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Marcella Carvalho 2021.2

→ Avaliação do risco cirúrgico


• O futuro sucesso do tratamento proposto ao
paciente inicia-se através de adequada anamnese
e exame físico completo.
• Queixa principal: direcionar o cirurgião ao
problema principal e ao motivo da consulta.
1. Pré operatório em cirurgia ambulatorial • HMA: tempo de evolução; progressão sintomática;
• Um procedimento cirúrgico, por mais simples que aspectos da lesão; medicamentos em uso; exames
seja, promove sempre um desequilíbrio na complementares realizados para investigar doença
integridade anatomofisiológica do paciente. atual.
• A cirurgia ambulatorial compreende operações • HP: procedimentos cirúrgicos anteriores; alergia a
menos complexas do que as de maior porte, que drogas (especialmente anestésicos, antibióticos e
requerem sempre cuidados pré e pós-operatórios e anti-inflamatórios); atopias diversas, dificuldade
internação hospitalar, e muitas vezes internação cicatricial; distúrbios hematológicos; presença de
um ou mais dias antes do procedimento para DM, HAS, cardiopatias, doenças neurológicas;
preparo pré-operatório. Nas cirurgias medicamentos de uso contínuo (hipotensores,
ambulatoriais, o paciente não permanece corticosteroides, imunossupressores, hormônios,
internado. hipoglicemiantes, anticoagulantes, digitálicos e
psicotrópicos, dentre outros).
• Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos
em quatro categorias ou níveis, de acordo com a * Suspensão de medicações para os
intensidade potencial do trauma: I, II, III e IV. Nos procedimentos:
dois primeiros níveis, por não ter internação - AAS: 1 semana (tempo de meia vida da
necessária, os procedimentos são considerados plaqueta);
ambulatoriais. Diferem entre si pelo fato de que no - Varfarina: 3 dias;
primeiro nível a anestesia é local, não sendo - Heparina: 6 horas.
necessário anestesiologista e período de • HS: condições e hábitos de vida (tabagismo,
recuperação pós-anestésica. alcoolismo, hábitos de sono, regularidade de
• O pré-operatório é o período compreendido entre a atividade física, condições higiênicas em geral,
indicação da intervenção cirúrgica e o momento do etc); perfil psicossocial (aspectos individuais e
ato operatório. relativos ao relacionamento familiar).
• Para o paciente que será submetido ao • HF: deve-se pesquisar, em especial, doenças de
procedimento cirúrgico ambulatorial, deve-se levar caráter hereditário, como discrasias sanguíneas e
em conta características que envolvem: anemias hemolíticas, além de causas de óbito em
✓ Aspectos legais; parentes próximos.
✓ Avaliação do risco cirúrgico;
✓ Situações especiais; → Situações especiais
✓ Relacionamento pessoal; - Idade → pacientes pediátricos (déficit na
✓ Preparo geral do paciente (psicológico, formação de IgG e IgA; menor volume de líquido) e
fisiológico e prevenção da infecção); geriátricos (diminuição da resposta de IgG e
✓ Aspectos de ordem técnica. aumento dos autoanticorpos)
→ Aspectos legais - Hipertensos → em pacientes hipertensos, tomar
cuidado com anestésico com vasoconstritor pois
• Não só a eficiência técnica basta, pois existem pode ocasionar crise hipertensiva
questões de outra ordem que não podem ser - Distúrbios da nutrição → obesos e desnutridos;
ignoradas. A jurisprudência está em transição e a história de perda não-intencional ou inexplicável do
medicina moderna é regida pela autonomia do peso corporal, mais de 10% nos últimos 2 meses;
paciente. concentração albumina sérica inferior a 3,4%;
• Artigo 14 do Código do Consumidor: “O fornecedor alergia a 4 ou 5 antígenos no teste de
de serviços responde, independentemente da hipersensibilidade tardia, se estiver bem nutrido, irá
existência de culpa, pela reparação dos danos reagir (organismo forte para defender); contagem
causados aos consumidores relativos à prestação global de leucócitos baixa.
dos serviços, bem como por informações → Avaliar pelo IMC (<18,5); perda de peso (10%
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e do peso corporal em 2 meses); albumina (<3,4).
riscos”. - Diabéticos (microangiopatia diabética; lembrar
• Artigo 15 do Código Civil: “Ninguém pode ser das infecções)
constrangido a submeter-se com risco de vida a - Tabagistas → processo cicatricial deficiente;
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”; e suspender o fumo 4 semanas antes do
código 422 “os contratantes são obrigados a procedimento até 2 semanas após
guardar, assim na conclusão do contrato com em - Processos infecciosos → processos infecciosos
sua execução, os princípios da probidade e da boa sistêmicos ou focais, nos quais não exista
fé”. indicação para a drenagem operatória,
contraindicam a cirurgia ambulatorial eletiva
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- Uso de corticosteroides → efeito imunossupressor • Antibioticoterapia e medicação pré-anestésica:


e inibição da fase inflamatória da cicatrização em a sedação pré-anestésica aumenta o limiar da
uso prolongado (inibe todas as fases) sensibilidade dolorosa e pode ser utilizada em
procedimentos cirúrgicos ambulatoriais,
SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS especialmente em crianças, pessoas ansiosas ou
AAS: 1 semana (meia vida da plaqueta) nervosas e pacientes que estão sentindo dor. O uso
VARFARINA: 3 dias rotineiro e indiscriminado de antibiótico profilático
HEPARINA: 6 horas em cirurgia ambulatorial não se justifica e deve ser
desencorajado.
• Contraindicações da cirurgia ambulatorial:
No atendimento cirúrgico ambulatorial, a demanda é de relativas (podem ser contornadas) e absolutas
pacientes classificados em ASA I e ASA II (a doença deve
estar controlada)

→ Aspectos técnicos – preparo geral do 2. Normas de segurança em cirurgia


paciente ambulatorial
• Preparo psicológico: deve-se explicar ao • As normas de segurança para as cirurgias
paciente de forma concisa e didática os principais ambulatoriais envolvem os procedimentos
aspectos de sua afecção e do procedimento a ser necessários à prática diária, com o objetivo de
realizado; o paciente deve estar ciente de todas as auxiliar o cirurgião a reduzir riscos e aprimorar
possíveis complicações do ato cirúrgico, além dos resultados.
eventuais cuidados pós-operatórios. Isso favorece • A montagem da sala cirúrgica ambulatorial é um
a colaboração do paciente no per-operatório e a ponto importante. O ambiente físico requer seguir
adesão ao seguimento pós-operatório. as recomendações da ANVISA:
• Preparo fisiológico: parâmetros como volemia, - Salas de no mínimo 9m2 com lavatório; ambiente
equilíbrio hidroeletrolítico e nutrição, entre outros. de apoio (sala de espera, sala de utilidades,
• Exames pré-operatórios: pacientes submetidos a recepção, depósito de material de limpeza,
cirurgia de pequena monta, com uso de anestesia sanitários); corredores com largura de 2 m e portas
local ou locorregional, não necessitam de exames com dimensões mínimas de 1,1 por 2,10 metros,
complementares pré-operatórios, desde que a além do acesso a portadores de necessidades
investigação clínica não tenha detectado nenhum especiais.
sinal/sintoma especial. Para aqueles que utilizarão • Além disso, as salas cirúrgicas devem conter
outro tipo de anestesia ou realizarão cirurgia de macas com o melhor custo-benefício e que
maior porte, recomenda-se hemograma, garantam o conforto do médico da execução dos
coagulograma, creatinina, glicemia de jejum, ECG, procedimentos e do paciente; iluminação (de
RX de tórax PA e perfil. preferência natural ou focos de teto) e ventilação
• Jejum: é incomum, mas recomenda-se jejum de 3 adequados; material de ressuscitação; e
a 4 horas para operações com anestesia local instrumentos mínimos para realização das cirurgias
quando existir possibilidade de vômitos, ambulatoriais.
convulsões e aspiração de conteúdo digestivo para • Os materiais devem ser devidamente limpos e
a árvore respiratória. Para procedimentos nível II, desinfectados. A limpeza e desinfecção também
período de jejum de 6 a 8 horas, devido à sedação devem ser efetuadas em macas, mochos, mesas,
associada. → o jejum para líquidos é outro!! pias, cubas, torneiras, depósitos de lixo e qualquer
• Antissepsia: destruir ou reduzir o número de outro material passível de contaminação.
micro-organismos diversos (iodóforos, • Limpeza é o processo de remoção mecânica de
hexaclorofeno, clorexidina). sujidades, realizado com água, sabão ou
• Tricotomia: não recomendada, a não ser em casos detergente, sendo a etapa obrigatória antes da
de urgência, sendo o ideal realizar 2 horas antes ou desinfecção e esterilização. Após esta etapa de
mesmo pouco antes do procedimento. limpeza e secagem, os outros utensílios serão
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limpos e desinfectados com hipoclorito de sódio 1% vírus; necessita de pelo menos 2 minutos de
ou álcool 70%. contato para liberação do iodo livre; tem pouca
• Desinfecção é o processo que destrói micro- ação residual e é alterado pela presença de
organismos patogênicos ou não, dos artigos e matéria orgânica;
instrumentos, por meios físicos ou químicos, C) Clorexidina → Encontrada em formulações
atingindo diferentes níveis: aquosas e detergentes a 4% e álcoolicas a
- Alto nível de desinfecção → se destrói todos os 0,5%; excelente contra bactérias gram-
micro-organismos, com exceção do alto número de negativas e vírus, pouca ação sobre M.
esporos bacterianos. Realizada com glutaraldeído tuberculosis e nenhuma sobre fungos; com
2% ou ácido paracético. excelente ação residual e não é alterado na
- Médio nível de desinfecção → elimina a maioria presença de matéria orgânica.
das bactérias vegetativas, fungos, vírus e • Para procedimentos em áreas altamente
micobactérias. Realizada com hipoclorito de sódio contaminadas, como o períneo, recomenda-se a
1%, álcool 70%, cloro orgânico e fenol sintético. higienização prévia do paciente, com banho de
- Baixo nível de desinfecção → elimina a maioria aspersão. A tricotomia deve ser evitada, quando
das bactérias vegetativas, alguns vírus e fungos, muito necessária deverá ser feita com tesoura,
sem eliminar micobactérias. Realizada com evitando ferimentos provocados por lâminas
hiplocorito de sódio 0,025%. cortantes, fontes de proliferação bacteriana.
• A rotina de esterilização deve ser rígida e os • É válido ressaltar a importância das medidas de
controle realizados sistematicamente. Diversos proteção pessoal do profissional e da equipe,
métodos de esterilização podem ser empregados. sendo que as precauções universais devem ser
A embalagem é escolhida conforme o método de adotadas por todos os profissionais de saúde em
esterilização. Os instrumentos podem ser contato com todos os pacientes. Recomenda-se
embalados individualmente ou agrupados evitar joias, adornos e acessórios individuais
conforme seu uso; na embalagem deve constar a desnecessários ao ambiente cirúrgico. Uso correto
data de esterilização e seu conteúdo. O prazo para de EPI’s.
uso do material varia conforme o método utilizado • O descarte do lixo deve ser feito de maneira
e a embalagem. Passado o prazo, os materiais adequada.
deverão ser novamente esterilizados, sendo que - Não contaminado: descartado em saco preto no
todo o material esterilizado deverá ser mantido em lixo comum.
ambiente limpo, seco e com temperatura estável - Contaminado: descartado em saco branco
para a preservação dos invólucros. identificado e recolhido separadamente.
• O preparo cirúrgico das mãos é imprescindível e - Perfurocortante: descartado em caixa de papelão,
deve ser realizado rotineiramente com soluções vedado e recolhido separadamente.
antissépticas antes de cirurgias e procedimentos - Medicamentos, ácidos e outras substâncias
invasivos, visando reduzir a microbiota residente e químicas: classificados quanto ao potencial de
transitória. O tempo recomendado é de 5 minutos. risco, acondicionados e transportados
Assepsia refere-se ao conjunto de medidas utilizadas para adequadamente.
impedir que determinado meio seja contaminado. Observações
Antissepsia trata-se do processo que leva a diminuição
DOSE DO ANESTÉSICO
das formas microbianas e diminuição ou destruição de
patógenos nos tecidos vivos. - com vasoconstritor: 7
- sem vasoconstritor: 4
AGULHAS
Degermação: redução dos germes – transitória (não é resistente)
- aspirar: 25 x 7
Antissepsia: redução dos germes resistentes – uso de
antissépticos - injetar: 13 x 4,5
Assepsia: medidas para impedir a contaminação (paramentação, - Reações adversas ao anestésico ocorrem devido a velocidade
esterilização, campos) de infusão → altera os órgãos de sentido (parestesia de lábio e
língua; distúrbios visuais; zumbidos; gosto metálico na boca)
Desinfecção: antissepsia de objetos inanimados, com uso de
desinfetante, na sala de cirurgia de 10 a 15 min - Lidocaína: efeito se inicia com 3s e perdura por 2 horas.
CAUTERIZAÇÃO

• Os principais antissépticos são: - paciente faz uso de marca passo?


A) Álcool → age rapidamente, mas não tem efeito - a placa está bem posicionada?
residual; excelente contra bactérias gram- - a voltagem está correta?
positivas e gram-negativas e boa atividade
cobre M. tuberculosis, fungos e vírus; - o cautério pode queimar 5mm abaixo da lesão.
B) Iodóforos → iodo dissolvido no polímero SUTURAS
polivinilpirrolidona – PVPI – é considerado o - Fios: nº 3 planta dos pés, couro cabeludo; nº 4 corpo; nº 5 rosto.
antisséptico de escolha; excelente contra
bactérias gram-positivas e boa atividade sobre Os pontos na pele devem ser cortados deixando 1cm.
gram-negativas, M. tuberculosis, fungos e
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- Tempo para retirar a sutura: se o local aproxima com facilidade, 5- a pele é denominada “delgada”. A epiderme varia
7 dias; se o local aproxima com dificuldade, 10-14 dias. de 0,07 a 0,12mm de espessura. A espessura da
BISTURI hipoderme também varia, sendo que nas
superfícies extensoras, ombros e costas medem
- Lâmina 11: furar 5mm ou mais, enquanto nas superfícies flexoras e
- Lâmina 15: cortar pálpebras medem 1mm ou menos.
- Para cortar a pele, deve-se primeiro observar o eixo da lesão,
depois olhar as linhas de Langerhans (apertando a pele). → Epiderme
• Coloração BRANCA (não há vascularização).
• Possui quatro camadas: camada córnea, camada
3. Anatomia da pele granulosa, camada espinhosa e camada basal.
• 5 a 10 células de espessura.
• A pele, também chamada de cútis ou tegumento, é
• A célula mais abundante da epiderme é o
o maior e mais visível órgão do corpo humano e
queratinócito, que caracteristicamente apresenta
recobre-o externamente, correspondendo a cerca
os desmossomos.
de 20% da massa corporal total.
• Camada córnea: mais externa, em contato com o
• O conhecimento da estrutura, as funções e as
meio. Normalmente, não apresenta núcleos e tem
peculiaridades da pele são muito importantes, já
aspecto de “trançado de cesto”
que ela é a primeira barreira que deve ser
• Camada granulosa: tem dois ou três queratinócitos
atravessada em todas as cirurgias ambulatoriais.
de espessura que possuem grânulos de querato-
• A pele tem múltiplas funções: funciona como
hialina no seu interior.
barreira entre o meio interno e o externo,
• Camada espinhosa: é a mais espessa e fica entre
conservando os fluidos corporais, é impermeável a
a camada basal e a camada granulosa.
água e impede a penetração de microrganismos.
Além disso, tem capacidade de absorver radiação • Camada basal: mais interna, em contato com a
ultravioleta, participa na síntese de vitamina D, derme. Seus queratinócitos têm núcleos maiores e
contém vários receptores sensoriais e tem um mais densos, pois são as células responsáveis pela
papel importante nos mecanismos de regeneração da epiderme.
termorregulação e vigilância imunológica. • Em condições normais, um queratinócito da
• A superfície total da pele no adulto é de camada basal leva aproximadamente 28 dias para
aproximadamente 1,6 a 2,0m2, com uma espessura se diferenciar para uma célula totalmente
que varia de 1,5 a 4mm. cornificada.
• A pele se renova a cada 28 dias. • O principal marcador imunohistoquímico dos
queratinócitos é a queratina.
• Principais células: queratinócitos (camada basal)
• A junção dermoepidérmica é sempre nítida: a
• O curativo só precisa ficar 24h (epitelização)
epiderme é separada da derme pela membrana
• A pele é formada por duas camadas, a epiderme e
basal, que se cora positivamente pelo método
a derme, mas a hipoderme (tecido celular
“ácido periódico de Schiff” com digestão ou PAS-
subcutâneo, tecido adiposo que fica abaixo da
cd.
derme) é sempre incorporada ao seu estudo.
• Os melanócitos são as células que produzem
• A epiderme é a camada superficial, epitelial, sem
melanina e encontram-se na camada basal da
vasos sanguíneos, e a derme é a camada profunda,
epiderme. A quantidade de melanina, não o número
os tecidos conjuntivo e vascularizado que nutrem a
de melanócitos é que varia entre as raças
epiderme.
humanas. São células dendríticas, ou seja,
apresentam prolongamentos citoplasmáticos para
que a melanina seja distribuída para os
queratinócitos circunjacentes.
• Duas outras células são importantes na epiderme.
As células de Langerhans são os macrófagos
fixos da epiderme e são responsáveis pela
vigilância imunológica da pele: essas células têm a
capacidade de apresentar antígenos a linfócitos e
queratinócitos, provocando o início da resposta
inflamatória. As células de Merkel, células
neuroendócrinas, acredita-se que são células
epidérmicas modificadas, adaptadas à recepção
sensorial tátil, estão localizadas na camada basal e
são mais numerosas onde a percepção sensorial é
mais acurada, como nas polpas digitais. Elas se
ligam aos queratinócitos por desmossomos e estão
associadas às terminações nervosas
• Pele espessa: aquela que existe nas palmas e intraepidérmicas e dérmicas. Quando as células
plantas, em que a espessura da epiderme, e não são conectadas a estruturas nervosas,
principalmente da camada córnea, é muito maior acredita-se que tenham função endócrina.
que no restante do corpo; nas outras localizações,
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GLÂNDULAS SEBÁCEAS
• São as responsáveis pela secreção do sebo que
recobre os pelos e a superfície cutânea.
• A função do sebo ainda não está totalmente
esclarecida, mas sabe-se de sua atividade
bacteriostática, emoliente e de barreira.
• Embriologicamente, se originam a partir de um
→ Anexos cutâneos broto da bainha radicular externa do folículo piloso.
Todos os pelos são providos de uma glândula
PELOS
sebácea.
• É multilobulada e sua secreção é holócrina, isto é,
a célula inteira produz e torna-se repleta de
secreção enquanto se desintegra. No final, a
secreção e restos celulares são eliminados como
sebo para o ducto sebáceo que desemboca no
canal folicular.
GLÂNDULAS SUDORÍPARAS (ÉCRINAS)
• São originadas de uma invaginação direta da
epiderme.
• Estão distribuídas em toda a superfície corporal,
exceto nos lábios e parte da genitália externa.
• O número de glândulas varia de 100 a 200/cm2 de
pele, sendo que a concentração máxima é
encontrada nas palmas e plantas, onde atingem
300/cm2.
• A parte secretora (ácinos) está situada
• Com exceção das palmas e plantas, superfícies profundamente, na parte mais alta da hipoderme ou
laterais das mãos e pés e ao redor dos orifícios junção dermo-epidérmica.
urogenitais, toda a pele é recoberta por pelos. • A parte excretora (ductos) atravessa a derma e a
• Embriologicamente, o folículo piloso se desenvolve epiderme, terminando entre as células da camada
a partir de uma invaginação das células córnea. A porção intra-epidérmica do ducto
epidérmicas para o interior da derme. excretor chama-se acrossiríngeo.
• Existem dois tipos de pelos: os terminais, que são • Ao redor das glândulas écrinas ficam diversos
grossos, longos e pigmentados, com os da barba, filetes nervosos que regulam a sua secreção.
couro cabeludo, genitais e axilas; e os pelos velos, • A composição química da secreção sudoral é
que são finos, curtos e menos pigmentados. semelhante ao ultrafiltrado sanguíneo, e contém
• Microscopicamente, são divididos em quatro cloreto de sódio, ácido úrico, ureia e amônio.
partes: • Em situação de stress emocional, palmas, plantas
e axilas são as primeiras a eliminar secreção.
Infundíbulo SEGMENTO SUPERIOR • Enquanto o controle térmico é colinérgico, a
Istmo (PERMANENTE) sudorese emocional é estimulada pela parte
adrenérgica do SNA.
Haste SEGMENTO INFERIOR
GLÂNDULAS APÓCRIMAS
Bulbo (CÍCLICO)
• São encontradas apenas na região axilar, mamilos
• Eles passam por períodos de crescimento divididos e região anogenital, sendo derivadas da mesma
em três fases: anágena (de crescimento); catágena invaginação epidérmica que origina os folículos
(de involução) e telógena (de repouso). pilosos no embrião.
• Normalmente são os pelos em fase telógena que • Sua função no homem não está definida, embora
caem, e, a partir disto, há o início da um novo ciclo, nos animais seja responsável pelo odor.
por modificações no segmento inferior do pelo. • São pequenas na infância e tornam-se maiores e
mais ativas na puberdade.
• Possuem a porção secretora na derme profunda ou
camadas superiores da hipoderme. A secreção
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apócrina é feita no canal folicular logo acima da → Derme


entrada do ducto sebáceo.
• Respondem a estímulos sensoriais e emocionais • Coloração ROSA (há vascularização).
(resposta adrenérgica), mas não a térmicos. • A derme é a camada de sustentação da epiderme,
• Secreção é inodora, sendo o odor desagradável e está intimamente ligada à epiderme pela
desencadeado quando a secreção é combinada presença de saliências e reentrâncias que se
com os produtos excretados pela flora bacteriana encaixam, aumentando a superfície de contato
da pele. A secreção é composta por proteínas, entre as duas camadas.
carboidratos, amônia e lipídios. • A derme é separada da epiderme pela membrana
basal, estrutura complexa e onde se localizam
UNHAS
proteínas e fibras colágenas de ancoragem, que
• São lâminas de células queratinizadas originadas funcionam como cabos de união.
da matriz ungueal. • A derme é responsável pela resistência e pela
• O aparelho ungueal é formado por prega proximal, elasticidade da pele. Ela protege o corpo contra
cutícula, prega lateral, lúnula, lâmina ungueal, traumas mecânicos, retém água e auxilia na
matriz ungueal e leito ungueal. termorregulação e sensibilidade, constituindo-se
• A lâmina ungueal é a unha propriamente dita que basicamente de tecido conjuntivo que comporta
repousa sobre seu leito. É a matriz ungueal que colágeno, fibras elásticas e um material amorfo
produz a unha: as células da matriz dividem-se em chamado de substância fundamental.
direção à superfície e diferenciam-se produzindo a • Estão incluídos nervos, vasos sanguíneos, anexos
queratina dura da unha. cutâneos e vários tipos de células, como
• A lúnula é a porção visível da matriz através da fibroblastos, fibrócitos, miofibroblastos, dendrócitos
unha, esbranquiçada e em formato de meia lua. e células imues.
• A queratina da unha não descama, cresce • A derma está organizada em derme papilar, mais
indefinidamente. A unha cresce, em média, 0,1mm superficial, e derme reticular, mais profunda.
por dia. Distinguem-se por diferenças na organização do
• Se houver dano à matriz ungueal, cirúrgico ou tecido conjuntivo, densidade celular e padrões
acidental, a unha não será mais produzida na vasculonervosos.
região lesada. • Derme papilar: localizada próxima à epiderme e
acompanha seu contorno; composta por fibrilas
colágenas finas (colágeno tipo 1 – mais abundante
– e tipo III – reticulina) e fibras elásticas imaturas.
Fibras elásticas maduras não são normalmente
encontradas, porém elas se tornam visíveis, largas
e densas na pele senil e danificada pelo sol. Suas
características estruturais permitem à pele
acomodar-se aos impactos. Maior número de
fibroblastos com maior capacidade de síntese e
proliferação que na derma reticular.
• Derme reticular: porção mais profunda e a região
predominante da pele, como um todo; apresenta
fibras colágenas (especialmente do tipo I) de maior
diâmetro, organizadas em feixes largos e
entrelaçados; as fibras elásticas maduras formam
uma estrutura ao redor dos feixes colágenos; a
interação entre as fibras (não são sistemas
integradas) é responsável pela resistência da
derme; os feixes elásticos e colágenos aumentam
LÚNULA: parte visível da matriz progressivamente em direção à hipoderme.
➔ Matriz conjuntiva – colágeno (80 a 90% do tipo
LÂMINA UNGUEAL: unha
I, responsáveis pela tensão; 8 a 12% tipo III,
EPONÍQUIO: cutícula associadas principalmente aos vasos
HIPONÍQUIO: embaixo da unha sanguíneos; yipo IV, confinado a lâmina basal
dos vasos e anexos cutâneos; e tipo VII, forma
PREGA LATERAL as fibras da junção dermoepidérmica); tecido
elástico
• Unha encravada é denominada onicripose, e a ➔ Substância fundamental
cirurgia ambulatorial para resolução é a ➔ Nervos e receptores nervosos
cantoplastia. ➔ Vasos sanguíneos
- Bloqueio trancular: lateral e medial do nervo ➔ Vasos linfáticos
- 5 a 10 min para começar o efeito → Hipoderme
- 5-10mL de anestésico (a partir de 5mL já pode
diluir em soro ou ABD) • Coloração AMARELA (tecido gorduroso).
• Crescimento da unha da mão: 6 meses • Tecido celular subcutâneo que fica logo abaixo da
• Crescimento da unha do pé: 1 ano a 1 ano e meio derme reticular. O limite entre a derme reticular
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profunda e a hipoderme é uma transição abrupta do síntese de citocinas e fatores de crescimento,


tecido fibroso dérmico para tecido gorduroso. aumentando seus efeitos.
• As duas regiões estão integradas por redes • A resposta inflamatória inicia-se, pois, com
vasculonervosas e pela continuidade dos anexos vasodilatação e aumento da permeabilidade
epidérmicos. vascular, promovendo a quimiotaxia (migração de
• Os adipócitos são as principais células da neutrófilos para a ferida).
hipoderme, sendo volumosas e que se encontram • Os neutrófilos são as primeiras células a chegar na
agrupados em lóbulos primários, os quais se ferida, com maior concentração 24h após a lesão.
organizam em lóbulos secundários visíveis a olho Aderem à parede do endotélio mediante ligação
nu (têm cerca de 1 cm de diâmetro). com as selectinas, produzindo radicais livres que
• Os lóbulos são separados uns dos outros por septo auxiliam na destruição bacteriana e sendo
de tecido conjuntivo por onde transitam artérias, gradativamente substituídos por macrófagos.
veias e nervos. • Os macrófagos migram para a ferida após 48-96h
• O tecido adiposo da hipoderme serve de reserva da lesão e são as principais células antes dos
energética e isolante térmico e mecânico, além da fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação. Têm
função estética de modelagem do corpo. papel fundamental no término do desbridamento
Observação iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição
é a secreção de citocinas e fatores de crescimento,
PROPRIEDADES FÍSICAS DA PELE: além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e
- Viscoelásticas (elástico x viscoso) síntese de matriz extracelular, fundamentais para a
transição para a fase proliferativa.
- Tensão cutânea (estática ou dinâmica)
Primeiras células a chegar na ferida: neutrófilos
- Extensibilidade (substituída por flacidez com a idade)
Maior concentração 24h após a lesão
A PELE SE RENOVA A CADA 28 DIAS
Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (após 48h-96h da
O CURATIVO SÓ PRECISA FICAR 24H, POIS NESSE PERÍODO lesão)
OCORRE EPITELIZAÇÃO

Fase proliferativa
4. Cicatrização
• A cicatrização de feridas consiste em perfeita e 4-21 dias
coordenada cascata de eventos celulares,
• É constituída por quatro etapas fundamentais:
moleculares e bioquímicos, que interagem para
epitelização, angiogênese, formação de tecido de
que ocorra a reconstituição tecidual.
granulação e deposição de colágeno.
• 2 maneiras de ocorrer cicatrização:
• Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão
REGENERAÇÃO ou RESTAURAÇÃO. A
e estende-se aproximadamente até o término da
regeneração é voltar ao que era antes, trata-se de
segunda semana.
uma reconstituição perfeita (lesões superficiais). A
restauração é a construção de novo tecido, não • Epitelização: ocorre precocemente. Se a
volta a ser igual ao que era antes (cicatrizes). membrana basal estiver intacta, as células
epiteliais migram em direção superior e as
• A lesão tecidual coloca elementos sanguíneos em
camadas normais da epiderme são restauradas em
contato com o colágeno e outras substâncias da
três dias. Se a membrana basal for lesada, as
matriz extracelular, provocando degranulação de
células epiteliais das bordas da ferida começam a
plaquetas e ativação das cascatas de coagulação
proliferar na tentativa de restabelecer a barreira
e do complemento. Com isso, há liberação de
protetora.
vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que
conduzem o processo cicatricial mediante atração • Angiogênese: é estimulada por TNF-α, e é
de células inflamatórias para a região da ferida. caracterizada pela migração de células endoteliais
e formação de capilares, essencial para a
cicatrização adequada.
Fase inflamatória • Formação de tecido de granulação: os fibroblastos
4 dias e as células endoteliais são as principais células da
fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos
• Inicia-se imediatamente após a lesão, com a
vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser
liberação de substâncias vasoconstritoras,
ativados para sair do seu estado de quiescência. O
principalmente tromboxano A2 e prostaglandinas,
fator de crescimento mais importante na
pelas membranas celulares.
proliferação e ativação dos fibroblastos é o fator de
• O endotélio lesado e as plaquetas estimulam a
crescimento derivado de plaquetas (PDGF). Em
cascata de coagulação. As plaquetas têm papel
seguida, é liberado o TGF-β, que estimula os
fundamental na cicatrização. A cascata de
fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a
coagulação é iniciada e grânulos são liberados das
transformarem-se em miofibroblastos, que
plaquetas que contêm TGF-β e outras substâncias
promovem a contração da ferida.
que atraem neutrófilos a ferida.
• O coágulo é formado por colágeno, plaquetas e TGF-β → fibroblastos (induz a formação de colágeno tipo 1)
trombina, que servem de reservatório proteico para TNF-α→ queratinócitos
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drogas antineoplásicas, insuficiência renal,


Fase de maturação ou remodelamento hepática e respiratória dentre outros.
2 anos Tabagista → devido a nicotina, a qual compromete o processo de
cicatrização
• A característica mais importante desta fase é a
deposição de colágeno de maneira organizada, por Inibição da bomba de prótons → melhor a cicatrização
isso é a fase de maior relevância clínica. Desnutrição proteica → prejudica, pois prolonga a fase inflamatória
• O colágeno produzido inicialmente é mais fino que (menor síntese e proliferação de fibroblastos; maior taxa de
o presente na pele normal e tem orientação infecção; menor força tênsil; menor atividade fagocitária)
paralela à pele.
• Com o tempo, o colágeno inicial (tipo III) é
reabsorvido e um tipo mais espesso é produzido e Queloides e cicatrizes hipertróficas
organizado ao longo das linhas de tensão. • São patologias da cicatrização e diferenciadas por
• Estas mudanças refletem-se em aumento da força seu comportamento clínico; caracterizadas por
tênsil da ferida. uma fase proliferativa exagerada.
• A reorganização da nova matriz é um processo • Queloides vão ultrapassar o limite da
importante da cicatrização; fibroblastos e leucócitos incisão e as cicatrizes hipertróficas ficam retidas ao
secretam colagenases que promovem lise da limite da incisão.
matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando • As 2 patologias decorrem de uma resposta
há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise inflamatória exacerbada e vai ter a perda do
da matriz antiga, sendo que a deposição deve ser equilíbrio entre síntese e lise de matriz.
maior. • Pode-se atribuir a sua patogênese traumas,
• Mesmo após 1 ano, a ferida apresentará um disfunção dos fibroblastos, níveis aumentados de
colágeno menos organizado que o da pele sã, e a fatores de crescimento e diminuição da apoptose.
força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em • O melhor tratamento é a prevenção. Existem outras
torno de 80% após 3 meses. formas, como cirurgia de ressecção, infiltração de
Colágeno tipo I – fibroblastos – presente em ossos e tendões corticoides etc.
Colágeno tipo III – tecido mole – vasos sanguíneos
5. Anestésicos locais
Colágeno • Os anestésicos locais (AL) são substâncias que
bloqueiam a geração e propagação de impulsos
• É a proteína mais abundante no processo de
eletricamente excitáveis, diminuindo sua
cicatrização.
sensibilidade, motricidade e função autonômica.
• O colágeno tipo 1 é o mais frequente, está presente
• Primeiro anestésico utilizado na prática clínica foi a
de maneira abundante nos ossos e nos tendões e
cocaína. Substituto sintético: procaína.
são sintetizados pelos fibroblastos. O colágeno tipo
3 é encontrado em tecidos moles. • Possuem ação REVERSÍVEL e TEMPORÁRIA.
• O primeiro tipo de colágeno a ser sintetizado é o 3, • Seu principal mecanismo de ação é o bloqueio dos
somente depois produz-se o tipo 1. O que canais de sódio e a diminuição da permeabilidade
diferencia um do outro é o tipo de ligação entre os ao sódio e ao potássio, impedindo a despolarização
aminoácidos, que os torna mais ou menos frágeis. da membrana da célula nervosa.
• Pico de produção: 14 dias • Os AL são agentes especialmente úteis para a
anestesia ambulatorial, visto que hoje se utilizam
• Durante a inflamação tem uma grande degradação
anestésicos com baixa toxicidade e grande
de colágeno, pelas colagenases. A atividade
eficácia.
dessas enzimas vai ser controlada por citocinas
que são liberadas por células inflamatórias, • Na prática clínica, os anestésicos podem ser
endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. utilizados em diversas vias de administração,
como:
• É o principal componente da matriz extracelular dos
✓ Uso tópico: mucosas (vias aéreas, reto,
tecidos
uretra, olho etc.) e pele.
- Colágeno = prolina + lisina ✓ Uso endovenoso: bloqueio de Bier,
- Cofatores: Fe, Cu, Zn, Vit. C tratamento de alguns tipos de arritmias.
✓ Injeção diretamente no tecido: anestesia
local.
Fatores que influenciam o processo de ✓ Bloqueios nervosos: periféricos ou
cicatrização centrais.
• Os principais fatores locais são a isquemia,
infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho, edema Estrutura química dos
e a pressão tecidual elevada.
anestésicos locais
• Como fatores sistêmicos pode-se citar a diabetes
mellitus, deficiências de vitaminas, hipotireoidismo,
algumas doenças hereditárias, alterações de • Todos os AL usados atualmente na prática clínica
coagulação, idade, trauma grave, tabagismo, possuem uma estrutura molecular básica: um anel
aromático (porção lipofílica) ligado a uma amina
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Marcella Carvalho 2021.2

terciária (porção hidrofílica), unidos por uma cadeia • Alcalinização: pH ácido diminui a atividade dos AL.
intermediária. A cadeia intermediária pode-se unir Por isso, o bloqueio local de tecidos inflamados
ao grupo aromático por uma ligação do tipo éster torna-se mais difícil.
ou do tipo amida, o que permite a classificação dos • Opioides: aumentam a intensidade e duração dos
anestésicos locais em amino-amidas e amino- bloqueios centrais (raquianestesia e anestesia
ésteres. peridural), e de injeções intra-articulares. Não têm
Amino-amida: possuem a ligação amida e são metabolizados efeito para bloqueio de nervos periféricos.
no fígado pelo citocromo P450. São as mais utilizadas na • Agonistas α2: atualmente, na prática clínica, utiliza-
prática clínica. Alguns exemplos são a bupivacaína, lidocaína se cada vez mais a associação de drogas como a
e a ropivacaína. clonidina nos bloqueios centrais. Há intensificação
Amino-ésteres: possuem a ligação éster e são metabolizadas tanto do bloqueio sensitivo quanto motor.
pela colinesterase plasmática com a formação do PABA (ácido
para-aminobenzoico), o que lhes confere um poder maior de
desencadear reações alérgicas. Por isso foram abandonados Segurança na
da prática clínica em anestesiologia. Alguns exemplos são a
tetracaína e a procaína. anestesia local
• Algumas características dos anestésicos locais são
importantes no momento da escolha técnica • O objetivo da anestesia local é empregar
anestésica a ser empregada em diferentes anestésico local suficiente para promover
situações. anestesia de qualidade, porém sem atingir sua
I. Lipossolubilidade: aumenta a penetração dose tóxica. Entretanto, a concentração de AL no
dos anestésicos nas membranas tecido neural é muito difícil de ser determinada
biológicas, aumentando sua potência. devido a diversos fatores, como:
II. Ligação a proteínas plasmáticas: quanto - A proximidade entre o AL injetado e o nervo que
maior a ligação proteica, menor será a sua se pretende bloquear;
porção livre do anestésico local no sangue - O fluxo sanguíneo em torno do tecido neural;
e menor a sua filtração glomerular, - A difusão do AL através de barreiras orgânicas e
aumentando, assim, a durabilidade do AL. para dentro do nervo (presença ou não de mielina);
III. Constante de dissociação: são bases - A ligação de AL a tecidos não neurais da região
fracas pouco solúveis e instáveis. São como gordura, músculo etc.;
apresentados na forma de sais ácidos - Absorção para o sistema vascular sanguíneo ou
(cloridatos), o que melhora sua linfático.
estabilidade e solubilidade. • A dose máxima para a LIDOCAÍNA sem
vasoconstritor é 4mg/kg; a dose máxima com
vasoconstritor é de 7mg/kg. Deve-se atentar para
a solução comercial que vem numa apresentação a
2% e tem 20mg do anestésico por mL de solução.
➔ A lidocaína pode ser diluída em solução salina
LIDOCAÍNA → em solução a 1 e 2%, gel e spray isotônica até a concentração de 1%.
normalmente a 10% para uso tópico
BUPIVACAÍNA → geralmente na forma racêmica, que
possui bloqueio motor e analgesia prolongados, porém
de cardiotoxicidade elevada em relação aos outros AL.
A forma levogira (levobupivacaína) possui a
propriedade de ser menos cardiotóxica, porém tem seu
bloqueio motor prejudicado.
ROPIVACAÍNA → é atualmente a droga com menor
cardiotoxicidade, por isso seu uso está cada vez mais
frequente na prática clínica diária. Tem um poder de
vasoconstrição intrínseco, o que possibilita analgesia Metabolismo e toxicidade
mais prolongada sem o uso de vasoconstritores.
• As amidas são metabolizadas pelo sistema
microssomal hepático (citocromo P450), sendo a
Fatores que influenciam lidocaína o anestésico de mais rápida oxidação.
• Disfunções hepáticas por doenças (cirrose,
a atividade dos AL hipertensão portal, insuficiência hepática) ou
drogas (cimetidina, halotano, álcool, propranolol)
aumentam a concentração sistêmica do anestésico
• Epinefrina: aumenta a duração e melhora a
pela queda da sua metabolização, podendo causar
qualidade do bloqueio. Consegue isso diminuindo a
intoxicação por este anestésico de forma mais
absorção local do anestésico local, já que promove
rápida.
vasoconstrição local. Não utilizar quando em
• A toxicidade se dá quando o AL atinge outros
bloqueios de extremidades corporais (não dar
tecidos excitáveis (p. ex., SNC e sistema
vasoconstritor em periférico).
cardiovascular) em dose suficiente para causar
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Marcella Carvalho 2021.2

ação, seja por injeção intravascular, absorção • Observar dor importante durante a injeção de
exagerada ou sobredose. anestésico. Podem ocorrer hematomas no local.
• Os sinais e sintomas da intoxicação sistêmica
dependem da sua concentração plasmática e da
velocidade com que essa concentração foi atingida FACE
➔ Formigamento da língua e dos lábios, • O nervo trigêmeo apresenta seus ramos sensitivos,
zumbidos, distúrbios visuais, abalos originados do gânglio de Gasser (semilunar ou do
musculares, convulsões, inconsciência, coma, trigêmeo). Dá origem a três ramos importantes e
parada respiratória e depressão que praticamente são os responsáveis pela
cardiovascular. inervação da face: nervo frontal, maxilar e
• Pode ocorrer também, toxicidade local pelo uso dos mandibular.
AL. Isso se deve a concentração do AL utilizada e • Podemos bloquear esses nervos em suas origens
presença de conservantes nas formulações ou depois de suas ramificações mais periféricas,
comerciais. A injeção direta em músculos pode com grande utilização nas cirurgias de face.
levar a uma micronecrose, principalmente quando
associado à adrenalina. As reações alérgicas são
muito raras.
• Os pontos mais importantes que se deve ter em
mente ao fazer uso de AL são:
-não ultrapassar sua dose tóxica
-evitar-se injeção intravascular, aspirando o êmbolo
da seringa antes da injeção do AL
-ficar atento para qualquer sinal de intoxicação
sistêmica

6. Bloqueios periféricos
• Os bloqueios são usados como técnica única ou
associados a vários graus de sedação e até
anestesia geral, para analgesia pós-operatória.
Ocorrem pela injeção dos anestésicos locais dentro • O bloqueio do nervo supraorbitário, quando
dos tecidos adjacentes aos nervos periféricos associado ao bloqueio do nervo supratroclear,
individuais ou aos plexos nervosos. propicia a anestesia da região frontal e ápice do
crânio.
• Praticamente todos os nervos periféricos podem
ser bloqueados com maior ou menor dificuldade. • Para bloquear o nervo supratroclear introduz-se
Esta técnica apresenta baixo custo, é pouco uma agulha fina debaixo da borda da órbita (ângulo
dolorosa, pode ser realizada ambulatorialmente e súpero-interno) e injeta-se de 1 a 1,5ml do
apresenta baixo risco de toxicidade pelo baixo anestésico local.
volume de AL geralmente empregado. • Para bloquear o nervo supraorbitário procura-se o
• Contraindicações absolutas dos bloqueios de forame supraorbital, situado a 2,5cm na linha média
nervos periféricos: (linha da pupila) na borda superior da órbita e
✓ Alergia injeta-se 1 a 1,5ml do anestésico local.
✓ Recusa verdadeira do paciente
✓ Infecção local
✓ Coagulopatia sistêmica grave
✓ Doença neurológica preexistente (doenças
demielinizantes)

• Contraindicações relativas: cardiopatas e


hepatopatas.
• Geralmente usam-se grandes volumes quando o
nervo é mal localizado ou quando se deseja
bloquear vários nervos. Portanto, deve-se usar
anestésicos com baixas concentrações nestes
casos.
• Não usar efedrina perto de vasos terminais, como • O nervo infraorbitário, ramo do nervo maxilar, é
dedos (anestesia troncular). exclusivamente sensitivo, apresentando-se como
• Observar o paciente pelo menos 30 minutos após uma continuação do nervo maxilar, e inerva a
o bloqueio, pois as concentrações máximas podem pálpebra inferior, asa do nariz e lábio superior.
ocorrer neste período. • Para ser bloqueado, é necessário identificar o
• Cuidar com o posicionamento do paciente forame infraorbitário, que é palpável numa
anestesiado, evitando lesões em extremidades, depressão 1,5cm abaixo da órbita, numa linha que
queimaduras, garroteamentos etc. passa pela pupila. Introduz-se uma agulha na parte
• Utilizar agulhas de ponta romba (bisel curto) para externa do forame (via pele ou via oral) e injeta-se
evitar lesões de nervos). 1,5 a 2 ml de anestésico local.
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Marcella Carvalho 2021.2

proximais dos componentes do plexo e muito


utilizado para proporcionar analgesia pós-
operatória. O volume de anestésico local, em
ml, é de aproximadamente 20% da altura do
paciente em centímetros. A punção pode ser
feita procurando-se parestesia ou com uso de
estimuladores de nervos periféricos na
depressão interescalênica.
✓ Via perivascular subclávia: maior risco de
pneumotórax
✓ Via infracavicular;
✓ Via perivascular axilar.
BLOQUEIOS DE BIER (ANESTESIA VENOSA REGIONAL)
• Consiste na injeção intravascular de anestésico
• O nervo mentoniano é um ramo do nervo
local em uma extremidade do corpo que se
mandibular, responsável pela inervação da região
encontra separada do resto da circulação sistêmica
mento e lábio inferior. Para seu bloqueio, é
por um garrote.
necessário traçar-se uma linha perpendicular da
comissura labial até a margem inferior da • Tem rápido início de ação e causa relaxamento
mandíbula e, na metade desta distância, injetar 0,5 muscular concomitante.
a 1 ml de anestésico perto do osso mandibular. • A duração do bloqueio é determinada pelo tempo
do garrote, e a sensibilidade é prontamente
restabelecida quando o garroteamento é desfeito.
• A lidocaína é a droga de escolha (lembrar sempre
da toxicidade dos anestésicos locais em injeção
intravascular.
• A dose recomendada é de 30mg/kg (40ml a 0,5%)
para membro superior e 50 a 100 ml a 0,25% para
membro inferior, ambas sem adição de epinefrina.
MÃO
• Bloqueios de mão são usados como
complementação de possíveis falhas ocorridas
com outras técnicas de bloqueios de plexo braquial
ou isoladamente, em casos específicos, nos quais
a área cirúrgica é restrita ao território de inervação
de um ou dois nervos, por exemplo: lesões
cortantes de extremidades, retirada de lesões etc.
• O bloqueio do nervo radial (nível do punho) é
• O nervo nasociliar, ramo do nervo oftálmico, realizado subcutaneamente com a injeção de 5 ml
quando bloqueado bilateralmente, anestesia o
de anest[esico local em hemipulseira no dorso do
dorso, cavidade anterior e septos nasais, exceto a
punho.
asa do nariz.
• O bloqueio do nervo mediano (nível do punho) é
BLOQUEIO INTERCOSTAL realizado com uma punção única perpendicular ao
• Técnica alternativa para cirurgias de parede bordo radial do tendão do músculo pequeno
abdominal e torácica, tendo como principal palmar. Injeta-se 5 ml de anestésico local após
vantagem a analgesia prolongada pós-operatória. parestesia, se não for conseguida parestesia injeta-
• Usado em cirurgias de mama, nódulos, drenagens se 100ml.
de abscessos, etc. • Para o bloqueio do nervo ulnar, palpa-se a artéria
• Pode ser realizado bilateralmente da sexta à ulnar e introduz-se uma agulha entre esta e o
decima segunda costela. tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Após
• Tem como fator adverso a necessidade de punções parestesia, injetam-se 4 ml de anestésico local e
múltiplas que causam certo desconforto ao complementa-se com 5 ml em hemipulseira.
paciente e como complicações possíveis o
DEDOS
pneumotórax, insuficiência respiratória, toxicidade
sistêmica dos anestésicos e hipotensão arterial. • As anestesias tronculares são muito utilizadas para
BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL pequenas suturas e procedimentos ungueais.
• Podem ser realizadas na extremidade distal dos
• Bloqueios do plexo braquial podem ser realizados metacarpianos ou pelo dorso da raiz dos dedos,
para procedimentos cirúrgicos em qualquer parte bilateralmente.
do membro superior. • A punção deve ser perpendicular à pele e passar
• As vias de abordagem podem ser: por todos os planos, até a face palmar.
✓ Via interescalênica: o plexo braquial está • Nunca usar anestésico local com epinefrina nestes
envolto pelas fáscias dos músculos escalenos bloqueios.
e fáscia pré-vertebral. Usado para bloqueios
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PÉS • Eletrodessecação: não é tão efetiva quanto a


eletrocoagulação. Equipamentos de menor custo.
• O bloqueio do nervo sural atinge a planta dos pés, Há mais necrose tecidual. A corrente não passa
dos dedos e calcanhares, geralmente associado ao através do paciente e, consequentemente, não
bloqueio do nervo tibial. A agulha deve entrar necessita de placa. Indicada para procedimentos
perpendicularmente à pele no meio da distância menos superficiais.
entre o maléolo lateral e o tendão de Aquiles, e
• Cautério de mão com bateria: relativamente barato,
deve ir ate o periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a
sendo indicado para procedimentos mais
10 ml de anestésico local.
superficiais. Gera muito calor e. muitas vezes,
• Bloqueia-se o nervo tibial introduzindo a agulha causa mais evaporação dos vasos e tecidos do que
perpendicular à pele na metade da distância entre hemostasia diretamente.
o maléolo medial e o tendão de Aquiles até o
• Ligadura de vasos: vasos que continuam
periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a 10 ml de
sangrando após coagulação, especialmente
anestésico local.
arteríolas ou artérias, devem ser ligados. Mais
frequentemente são utilizados fios de sutura
7. Técnicas e materiais hemostáticos absorvíveis de calibre 3-0 ou 4-0. Vasos são
• A hemostasia tem o objetivo de evitar ou estancar comumente ligados e amarrados diretamente com
o sangramento. Uma boa hemostasia ultrapassa o uma sutura circundando o mesmo.
ato cirúrgico, impedindo a perda excessiva de Vasos pequenos → cauterização
sangue, propiciando melhores condições técnicas Vasos grandes ou médios → ligadura
e aumentando o rendimento do trabalho. • Suturas: sutura no plano profundo com fio
• No pós-operatório, a mesma favorece a evolução absorvível diminui os espaços mortos e reduz a
da ferida cirúrgica, evitando a infecção, pois o possibilidade de sangramento. É preferível à sutura
hematoma funciona como um verdadeiro meio de superficial, que pode resultar em necrose e marcas
cultura para as bactérias; isto afasta a necessidade dos pontos.
de reoperação para a drenagem de hematomas e • Curativos: os compressivos são mais hemostáticos.
de abscessos. Atenção nas extremidades em que possam resultar
• A hemostasia pode ser temporária ou definitiva, hipóxia e necrose. Descoloração, disestesia e
preventiva ou corretiva. O método por pinçamento desconforto são sinais de alerta.
é cruento e temporário, podendo transformar-se em Cautério: vaso pequeno
definitivo por ligadura, cauterização ou angiotripsia. Amarrar: vaso maior
Suturar: vaso importante
Avaliação pré-operatória:
• História prévia de sangramento durante
Medidas pós-operatórias
procedimento cirúrgico ou odontológico;
alcoolismo; necessidade de transfusões; uso de • Orientação ao paciente: equimoses são comuns e
medicações anticoagulantes. Solicitar hematomas incomuns. Edema também é comum,
coagulograma prévio. mas induração da área deve preocupar. As regiões
periorbitais, fronte, regiões malares e laterais do
Medidas pré-operatórias: pescoço comumente apresentam equimoses pós-
• Evitar ingesta de álcool 2 semanas antes e 1 após cirurgias. O sinal precoce de formação de
a cirurgia. hematoma é um edema no local da cirurgia que
• Suspender AAS 10 a 14 dias antes da cirurgia e 2 progride em minutos ou horas. Sangramento
dias após. continuado leva à saída de sangue pela ferida
• AINES devem ser interrompidos 3 a 4 dias antes e operatória.
2 dias após. • Suspeita de hematoma: se há suspeita dentro das
• Varfarina, se possível, deve ser suspensa 3 dias próximas horas após a cirurgia, a ferida cirúrgica
antes e 1 dia após o ato cirúrgico. deve ser comprimida, observando a presença de
induração ou saída de sangue entre a sutura. No
caso de dúvida, um ou mais pontos da sutura
Medidas intra-operatórias: devem ser retirados e a porção profunda da ferida
• Eletrocoagulação: eletrocoagulação unipolar ou deve ser examinada para verificar a presença de
bipolar é a maneira primária de hemostasia. sangue vivo ou coágulos.
Indicada em feridas cirúrgicas em nível dermo- • Hematoma imediato: hematoma precoce – caso
hipodérmico. A unipolar resulta em maior seja observado sangramento ativo, o campo
destruição tecidual local e há passagem da operatório deve ser preparado, com antissepsia
corrente através do corpo do paciente, requerendo prévia e sob anestesia a ferida deve ser aberta e
uma placa em contato com a pele do paciente em examinada. O hematoma organizado deve ser
local distante da cirurgia. Deve ser evitada em retirado e a ferida ser lavada com soro fisiológico
pacientes com marca-passo ou desfibriladores ou água estéril. O vaso com sangramento deve ser
cardíacos internos automáticos. A bipolar é mais eletrocoagulado ou ligado. (até 48)
precisa, ocorre menos necrose tecidual e é segura • Hematoma tardio: hematoma de aparecimento dias
em pacientes com marca-passo. Indivíduos com após a intervenção cirúrgica é menos comum e
desfibriladores cardíacos internos automáticos difícil de detectar. Se houver suspeita, fazer
continuam sendo de risco. aspiração com agulha. (após 48h)
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Marcella Carvalho 2021.2

• Hematoma no couro cabeludo: região ricamente • Aparelhos de eletrocoagulação e cauterização


vascularizada; induração é difícil de visualizar; térmica: na cauterização, o eletrodo quente é
pacientes podem queixar-se de cefaleia difusa, mal aplicado diretamente no tecido, causando
definida. destruição térmica localizada e mínima. A
• Sangramento difuso: sangramento ativo que eletrocoagulação é útil para destruição tecidual
aparece difusamente no pós operatório e persiste mais profunda e hemostasia cirúrgica.
por vários dias pode indicar uma disfunção das • Torniquetes: pode-se usar um dedo da luva.
plaquetas ou alteração da coagulação. Estes Corta-se a ponta do dedo de uma luva esterilizada
pacientes requerem avaliação hematológica, e enrola-se no sentido proximal. Caso haja
incluindo hemograma, RNI, tempo de protrombina necessidade de maior hemostasia, deve-se utilizar
e tempo parcial de tromboplastina; além de pinça hemostática, sando uma volta na borracha.
avaliação por hematologista. São empregados principalmente em cirurgia de
unha para promover hemostasia do campo pré-
INSTRUMENTOS E AGENTES HEMOSTÁTICOS operatório. [20 a 30 min. Corte com saída brusca
de sangue. Comprime e verifica pulso distal. +
• A hemostasia temporária pode ser executada, no mantêm compressão; - torniquetes]
decorrer da cirurgia, com instrumentos prensores, • Soluções hemostáticas: cloreto de alumínio a
dotados de travas, denominados pinças 35% em álcool isopropílico ou a 20% em etanol,
hemostáticas. solução de Monsel (subsulfato férrico), cloreto de
• Prendem a extremidade do vaso seccionado até ferro, bastões de nitrato de prata, adrenalina.
que a hemostasia definitiva seja feita, geralmente Soluções de Monsel e cloreto de alumínio são
por ligadura com fios. Na medida do possível, agentes hemostáticas comumente utilizados em
devem pinçar apenas o vaso, com um mínimo de pequenos procedimentos cirúrgicos como
tecido adjacente. barbirese e biópsia com punch. Deve-se aplicar
• Pinça de Kelly: difere da de Crile pelas ranhuras com cotonete, pressionando durante um a três
da sua parte prensora, que ocupa apenas 23 da minutos. Agem rapidamente. Ambos podem
sua extensão, com pequenas variações. Tamanhos retardar a cicatrização.
variam de 14 a 16cm, versões reta ou curva. • Curativos hemostáticos: são curativos oclusivos
• Pinça de Halsted: pinça hemostática pequena, de sob pressão, com bandagem ou faixas, utilizados
ramos prensores delicados, prestam-se muito bem com frequência para promover hemostasia. O
para pinçamento de vasos de menor calibre, pela curativo deve ser removido 48 horas após, evitando
sua precisão. Geralmente são utilizadas pinças de manobras bruscas para que não haja sangramento.
12cm, há uma variante denominada HATMANN- • Em situações de sangramento maior e fiduso,
HALTED que possui de 8 a 10cm. podem ser empregados hemostáricos tópicos,
• Pinça de Crile: possui ranhuras transversais em bioabsorvíveis, como esponjas de gelatina,
toda a extensão da sua parte prensora. Isto lhe esponjas de colágeno, celulose oxidizada,
confere utilidade também no pinçamento de colágeno microfibrilar e trombina. Medeiam a
pedículos, quando a pinça é aplicada lateralmente, agregação, a deposição e a ativação das
não sendo utilizada a extremidade. Por ser plaquetas, promovendo formação do coágulo.
totalmente ranhurada, não desliza, fixa-se bem às Devem ser removidos antes do fechamento da
estruturas que compõem o pedículo. Tamanhos ferida cirúrgica, devido ao risco maior de infecção
variam entre 14 e 16cm, nas versões reta ou curva. local.
• Pinça de Kocher: apresenta a face interna da sua Grampeamento
parte prensora totalmente ranhurada no sentido • É realizado através da sutura mecânica com
transversal. grampeadores automáticos.
- Diferem por • Os grampos metálicos de aço inoxidável, titânio ou
possuir “dente material absorvível são adotados em cirurgia
de rato”, o que pulmonar, vascular e gastrointestinal.
por um lado • Possui a vantagem de facilitar a hemostasia em
aumenta muito a territórios de espaços exíguos com rapidez e
sua capacidade mínima reação tecidual
de prender-se • Sua desvantagem ainda é o alto custo.
aos tecidos, por
outro, a torna Obturação
muito mais • É realizada através da aplicação de substâncias
traumática. exógenas na luz do vaso sangrante.
- São • São exemplos: as esponjas de gelatina, celulose
apresentadas oxidada e congêneres, usadas para combater
em tamanhos hemorragias difusas e que agem aderindo-se
variados, retas firmemente ao local, provocando obstrução
ou curvas. mecânica.

COMPLICAÇÕES: os pequenos hematomas serão


tratados com compressas frias, enquanto os
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Marcella Carvalho 2021.2

hematomas maiores serão drenados através da na diferenciação entre os processos benignos e


lavagem da ferida cirúrgica com soro fisiológico estéril. malignos.
Curativos compressivos fazem-se necessários até a ➔ Imprint: o material obtido resulta da compressão
sua absorção. de lâminas sobre a superfície de corte da lesão, ou
A formação de abscesso inicia com eritema, edema, da lesão sobre as lâminas, sendo mais usado para
hipersensibilidade local e dor persistente, evoluindo o estudo citológico.
com calor e pustulização, posteriormente
• A citologia é um recurso empregado para o
acompanhado de sinais e sintomas infecciosos como
diagnóstico e também para o controle de
linfadenopatia, febre e calafrios. Necessita de
determinados tratamentos. Utiliza-se secreção
antibioticoterapia sistêmica e drenagem com
vaginal; urina; escarro; lavado esofágico, gástrico,
cicatrização por segunda intenção. Pode resultar em
brônquico, colo e reto; aspirado duodenal;
deiscência de sutura, isquemia, necrose e cicatriz,
cosmeticamente desagradável. Instrumento Procedimento Tempo Finalidade Escolha
8. Biópsia empregado técnico cirúrgico da biópsia da
amostra
• A biópsia é um procedimento técnico cirúrgico para
a retirada de células ou fragmentos de tecidos para Agulha, Punção, Pré- Investigação Amostra
o exame da natureza de alterações nele existentes. aspirador incisão, operatório Diagnóstico única
Pode ser empregada para investigação, Lâmina bisturi excisão, Peroperatório Terapêutica Mais de
diagnóstico, tratamento e prognóstico. Cureta curetagem, Pós- Prognóstico uma
Punch punch, shave operatório amostra
• Requer material adequado, treinamento
Shave tesoura
apropriado, indicação correta e execução
exsudato pleural, peritoneal, pericárdico e articular.
detalhada. Ara aumentar as chances de sucesso,
O material recolhido é colocado sobre a lâmina; faz-
devem-se observar as normas técnicas para coleta,
se o esfregaço e fixa-se; no laboratório é corado e
acondicionamento, transporte e processamento da
realizado o exame microscópico.
amostra.
• O fornecimento de dados precisos ao laboratório e
Princípios Básicos
a boa comunicação com o patologista facilitam a
interpretação do resultado, influenciando a conduta • O fator prioritário é conseguir melhorar a amostra.
e a programação subsequente. • É fundamental preparar o paciente para o
• Uma biópsia é recomendada na suspeita de procedimento, orientando os possíveis benefícios e
doenças que provoquem alterações morfológicas intercorrências do ato cirúrgico. Incluir informações
nos tecidos afetados. Suas indicações incluem: relativas à anestesia, curativos, analgesia, retirada
- Diagnóstico específico ou compatibilidade com determinada de pontos e revisão do caso.
doença.
- Diagnóstico diferencial por exclusão de outras patologias.
- Estabelecimento de grau de diferenciação de tumores.
- Avaliação da extensão de uma neoplasia.
- Verificação da ressecção total de uma lesão.
- Avaliação e controle do resultado de um tratamento.
- Investigação do funcionamento normal de certos tecidos ou
órgãos.
- Identificação da etiologia.
- Avaliação do comportamento de doenças de evolução
progressiva.
- Aferição da presença e intensidade de rejeição em órgãos
transplantados.
- Programação e planejamento de cirurgia.
• Os métodos de diagnóstico rápido são usados
principalmente em patologia cirúrgica para
diagnóstico peroperatório, auxiliando a tomada de
decisão terapêutica.
• As principais técnicas empregadas são: biópsia por
congelação, esfregaço e imprint.
➔ Biópsia por congelação: o fragmento obtido é
congelado para provocar seu endurecimento e Escolha da biópsia
facilitar o corte, através de micrótomo de • O método de escolha varia de acordo com o órgão
congelação tradicional ou criótomo. alvo, com o tamanho da lesão, com a suspeita
➔ Esfregaço: o fragmento é obtido através de clínica e com as características do paciente.
raspagem grosseira da lesão com lâmina. A porção • Quanto à região cutânea a ser biopsiada, nas
mais fina é utilizada para estudo de células erupções generalizadas, preferir tórax, braços e
coxas. Joelhos e cotovelos devem ser evitados,
isoladas, e a porção mais espessa para avaliar
sempre que possível, por se tratar de áreas de
fragmentos da lesão. Durante a cirurgia, auxilia tensão.
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Marcella Carvalho 2021.2

• Evitar também biópsias em regiões inguinais e SOLUÇÃO DE MICHEL Transporte de material


axilares, que são áreas mais colonizadas e que será submetido à
propensas à contaminação. coloração por
• Palmas a plantas costumam ser poupadas pela imunofluorescência
dificuldade de aproximação dos tecidos na sutura.
SOLUÇÃO SALINA A 0,9% Indicado para o exame de
• A área pré-esternal, braços e articulações merecem
congelação ou também
cautela pela maior incidência de queloides. E, por
para o transporte de
razões estéticas, evita-se a face.
material em que se
• Nas lesões pequenas, realizar exérese total. Nas
lesões grandes, biopsiar a borda abrangendo pretende realizar cultura
tecido doente e sadio. Eventualmente, pode ser microbiológica.
necessário realizar biópsia da lesão e biópsia da
pele são em área simétrica, para possibilitar a • Pós-operatório:
interpretação de determinadas afecções. - Complicações de biópsias, embora infrequentes,
• Linfonodos e tumores subcutâneos devem ser podem ocorrer e devem ser previamente discutidas
retirados por inteiro. com o paciente. Entre elas, verificam-se edema,
- Nas lesões hipocrômicas: retirada de tecido do tecido sadio e hipoestesia, discromia, hematoma, cicatriz e
doente; infecção.
- A retirada de pontos depende da localização:
- Lesão vesicobolhosa: retirar a bolha;
cerca de 5 dias para a face e após 7 a 14 dias em
- Lesão hipercrômica: tirar a lesão completamente se for pequena. lesões de tronco.

Classificação Biópsias de pele


• A biópsia pode ser classificada quanto ao Biópsia excisional: é a retirada total da lesão a ser estudada,
instrumento empregado, procedimento técnico, incluindo a pele em toda a sua espessura. Na maioria das vezes
tempo cirúrgico, finalidade e escolha da amostra. também é terapêutica. As principais indicações são lesões com
bordas ativas em expansão; lesões atróficas, escleróticas ou
bolhosas; lesões que acometem a hipoderme ou o subcutâneo e
Detalhes técnicos comuns suspeita de melanoma. Todas as lesões supostamente malignas,
• Pré-operatório na medida do possível, devem ser submetidas à excisão cirúrgica
• Transoperatório: completa com margem de segurança.
- Opções de anestesia → os anestésicos injetáveis Biópsia incisional: é a retirada de uma parte da lesão ou de um
mais usados são a base de lidocaína (0,5 a 2%), órgão. O material fornecido por este procedimento pode ser
com ou sem vasoconstritor. A adrenalina reduz o insuficiente para distinguir as neoplasias invasivas. As principais
sangramento, aumenta a duração do efeito indicações são no estudo de músculos, nervos, ossos, tecido
anestésico e facilita o ato cirúrgico. subcutâneo e processos inflamatórios ou infecciosos disseminados
- Opções de técnicas → a técnica será a menos da pele ou de outros órgãos. A retirada do fragmento deve englobar
traumática possível para se alcançar o objetivo tecido doente (borda) e tecido sadio. Complicações incluem
desejado. infecção da ferida, hemorragia per ou pós-operatória, distúrbios de
- Opções de fixadores → o espécime será colocado cicatrização e possibilidade de disseminação local de células
em frasco devidamente identificado, contendo o tumorais.
fixador ou meio de transporte específico.
Biópsia por punch: recurso para diagnóstico, podendo ser
também terapêutico nas lesões pequenas e superficiais. É um
FIXADOR OU MEIO DE INDICAÇÃO
instrumento tipo saca-bocado, constituído por cabo e borda circular
TRANSPORTE cortante. A execução deste tipo de biópsia é fácil e rápida. A área
FORMOL A 10% (FIXADOR Sua quantidade deve ser biopsiada deve estar totalmente acometida pela lesão. Na amostra
UNIVERSAL) de 10 a 20 vezes o volume única, deve-se escolher uma lesão bem desenvolvida. Nas
do fragmento retirado. O erupções em processo evolutivo, ou que apresentem diversidade
tempo de fixação depende de lesões, está indicada a coleta de várias amostras devidamente
da espessura do material. identificadas. Está contraindicada em áreas sobre artérias, como
Deve ser evitado na sobrancelhas e região nasolabial, sendo inadequada para doenças
pesquisa de melanócitos do tecido adiposo e lesões pigmentadas suspeitas de melanoma.
pela coloração DOPA Biópsia por shave: é a retirada da porção de pele elevada, acima
do plano do tecido adjacente, entre a camada papilar profunda da
GLUTARALDEÍDO A 3% Utilizado para microscopia derme e a camada médio-reticular, através da utilização de
eletrônica instrumento estéril cortante descartável como lâmina de bisturi ou
NITROGÊNIO LÍQUIDO Transporte de material lâmina de barbear. Está indicada para a obtenção de fragmentos ou
que será submetido à mesmo a remoção de lesões epidérmicas benignas, de crescimento
coloração para enzimas. exofítico, como ceratose seborreica, verrugas vulgares, alguns
nevos melanocíticos. Não é adequado na avaliação de doenças
inflamatórias da pele, neoplasias que clinicamente parecem infiltrar
a derme e lesões pigmentares.
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Marcella Carvalho 2021.2

Biópsia por curetagem: é a retirada de lesões superficiais


benignas através da raspagem local. É empregada para diagnóstico
9. Manejo das afecções benignas de pele
ou tratamento. Quanto mais friável o tecido, mais fácil o
procedimento. Está indicada para a remoção de molusco • Pré-operatório: sanar dúvidas do paciente;
contagioso, verruga, mílio, ceratose seborreica e ceratose actímica. explicar o procedimento; verificar histórico (história
Sua principal vantagem é rapidez, entretanto, o material obtido para medicamentosa, doenças prévias, tabagismo,
o exame histopatológico geralmente é fragmentado e deformado. etilismo, alergias...); termo de consentimento.
Biópsia por tesoura: é uma variante da técnica do shave e está • Pós-operatório: instruções claras ao paciente;
prescrição de analgesia; riscos
reservada para lesões pediculares benignas, como lesões
polipoides ou verrugas filiformes. O material fornecido é superficial • Fisiopatologia da cicatrização de feridas
para a investigação de malignidade. superficiais
• Formas de cicatrização:
Biópsia por punção: é a retirada de líquido ou fragmento de tecido - Por primeira intenção: é o que acontece quando
através de agulha fina ou calibrosa, de forma manual ou automática. os tecidos são repostos em posição como nas
A sensibilidade, a especificidade e a acurácia diagnóstica deste incisões cirúrgicas suturadas; quando há
método dependem da experiência do profissional que colhe e significante perda de células e os tecidos são bem
daquele que interpreta o material. Punções com agulhas podem ser fechados e sem “espaço morto”, que é uma falha
guiadas por palpação, ultrassom, estereotaxia, TC ou RNM. de contato;
- Punção por agulha fina: exame citológico para a - Por segunda intenção: quando as bordas de uma
análise de células ou grupos de células de líquidos ferida não são, ou não podem ser aproximadas,
de lesões císticas ou de cavidades corporais e, com como ocorre, por exemplo, nas perdas de
menor frequência, de lesões de órgãos substância acidental, após grandes processos
intracavitários. Tireoide, mama inflamatórios ulcerativos ou nas úlceras de
decúbito; sendo que este processo de cicatrização
- Punção com agulha calibrosa ou especial: exame
é mais demorado e também mais suscetível a
histológico de material retirado de órgãos
complicações.
intracavitários e, em menor frequência, de órgãos
- Há autores que consideram, ainda, a cicatrização
superficiais.
por terceira intenção, nos casos de ressuturas de
tecidos granulados, e a por quarta intenção, nos
Agulha manual: cope – pleura casos de enxertia cutânea.
• Técnica cirúrgica: a manipulação da pele por
Agulha automática: tru cut – rins, fígado causa da inexperiência e do uso de instrumentação
Biópsia de unha: é indicada para a investigação de psoríase, inapropriada pode levar à formação de crostas,
líquen plano, infecções fúngicas atípicas, distrofias ungueais de descamação da pele, desvitalização do tecido. A
causa desconhecida, neoplasias e remoção de tumores do aparelho escolha do instrumento cirúrgico vai minimizar o
ungueal. Tem a vantagem de esclarecer o diagnóstico das doenças dano não-específico da pele. A cirurgia a laser, a
ungueais; porém pode causar deformidade permanente da unha. eletrocirurgia, a criocirurgia e o peeling químico são
Biópsia de couro cabeludo: é indicada para a investigação de técnicas indispensáveis, mas também produzem
foliculites, pseudofoliculites, alopecia areata, alopecia androgênica quantidades variáveis de injúria não-específica na
e alopecias cicatriciais, especialmente causadas por lúpus pele. As proteínas desnaturadas e os debris
eritematoso, pseudopelada, foliculite decalvante e síndrome da necróticos prolongam o estágio de inflamação de
degeneração folicular. A biópsia deve incluir pelo e amostra de pele feridas. A cirurgia com o uso de bisturi minimiza o
até subcutâneo, sendo realizada através de incisão por bisturi ou, dano à pele e deve ser considerada sempre que
mais frequentemente, por punch 4mm. possível.
• Fatores que afetam a cicatrização: infecção
Biópsia de mucosa: indicada para a investigação de líquen plano,
bacteriana; radioterapia; uso de medicamentos;
paracoccidiodomicose, pênfigos, leucoplasia, eritroplasia de
localização; dessecação.
Queyrat, papulose bowenóide e neoplasias. A vantagem é
• Possíveis complicações: dermatite de contato;
esclarecer o diagnóstico específico da lesão da mucosa. A principal
dermatite seborreica; granulação tecidual
desvantagem é o perigo de hemorragia.
exuberante; cicatrizes hipertróficas e queloides.
Biópsia de músculo: indicada para a investigação de • Avaliação da cicatrização: presença de
dermatomiosite, fascite eosinofílica, polimiosite tropical, doenças transudato (substância altamente fluida, que
neuromusculares, miopatias e distrofias primárias ou secundárias a extravasa os vasos sanguíneos e possui pouco
doenças endócrinas, genéticas, drogas, vasculites etc. A conteúdo de proteínas, células e derivados
apresentação clínica aponta o músculo que apresenta sinais de celulares) ou exsudato (material fluido, formado por
enfraquecimento e atrofia, sendo a biópsia precedida de estudo células e/ou debris celulares, que escapam de um
eletromiográfico ou RNM. Em doenças de progressão lenta, vaso e depositam-se nos tecidos ou superfícies,
escolhe-se um músculo moderadamente comprometido, e em normalmente como resultado de um processo
doenças de progressão rápida, escolhe-se o mais comprometido. inflamatório).
Em geral, retira-se o ventre muscular. Vantagem é o diagnóstico,
desvantagem de sangramento e desenvolvimento de hérnia O exsudato supurativo ou purulento é um líquido composto
muscular. por células (leucócitos) e proteínas, produzidas por um
processo inflamatório asséptico ou séptico.
Biópsia de nervo O exsudato fibrinoso é o extravasamento de grande
Biópsia de linfonodo quantidade de proteínas plasmáticas, incluindo o
fibrinogênio e a precipitação de grandes massas de fibrina.
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Marcella Carvalho 2021.2

• A cor na avaliação das feridas pode ser: numerosas, medem de milímetros a centímetros; e podem
✓ Avermelhada: pode indicar a impedir a marcha normal, pelo desconforto e dor.
predominância da fase inflamatória;
✓ Rosada: presença de tecido de
granulação;
✓ Amarelada: presença de fibrina que faz
parte da composição dos tecidos
desvitalizados.
Observação: - Diferença entre pápula, nódulo e mácula.
• Pápula = <1cm; Nódulo = entre 1 e 3 cm; Mácula = >3
cm;

Verrugas Tratamento: uma técnica que não cause cicatrizes na planta


dos pés, que podem ficar dolorosas por anos, deve ser usada.
• São infecções localizadas, produzidas pelo
subgrupo papova, cujo vírus é auto-inoculável, - A terapia combinada com o uso de ácido salicílico, ácido
mas não foi cultivado até o momento, incidindo lático, em colódio elástico deve ser precedido do uso de uma
mais usualmente em crianças. lâmina ou lixa para aparar a verruga, a após a aplicação, deixar
• Nas verrugas, as células proliferam formando ocluída com esparadrapo.
uma massa que permanece confinada à - Aplicação de imiquimod em creme, com oclusão após o
epiderme, podendo em alguns casos esta desbridamento da verruga, intercalando com ceratolíticos e
massa protruir para baixo e deslocar a derme. crioterapia com intervalos de 2 semanas, apresenta bons
• As verrugas apresentam morfologia variada, resultados.
dependente da localização. - Vários lasers estão disponíveis para tratar verrugas
• Tipos de HPV (vulgar): 1, 2, 4, 7, 27 e 57 resistentes, o procedimento é dispendioso e pode ser
doloroso.
→ Verruga vulgar: pápulas ceratósicas de superfície rugosa, → Verruga plana: pápulas pouco salientes, de superfície
medindo alguns mm de diâmetro, em número variável, plana, como milímetros de diâmetro, numerosas, rosadas,
situadas em qualquer região do corpo, porém mais frequentes marrom-claras ou amarelas-claras, localizadas em geral na
no dorso das mãos; às vezes dispõem-se em torno da unha ou face e no dorso da mão em adolescentes, e na parte inferior
no leito ungueal. das pernas em mulheres.

Tratamento: tratamento conservador.


- Nas lesões múltiplas deve-se utilizar ácido retinóico 0,05%
creme à noite durante 3 a 5 semanas; imiquimod em creme
com aplicações diárias 3 vezes por semana, ou 5-flouracil
aplicado em noites alernadas.
- Para lesões individuais, aplicar ácido tricloroacético a 30% ou
crioterapia usando um cotonete. Eletrofulguração com carga
baixa também pode ser usada.
Tratamento: algumas lesões sofrem resolução espontânea, → Verruga filiforme: consistem de poucas ou várias
outras necessitam de várias sessões. A escolha do tratamento projeções digitiformes, cor da pele, emanando de uma base
deve ser sempre conservador. estreita ou ampla, localizadas em torno da boca, dos olhos e
- As preparações com ácido salicílico a 25%, ácido lático a 20% da asa do nariz.
com aplicações diárias e o uso do ácido nítrico fumegante com
aplicações semanais apresentam bons resultados.
- O imiquimod em creme aplicado oclusivo à noite e a remoção
da queratina pela manhã com uma lixa ou pedra-pomes é outra
opção terapêutica.
- O uso de eletrocoagulação e a curetagem, bem como
crioterapia com nitrogênio líquido, são efetivas no tratamento,
mas podem deixar cicatrizes ou discromia.
→ Verruga plantar: são pápulas que, devido à localização,
crescem para dentro; em geral são assimétricas e pouco
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Marcella Carvalho 2021.2

Tratamento: possuem base estreita, podem ser cortadas com • O aparecimento súbito de muitas destas placas é o
uma tesoura curva e a hemostasia com a eletrocoagulação. chamado sinal de Leser-Trelat; isto pode ser um
→ Verruga genital ou condiloma acuminado: lesões sinal de câncer visceral.
vegetantes, porém não-ceratósicas, úmidas, isoladas ou
agrupadas, com aspecto de couve flor, atingindo, às vezes,
proporções gigantescas; localizam-se na área genital e
perigenital, geralmente em pessoas adultas. Pode haver
acometimento da mucosa uretral, retal ou vaginal.

• Tratamento: normalmente, a excisão das


ceratoses seborreicas é feita para fins cosméticos
Tratamento: ou para eliminar a fonte de irritação da pele. É um
- Aplicação de podofilina a 25% em tintura de benjoim, procedimento simples, podendo ser realizado com
enxaguar após 6 horas, 1 aplicação por semana; shaving, eletrocoagulação ou crioterapia.
- ou 5-flourouracil 3x por semana;
- ou imiquimod em creme 1x ao dia. Corno cutâneo
- Crioterapia com nitrogênio líquido com intervalos de 2 a 3 • É uma projeção dura e crônica composta de
semanas, eletrocirurgia e vaporização a laser com CO2, Nd- queratina e lembrando o corno de um animal.
YAG laser também apresentam bons resultados. • Ocorre na face, nas orelhas e nas mãos, e pode
tornar-se muito longo.
• As verrugas, a ceratose actínica e carcinoma
Epidermodispladia verruciforme epidermoide podem reter queratina e produzir
• Clinicamente lembra a verruga plana, mas as cornos.
lesões são em maior número, têm início na infância • Pode crescer acima de uma lesão cancerosa.
devido a incapacidade de controlar os papilomas
vírus. Algumas delas tornam-se carcinomas
espinocelulares, sendo que o HPV5 possui elevado
potencial oncogênico.

• Tratamento: excisão com tesoura, excisão e


sutura, e crioterapia.

Acrocórdones
• Começam como uma pequena excrescência oval,
marrom ou cor da pele, aderida por um pedículo
curto, largo ou estreito.
• Tratamento: retinoides sistêmicos, interferon, • São encontrados com mais frequência e em maior
crioterapia, laser de CO2. número em indivíduos obesos.
• A área mais frequentemente afetada é a axila,
seguida do pescoço e da região inguinal.
Ceratose seborreica
• São placas superficiais, céreas, marrom-escuras e
tamanhos variados, facilmente removidas. São
geralmente ásperas, podendo ser lisas em áreas de
atrito, como pregas cutâneas e cintura.
• Quando irritadas, podem adquirir tonalidade
avermelhada, ou escuro, e tornarem-se
pruriginosas.
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Marcella Carvalho 2021.2

• Tratamento: os pedículos são removidos por


excisão com tesoura ou com a eletrocirurgia.

Dermatofibroma
• Nódulo dérmico hiperpigmentado nas pernas, em
geral resultante de pequeno traumatismo ou de
picada de insetos.
• As lesões são endurecidas, elevadas, e geralmente
assintomáticas.
• Adquirem sua cor pela captação de melanina e • Tratamento: eletrodessecção e curetagem, para
hemossiderina pelos macrófagos dérmicos, assim lesões pequenas, e a excisão e a sutura para
como pela proliferação vascular. tumores grandes são efetivas. Pacientes com
• Na patologia, encontramos aumento da fibrose múltiplas lesões podem ser tratados com
dérmica e histiócitos e vasos esclerosados. isotretinoína oral na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg/dia,
durante 8 semanas. Os que recorrem após a
excisão cirúrgica ou aqueles em que a ressecção
resultaria em deformidade cosmética podem se
beneficiar da radioterapia.

Nevos melanocíticos
• São neoplasias benignas adquiridas ou congênitas,
de grande prevalência. São classificadas em
juncional, dérmico e compostos:
✓ Juncional → as células névicas localizam-
se no nível da camada basal da epiderme
• Tratamento: são encontradas mais comumente na ✓ Dérmico → no nível da derme
parte inferior das pernas, onde excisão e sutura ✓ Composto → há os dois aspectos na
podem resultar em cicatrizes antiestéticas. Uma mesma lesão.
das alternativas é fazer o shaving superficial, • Os de junção são geralmente maculosos, pouco
deixando cicatrizar por segunda intenção. A papulosos, porém de superfície lisa e sem pêlos, de
criocirurgia conservadora também pode eliminar o cor acastanhada com tendência para o negro; os
pigmento e parte do tumor. Em outras regiões do nevos palmares, plantares, genitais, de mucosa
corpo, a excisão e a sutura estão indicadas → são em geral os de junção e são os mais frequentes
estudo anatomopatológico quando não houver na infância.
certeza do diagnóstico. • Os nevos
intradérmicos em geral são
da cor da pele ou
Ceratoacantoma discretamente
acastanhados, com
• Tumor epitelial benigno de etiologia desconhecida. aspecto hemisférico, e
É uma doença do idoso (idade média 64 anos). quase sempre com alguns
Pode sofrer involução espontânea, mas se pêlos discretos; às vezes
assemelha do ponto de vista clínico e histológico ao há telangiectasias, sendo
carcinoma epidermoide. próprios dos adultos. Outro aspecto morfológico
• A lesão inicia-se por mancha eritematosa que se exclusivo dos adultos diz respeito a apresentarem
transforma em cúpula, da cor da pele, tendo na lesões pedunculadas ou polipoides, como saco
parte central uma rolha ceratósica. enrugados de aspecto idêntico ao fibroma mole.
• Tem como característica seu rápido crescimento • Os nevos compostos geralmente são
em algumas semanas. discretamente elevados e mais pigmentados do
• Pode ocorrer em qualquer superfície cutânea, que os intradérmicos, possuindo superfície
entretanto, os membros (particularmente as mãos papilomatosa.
e os braços) são a localização preferencial seguida • Algumas vezes os nevos podem sofrer alterações,
do tronco. devendo ser avaliados com frequência usando
• Incidência maior em imunodeprimidos. estes indicadores de malignização:
• A síndrome de Muir-Torres é uma genodermatose - Sensação de prurido
autossômica dominante rara onde existe a - Alteração do tamanho da lesão
presença do tumor de glândulo sebácea e - Alteração na superfície
ceratoacantomas, associado à neoplasia maligna - Inflamação
interna mais comumente de origem colorretal ou - Ulceração
geniturinário. - Sangramento
- Derrame de pigmento além das bordas da lesão (sinal de
Hutchinson).
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Marcella Carvalho 2021.2

• Nevo de ita: quadro caracterizado por hipercromia


• Tratamento: biópsia excisional. atingindo a área correspondente aos nevos látero-
braquial e supraclavicular posterior, portanto,
Observação: regra do ABCDE acometendo região escapular, deltóidea e
supraclavicular. Nestes dois casos, ocorre aumento
de melanócitos na derme.
• Nevo epidérmico: comumente usado para
descrever um grupo de hamartomas cutâneos
ligados por características clínicas e histológicas
comuns. Tomam várias formas, sendo geralmente
hipertróficos, verrucosos e hiperpigmentados.
Apesar de seu aspecto incomum e prurido
ocasional, geralmente são inócuos.
• Nevo sebáceo de Jadassomm: é um nevo
epidérmico linear numa área rica em glândulas
sebáceas. Ao nascimento, é plano e não têm pelos,
mas durante a puberdade torna-se hipertrófico e
amarelado à medida que as glândulas sebáceas
tornam-se maiores. Sem tratamento, muitos
desenvolver epiteliomas basaloides ou outros
tumores de anexos em seu estroma.
Hipercromias • Hiperplasia sebácea senil: aparece em indivíduos
• Aumento da pigmentação da pele, relacionada com idosos, que desenvolvem pequenas pápulas
o aumento da melanina ou dos melanócitos. amareladas agrupadas ao redor de um óstio
• Os lentigos são lesões hipercrômicas frequentes folicular na face.
que se caracterizam por manchas hipercrômicas • Siringoma: tumores dos ductos sudoríparos,
pequenas, de limites bem nítidos. São decorrentes compostos de pápulas dérmicas pequenas, firmes,
do aumenta da melanina na epiderme e da cor da pele, que ocorrem nas pálpebras inferiores,
elevação no número de melanócitos, existindo e menos comumente na testa, no tórax e no
duas formas, o lentigo juvenil, que surge entre os 2 abdome. Podem desenvolver-se em qualquer
e 5 anos de idade, com localização em áreas idade, mais frequentemente durante a terceira e
expostas ou não à irradiação solar; e o lentigo solar, quarta décadas.
que surge no adulto (a partir da quarta década) em • Xantelasma: placas amareladas, planas,
áreas expostas à luz solar. localizadas ao redor dos olhos. Tratam-se de
depósitos de colesterol e triglicerídeos na pele.
• Neoplasia vasculares: são comuns em defeitos
congênitos ou adquiridos.
- Nevus flammeus (lesões planas vinhosas
geralmente presentes ao nascimento, constituídas
de numerosos vasos dilatados e bem formado)
- Hemangiomas (hemangioma tuberoso é
constituído de proliferação capilar nas lesões
recentes e fibrose nas lesões antigas; o cavernoso
é constituído de largas cavidades, formada por
células endoteliais contendo sangue; a forma mista
está associada aos dois tipos de hemangiomas).
Cresce quando a criança tem de 12 a 15 meses, e
depois involui com 10 anos; tratamento se
• Tratamento: pode-se utilizar crioterapia com neve necessário com betabloqueador – Propanolol –
carbônica ou nitrogênio líquido; eletrofulguração fazer controle com ECG – risco de arritmia e inibe
com curetagem; cauterização química com ácido a angiogênese (2mg/kg). O hemangioma deve ser
tricloroacético a 30%; laser; e luz intensa pulsada. retirado cirurgicamente se alterar funções
Para manutenção do resultado, são utilizados fisiológicas.
cremes clareantes e fotoproteção sistemática e - Lago venoso (nódulos facilmente compressíveis,
efetiva. escuros e azulados que aparecem geralmente nos
lábios e orelhas de idosos)
• Ronofima: ocorre um grande aumento do nariz,
Outras lesões podendo ser de origem idiopática ou associado à
rosácea. Aberturas foliculares evidentes e
• Nevo de ota: quadro caracterizado por mancha
eritematoso, sendo descritos quatro variantes
hipercrômica intensa, algo azulada, que atinge a
(forma glandular, fibrosa, fibroangiomatosa e
pele inervada pelo trigêmeo e a esclerótica. As vias
actínica). Retira-se por estética pelo método shave.
aéreas superiores e íris também podem estar
comprometidas. Geralmente é unilateral. • Hidradenite supurativa: infecção localizada
recorrente das glândulas apócrinas, localizadas
com mais frequência nas axilas, mas também
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Marcella Carvalho 2021.2

observadas nas virilhas, região perineal e Tratamento: consiste na excisão e na sutura das lesões.
inframamária. As primeiras manifestações surgem → Mucocele: é um falso cisto da mucosa oral, causado pela
como nódulos eritematosos idênticos a furúnculos, obstrução de um ducto da glândula salivar secundária. A parede
mas logo a seguir cistos e fístulas de drenagem mostra inflamação com mucina no centro.
passam a predominas. Suor excessivo, infecção
bacteriana, deficiência autoimune também podem Tratamento: excisão e sutura; excisão com cicatrização por
contribuir para a doença, além do sexo feminino. Se segunda intenção; crioterapia; eletrocirurgia.
for abscesso drenar com bisturi 11; se ocorrer → Cisto mucoso digital: pequeno tumor mole, nas imediações da
febre, prescrever antibiótico. articulação interfalangiana distal, o qual surge a partir de elementos
sinoviais.
Tratamento: faz-se punção e infiltração de corticoide, 1 a 2 sessões;
Cistos
se não resolver, será necessário a intervenção de uma cirurgia de
• São lesões circunscritas classificadas pela mão.
natureza histológica de sua parede e de seu Lipoma
conteúdo.
→ Cisto epidermoide: é o mais • É um nódulo subcutâneo macio, arredondado ou
encontrado na face, atrás da orelha e lobulado, isolado ou múltiplo, de tamanho variado,
região superior do tronco. Elimina um constituído de células gordurosas maduras.
material fétido e cascoso do seu interior • Os locais de predileção incluem pescoço, tórax,
por um orifício central, que é um folículo antebraço, coxas e nádegas. Quando localizado na
piloso. Se houver inflamação, é região frontal ou temporal podem ser
recomendável fazer antibioticoterapia submusculares.
sistêmica antes da cirurgia.

Tratamento: exérese, sendo importante


remover a pele com o orifício central e toda a cápsula do cisto.
→ Mílios: são pequenos cistos superficiais que aparecem ao redor
dos olhos. Também surgem como sequelas de queimaduras e de
doenças bolhosas ou após complicações de peeling químico ou
dermabrasão. É um pequeno cisto epidermoide. • Tratamento: incisão e enucleação.

10. Câncer de pele


• O câncer de pele não-melanoma, especialmente o
carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma
epidermoide (CEC), é a neoplasia maligna mais
frequente em nosso país.
• O melanoma apresenta baixa incidência, porém
com letalidade significativa.

Carcinoma Basocelular
• É o câncer de pele mais comum, sendo o fator
etiológico mais importante a exposição crônica aos
Tratamento: podemos fazer incisão com o bisel de uma agulha e a raios ultravioleta; consequentemente, áreas mais
expressão do conteúdo. expostas, como cabeça e pescoço, são os locais
→ Cisto triquilemal: são duros e geralmente encontrados no mais acometidos.
couro cabeludo. Apresenta tendência a calcificar e a parede cística • O CBC é uma neoplasia maligna de células
simula a área triquilemal do folículo piloso, que forma ceratina sem epidérmicas, que apresenta crescimento lento e
achatamento das células ou da camada granulosa. invasibilidade local, ocorrendo principalmente em
Tratamento: a excisão e a sutura. pessoas de pele clara.
• A morbilidade do CBC está relacionada a sua
→ Cisto dermoide: é uma lesão congênita, geralmente estando capacidade de invasão tecidual, que ocorre que
presente no terço médio da face ou nas estruturas gonadais. forma tridimensional, sendo por vezes irregular,
Localizado ao redor das fendas embrionárias, região orbitária e principalmente em lesões com caracteres de
sacrococcígea. Sua cápsula é formada pela epiderme e anexos agressividade; metástase a distância é um evento
rudimentares. Podem conter todos os componentes epidérmicos, extremamente raro.
dérmicos e anexiais, e, ainda, osso, cartilagem, dentes e pêlos.
• O indivíduo que já apresentou CBC tem um risco
Tratamento: exérese a cicatrização por segunda intenção. maior de apresentar outra lesão.
→ Esteatocitoma: são os cistos sebáceos verdadeiros, ocorrem • O tipo mais frequente é o nodular, benigno, pápula
com mais frequência como lesões múltiplas, sendo de herança brilhante com telangiectasia.
autossômica dominante. São cistos amarelos, pequenos e
amolecidos, localizados na cabeça, tronco e genitália.
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Marcella Carvalho 2021.2

• O tipo mais letal é o esclerodermiforme, feridas Carcinoma epidermoide


que não cicatrizam (o normal é cicatrizar em até 14 • O carcinoma epidermoide cutâneo primário (CEC)
dias). é uma neoplasia maligna originada dos
queratinócitos ou de anexos cutâneos,
apresentando invasibilidade local e também
potencial metastático.
• É a segunda forma mais comum de câncer de pele,
apresentando estreita relação com o dano crônico
causado pelos raios ultravioleta, ocorrendo
também em áreas de radioterapia ou úlceras
crônicas, onde se comportam de forma mais
agressiva.
• Verrucoso, maior chance de ser benigno; ulcerado,
mais chance de dar metástase.
• Invasão vascular ou linfática.

Curetagem e eletrocauterização → baixo custo e de execução


simples, mas não permite o exame anatomopatológico para a
avaliação das margens, apenas para o diagnóstico.
Lesões não-agressivas menores que 1 cm, em locais de baixo risco
e sem características histológicas de agressividade.
Remoção através da cureta; eletrocauterização para hemostasia;
repete três vezes e o defeito cirúrgico cicatriza por segunda
intenção.
Crioterapia → nitrogênio líquido; duplo ciclo de congelamento e
descongelamento. Curetagem e eletrocauterização → alto índice de cura para
CBC pequeno e de baixo risco, evitar em lesões recorrentes. lesões bem pequenas, bem diferenciadas em áreas fotoexpostas.
Excisão cirúrgica → técnica mais utilizada; requer a remoção de Não é indicada para tumores recorrentes ou com características de
uma margem de tecido normal ao redor da lesão; o tecido é enviado agressividade.
para análise histopatológica, confirmação diagnóstica e avaliação Não permite a avaliação histológica de margens cirúrgicas.
das margens.
Crioterapia → reservada para casos pequenos e não-agressivos,
Importante a demarcação prévia da lesão e de suas margens principalmente em pacientes idosos ou com comorbidades
cirúrgicas. A lesão é removida com a inclusão de tecido subcutâneo importantes.
e em casos com invasão de estruturas profundas (cartilagem e
músculo, p. ex.), estes tecidos devem ser incluídos. MARGENS Excisão cirúrgica → tratamento de escolha para a maioria dos
4MM PARA LESÕES PRIMÁRIAS NÃO-AGRESSIVAS (menores CEC; permite uma avaliação histológica mais adequada, para
que 2 cm; nodular); 6 A 10 MM PARA LESÕES RECORRENTES diagnóstico e margens.
OU AGRESSIVAS (maiores que 2cm, recidiva). MARGEM CIRÚRGICA PARA LESÕES NÃO AGRESSIVAS
Cirurgia micográfica de Mohs → remoção da lesão pelo MENORES QUE 2CM DE DIÂMETRO É DE 4MM; TUMORES
mapeamento gráfico e pelo exame anatomopatológico MAIORES OU COM CARACTERÍSTICAS DE AGRESSIVIDADE
peroperatório por congelação de toda a margem periférica e DEVEM SER ABORDADOS COM MARGENS DE 6MM OU MAIS.
profunda da lesão (margem crítica). Cirurgia micográfica de Mohs → tratamento de CEC de alto risco
Tumores maiores que 2 cm, com características histológicas de Radioterapia → índices de cura comparáveis à excisão, porém o
agressividade, localizados em área de maior risco de invasão ou risco de uma lesão secundária ou recorrência de difícil tratamento
áreas onde a preservação tecidual seja importante para a devem ser considerados.
reconstrução e lesões recorrentes.
Indicação em pacientes sem condições cirúrgicas ou como terapia
Outros tratamentos → radioterapia e terapia fotodinâmica adjuvante em lesões com invasão perineural.
• O paciente tratado com CBC deve ser • O paciente tratado por CEC deve ser acompanhado
acompanhado a cada 3 meses no primeiro ano, a a cada 3 meses no primeiro ano, a cada 6 meses
cada 6 meses no segundo ano e anualmente por no segundo ano e anualmente por toda a vida, para
toda a vida, para a avaliação do local tratado e de a avaliação do local tratado, linfonodos regionais e
todo o tegumento cutâneo, pelo risco de novas de todo o tegumento cutâneo, pelo risco de novas
lesões. lesões.
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Marcella Carvalho 2021.2

Melanoma
• O melanoma é uma neoplasia maligna dos
melanócitos, originando-se, na maioria das vezes,
na pele, embora possa ocorrer em mucosas ou
outras áreas.
• Apresenta alta capacidade de invasão e
disseminação, resultando em grande potencial
metastático. • O paciente deve ser acompanhado não só por uma
• O mais comum é o disseminativo superficial. possível recorrência, mas também pela
Raro acral lentiginoso. possibilidade do desenvolvimento de um segundo
melanoma primário.
• Os pacientes devem ser submetidos a um exame
clínico completo, com atenção especial às cadeias
linfonodais suspeitas, sendo avaliados a cada
trimestre no primeiro ano, semestralmente no
segundo ano e, após, uma vez por ano.

Biópsia → as lesões suspeitas de melanoma devem ser


submetidas a biópsia excisional. A lesão deve ser removida
inteiramente com margem de pele normal de 2 mm.
Em casos de lesões muito extensas ou áreas anatômicas
desfavoráveis, uma biópsia incisional pode ser realizada (parte mais
espessa da lesão).
Biópsia por shave ou aspirativas devem ser evitadas, por não
fornecerem tecido adequado para o exame anatomopatológico.
Excisão cirúrgica → classificação de Breslow, medida em
milímetros da espessura da lesão primária.

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