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Clínica Cirúrgica Geral - Anestesiologia


Avaliação Pré-Operatória Doenças passadas e tratamentos realizados;
Fonte: Aula e slides da Profa. Luciana Bicca Mespaque. • História de câncer e quimioterapia/radioterapia.

Perfil Psicossocial
• Uso de álcool;
• Tabagismo;
• Drogas ilícitas.

História Familiar
• Complicações anestésicas em familiares;
• Pseudocolinesterase atípica;
• Hipertermia maligna; defeito genético da enzima pseudocolinesterase
sintetizada pelo fígado que provoca a não
• PCR. metalização da succinilcolina

Importância e Objetivos Revisão de Sistemas


• A consulta pré-anestésica tem melhor custo- • Revisar: sistema pulmonar, cardíaco, hepático,
efetividade que exames laboratoriais de rotina; endócrino e renal;
• Ansiólise; • Investigar alterações de
coagulação/sangramentos;
• Estratificação de risco do paciente e do
procedimento anestésico cirúrgico; • Mulheres em idade fértil: determinar o último
período menstrual;
• Planejamento anestésico.
• Crianças: acompanhamento pré-natal,
informações sobre parto e idade gestacional,
Consulta Pré-Operatória intercorrências no crescimento/
desenvolvimento.
• É composta por anamnese, exame físico e
exames complementares, como qualquer outra;
• Pode ser ambulatorial, na internação ou em 1.Sistema Respiratório
situações de urgência-emergência;
• As complicações respiratórias são importantes
• Não é obrigatório que o anestesista que realiza
causas de morbimortalidade operatória, sendo a
a consulta seja o mesmo da cirurgia.
mais comum a atelectasia.
• Fatores de risco relacionados com o paciente:
Anamnese idade > 70 anos, DPOC, asma, tabagismo,
obesidade, capacidade funcional reduzida,
História da Doença Atual apneia obstrutiva do sono, hipertensão
• Procedimento proposto e motivo da indicação pulmonar, insuficiência cardíaca, infecção de
vias aéreas atual ou mês anterior.
do procedimento;
• Fatores de risco relacionados com o
• Problemas médicos atuais: doenças mais
procedimento: sítio cirúrgico (tórax e abdome
comuns, gravidade, grau de controle e
superior), duração superior que 3 horas,
exarcebações;
anestesia geral, uso de bloqueadores
• Medicações e suplementos em uso;
neuromusculares de longa duração, curarização
• Avaliar sistema cardiovascular: determinar
residual.
capacidade funcional
• Infecções de vias aéreas superiores: adiar de 3-
• Pesquisar alergias a medicamentos e materiais.
4 semanas procedimentos eletivos.
• Tabagismo: cessar por pelo menos 4-8 semanas,
História Mórbida Pregressa apresentando benefício qualquer tempo de
• Cirurgias e intervenções prévias;
abstinência pré-operatória:
• Complicações prévias relacionadas à anestesia;

Matheus Wu – ATM 2022


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- 1 a 4 horas pré-cirurgia: fluxo sanguíneo, oxigenação Sendo eletiva, pulamos para a segunda etapa, que leva
tecidual e metabolismo retornam ao normal. Caem os em conta presença de fatores de risco e estado
níveis de nicotina. Reduz chances de depressão de ST. funcional.

- 2 semanas: melhora função plaquetária e leucocitária. Capacidade funcional


Avaliação da capacidade funcional ou da atividade física
- 4 semanas: melhora a função das células inflamatórias.
quantificada em termos de equivalentes metabólicos
- 4 a 8 semanas: melhora a função pulmonar, diminui consumidos nas tarefas (METs) os quais estão associados
secreções e hiper-reatividade. ao gasto de oxigênio nessas atividades.

• MET: consumo de oxigênio de 3,5 ml/min/kg de


2. Sistema Cardiovascular peso;
• 10 METs: excelente capacidade funcional;
Quais as diretrizes para avaliação cardiológica • 7-10 METs: boa capacidade funcional;
perioperatória de pacientes que se submeterão a • 4-6 METs: moderada capacidade funcional;
cirurgias não cardíacas? • <4 METs: capacidade funcional ruim.
A American Heart Association definiu um algoritmo para
avaliar os riscos cardíacos para cada paciente
considerando: urgência, estado funcional e presença de <4 METS
fatores de risco clínicos para cardiopatia isquêmica. risco cir.
elev.
Liberar ou não o paciente para o procedimento pode ser
feito através de uma abordagem escalonada por etapas.

Primeira etapa
É urgência? Se a intervenção for urgente, não há tempo
e nem benefício na realização de exames
complementares.
Risco de infarto do miocárdio e/ou morte
Segunda etapa dentro de 30 dias após cirurgia

. Só usamos os METs,
quando há risco elevado

Sistema Cardiovascular
Avaliação com cardiologista: doença cardíaca ativa, Baixa
capacidade funcional (1-4 METs), ASA III ou IV e cirurgias
de alto risco.
<4 METS

Matheus Wu – ATM 2022


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• Fibratos: suspender 1 dia antes da cirurgia.
3. Sistema Geniturinário Aumento no risco de rabdomiólise.

IRC 5.2 Hipoglicemiantes


• Determinar grau de insuficiência renal • Insulina: passar para insulina regular conforme
• Evitar fármacos nefrotóxicos glicemia.
• Evitar fármacos de eliminação - Regular: suspensa no dia da cirurgia;
predominantemente renal - Insulinas de longa duração: reduzir metade a
• Corrigir doses de fármacos 1/3 da dose;
- Risco de hipoglicemia no perioperatório.
Diálise • Hipoglicemiantes orais: suspender na manhã da
Cirurgia deve ser programada para 24 horas após a cirurgia.
realização da diálise. - Metformina: suspender 24-48 horas se
disfunção renal que será submetido a exame
com contraste IV.
4. Sistema hematológico
5.3 Anticoagulantes/antiagregantes
AINES e AAS não contraindicam qualquer tipo de
anestesia! Demais, respeitar tempo da última dose e
punção neuroeixo.

Fármacos antiagregantes plaquetários


(Grau de recomendação I)
• Pacientes coronariopatas em programação de
operações não cardíacas, manter AAS em dose
reduzida para 75 a 100 mg/dia, exceto nas
neurocirurgias e ressecção transuretral de
próstata;
• Paciente em uso de dupla antiagregação por
angioplastia por stent recente, manter uso de
AAS em todo período perioperatório, suspensão
do clopidogrel 05 dias antes da operação e
reintrodução o mais precoce possível,
idealmente antes que o paciente complete 10
dias da suspensão.
5. Medicamentos • Paciente em antiagregação somente com
clopidogrel e proposta de operação de risco
5.1 Antiarrítmicos, Anti- moderado a alto de sangramento, suspender 5
dias antes.
Hipertensivos, Betabloqueadores,
Digitálicos, Estatinas e Diuréticos Anticoagulantes
MANTER! • Eventos tromboembólicos ao descontinuar
anticoagulante X risco de sangramento
• IECA E ARA II: ?
• A anticoagulação no perioperatório está
Risco de hipotensão grave após indução
associada a um aumento de 3,0% de
anestésica, PORÉM a suspensão abrupta de tais
sangramentos graves.
medicamentos podem levar ao descontrole da
• Há um consenso que INR<1,5 não está associado
PA como descompensação da IC.
a sangramento no perioperatório.
• Diuréticos: suspender na manhã da cirurgia. A
manutenção pode causar hipovolemia e
hipotensão.
Matheus Wu – ATM 2022
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• Pacientes de baixo risco para
tromboembolismo: realização do procedimento:
Exame Físico
- Interromper a varfarina 5 dias antes da operação e Sinais vitais; Peso; Altura; Exame da via aérea; Exame
aguardar INR<1,5 para a realização do procedimento; cardiovascular; Exame pulmonar; Exame neurológico.
- No pré-operatório, PODE ser usada heparina não Sistema de Classificação do Estado Físico segundo
fracionada (HNF) ou de baixo peso (HBPM) PROFILÁTICA a American Society of Anesthesiologists
se indicada.

• Paciente de alto risco para tromboembolismo:

- Interromper a varfarina 5 dias antes da operação e


aguardar INR<1,5;
- DEVE INICIAR HNF ou HBPM DOSE PLENA quando
INR<2,0;
- Suspender HNF endovenosa 4 horas antes do
procedimento e a HBPM subcutânea 24 horas antes.

5.4 Demais medicamentos Condutas


• Beta agonista inalatório: manter;
• Anticolinérgicos inalatórios: manter; • Determinar capacidade funcional e estado físico
• Metilxantinas: SUSPENDER na manhã da do paciente;
cirurgia (aumento da incidência de arritmias); • Avaliar necessidade de avaliações
• Tricíclicos: MANTER se uso em doses altas; complementares;
suspender 7 dias antes se uso em doses baixas • Determinar urgência do procedimento e liberar
(risco de arritmia); ou não para o procedimento;
• Inibidores da recaptação de serotonina: • Sugerir e explicar a técnica anestésica para o
SUSPENDER 3 SEMANS ANTES (aumento do paciente;
sangramento intraoperatório); • Determinar a continuação ou suspensão de
• Inibidores da MAO: SUSPENDER 2 SEMANAS medicamentos;
ANTES (HAS grave se usado com • Orientar o jejum pré-operatório.
simpaticomiméticos/efedrina);
• Lítio: MANTER e monitorar volemia e alterações Exames conforme o ASA
hidroeletrolíticas;
• Antipsicóticos: MANTER e usar medicação se
risco elevado de psicose;
• Antiparkinsonianos: SUSPENDER na manhã da
cirurgia.

5.5 Fitoterápicos
• Efedra: SUSPENDER UM DIA ANTES (risco de
arritmias); Validade dos exames: um ano para pacientes ASA I e II.
• Alho: SUSPENDER 7 DIAS ANTES (risco de Exceção: exames que podem sofrer alterações mais
sangramento); frequentes devido à doença e/ou tratamento (ex: Hb em
• Ginko Biloba: SUSPENDER 36 HORAS ANTES paciente com mioma, glicemia em paciente diabético).
(risco de sangramento);
• Ginseg: SUSPENDER 7 DIAS ANTES (risco de Recomendações do jejum pré-
sangramento);
operatório
• Kava-Kava: SUSPENDER 1 DIA ANTES (aumento 2 horas: líquidos claros sem resíduos; 4 horas: leite
do efeito sedativo dos anestésicos). materno; 6 horas: fórmula infantil e leite não materno;
8 horas: sólidos.
Matheus Wu – ATM 2022

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