc. Ou como -éindica Pupo-Valkcr-¡ lógic-a" sobre "carta canla" ('busca a origem da frasezinha em
( questáo') baseia-se nun]a narrigeo amcoa- Convé¡n analisá-la.
A Cscrita surSe 1..-l ncs¡e contO Como espago conflitr:oso da Antes de tudo, rro primeiro diálogo entrc os cllregadores
(
n¿rrafio e coDo mcdid¡. que refistm a dfstnrci¡ inler¡of entrc íodios, o autor anorr que se real¡za enr "dialeto ifldi8ena',
( du¡s rcalidades cullu.¡¡s que sofiiam um proccsso »rriLuo de anotasio gue desaparecc fl prrtir do segundo (cnrbora clr)
¡justcs c dolofos¡s mpaura§-¿, .rlgun se r¡relcione a palavrt lairíi), obv¡¡rnenr€ porquc o
(
final da histó¡ia exige que os índios que comegaram falcndo
( Já se observou que o arciiaso eo) quéchuá o fagam ngora eor espanhol. Unr dslcs cxclama:
de uma das rr¡di qócs -i'Carta canra" de Ricirrdo palma?6 "Tu os \,€s. ¡rnrio? Crrt? cant¡!'Deste modo, se produz, qurtse
(
c que a mesmi hisrória apareci cm ourras- cr6;i.;--má; insensivelmente, um deslocamcn[o do quúchui¡ p¡r¡ o espanhol-,
( de Gómara s a de l\4:irtir de Anglería, e rambénr n obra de c il corrclxlr critir¡1¡o dr(luclc. Ironic mc¡Lc, canr inveros- r

I pelo menos mris uuautor do g¿ncro tradjgho.rT Atrav¿s da similhínc:t que nio parcce preocupar enr nilda '.ro ilutor, o
(
l
sintomática liberdade conr quc paln)a emprega fonres coloniais, rufrio csp;rnhol nrsce dír palavrl quéchua.
( que é indfcio cla profundidade com quc assume como sua Ivlas ainda há mais: a exclanragio que surge em castelh¡no
I próprir essa rr¿disio,* "C¡na c_c nta1,¡icrrcmel.s-agJ qca-.m¡s dos líbios do índio é ouvida pclo cncomendc¡ro, gue a repete
I
(
: io pidre Acosra, T?.q I qbr io qu_e o rcxro- que .tcm eln mente, cntusiaso)ado: 'Sim, grandes veihacos, e cuidado com oulra¡
( q talve¿ mesmo i visra, ( o dos Concn¡ados, De faro, o ar¡¡u- pois já sabcm vocoli quc cana ctnl'a", com o que se consurDa un]
I
(
i menro é quase id¿ntico, com deralhes a mais ou a mcnos, segun(lo desl¡zíl,llenro. O encome¡d ro e5 nhol sc ¡ ro la \
I dos quajs o mais inrportante tnlvcz seja á mudanEa do asso¡llbfo
i da nalava rlo" íp.¡ios e ll t,c coD)o a¡le:l I n contFa
( dos indios anre os poderes sobrenaturais dos espanhóis pclo - -
clc-s- llesr, ,ssinali¡r que é_a palavra do enconrcndciro, o

casliBo ("bem surrados") que reccbsm. gj¡rradof d1 ancdotr a seus xniE¿:'illr¿-]'érliffidifundir
( ( I

1.
Errreranto, a rradicao de palnta inclui uma vasta séric de 9 fu.r."f .i"j¡,-qCg '11,.?fs¡lll_¡l4.d-Ñi"\ .orn I
( I anota9ócs Iingüísricrs, e em últ¡ma instencix sul intcngáo é -o.6lr¡s
e¡rigragño para a Espanha, con¡o míxitrra do conquismdor, "ro
( I revelar a origem da frase "ctrta canra.. Eferjvamenre, eiplica Lermjna a parte oral desre cu¡ioso e sinromát¡co itinerário, t
Ii de onde procedem os provérbio.s .Casa em que vivcs, vinha cujas ¡nslñncias básicas vio do quéchua ao espanhol f¡lado l
t, i
(
iri
( I: (B
ó9
iri
(
iiir
.(
,

t
(
pclos índios, em primeiro lugar, ao espanhol (
das classes eia destinada a modernizar e uniformizar a vida social
superiores da sociedade colonial, cm seluicla,
c fin¡lnlente hispano-amer¡cana dc fina¡s do século XIX quc é partc
ao espanhol geral (e autoriz,ldo, como logo se
América c da península Ibérica.
Por ser complexo c cheio de signiñcados de várit
ver¡i) d¡
triryir¡.Ftrtr@
na
-
cioflaisJ-Cono-se{¡be, c a cssc respeito Lrrsla pensar na
(
(
lezr, cssc processo dcplra com eutÍls surpresas. Alé
naru_ obra de ¿\¡drés BeIo.) ncste emprecndimenro o id¡omfl lem
aouj. um pape¡ esscncial como produror da imagcm soc¡alizada da
obviumcnre, rr¡do succdc no plano ¿a or"t¡ara.,
,gor"',-, comunidade nacional c con)o espaCo que cm si mcsmo pode
transmuragño ¡elaciona-se I escrita, inicia¡ñenre (
a" rirn.;, realizar a homogeneidade requeritJa pela nagio, para exislir
indiretr, pois remete I hisró¡ja quc cxplica n orig..
ac ".rri; como tal.'r Igfrto. q urFrlolálor¡-<l¡ase suL nlc (
canla'ao padre Acosta, que ,,cs6rergt longa e minuC¡oS¡menre
sobre as oco¡roncias da conqui.s¡r", mas, a
modo explícito, ¡o sc conslat¡r. exislCncit da
seguir, o faz de
dcsloca o quéchua e o convertc em cspanhol, clr4 pf _9U:
zindo uor cspago honrogéneo, sem fissuras, jus¡amcnle onde c (

frase na se rompc coor oaior risco a comunidade nacional; quanclo (


cscrita da própr¡a tradiq¡o, Daí pode langar_se
ir aonqri.,,, J" t¡oca a [aia popular cm escrita culta , csrá gcrando um novo (
uor esp¡go no arquivo máximó au¡orizacto as vo úr,eis
do idionia, nada e miis firme csprco I )om c
lnenos quc o Dicjonário da que e,etivamenre acolhe e dcses(ruturantcs ,Ce4!flc!§,Qcs ü_qBld¡dcr e quandp- !!¡f
a proposra dc palma, Nesse ámbito qrr.. ,rgrr,..l, p"..."
^crdem¡a, úhimo, reduz tod o o pregg§so t,4utadzasi:o,!a_4g9sB!e
reiminar sua ziguezagueanrc t¡avessia icliomática, e§ (á legirimando, com um pod cr cx cepciona lmcntc fortc, Un]
a curios,
história lingüístic¡ narracia por .Ca a canta,,- n()fl¡la l¡ñgtiísricir que rege modclo c lci o ¿.ron idion)a (
s:¡be, boa p¡rre da lradiqño se d¡riBe
-
Ao mesmo tempo, é_clarq-4qsun¡imir
-
humoristicamente
_,^ 9:r-.se ao rcgisrro
oe tormas or¡is, e náo scrin incofreto arat"r,^,
qra pnraca a t¡isró¡ia d a rci li s o.--P_Al-41-A-riruI4_bg4l3!19!9
esrar presididl pclo inimo de ap¡ccia¡ a graqr, ¡arl-¡-nsralat :-,ea).lt-aqnada- - ¿ DoI¿a r¡ag¡o,
p.;,iodnlir-o
da Iíngua poputrr, ou (alvcz,irii g"n_,.";.n,", A polírica do idioma em Palma e cnt seus imediatos predc-
l.l:l"lUiO.
oe l¡n¡a presumida língua nacional, rna, ao
rrÁnto ,anpo J cessores (os "costumb¡istas" de cunho liberal, alguns mais
c (udo indica quc nao inrcncionalmente _ propoc ou menos populisras) é sugestivamente cquívocar ao coligir
definitla hicrarquia lingüíslica, na qual, p:r.a
,;.,;-;.nl (
sinteriza¡ o if usos populares, ou en: geral coh,rquiais, para reciclá-los em
vis¡o, o quéchua csdc, antq o .rprnhol, seu próprio estilo, quasc scmpre I ñlrncira dc citagóes,
,,nrc'"
escr¡ta e tudo anrc a autorida(,e di " "r"l¡,¡r,1"
Acactemia. O" a",,o ponro alin¡lam-nos, ordcnam-nos c os donrestic¡lm, sub(raindo-lhes
tlc vista, parcccln scr elrpas de um justo procc.so o cxccsso que os lorn¡ imlrnej¡iveis; C por cssc caminho
de r'sir¡¡_
o¡caf:lo dos americanisntos,)o mas uma pretenclenr alcangar para sua própria linguagem um estatuto
lei¡ura ¡ovefsa tcvcla,
anles, unt gcsto de acatlnrenro i insl.incia nacional, como representasño adcquada, por ser abarcadora,
m"r.opolit"nn qa,.
autorizir (ou nio) o que se fala oa lmúrici.
rfmbivalencia s'¡i_ da escritr artística c da fala vulgar .- ccrtamcnte, e em mais
¡o¡ri¡ica: a ¡civindicaq;o rh lioguagenr própria dc um senrido, es¡ilizad¡. Escobar viu benl como nr prosa de
é iro nlcsnlo
tempo o rccr¡nhecimentr¡ da auto¡idarle ,ttr"in, Palma plrece dissolver-se a contradiceo cntre o casl¡cismo
q,,a poal" (
consagrí-la conro rcprimi-la, e a crjirrivid¡de dc Pardo c a língua aplebcada de Segura,,i nlas ¡a realidadc
or"i e'f.",[¡rJ"
Precis¡nre¡¡Lc no mcsmo momenlo em que deixa dc scr_lo. o qxpcrimcnto dns tradigócs vai mais alÉm, porque nio só (
primciro ínscriri na escrita culta ,lo própri<.r prt,ur,-.-a rcsolve um¡ controvérs¡t litcriria como propóe um modelo (
scguir insralada no nicho cto Dicionár¡o. dc língr.ra nacional, apoiado .- segundo a ficgáo de "Cana
Scria exagemdo considerar a opcraÉo Iingr¡ísr canta'- em dois p¡lares alheios i ordem da literaturar a fala (
ica de lraln)a
como.signo r.le uma opg.io hispanis¡a ou coloni¡lis dos índios e a Academia, modelo que se estende á todo um (
{ serii deotajs entenda-la den¡ro da volunt,¡r¡osa e
ra,"J]et!-io gCnero (nao por acaso seu nome é Tladic¡ones pentanas), e I
englobadora (
finalmente se proieta sobrc o sentido da próprio nagio- Talvez
'10 (
?t (
(
(
(
úm, nJ(io ins-islim enl ver reflctida cnr sua vldr c obra
( a !
com menos explic¡tasáo que outros cscr¡lores do século XtX, logo se.convcnc'
( rpetccidi conciliagilu de unra mesti§aEerl que
Palma inscrcve sua produgño na problemádca maior da época:
ia.otogir, c¡rcol¡ridor¡ do que a conquista r¡uebrou e rt
¡

t
( criar uma imagcm e um discurso que d¡luam as cofltr¿digóe§ "h
rcpública nio pOclc soldar senio no discurso dr
hontoge-
solapadoras da própria idéia de naEio, construinclo espagos qu. ren] enl Garcilaso, prccisírmcole' utn dos seu§
(, homogGneos sobrc uma realidade opresrivamcnte hcterog€nea,
nJ'ara.
( dc grandes dccisio
n.,,n.1,,. ,inrbotot Scus
"rrgumcntos ^
( com o iiniflro de edificar na e pela linguagcm uma comunidade áe Palm¡ <lc reescrcver unt fritgntento <]os CoDenlarios?
ta
cnrrc outros efeiros, o de uma ¡íngua abranSentc c
i
nacional possível. Dizé-la, náo como rcma t¡u conteúdo do
( p roduzir,
cntre
I

discurso, mas como s¡gnillcado da própria índole dn operagáo lotalizantc, cm cujir trama P arecenr diluir-se os contr¡stes
I

( lingüístic¡ realizada no rexto, ela pelo menos a preliguraCáo orrlidade c cscrita, quéch ua e espanhol, língua PoPular c
discursiva de que também no plano da realidade (e sobretudo inscreve-sc envicsadrmcntc na
( lírrgul culta c ¡rut<¡rizada,
nele) poclia construi¡-se um espxgo comum onele qualguer a de ha¡mooia que cfcliva-
mcsota linha c tgnova voca §io
( convergencia harnr6nica (mas hierarquizada, por certo) fosse mcnte, embora ao longo do tcmpo se ffus¡Íe,
está na obr¿ clo
possível. ¡nca N¡ realid¡d o. a qual
( I
se se
De cerro modo, é um n)omento feliz; a linguagcm da arre dota dc rma lra ¿liQao presliE¡osa e 5e nr probLcmas, ou
( prefere, de uma llistófia que tanlbém serve Para con
validar a l
está ern paz com a fala da rua, a cscrita com a oralidade, e
apenas desdc
( tudo dentro de uma o¡dem voluntariamente conciliadora, exist€nc ia <le un¡a nacionalidade independente
hontogeneizante, que ná tersa superfÍcie da pá8¡na escrita a vésper¡, mas, ao mcsmg LemPo - e talvcz isso seia o
( Cssencial _ "¡nv enla" ou 'produz" a lingua8em
com que e 5Sa
encontÍr cré enconlFr- uma figuraglo social alentadorn.
( - cm outro lusar. como Palma faz da Colónia um il naeio P ossa dizer-se l si mesma. A longa hegemonia da
Examinei. claramente sua corresPondenc¡a com
cspaso e um motTrcnlo x¡1]cnos p¡ra a história cio Pcru, versio palmista assi nala
(
(
(
J desproble nltizandq-a com hun)or e sutilcza.l Sobre o g¿ncro
é irnporrante a antologia (c o
Núñez; aSora,
Ilstuardo I
dizcr-§e
amptos apet¡tes soc iais, mas nio dcvc ocL:ltar que coelanca'
menre, a parlir de d istintas vertentcs, outros suie¡tos sociais
estavam produzin do discursos opostos, em alguns casos
especificamente Polé m¡cos, que mais t¡rdc comPetirio con') I
t
ela e acab¡ráo Por subordiná- la. Nesss momcnto sufger
con¡o
( conl o (: utto e
( Ílo otcsnto 'co munidnd e in
lsO Mas esle é, por certo' um tcma quc cscaDl l
I
cnlre
( r¡o¡ ú ltimo a peruanrSmo na au t<¡ridadc
iros limitcs do Prcscnte cstudt:
( Aclrde ¡ria um esPago I

( tanrbúm ameno, quasc paradisiaco, onde a nasáo pode ler.se


h ¡1 oc ¡ orl 5 b¡W, rca trc nñca
Lerl c tóü ¿e I at tuts' R!fie¡{o nes
il s¡ n)csnta e scm conoi(os como tal. I kt
( - - a pañirdc nna rclocióu tcl.l al cnl,e cl t"ca / Polnta ln:l)
iñr€óción dc Amé.icr./ nútr,. utr: Rotlopt' ,992'l''l3Yl56'
( I f¿I. ItLt ?'Mla) )
VI ,/'fRÉS
(
( §e¡¡l figur¡ e no discu¡so do Inca compcteor seu desejo
( rlc ha¡monia com ftatur¿s dc v6ria esoécie. oue afinal tcrnlinam
-.-...-..-_:---;----_;_-.:---
Pof cor¡oef s razcf rmpossrvel_ 1- re_ellzataq_-q.q ]¿!-g§lgD,
t

( is¡o n!o- im¡¡e{c-g1re ;1. recepg|O tradicionc¡ de su4 obra c a ¡


si;niric;¡;6ñEró-iÑlü;¡
(
( 4 "onrri"ga"
72
.".inl Je scu ,Jc

71

(
(
(
(
NOTAS rú
lnle.cssou-mc o lexto c 5cu significldo possívcl no )ivro dcJorgc Guzr»án (
sobrc r mcstig.Bcm nr pocsir dc villc¡ó, que x Ed¡lorl¡l Unive6itárit de
O'6on¡nN,
' Eclmundo. L.t htuc c¡ó¡ .!e ADirr.¿- El Sirólirgo pr¡blicrrá brcvcmcnle, Guz,náo o cmpreti pi.. oulros cfcilos. (
culrLrir de Occidcnre. M¿xicoj FCE, t9il. p.16,:,5,83.üniversilismo dc lr fe por cxemplo, aDn btac¿. qte es ltgar sagrado (Conrc tar¡or, Lib,l,
'SAID, EdN¡rd. Otip tal¡sn. Ncw york: p:rnthcon C:rp- ll¡).
,(
Books, 1978. |i

'j'-Ym'- ¡h7 Louise, ¡rumbotdr y )i ¡nvcoci6n ¿e ,t.é.¡c". Nl.cuo T"rb D Sobre os probleñrrs d, rrrdu§lo, cf. HARRISON, Eegirr, J¿gnq .jor¡SJar¿, (,
Cn7lrq St¡nford, t, t, lr8g. llt?tl1or/ ln tbe Ark{es. Arlst¡n: Uó¡vc15ilyoflexas Prc55, 1r89.
' RODÓ, Jos€ En¡iglrc. Aricl l los ¡¡tot¡uos rte prcbt. Cxrrcxs- Ujbl¡otccr ¡tDURAND, Eslsdo prcliminrr c oot|ls, p.23-24. (
,\yicucho, ll90ol, t976. ¿ RtVA-AG ÚERO, Josd ¿c la. ln bis¡or¡a .lct Peni. t¡ma: Universidid Caról¡Er,
I rlguns 3utorcs qtlc m.¡¡i¿arn corh sutrtczs lglo¡ El lñcr G.rcilxso dc I:¡ veia.lnt Obms ¿onrpte¡¿s Limi: Universidid (
^tcnciono que ip¡rccc
esquemílico o lutg]mcnto. rlto
fl(r lcxto, sAnntINTO, n".,,.g" ,.irri,r.. Crrólic". 1',¡1, Dcl lnc¡ Grrciliso 3 Egr¡rcn- l1916l. 1962. (
c,rrc"s: f¡rbfjorcce Ay:rcurho, f18451, t,lll, ii.)"iJ D ORI_EGA, Jul¡o. Irr. un¡ tcori¡ del tcr¡o )¡lino¡mc.ic¡no: Co!ón. C¡rcit¡so
rqúcza (tc.t' pobrcz.. prótogo a Domingo ¡itttx, "&-. iiji;;;;:;;""
Lrricrs: Bibl¡orecr F:rusl¡no srr i.rir)i y cl discLr(so de h obu,rd! ci^. Rcaísla ¡Ie Crílica Llter.rrl, Lal¡ttoanrcrtcana, (
lr77¡ r,tcL¡l, n,"r.¿"- ¡,ái",""""r".
g-.i," iI.,,llll 'Lirl)i, XIV, 24, 198{r.
^yrcu.tro,
Punto de vitt¿tt llueños ,fircs, ttt, A, l9B0¡ R¡ltOs,
1., nrcltentdo.l en Ah¡¿ricd Latirt.!- Juljo. /:cse¡;;r;;;r;:;;
r¡ ARRo;\1.
Josó ,,uin. Homlrre y murdo en dt¡-s cucotos tlcl ln(r G:¡rcilrso, (
Lilcrrrur¡ y polf;c¡ cn cl \N Ccrt¡duDrbre de.hrón'Éa. Ilh(lrid: Crcdos. 187¡: CHANG-nODRfGUEZ,
nl¿xico: FcE, 19g9. t, ¡. siSlo xlx. (
ú¡ p.{rk Rn(tucl. ¡:hborilclón de l$s firentcs cn'Cirr(:I cint:l' y 'Papelito ixbli ler8ui".
das.coloc¡{ócs dE Der dr c L¡xous,
Tor¡l l,1Ot (Troría lttera¡t¿ a
Kctt cL)/ Qi er!),,24. 1977; PUPO-\yA LKE R. F.¡'riqttc. H¡rtorla, .rcacíór, t (,
lcmt-ttl\td. t\lx¿id: C6tedr:r, l r8B. p. t l4-l l5) c".i" pñIecít ct los le,¡tos tl.l lnca C¿¡alktso de la uc!.a. ¡qidrid: Porrú¡-Tu.:ln¿as,
¿"_ qr. t:
d3 ló8ic¡ do mrchismo oc¡dcnrrl. ""irarr."irl,iíi t982; HERN,{NDEZ, Ma¡. El Ioc¡ C"rcihsor cl ofic¡o de cscr¡bi.. Pt¡J¡¿./, (
'ANDeRSON, Benedict- Imaginc.l coúütrrtties. ¡{cflect ¡l¿xico, 217, 1989.
sp..rerd ofNxrio¡ilism. t.oñd;es: Verso,/Ncrv --" ''""§','.',.,
ion s on thc Oritin rn.t
.¡.
ii
t PUPO-V^LKER. Ilk oia, creoc¡ór,pro¡ccíe en lot l6to!.lel ¡ caCdrciloso (
LEII. !983.
:_\:HtT, I?rtEn Tñpics ofDrÍcotu.re. ti\says in Cu l(u,,rt Críricism. Drtriñorc: dc lo p.lT|,
YcBa,
J,ohós Hopk¡ns Uñivcrsity Prcss, l97B; DE ii ú 'Cxti c¡n!i" rpireae ú tqrrclr¡ s¿r¡e (187r) dls l't?d¡c¡otcs pefionas (
iE RnEAU, Mfjh.l.'
ta^bíttoria. it¿ticot Unjvcrsidid ¡bcr;rmenc¡n:¡ ¿;;;,;;;';e
- ." ,l
scpsercóris, l9;;- '. Señdo um lexro brcvc, ñioc;lo páEi¡lri. A c(liclo quc .jto aparece Ár blblio-
(
'"-C_9",lEJo
t?nL Lt¡nat CE,l-o_11_ lntoato. ta foñnactott tte ta trd.!¡c¡ó,t ttter¿rid c,t ?t I Bdnr-
t989. (tñ¡.) I D ARRohl- Hornbre y mundo en dos cucñ(os dc¡ Incr C.lrcllas(,i CIIANG-
(
'" RAITIOS. Dcscncucnlros d€ I¡ ñodem;d¡d en AmÉric, Lrrinc. I
RODRÍCUEZ. Re,tt .ky Quarterb,,24. Sobrc o g¿nero é importañtc l
rr FJCOBAR, I
Atbc¡ ro ( Ed.). t:l rcto .l¡t nr¡tttithrliís»to
c,, pt pcni. Liñxt lñs_ ii irnloló8i¡ (c o csr$do prelimiñ3.) dc NÚñ BZ, Estúndlo. |'rodíc ¡onet btspa- (
,toat,refTc¿tras. Caracis: l)¡bljotecr Ay:1cucho. 1979.
;[';i:,11*",:,'#üi2),?::::"i,ii?:i;:..^.:][{f*¡:If á COIiNFTO PotAR. ¿alomta.i,t dr l« tradtclé ll¡crarl4 en el Pení. (.
*f [it1?, e PALIf^, lticirdo. Naolo$ii»tos a»nrt.o»¡sr/os. Limi: Imp. C. Priñcc, t896.
tr E,»lrom
r b;b,ios¡-Jnil sobrc o nssuntosch
I

.
),
¡A dÉfcsx dos ,mclc:rnisEros cusrou :l Prtmx n)als dc $rn dissibor corn l (.
lomm-mc eip'Eirlmeñrc
ure'|s os no1'os csrrdoÍ ,.
cr,.,"." ;,.T:'l: 'mpl'' ñi
tp¡rcccm Erp¡nlrola (x documcntlt(¡o d.r pol¿m¡aa xlrr'tccc no Boletírt ¿c la (
csrudos Ecmis sobre ,.""t l'¡rbliornli¡ c alauns
*or'Jr. ^c¡dc}nl¡ Pcn¡a'ú.le talarrSrr, 20lNuevr Époc¡, lr8tl. O rcxlo Lásico dc
,tcd¿erlid
"rj".ii.I ,1,0ó.¡
I
cirsdos ,, r bibr,os.,,n;
i. ,""ro, a.1á.j;;;;]:]i;]i.
.u"qo."
nccessía;xs, s¡o um¡ ¡romenigem^s Pirlmr nessx nrriéri:¡ ( "Ncolosismos y amcr¡caflismos" (1896). (
s a mcnúr¡r. i¡
r¡ IIARIATT:CUl,
I José cxrlos- Sle¡e e,rs¿.),or rre hteorcbcl6t le la ¡calklo.l
:,,DUR^ND. JosÉ..[lrudo prel¡minrr c nor¡s. in, VEGA, crrcitrso ppruotra, A.crl.ll928l. Lim¡1 Am¡uta, 1963; CoRNFJO POUR. l.t lotmaciórt (
¡l¡stori getrcrut ¿cl pcr?í. I¡fnr: uñivcrsnt: dc h.
¿e la rradicló litctotit et d Pcni, p.r7-66.
-.um únrco ;.-;;;;;':;:'j:lli',:::j,]liill,J,,l;lL'i,lil ,r Il^l\to.§. Dcrdrcntrr, ttot .¡e la t»odc.rú,l..¿l e A»t¿d.a L4lltro,I,ll. (.
rcomutrnr.rc "."",o,;,
ñ¡ dc.Ic.róri:r d;r rrrjudo do,
i
e*qr"'o;ir"" á.t,1, rJ tlSCoB.\R, Albcno. ¿a ,Mnactót cr cl Pen¡. Limrr Afr:ií¡ llxcr, 1960. XXIV.
(,
l,o"*".,r //Á/orla.
lLl:.1-1: ¡no¡.ndo:r
P,rrEn¡csrs,
E,n se;uidr, .,," ."",,,.1.,1",.,.'
"r¿t
p:rLvm ,/¡rronhsrg!id" ," a*,",
I
x COnNf)ó PoLAR. ¿aIo.¡toció».¡c la tr1¡.|icló litcmri.l c el Perú.11.
clsos ncccsslrios, do totno c dir pfl,n3, ".'iil
O" áO-,,rü,1._ (
i
" DUR,1ND. Lll do prctimin:lr c nohs. p.48. (
'_Clro dc ¡cordo com o sirtenri ¡ndica¿o n¡ ¡ota i¡ntcrior, mcnc¡onrrdo i
ocsle c¡so :r p¡liv¡:t Co»,enhrtor. (
¡' BUnG,\, I
1989, p,276 cr seq.
('
('
1.1

1t (.
(
l
l/
¡i
BIBIIOGRAF]A CONSUTTADA t,
i:
Relena. J:¡o n Oral to lvrit¡cn hp¡esrlo¿_.Native
^DORNO,
Chronicles of rhe Erdy Calonirl pcriod (Ed-). Syr.¡cuse: Univers;ry
^ndc"o ir
.lr
ofSyr¿cuse, 1982,
i
F.SCOBAR,
^lbeto.
Patiode
Hisro(ia y lenguajc en los Co,nentar¡os ,eales.lñ:
letr*s, Linra: Cabalto dc Troya, 1965-
05 DISCURSOS COLONIAIS I A ;i
( ¡l
JAKFALVI-LEM, Su saní.. Traduccíórr, esciltÍa !
u¡olerrcia caloni_ roRfulAqÁO DA ilTERATURA
( zadola:\tn es|]u<jio sobre la obra del lnca Garcjhso. Symcuse:
Ma$vellSchool, l9a4-
( HI§PANO AI4ERICANA ,l:
J
( LIENI ¡ARD, ¡Uanín. l¡
crónica mesiza cn ¡,f¿xico y el pcni hirsr:r
1620. ApunEs parn su ssNúlio hjstórico-lirerario.
( Reuiskt.le
Cnlica L¡teruria L.tlinaarner¡carw, Lima, lX, 17, .19g3. IRErrEXÓ85 S0BRr 0 CAS0 ANDTN0)
:ii
( MIGNOLO, \ñáker Cartas, crónjcrs y rclaciones del descubrjmienro ,ti
( y la conquisra. ln: MADRIGAI. Lr¡is foigo (Coo«|.). Hirbn.t.te .1 ,t i

(
la l¡le¡ania bispqnoamericana. Mad¡i<!: Cátecha. 1..1:
Epoca
l Poucos acontecimentos h¡s[óricos sio ráo complexos como
!l i
cotonial, 1p82. os que se a(iculám em torno dc fatos da conqujsta e da ir :
!li
( PALIUA, Ricardo. Carr¡ cañta. Ini Tmd i ci o n 6 petu at cc Madod: C-a,Ipe,
colonizagáo, sobrenrdo quando, através deles, se enlrecruzam
lr :
universos sociocul¡urais radicalmente diversos c mesmo incom- f:
( t.\,lt875l, 1923.
paúvcis, Ial como sucedeu no que hoje é nossa América, a t::
t,¡
( VEC^, Garcilaso de la. Itistorid ge erol.lelpen¡. f:sludo
prclimjnar pf¡rt¡r de 1492. Complexos e confusos, inc¡s¡vamcn(c ambíguos, ¡.:
e nou¡s de José I)ul-¡nd. Umr: Universidad San lvlarcos, 1161I, poÍquc á quase incontrolável metástase de poder, exacerbado t.:
i.:
( |96?.
<le
a ponto de convcrlcr-se e¡n espetáculo de si mesmo, ur¡l t;
( vLY.cóMFz, Nicolá§, I Dónde ssLí Garcillso? t_í oscjlación
poder capnz de reproduzir-sc jnclusive nas iosrencias mais )'
delsujcro
( coloni¿l en l¡ formlción dc uo discu¡so Lñtnscu¡Rtñtl. RcaÁya privadas da vida colonial, a[é nos sonhos, r]a imaginirsio e
de,
nos deseios, opócm.se, quase sempre subterrrncamenre, ti
Crítica Lilerar¡a Iztinaaúericdna, Litn^, XVlt,
( ,4, lggl. gestos, alitudes e mov¡mentos dc rcsisréncia que também sc
Z-^lr,O8 , DlargariLr, I4nguage, A thoit! and l¡tdi}enot§ I lisroty
( ¡n desdob¡anr por todo o corpo social, e pof scus mais sutis
lhe "Couentarios Rcales dc los htcas". Cembr:clge, Ctmbriáge inlcrstícios, Bestando is vezes cnfreotamentos dc cxt¡ema
( Universiry pres§, l9tig.
violéncia e em certas ocasióes, ¿o mesmo ternpo cor¡tplj-
(
- ou débeis redes dc ncgociagóes c -enLrelaEa.
cadas e fér¡cas
mentos. para as quais ¡r catcgofiil de transculfuraqlo rOrna-se
( adequada mas incomplefa.r Dever-se.ia acrcscentar ¡ flutuantc
( e fervente proliferagio de contradigóes deorro de cada uma
das .¡cpúblicas", n dos espanhó¡s c a dos índios, que a coroa
( I
instaurou para cortar ¿ pirAmide colonial, mcdianre uma I
( csp(3cic de vazio social que afastasse uns dos outros, mas
f
(
que, mu¡Lo rapidamente, seria un] aglomerado de otesligos,
protagonislas premaluros do d¡ama da harmonia como deseio i
( impossível.1 ,

( 16
(

t
(
S U Á R o
o 20fl, by CcórrodcrJrudid ú.ñriB Anró6io
córñch Pol¡r-Ljñr?.ru
O 20OO dr ¡rd!Éo bÉi¡.¡E: r:ditoE UIr¡rG I

E5rc lir.o ou p:,l.dclc ñlo podc r.r rcp¡odu¿ido po, t


qur¡qu.r rñcio*m r!loriátlo 6r¡17 do Editd. Il

Com.¡o }ol.r, ¡nroñio, lrf - rr97

i c813. O (ondor vosr ¡irer3(u11 e culrur¡


lir¡nc¡mcdcJLaV Añ(oólo com.jo Po¡r.,
orE¡ niarno ¡h¡io J, \hldés; lñdu 9no lkt
( vrllc d. crni¡ho, - oclo uor¡zoñrc¡
uI¡tc.2000.
( I]NICENT¡C Ed.
TNTRODUC^O
cAMeUS oE r¡At 32tp- - Gu¡r'rnhr)
(. BIIIIOIECT :- Licr¡¡u.. ¡rtiño-¡nrc.i(.n¡ - Convcrsegfo (o,n Co.ncjo Polllr sobrc l
(
¡¡. r"o,-3á trrlE- crír¡q cinr.erc1.glo l. J,
rlc
V ddr. ¡r¡rio H¡rlóri¡ d¡ Lilsñluñ k(iro.A¡ncricrnx
Q.3-'ll/o ¡1.
Iv.
Clmlho,llk! V.llc
SÉric
!tf.Ti(ülo
4
( __1L
I T CONCEITOS DE FUNDAC;\O
CDD:8@

(
cDU:860 Prob¡cmxs e l,erpcalivis d! Crirlc:l l-irerSril
Gt¡logJtlo ¡r publ¡c¡gto: D¡vaslo d! Pl¡Eh,lcnlo e Liriro-¡l¡rlc.icarl I5 I

( DiwlE §ao d. Oibt¡o(.6 U¡jvrrsiúü - LrFl\lG Apéndjsc: Prob,crn.s ¿\(úrts di C.iricx l,


¡SBN:8t7O{l¡7,l
( + Unid¡de, Plumlidrdc. Tolilididc: O Corpus dl

(
ED¡TO¡^§I,O D¡ TI)aTO
AD¡ ¡!¡rit dc I'lod(¡
Lhcítuaa !.¡tino-Amcriccnf @
¡'eojf;roc&(nco Imcdia!ismo c Ir.cnidide.
Dúp¡r
( 6lóri¡ chpor - ¡la¡,A.j
CAPA
<h LitcrJ(uB dc Foñdrt¡o ^d:r Rcpúbticl
^udi¡ncii 3a

(' r I»
¡!od¡8<ñ dc ¡l¡rÉ¡o B.¡¡co
á¡. d. ,<prsc^l¡f¿c! ¡Jr. crndina
05 S¡s¡cr¡5 ülc¡jrios (omo Cr¡egori¡s H¡stórios:
lrv¡sÁo UEP¡ov s Elemcnlos p:¡m ú,nr Dis.ussto LlliDo-Al¡.riclni
( ¡l¡.i¡ Riba¡D
'17

flübir ^prGc¡.tr
Fliv¡r dDt strñrd A'lñvenClo" di5 Nifóca Hislr:¡no-AncricJnlsr
( -r I'RoDUCÁo G¡,{FicA Rcflcxacs . Drnir dc u,nr Re,aqito Tcrrull cnlr
Jo¡:r lodripucs ¡'róir 55
( FO¡MATAg.iO
R¡ñon Alt(s ¡to!,c Os DiscúNos Co¡oñiris e! r'onÉClo (h Lirc.¡tuf¡
( !.DlrORA UFTTG
A!. anr¿n¡ó cÍ,.s.6ó, - Bibliorñ Ccnlrrt - str 'fot Hisp:r6oz\nrcric:¡nr (Rcflcxdcs sobrc o Clso
(lópG r5ñF{llD - ,lz7tÉroI - Fclo }lorü¡lrc^tc Andiño) 77

g
I
( :¡
- 'ltl.: O¡),lrr-4610 - t¡rr O¡) ,i99-17ú9 I

( EEiIfJ¡orlebu.uf ¡&b. I r os TD(ros PATADTG ÁT¡COS


hup//!!1ryAl¡aG(.ouru lnS
IJN¡VÉ¡IS¡OAt)E FEO!8.AI DE §ON7!S GEEAIS
( R.i¡a fEftifr C¡s. ¿r st r§rd6 Jc1€ Donoso c cs P@bl':fnis da Novr N.rr¡rirl
vrsnlior lr¡<ir G¡rll Hispxrlo-lmcric!r¡ 89
( ^o tO EDTTOX|AL
@xsEU ^lm¡d.
Sobrc o "N.o.Indigcnlsmo' c os Romanccs dc
TnL§ ., -,,tAL )(ERo)(
( cl¡h!.{ ¿ñioLirstrFr¡Eo,Hetorc:puerilho.tt.lo!¡¡trü¡túr8.lSl,rlinE, [fa¡ucl Scorz:t 105
JZ
I

t!i¿Ollvio F¡8un¿ll AÉBl,I,l¡n«lOrlv¡.o d¡ (t)ll¡ r(tE,.urrb lI.lsE '¿asla:.


Dr¡]r,Rno c §llE fió.rcs Cr ñloio CuiGr¡6, Sil\rN AurÉ rñ I C(er, O Discurso dr H:rr,¡onix lmposslvcl (O ¡n(a I
( i
^t.81L,
§árdd ltclo ¡t iñ¡..L (PNJ.nrc) Copias: oG CarEiliso dc la vcas: Discurso c nc€cfalo soci¡l) I 17
( S!.¡,re I
l¡úAio l!iz I'iñtb tut üq u.¡r.¿ R¿zEl( o¡ñEr. Girir¡o ¡h.h¡do co¡riir,Iatldó Obs: CondiClo ¡!,t8ñnlc r lnte.r€xrurlid¡dc
t Jh c§úiú. ¡lrir da GBcJrSsR Dl,brE, ¡r.uDlió Nun6\;ria, N616 fr,D¡o o ¡lul(ic¡rhur:rl: O Ciso dc A¡gued:is t27 t
( úc sina, x@Uo !r,rqus
^l¡riñi¡m l
( I
i
(

(
(
I
(

UNIDADE, PLURALIDADI, IOTALIDADE


('
O CORPUS DA IIIIRATIJIA
('
TATIN O.Al\,1ERICANA
(
(
('
Nas páginas que se seguem busca"sc esbogar o corpus i
(
sobrc o q n^l deuaria informar-se ¡ críLica o-
irnrcric¡na- Com cssc rnturto pro cedemos l¡reve e mesmo ('
esq úemalicamcnLe para: a) reconhece¡ e interpre(ar em suis ('
!inhas principais a situagi.o do problema; b) cotejnr alguns I
pressuposros e conclusóes da crítica hegem6nica com certas (.
caracrerísticas da literarura latino-ámericana que podem ser ('
:¡.|,.,. detectadas empiricamente; c) formular um princípio teórico,
ce¡tamcnte de maneira experimental e provisória, relativo ao {
.:,...i, I ¡.e ma menCionado. (
A necessidade de repensar c rcformular o corpus da literxtura (.
latíno-american¡ deriva da ccrtcza de que sua delim¡Iasio
atual obsrlece, em última inslñnci¡, ¡l uma visiio oligárquico- (
blrrglresa da literatura, visio que foi tr¡nsmutad:r cm basg (
crítica quase axiomática, nlediante operagóes ideolóBicas que
só recentemente sio discefnívcis como Lais. Deriva tan)bém (
dr co|vicgio de que o desenvolvimcnto real das cont¡ad¡só€s (l
sociais na América Lrtina pcrmi(c cnsaiar ourras alrernativas
que se vinculem ros interesses e'¡ cuLtura popl)hres. (
(

A CNÍTICA COMO CONHECIMENTO DE OBJETOS (


UNITÁRIOS E A UNIDADE COT4O PRODUTO DE (,
UMA OPERAQAO IDEOLÓGICA MUTILADORA (
('
I

I
Aparentcmente, a crítica lirerária latino-amcrica na, desde i

as suas origens, tcm considerado que scu conhccimento (


(
I
1

( isso,ncapaz de formular projeros nacionais suficien¡emente


e mais ou mcnos
só Podc versar sobre corpus unltários inicial das histórias
I
englobadores, a burguesia latino-americana só exccpcionál-
(
I
;;;;;;."t, sobo imPulso
Provavclmcnte mente p6de difuodj¡ sua cultura através de todo o corpo
i
quc enfatizavam' conto
( das l¡Ieratuns nacionais curopr!ias' social, c ncm ao menos conseguiu estender de modo efetivo
(
I
se sa[¡e, a unidade de sua matéria' sua própria recle educacional- Daí que, ao propor a validadc
litcraturas n:lc¡onilis geral de suas formas dc consciencia, tcnha de recorrer í¡
|,

( E precisamen{c no camPo dc nossas


(luestlo com maiof n¡tide7" Na árc" proccdimentos ideológicos ext ra ordinaria¡nente toscos, nio I
oue se Dercebc essíl
( cxemplo, ¡rccitam-sc corno lileralufas nsctonars somente tergivers¡dorcs mas suplaoLadclres da realidade.
inatn",'po.
1

Uot¡*,ir¡na, aquoto.i"n,ou Pefuanl apenas e cxclusivamente M¡s os mccanismos da unificagio nao aluam de manei¡r
( espanhol que se produzem nesses
,r'ii,.r",útr" cullas em muLilitdorfl xpsnas no que diz respe¡ro a sjstemas lilcririos
( I o:¡ises. enquanto as lirerlturas or¡is.em
lingtlls nat¡\'as el que se diferéncia¡n nrarcadamentc da norma priviisgiada, a
il:i;;,,;';i,.^tu ra pop un r é'-'tEI ltol-' ls4+'4-9u
I
cxemplo do popular c dos sistemas em )ínguas nativas; ¡lluan
( oacional' as vez€s
.i.ritr, ,io .*pultas da respéEÑa lire¡-atu13 igrualmcntc, ainda ggrmediirole- ourros recursos, dcntro do
ao cspaEo dol
( I em bloco e detinit¡vr mcntc' e con[inadas numa
P!óP llg,calDPq da liter¡tur¡ cu l!ir -
situadas
( I
f"lal-", " )s vczes, algo mais sul¡lmentq' dc existir a
No nível mais óbvio, enconrram-se os casos de clesvalo¡i-
I co*" §e tivessem deixado zagio, marginalizaEáo ou esquecimento das manifestasóes
( i
I
"irf"';ite-ni.torl.a',
partir dx conquisla' literárias que se afasram dos paradigmas consagrados ou nio
i que fica suficien-
( Fciro cs§e primciro recorte básico' é claro coincidem com o modelo promovido de determinrdo momcn(o.I
do corpus: tr¡ta-se de um Do segundo caso, há o exemplo próximo da rcslslelsE__Lo_ o
(
t ,"-..i" g"áiiiO" a uoidade intcrna
t
lrcráris e do proccsso hist6rieo que o<onsdrui' fo ntance regional em favor do norg_rl¡¡¿ L c9. sobre tu do
I
I
;; ;;";
com o§ limires desse
( Mas atém disso, como o corPu§ coincide quando aquele é ncSado como tal, po¡s estaria composro de
I Uno e uromanccs", e cste advém como mrnifestaqio in:rugural de
( I riti"-r, fi* m.bénr est"bcltcida sua cxclusividade-o obieto
I
I
cxclusivo'
;;i;;';r, ,. prefcrirmos, homogéneo e mecanismos todo um Bénero Iiterário. Naruralmente, volta-sc, cleste n¡odo,
de sua
( i da crítica dciia ver sem dil'iculdarlc os a alcansa¡ a unidade: o novo romancc, internamente homo-
( i const¡tui§eo, Béneo, é. ldemlris, nosso único ronrance.
numa dupla
Tnis Proccdimen(os sio simP¡es e §c baseiam Interessa sublinhar outro proccdimcDto, eD aparenc¡a m¡is
( os sistemls
n"gnfná qr. é normal nio se fazsr exPlícitar hislórico quc villoñti\.o, e ponanro meoos óbvio, quc cons¡s(c
( n¡o .on.iderados nao reriam aut¿ntico valor cstr¿(é- na fixa de üéncias u nilincarcs no P rocesso da liter¿tur¡
iii""¿rio.
;;; ;.; ;; ;;m dc efcr¡u' rePresc ntá(ividad: l tioo-anreri cint. Funciona aout u l¡ra conce o al lc
( ^:::]',:
objetivamente imPossívet *t'.:"' i.','l:-ui^1: óg ica da histó litcrii¡i arLiculada através dc momc oloS
I é
lmUor" I

irrtíslica ".i",
seu fca¡
( i dessrs litcratur¡s e ainda inseosato discutir ecisivos, p¡¡rcce ¡r na d¡reg¡o dcssrs instiinci¡s prir,'ilegiadas l:
popttlagio' ou prcparar seu ldvcnto, ¡flstrndo-sc logo delas para de
( j ,..rrg"a*t" numa clevada Percentagem da
esrri- novo ir l)feptr¡n(lo outra ctapir culminante- Desla rnaneira,
Nlo deveria h¿ver maiores dÚvidas sobre o carálcr llcanr fora dx l)istóriir lodos os desenvolvimentos qus, por
( cla operaqio que acaba mos de descrever
trrmenre itlcológico
I
a ordeln e a um ou oulro rnotivo, ni¡o se integram ncssa scqü¿ncia de
( i Por utn lado, ieprocl,.,z c trat¡ dc convalidar realiz.§:-ro sucessiva de nrodelos únicos. Em boa parte do
: hicfarquia feais da sociedilde I:ltino-'¡D¡ericnna; Dot outto' I
( exPressa a univers¡liz'¡Eio del¡ate sobre o modcrnismo, incluindo as prccisóes accrca
.
;; ¡r;; especlfico d:t literalura,
do pré c do pós-modcrnis¡Io lhispa no-amcricanol, po(te-se
( i
i
do citnonc cultural dos grupos dominantes- ob.scn,ar clirramenle estil tcnd¿nciil. A litcratüra c¡ue vai no
todo t
( Ao mcsmo remPo, (alvez um tanto paradoxalmente' raffo dc Darío, o próprio Darío s sua cscola, c logo o "abandono f
l
pto."tto denuncie o fmcmso cla burguesia latino-amcri- do modcrnismo" formam um processo que cobre um extenso I
( ".t.
.rnr.'g, boa medida suieita ao seu prPel intermediirio e
por
l

( 2i
l
( 2ó

(
(

(
período, dentro do qual passa despcrcebirlo tudo o que escapa Relativamen(e ás incorporagóes de maior vulro _ da
a essa dinamica, ou se lhe atrjbui um caáter de excet'o náo lileralura popular e em línguas nativas _ deve_se lcvar em t
significativa. É, sem dúvida alguma, ourra forma de rcducionismo. conta sua extrema divers¡dade, para Cvitar outro tipo de (
O que acabamos de dizer parece demonstrar que a críIica reducionisnlo. De fato, como lirer¡ruras produzirias por ilasses
(
litcrária latino-ame¡icana trabalha sobre corpus ilegirimamcnte e et'rias dominadas, esL¡o atomizadas c nio comun¡cantesi
rccortados, Ccrtanrente pode-se disculir se em dererminadas formam, na realid¡de, verdadeiros nrquipélagos c náo es(á ('
circunstánciis nAo se tralÍl apcnas de opEócs metodológicas, claro se consriruem sistemas independ.nri. oi.", cm alguns
relaLivas i possibilidade dc mancjar uma ¡ratéria complexa, casos, sio sul¡sistsmas qus convefgem para um determinado
c'ixo unificadar. Quanto ao m¡is, no caso áas liter¡turas em (
e inclusive cnbe[ia debater a yalidacle ou nio rraiida<lg I
línguis nativás, se¡ia um grave erro nao perceber que dentro
tca do cr¡tério clc unidade, como poslula io da
delas há nívcis cultos e populares e inciusive sct;rcs mujto
in:praLicabilichdc do conlr ü1méi¡ró dc obj elos caren(cs dessa I
---l
únidade interior; mas em todo caso fica claro que o recorte_
ligados aos intcresses e'¡ cultur¡ de casras llegernÓnlcrs, qr. I
podem chc'gar a formar sistemas ou subsisrcmas de l¡teÁrura
Lásico, eliminador dc tudo o que nio scja l¡tcr¡tu ra culta, e
scnhorial indígena. neta iodic¡r que nesscs campos o trabalho
muitos oulros rccortes sucessi\,os, como os que se tentílram a
crÍtico esrá por se realizar, em graor.le nreclida.
título de exemplo, sáo operagóes críticrs que l¿m um c?rrárer
marcadamcnte ideológico e quc ess:r ideologia cbriéifó-ntrl .. O proveito fundanrenral que der.iva da pcrspect¡va plu,-r_ (
em últrma análise, aos gnrpos (lomin:rnres. obvianrente, em pemirir cto espago
lisra::nlis1s,
Iiterário lar ino-americano e em susciaar^ o"-pli^ilo (
ertudo,los seioás
recaprurados. Tcm, cntrctanto, limiragóes muiro prccisas:
a
(
primeira e mais grtvc sc rclaciona com o próprio conceiro
A CRfTICA COMO CONHECIMENTO DA pluralidade e com o ca¡áter estálico que'traz tmpliciro,.
c.lc (
PLURALIDADE QUE SURGE DA OBSERVACÁO eoquanto consagra a dcsintegragio dos sisremas literários (
EMPÍRICA DA LITERATURA LATINO-AMER]CANA e nio prevé nenhumn alternativa para informar sobrc as
zonas de confluéncia ou os movimentos articulatórios quc (
A rcsposta mais imcdiata ao reducionismo ideológico a
cfctivamenre ocorrem no curso da história. ne Urse.-p;.lir, (
que nos referjmos consiste na plena acei(ag¡o da plurrlidadc qursc sc poderia dizer que f¡z da rc idada _, ,.riidad.
da rnultiplicidade e desmemb¡amenro dos sisrcmis Ijterários
(
das lileraturirs lalino-americroas, na conseqüente rcivindicaqño
do scu v¡lor artístico c dl sua represcntarividrde social, e na
na América Lalinzl um princfp¡o teórico. (
-
projeEiro do tr¿balho crítico "sobrc estas marérirs,.Em alguns , O rcsultado.é t¡rnír itnagem paradigmfticil que reprocluz
Dern a densidade es(rirrificada da litcr¿turir la tino_a
(
casos inleiramcnte novos, rais objetos exigem uma profunda mericrna,
¡c[ornt¡laslo do aparato mctodológico e, cventualmente, da m¡rs quc se t¡ava e finalmente sc rrnula por carecer (
cie uma
I€oria subiaccnle ao excrcício <Ja crítica. Perspect¡va histórica e
- em úllime instáncia _ de um meca- (
nismo dialcttico que a ¡mpesa de contcmplar I clcsin¡egragto
No que se rcfere ao primei¡o, parecc bastar'.r obscrvaEio do objeto sem rccofrcr a scu correlato infegrador. (
empírica prra delectar a eliistencja, na Latina, de
^mér¡ca
sistcmas liter:irios múltiplos e diversos- E nio se requer r¡)aior (
esforso rcórjco para provar que todos clcs tém sua própria (
lcgiri,n¡dadc eslética e social e que sio parres de nossns A CRÍI]CA COMO CONHECIMENTO DE
lite¡a¡uras nácionais e da lileratura lalino-americana enr scu TOTALIDADES HISTÓRICAS (
coniunlo, Naturalmcnte, uma posigio critica dessa natureza (,
PressuPóe um cnfrent¡mento com e ideolo8ir quc preside:r em mais de um sentido 3 rehgio cnrrc un icl'r)e)
/ produro 1.omo (:
visio falsamente uniríria da IitentuI-e latino-a me¡.ica na, / idcológico) e pturzlidade.(corro pródu«i?e observagio 1
(;
28
29
(

I
' i
{
l,' .''
cmpírica) é uma relaEño dc oposigio mecánic¡, Serr'e, senl popular, ou no taml¡ém freqúenre emprego, por parte da
I
dúvida, para dcsa¡ticular e inv!¡idar o prime¡ro de seu§ termos, literatura cufua, de formas da linguagcm popular. Mas o fato
mas nio procluz uDra alt€rniliva de inlelecgao da litcratura dcc;siva é ourro: a inscr¡sao dos sjstemas literírios no
latioo-amcf¡cana que poss¡ deslocar-se, mesmo no nível das processo da história socral ¡alino-arnerjcana. por ccrlo, a
hipót eses , para um campo elerivamente leórico. Poraanto, a insertio nunca é igual, pois oos casos extrenros as bases
) é ourr¡. sociocconómicas condicionanres esrño siruadas nos anrípoclas
Tfala-.sL-, errl prirncir'o lu11er, de feivindicar o conhecimento
de uma dctcrminada formagáo social, mas trata"se de um só
listóf¡co da litcraLu!a, agora e¡D recesso e cm crise, c, na curso h¡stórico, porquc nelc, apesar de sua con)plexa esrrafi-
vcrdade, o único mcio dc ir¡formaglo científica sobre a ficigao, atua hegemonicamente o peso clas ,rriculacóss.
lot,it )
litc¡¿rur:r la¡ino-americana. É-.csclare cc-dor rccordar que o :i Ir¡screyer toalos os sistcm¡s litc¡ririos , o(J o§ que csl (fj lm
cofrentamcnto tlo iñ¡aoentisnro'c do formatismd te¡r cstado cnl o8() c¡n deterrnirrada crfcunslir rtcra, dcn tro dc um procc§so
a cargo dc unra sociologia da litcratura com dificuldades lórico.socj ¡r unra total¡-
baslrnte notávejs pan vcrificrr seus jmPrcscindivcis comPo- dadc concre ta. N ¡e é demssiado advcrtir <¡rre unta totalidad »<
nentes i¡istóricos, o que significou cooceder ) crític¡ idealisti dcsta índole o litcr:i ri
um espago quc cla colocava entfc Pirren(eses --- o da hislória ncm in¡bir s uas conlra ES teals; aO COnt flo, aBuea-a§ e
n¡as que, a partir da outra persPecliva, dcvia ter sido as defi ne com precis-o, porque parre dclas para ro¡nar;ntc_
-absolutamcnte vital. uma socjologia sc¡n hislória é ligívc) um processo literár.io que nunca señi menos conflituop-.
também idcr lista- ^final, que a soc¡edade que o produz.
Recorrer i história permite, de imediato, explicrr as nrzóes Talvezoexcmploma !¡ s[a-¡o- .ne-sr:¡_o.r3§¡¡de cois:rs, seja
da pluralidadc lirerária latino-americanz, qu€ em grandc parte o que oferece a iteralura d¡ co 4rosso modo,
proccde do dese¡volvimento desigual de nossas sociedadcs. sol> re o e¡xo da história social a conquisra, a ro¡nlidade
Esta ún¡ca comprovrsio, ta¡vez óbvic mas neccssáaia pa¡a li(eriria ficaria constiruída po¡:
náo se cair nos excessos do ctnicisnto, modifica substinc¡al- jnrerprera a irrupSáo
ment€ todo o campo do problcma. E[ctivamente, a pcrspccLiva _ a) a lireratu¡a i¡dfgcoa, que narr¿l e
dos conquistadores c a desrruiEio dos esrados nativos: reüios,
hisrórica obrlga x considcrflr, em que pese a plumlidade real elegias, núcleos sinrbólicos quC logo sc dcscnvolvcreo cer¡o
clc nossas literntuñrs, que cxr'sre um nível integtador concreto: mitos messianicos etc.;
o que deriva da inser§ro de todos os sisrem.s e subsis(emas
l¡) a liter¡tura hispinica de descobrinlento e restemuaho
nurn só curso lristórjco Blobal.
da nova rca¡idadc, tcnsionada entre o docu».¡entalis¡¡o e a
No que sc ref_gle \!ls:.,¡¡ggj/ nlq,ptafgce havcr rnaigrcs fantisja, que ¿oma a forma de relasóes e crónicas;
dúvidas ¡cerc:¡ de quc, inclusive nos casos nais rtgudos de
Q de.srgreglgiro, quandó uiñ nrcsr»o csplgo i:áonrp,r.r il)rado por _
c)-, litcrrtura popular espanholar quase sempre a c¡rgo
dc- soldados desiludiclos, quc se cxpressa atravc.s <1c coplas-e
nrodos de produEáo pré-capitalistrrs e capitalistas, existc'um
cansóes crítica-sa!íricasj
Brau varlívcl, mas cfcLivo de nrriculirgáo quc permi(c compre-
ender a totalidade. Similarmcnle, no irnbilo da liLqriltura, ¡té d) a litcraLura moralisra dos espanhóis, que quesr¡onam a
os sistsm:rs mais afastrdos eotrc si tC'm enr comum o cstarem lcgitimidade da conquis¡a c con<.tcoam ¡ dureza dc scus
situ¡dos dentro de um só processo h¡srórico, procedin:enros, freqt¡€ntemente encarnada cm textos hjsró_
ricos ou jurídicos ou em simples alegag6es humanitárias;
Tal insersiro deve ser analisada com exatidio. Em alguns
casos especiais, tra¡a-se da insergáo de uma história lirer:i¡ia e) a lireraru¡¡ oficial hispinica, plasmada em cr6nicas e
de dois ou mais sistenras, ou pelo menos de cc¡ta rehq?io relagócs dos ¡contccimenros, em inre{preragóes providencia_
empi¡icamente comprovável: isso ocorre, por cxemplo, na l¡stas e pró.¡mperiais, que com frcqú€ncia rcndem ) obrengáo I
freqüente reciclagenr de fornras cullas arc¡icas pcla poesia <Ie prebendas pessoais; ¿
t
I

30 3t

(
)
!)
j
t:
t, D a liLcrzlura espanhola catcquística, Lanto no Senero
i! dramítico como no da oratória sagrada, quc )s vczes emprega {
''1 (
as lfnguas na!¡vas para obrer mrior efici€ncia;
il
i g) a lireratura jnaugural do processo de transculturagáo, {
que trata dc explicar os acontecimentos, de situar seus auto¡es
nesse contexto flucnte, em busca de uDra autenticidade pcssoal,
i (

c que contóm alguns germcs do quc muito mais tarde serlo Il}4EDIAII§¡i{O E PIREN]DADE
proielos nacionei§.
Cerfamente, essa lista dete¡mina apenas diversos níveis, A DUPTA AUD]INCIA DA TITIIAiURA (
scm cns'diar lr configuragio dc uma es(rulum, mas, de qualqucr I
mancira, esrabelece um pfincípio de ordcnagáo c nclc dí {
DI rlJ N DAQA0 DA RIPÚBLICA
lugar aos sistemas litcrários básicos c a alguns subsistemas. (
Sobrc cstc alicerce a invest¡gag^o concreta podcrá traEar a
rede de relnsóes quc efetivamentc sncadci¡¡ c dinrmiz¡r a (
totalidade.
E provávcl que o maior problcma dessa proposra esteja
l Entre a literatura colonial e a dos primejros anos da
república cxiste uma relagáo ambígua que tanto as enlaga
(
na correta capraqio do modo e momento cm que essa totali- como ¡s contrapóe. Sem dúvida, este duplo modo de arti-
dade se desintegra para dar lugar a outra, sobreludo porque culagio tem a ver com a Índole restrita da revolugño eman- {
se pode imaginar que em tal transformaqeo os ritmos hisróricos cipadora que, como se sabc, foi multo mais polÍt¡ca quc
I
de cada um dos componcntes da totalidade podcm variar socioeconom¡ca, mas a8ofa ¡nleressa examioer o assunto a
cons¡deravclmente. Nño rastrear essc processo cquivalclia a partir dc uma perspec(iva menos global; concrelamente, (
negar o conreúdo subs(ancialmente histó¡ico da categoria dc .! apenas a que se referc ao públicor da liteEtura de fundagño (
toralidadc. Naturalmenle, ao lado deste que seria o problema da república,' tema que obriga a colocfir, entretanto, alguns
mais u¡gcnlc, aprr€cem muitos ou¡ros, complexos e pendentes. .l (
pontos relativos ao pcríodo anterior,
-- .Em suma, seja qual for x magnitudc c a dificuldads dcssa
A esse respeito convém assinala¡ algo que ralvez por (
problemítica, náo se pode deixar de perceber que 4qg¿qi- scr óbvio se costu má csquecer: a complexa
-
densidade do (
da liter¡ru¡a -
proc€sso his[órico da lite¡atura, Aludo á simultaneidade de
l cxcrcícios literários dis!intos e mcsmo contradiLórios, ás
cntrC ¡cm n
¡¡as, (
relagóes muito fluidas que eslabelecem enlre si e ao (itmo
virtucle de perrnit¡r o exercíc¡o dc uma critica que, ao incor-
* pora|J scu objeto as.elagóes entre os sistemrs literúrios c dcsigual com que se descnvolvcm.i Por lsso, se se tmla dc (
flxar os limites de um pcríodo, nunca se pode cncontrar um
cntrc cslcs e ¡ histófia social quc Ihcs cc.¡rrcsponde, esti ¡p,Ia (
i
i cxaminar o quc no fundo é decisivo: a reprodug¡o cspccifi- momgnlo ináugural e outro rJc cnccrramento, mas. antesl
cat)cnte liteririil dos conflitos c contradigóes que tecem a franjas cronológicas dc limites imprecisos, dentro das quais (
Jristória globa) de nossa sociedade. se transformam esses slstemas litcrários; alguns desaparecem
(
paulatinamente, enquaoto oulros suTgem coñ var¡ada rap¡dez
e, por último, muda o que se cosluma chamar, um tanto (
i
I parrdaxalmcntc, a esrrutum do proccsso. (
(U |dsd,Phtm da¿, tok¡Ittod el corPtlt.tc la l¡tcratum
lo t l aa nlerica r a. l : Sobre l
jlentu.r y críticr hLf no¡mcrirJo:rs. I

f (
Cadct\r UílLeñida¿ Ccrúru|, p.43-5O, 1 952.)
D

t (
t.
32
I (
I

Você também pode gostar