Você está na página 1de 33

MARCHA E ENVELHECIMENTO

Letícia Pophal
Fisioterapeuta
Pós-Graduanda em Gerontologia – UniDOMBOSCO
Mestranda em Atividade Física e Saúde – UFPR

Karini Borges dos Santos


Professora Orientadora
DEFINIÇÃO
• A marcha é uma sequência de ações coordenadas dos segmentos articulares de
membros superiores, inferiores e tronco, compondo um movimento altamente complexo;
• O ato de caminhar depende então do movimento periódico de cada pé, de uma posição
de suporte para a próxima e de forças de reação do solo suficientes, aplicadas através
dos pés, para suportar o peso do corpo.

• Critérios essenciais para marcha: Integridade musculo-esquelética; Controle neurológico;


Equilíbrio.

(VAUGAHN; DAVIS; O’CONNOR, 1999).


IMPORTÂNCIA

- Conhecimento da biomecânica normal da marcha;


- Diagnóstico dos vários padrões de marcha (patológica);
- Correção de padrões patológicos de marcha;
- Monitorização pós intervenção terapêutica;
- Prevenção de morbidades.
CICLO DA MARCHA

O ciclo completo da marcha é considerado a partir do


momento em que há o contato do pé no solo até o
contato seguinte do mesmo pé.
Possui duas fases:
- fase de apoio (pé em contato com o solo) – 60%;
- fase de balanço (pé sem contato com o solo) – 40%.

(PERRY, 2005; KAUFMAN; SUTHERLAND, 2006)


FASE DE APOIO

1. Apoio inicial: Pé toca o solo com o calcanhar;


2. Resposta à carga (aplanamento do pé): Início do duplo apoio, transferência do peso
corporal para o MI, absorção do choque e suporte do peso;
3. Apoio médio (acomodação intermediária): Apoio unipodal;
4. Apoio final: calcanhar se eleva e termina quando o calcanhar contralateral atinge o
solo;
5. Pré-balanço.

(PERRY, 2005; KAUFMAN; SUTHERLAND, 2006)


FASE DE APOIO

(Google Imagens, 2019)


FASE DE BALANÇO

É a fase de avanço do membro. Composta por três fases:


1. Aceleração - Inicia-se quando o pé se eleva do solo;
2. Oscilação intermediária;
3. Desaceleração.

(PERRY, 2005; KAUFMAN; SUTHERLAND, 2006)


FASE DE BALANÇO

(Google Imagens, 2019)


0-2%

87-100% 0-20%

73-87% 10-30%

60-73% 30-50%

50-60%
(Google Imagens, 2019)
TERMOS IMPORTANTES

• Comprimento da passada: distância percorrida


entre o impacto do pé e um novo impacto do
mesmo pé;
• Comprimento do passo: distância que vai do
calcâneo de um pé ao calcâneo do outro pé
durante a fase de apoio duplo dos pés;
• Cadência: número de passos por minuto;
• Centro de gravidade: ponto no qual pode-se
considerar concentrado seu peso.

(PERRY, 2005; KAUFMAN; SUTHERLAND, 2006)


AVALIAÇÃO DA MARCHA – FOTO/VÍDEO
FOTOGRAMETRIA – ANÁLISE POSTURAL - KINOVEA ANÁLISE DA MARCHA - VÍDEO

https://www.youtube.com/watch?v=qdOm_EC1ag8 (Google Imagens, 2019)


AVALIAÇÃO DA MARCHA – VICON

Vicon Motion Systems: Instrumento baseado em câmeras de vídeo que registram a


imagem do movimento.
- Captura do movimento tridimensional;
- Analisa variáveis espaço temporais, lineares e angulares;
- Realiza análise da marcha, análise postural, controle motor, reabilitação, pesquisas em
biomecânica.

(https://www.vicon.com)
REPRESENTAÇÃO DO CORPO HUMANO
(Google Imagens, 2019)
AVALIAÇÃO DA MARCHA - PROTOKINETICS
Protokinetics Moviment Analysis Software:
- Realiza a avaliação dos parâmetros cinemáticos
da marcha;
- Possui 16 níveis de sensores de pressão
distribuídos em 6,09 metros de comprimento e 0,61
metros de largura;
- Três camadas: Base de proteção, sensores de
pressão, capa de proteção.

(https://www.protokinetics.com; COSTA, 2018)


PROTOKINETICS

(https://www.protokinetics.com;
COSTA, 2018)
PROTOKINETICS
Possíveis variáveis analisadas: • Largura de passada (m);
• Velocidade da marcha (m/s); • Tempo de apoio simples (seg);
• Cadência (passos/min); • Tempo de apoio duplo (seg);
• Tempo de passada (seg); • Tempo de balanço.

(https://www.protokinetics.com; COSTA, 2018)


VELOCIDADE DA MARCHA
• Velocidade da marcha: Analisar a velocidade da marcha é uma excelente forma
de detectar uma possível incapacidade funcional. É um indicador clínico bem-
estar entre os idosos;
• Velocidades mais lentas de marcha estão relacionadas a um maior risco de
quedas, morbidade e mortalidade;
• Teste funcional acessível e prático.

(STUDENSKI et al., 2011)


VELOCIDADE DA MARCHA - AVALIAÇÃO

(STUDENSKI et al., 2011; TAEKEMA, 2012; CASTELL, 2013; GURALNILK et al.; 1994)
VELOCIDADE DA MARCHA
* Valores normativos de velocidade da marcha

HOMENS MULHERES

60 a 69 anos – 1,34 m/s 60 a 69 anos – 1,24 m/s


70 a 79 anos – 1,26 m/s 70 a 79 anos – 1,13 m/s
80 anos ou mais – 0,97 m/s 80 anos ou mais – 0,94 m/s

(RANGEL et al., 2014)


TIMED UP AND GO

• O teste TUG avalia a mobilidade funcional independente juntamente com a velocidade


da marcha de 4m, além de verificar a eficácia da maioria das atividades funcionais
básicas do idoso;
• Avalia o tempo em que o indíviduo leva para levantar de uma cadeira, andar três
metros, voltar caminhando rumo à cadeira e sentar-se novamente;
• Orientações do teste (em aula).

(PODSIADLO; RICHARDSON, 1991).


(Google Imagens, 2019)
TIMED UP AND GO

* Classificação baseada nos seguintes pontos de corte:

*Até 10 segundos: idosos independentes e com baixo risco de


quedas;
*Entre 10,1 e 20 segundos: idosos semi-independentes e com
médio risco de quedas,
*Acima de 20 segundos: idosos pouco independentes e com
elevado risco de quedas

(PODSIADLO; RICHARDSON, 1991).


ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é caracterizado por diversas alterações no organismo e declínio
continuo de todos os processos fisiológicos. Uma das principais características desta
população é a heterogeneidade, ou seja, idosos com a mesma idade cronológica
apresentam grande variação quanto suas características físicas e mentais.
Essas variações dependem de fatores como estilo de vida, condições socio-
econômicas, doenças crônicas, aspectos biológicos, além de conceitos psíquicos como,
relações cognitivas e psicoafetivas.

(FECHINE, TROMPIERI, 2012; NUNCIATO et al., 2012; CDC, 2018).


ENVELHECIMENTO
Este envelhecimento significativo provém
de alterações em indicadores de saúde,
como:

• Melhora nas condições de saúde;


• Melhora do desenvolvimento econômico;
• Queda nos níveis de fecundidade e
mortalidade;
• Aumento da expectativa de vida.

(OMS, 2015; SIS, 2016; COSTA, 2018)


Mapa Brasileiro da longevidade (2015)

Paraná – Média de 76,8 anos – 7 posição

Santa Catarina – Média de 78,7 anos – 1 posição

(IBGE, 2015)
ENVELHECIMENTO
Alterações musculoesqueléticas e funcionais:
• Diminuição da massa muscular (sarcopenia);
• Diminuição da força muscular (dinapenia);
• Diminuição do equilíbrio;
• Diminuição da mobilidade funcional;
Alterações cognitivas
Alterações nas AVD’s

(LANG et al., 2010; CLARK; MANINI, 2010; GALLON et al., 2011; RUWER
et al., 2005; CALLISAYA et al., 2009; STUDENSKI et al., 2011)
ALTERAÇÕES NA MARCHA
• Menor velocidade de deslocamento (auto-
selecionada);
• Alterações ocorrem em superfície plana e
irregular – acentua em piso irregular;
• Redução do comprimento do passo e da passada;
• Aumento da fase de duplo apoio;
• Redução da fase de apoio simples;
• Menor amplitude articular (quadril, joelho e
tornozelo);
(BARAK; WAGENAAR; HOLT, 2006; MBOURU; LAJOIE; TEASDALE, 2003)
ALTERAÇÕES NA MARCHA
• Redução da força e potência dos plantiflexores na fase final de apoio;
• Aumento do momento na articulação do quadril;
• Redução da extensão do quadril (rigidez);
• Menor comprimento de passada;
• Maior frequência de passada, menor deslocamento do centro de massa no
sentido médio lateral, menor pico de flexão plantar e de extensão de quadril
durante o apoio final;
• Maior duração da fase de apoio duplo.

(BARAK; WAGENAAR; HOLT, 2006; MBOURU; LAJOIE; TEASDALE, 2003);


QUEDAS EM IDOSOS

• Mudança não-intencional da posição corporal que resulte em contato inesperado com o


solo ou qualquer outra superfície próxima do solo;
• Gera redução da funcionalidade e perda da independência;
• Possui alto custo financeiro e social;

(MOYLAN; BLINDER, 2007)


FATORES DE RISCO

• Fatores intrínsecos: idade e sexo feminino, condição clínica, medicamentos,


alterações cognitivas, histórico de quedas, alterações na marcha e equilíbrio,
baixo nível de atividade física e alteração nutricional;
• Fatores extrínsecos: superfícies escorregadias, iluminação inadequada,
tapetes soltos ou dobrados, ausência de apoios de segurança, obstáculos
soltos no caminho, sapatos e roupas inadequadas e pisos irregulares.

(AMERICAN GERIATRICS SOCIETY; BRITISH GERIATRICS SOCIETY; AMERICAN


ACADEMY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS PANEL ON FALLS PREVENTION, 2001)
LOCAIS DE QUEDAS

3%
6% 3%
6%
Fora de casa
56% Superficie plana
Banho
36%
Levantando da cama
Escada
Cadeira
(Google Imagens, 2019)

Você também pode gostar