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12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354

GESTÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS:


ESTUDO DE CASO NA CONSTRUTORA
PDG/CHL

Rosamaria Marins Restum


(LATEC/UFF)

Resumo
A Globalização, a diminuição do headcount das empresas e a geração
Y trouxeram inúmeros desafios para as organizações no que se refere à
gestão e retenção de seus talentos.
A gestão de talentos passou a ser um foco primordial para o futurro
das organizações, que passaram, por conseguinte, a valorizar mais o
processo de avaliação de desempenho e de desenvolvimento dos seus
talentos.
Este artigo visa desenvolver um plano de ação para o
desenvolvimento de um programa de gestão e retenção de talentos na
empresa PDG CHL através da análise dos principais motivos de
desligamento, a visão que os funcionários possuem sobre a mesma e da
realização de pesquisas sobre as práticas de gestão de pessoas, a fim
de com base nestas informações, propor oportunidades de melhorias
para as práticas do setor de Recursos Humanos.

Palavras-chaves: Retenção de Talentos, Práticas de RH, Gestão de


Talentos.
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011

1. INTRODUÇÃO

Em um cenário empresarial cada vez mais globalizado e competitivo, a gestão de


talentos se transformou em um ponto crítico para as organizações.
O estudo em questão toma como base o referencial teórico para o tema Retenção de
Talentos, entretanto no âmbito da pesquisa de campo restringe-se à análise específica de uma
construtora com aproximadamente 1500 funcionários, a CHL.
A Incorporadora e Construtora CHL é reconhecida por ser uma empresa ágil e lançar produtos
diferenciados, com alto padrão de qualidade e criatividade.
Sediada no Rio de Janeiro, começou sua trajetória lançando empreendimentos na zona
sul da cidade. Hoje, a CHL tem conquistado novos nichos de mercado e apostado em várias
regiões e algumas cidades do Estado, desenvolvendo projetos para públicos com perfil
econômico e social distinto e em diversos segmentos como residenciais e comerciais.
Incorporada em 2007, pela PDG Realty, Companhia de investimento com foco no
mercado imobiliário brasileiro, a CHL teve crescimento notório e acelerado. Operando com
números acima da média de mercado, conquistou o mais importante prêmio da ADEMI-RJ, o
Master Imobiliário na categoria Empresa do Ano em 2008.
No ano de 2009, a CHL ingressou no mercado popular com o lançamento do
Programa Minha Casa, Minha Vida, e foi a incorporadora com o maior número de unidades
lançadas no Rio de Janeiro nesse segmento.
A faixa etária dos funcionários é um ponto que precisa ser considerado, pois a média
de idade dos gestores da organização atualmente está abaixo dos 30 anos.
A empresa trabalha com faixas salariais dentro da média de mercado e apresenta uma
política de bônus onde os cargos gerenciais, por exemplo, podem receber até 12 salários por
ano.
A situação problema é identificar formas para melhorar a gestão dos talentos e
aumentar a retenção dos mesmos na organização.
O número de pedidos de demissão no período entre agosto e dezembro de 2010 foi
significativo se comparado ao número de funcionários demitidos no mesmo período,
conforme tabela apresentada na página 4.
A empresa oferece uma política de bônus atraente em relação ao mercado. Existem as
metas corporativas e as departamentais que como qualquer meta, exige um esforço
considerável para serem alcançadas. E ambas impactam diretamente no valor do bônus anual.
Um ponto importante que precisa ser abordado é o clima da empresa. Apesar dos
desafios, prazos apertados, metas desafiadoras, o ambiente de trabalho é considerado positivo
pela maioria dos funcionários. Identificamos este fator através da análise da consolidação das
entrevistas de acompanhamento, Anexo 1, que são realizadas com os funcionários após três
meses de empresa, para medir a satisfação dos mesmos, através da identificação dos pontos
positivos e a melhorar. Dessa forma, a CHL busca as informações necessárias para
transformar a empresa e o ambiente de trabalho em um lugar cada vez melhor.
Segue na Tabela 1, os resultados obtidos através da análise das mesmas:

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Tabela 1 – Consolidação das entrevistas de acompanhamento


INDICADORES Sim Parcialmente Não

Houve Integração e Receptividade ao ingressar na


94% 3% 3%
empresa?
Você recebeu Treinamento ou Orientação? 68% 18% 14%
Apresentou dificuldades para adaptar-se ao
4% 10% 86%
ambiente de trabalho?
Feedback durante o período de experiência 34% 9% 57%
Você consegue ser Ouvido pelo seu gestor,
93% 4% 3%
expondo ideias e opiniões?
Satisfação Geral com o trabalho 90% 9% 1%

Transparência na Admissão 94% 3% 3%


Encontrou dificuldades em interagir com os outros
31% 17% 52%
setores?

INDICADORES Ótimo Regular Ruim

Relacionamento com os colegas 94% 6% 0%


Relacionamento com a liderança 94% 6% 0%

Coopera
Cooperação Não existe
INDICADORES quando
espontânea cooperação
solicitado
Cooperação entre a equipe de trabalho 73% 0% 27%

Muito
INDICADORES Satisfeito Insatisfeito
Satisfeito
Grau de Satisfação com a CHL 85% 6% 9%

Os resultados apresentados indicam um alto grau de satisfação do funcionário em relação à


empresa, a existência de cooperação entre a equipe e o ótimo relacionamento entre o gestor e
a equipe. Os pontos que precisam ser melhorados são o feedback entre gestor e funcionário e
a interação entre os setores.
Outro ponto relevante é a análise do conteúdo das entrevistas de desligamento, Anexo
2, realizadas no período entre agosto e dezembro de 2010, com os funcionários
administrativos da Sede, estagiários, auxiliares, assistentes, analistas, coordenadores, gerentes,
e com estagiários e engenheiros das Obras que pediram demissão ou foram demitidos da
empresa. Constatamos que os principais motivos para os pedidos de demissão envolvem
novas oportunidades e questões pessoais, conforme tabela 2.

Tabela 2 – Fatores de desligamento de funcionários


no período entre agosto e dezembro de 2010

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Pela tabela 2, verifica-se que o percentual de desligamento voluntário é maior do que


involuntário e que o principal motivo destes desligamentos é o aparecimento de outra
oportunidade profissional. Torna-se necessária também a realização de um estudo salarial da
estrutura de cargos da empresa para identificar se a remuneração dos profissionais está
adequada.

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

2.1 Objetivo Geral

Segundo (LAKATOS e MARCONI, 2007): “Toda pesquisa deve ter um objetivo


determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. Conclui: “O
objetivo torna explicito o problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado
assunto”. “Respondem as perguntas: Por quê? Para quê? Para quem?”
Nesse sentido o principal objetivo deste estudo é desenvolver um plano de ação para a gestão
e retenção de talentos na empresa, pesquisando as práticas de gestão de pessoas para com base
nestas informações propor oportunidades de melhorias.

2.2 Objetivo Específico

Conforme (LAKATOS e MARCONI, 2007) os objetivos específicos “Têm função


intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá-lo a situações particulares.”
Dentre os objetivos específicos desta pesquisa figuram:
 Realizar o diagnóstico da situação atual na Organização através da análise das
entrevistas de desligamento e de acompanhamento realizadas.
 Analisar as estratégias praticadas no mercado para a retenção de talentos.
 Correlacionar a situação identificada no estudo de caso com as melhores práticas
existentes.
 Identificar as melhores estratégias aplicáveis ao estudo de caso apresentado.

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3. GESTÃO DE TALENTOS: DESAFIOS

A globalização traz uma enorme concorrência entre as empresas e estimula as mesmas


a realizarem a contratação de profissionais cada vez mais qualificados. É essencial que estes
sejam capazes de exercer a gestão do negócio em um ambiente cada vez mais complexo.
Na década de 90, as organizações aumentaram a sua rentabilidade diminuindo o seu
headcount, sobretudo no quadro gerencial. A preocupação era gerar lucro no curto prazo sem
levar em consideração as conseqüências posteriores, como a caça por talentos enfrentada
atualmente.
Outro ponto relevante foi a mudança na mentalidade do profissional, representado hoje
pela Geração Y (nascida no período1978-1994) que não possui planos de permanência na
mesma empresa por um longo período, sendo fiéis a suas carreiras somente. Com isso, houve
aumento do turnover, sendo a tendência do mesmo aumentar especificamente quando se tratar
de profissionais talentosos.
A gestão de talentos passou a ser um foco primordial para o futuro das organizações,
que passaram, por conseguinte, a valorizar mais o processo de avaliação de desempenho e de
desenvolvimento dos seus talentos.
O Boston Consulting Group (BCG), em conjunto com a Federação Mundial da
Associação de Gestão de Pessoal, realizou em abril 2008 - um estudo global com 4.741
executivos seniores de 83 mercados e países sobre suas maiores prioridades na área de
Recursos Humanos.
O relatório fornece rankings e análises de 17 desafios em Recursos Humanos em sete
grandes regiões do mundo. A principal conclusão foi que a gestão de talentos é o tema mais
crítico e permanece no topo ou perto do topo na agenda de todas as regiões e mercados para o
futuro próximo.
A tabela 3 na página seguinte mostra as cinco primeiras prioridades por país. A gestão
de talentos só não está classificada em primeiro lugar na França – onde a maior preocupação
dos CEOs é o desempenho de sua equipe de Recursos Humanos - na Alemanha, onde ela foi
classificada em segundo lugar, após a preocupação em gerir limitações demográficas e na
China, onde a maior preocupação é o desenvolvimento da liderança.

Tabela 3 – As cinco prioridades do RH


por Zona Geográfica

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Fonte: BCG/WFPMA, 2008

3.1. PRÁTICAS DE GESTÃO/RETENÇÃO DE TALENTOS

De acordo com Porter (1999) para desenvolver uma estratégia nítida em geral, a
liderança tem um papel fundamental que vai muito além de administrar funções individuais.
A essência é a estratégia onde o líder deverá proporcionar a disciplina para as decisões
relativas às mudanças ao mesmo tempo em que evita a dispersão organizacional e garante a
diferenciação.
Em seu livro “O Espírito do Líder”, Ken O´Donnel, apresenta os resultados de um
estudo mundial realizado por Kohn Ferry, com cerca de quinhentos mil executivos.

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Seguem abaixo as características que um líder deve ter de acordo com o estudo:
Tabela 4 – Características do Líder
Característica do Líder Definição
Controlados Lidam com frustrações de forma equilibrada
São abertos nos relacionamentos e com base na
Conciliadores confiança, conciliam os interesses conflitantes de seus
executivos.
Demonstram segurança mesmo em situações em que
Confiantes
precisam tomar decisões de alto risco.
Encaram situações adversas mantendo o entusiasmo e a
Entusiásticos
persistência.

São concentrados, metódicos e têm a capacidade de


Discernidores organizar idéias, além de possuir critérios definidos para
resolver situações complexas.

Não se perdem diante de situações ambíguas ou


Flexíveis
obscuras, nem ao enfrentar decisões difíceis.

Tentam entender as equipes e aquilo que os motiva.


Compreensivos
Também sabem identificar seus pontos fortes e fracos.

Exibem um estilo participativo de liderança e buscam


Envolventes perspectivas inovadoras e o consenso da equipe para
resolver problemas.

No mundo conectado de hoje, os líderes precisam estimular o espírito de colaboração


na equipe e tornar a mesma, adaptável à mudança.
Sendo assim, para desenvolver uma estratégia de gestão e retenção dos talentos na
empresa, a liderança deverá estar preparada e diretamente engajada e no projeto para que os
resultados esperados sejam alcançados.
Em seu livro “A nova guerra pelo Talento: como o modelo asiático da gestão de
talentos está revolucionando o jeito de fazer negócio”, Kerry Larkan, apresentou algumas
ações que empresas utilizam para gerir e reter os talentos na Organização. Em uma entrevista
com Peter Sullivan, CEO da Standard Charted Bank, ele apresenta quais ações foram
realizadas para conseguir chegar a uma mentalidade compartilhada por todos que conduza a
uma mesma direção. Ele afirma que o tema desenvolvimento e retenção de talentos é
discutido com freqüência, em quase todas as reuniões do comitê executivo. São realizados
vários eventos informais. Pelo menos um executivo participa do treinamento na admissão de
funcionários, abordando pontos como a história do banco e sobre as equipes de trabalho. São
oferecidos cafés da manhã e almoços para funcionários high potential, pessoas com formação
internacional e todo o tipo de classificação de talento. E também cafés e almoços mais
informais para as equipes com o objetivo de transmitir mensagens consistentes. Dessa forma,
além da comunicação formal da organização e as ações da área de Recursos Humanos existem
várias práticas acontecendo que servem para reforçar o conceito de uma maneira mais
informal, mas bastante eficaz.
Ao ser questionado sobre a idéia de que um líder de banco de investimento tem como
único foco os seus analistas de investimentos e seu próprio plano de opções sobre ações ou
bônus, Peter explica que no banco eles possuem uma visão diferente, pois acreditam que se o
foco for apenas o resultado certo, não procurando juntar todas as outras variáveis, o risco de

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destruir todas as outras partes é muito maior, gerando o retrabalho. Os executivos têm a
convicção de que se todos os aspectos como o recrutamento, retenção, motivação, empenho,
recompensas forem dosados, o resultado esperado será alcançado.
Outro ponto que se destaca na postura desta Instituição financeira é o foco que possuem em
relação aos valores pessoais.
No workshop que realizam sobre o desenvolvimento de talento e employment brand,
uma boa parte do tempo é destinada ao tema valores e sua importância no sucesso da marca
da empresa como própria empregadora em atrair e manter candidatos qualificados. O
processo de avaliação de desempenho leva em conta muito mais que o resultado financeiro,
que é quantitativo, mas também a forma como as pessoas aplicam os valores do banco.
O desempenho passa a ter um papel fundamental. Ao analisar a pessoa como um todo,
há uma chance melhor da mesma estar altamente envolvida e conseqüentemente com elevado
nível de desempenho.
Para que os funcionários saibam contextualizar a importância do seu trabalho para a
organização, a empresa procura esclarecer os motivos das operações realizadas e como cada
função se encaixa no esquema do banco. Essa visão faz parte de uma abordagem holística à
gestão de pessoas em contraste à gestão por resultados.
Larkan (2010) apresentou uma empresa gigante, a Hong Kong NWS Holdings, que
realizou várias iniciativas para atrair profissionais bacharéis e desenvolver líderes nos
negócios, preservando o estilo de liderança chinês e buscando integração e harmonia entre as
suas unidades de negócio.
A gerente do Grupo de RH da NWS, Elina Lam, acredita que os funcionários são a
riqueza da organização. Existem vários indicadores quantitativos para análise do desempenho,
mas em relação aos qualitativos, nas conferências gerenciais, a diretoria se reúne com os
gerentes, o vice presidente do conselho e os controllers para aprimorar a comunicação com a
diretoria do grupo.
Em relação às práticas da empresa para retenção de talentos, a mesma destacou o
programa que realizam como uma forma de atrair os jovens recém formados. Existem
programas de treinamento e conscientização do planejamento de longo prazo, além de outras
ações desenvolvidas como o “fruit for care”, programa onde os funcionários recebem durante
o expediente, frutas da estação como forma de cuidar da saúde e do controle de peso.
Outra empresa apresentada no mesmo livro é a Tata Steel, empresa do mercado de aço
fundada na Índia e atualmente está entre as dez primeiras do mundo. As suas estratégias para
retenção de talentos envolvem a identificação e enriquecimento do pool de talentos, ser uma
empresa na qual as pessoas queiram trabalhar, selecionar as pessoas certas, fazer os novos
contratados terem um excelente começo, dar orientação e conceder recompensas, a fim de
manter o compromisso dos recém chegados e daqueles que já trabalham na empresa há mais
tempo, assegurar o crescimento e desenvolvimento dos funcionários, pois se os mesmos
conseguirem identificar que estão crescendo, sentir-se-ão motivados e a remuneração e
recompensas são baseadas no mérito, no mercado e no cargo.

4. MOTIVAÇÃO E RECOMPENSAS

Em seu livro “Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um


excelente gestor de pessoas: um guia para o executivo aprender a lidar com sua equipe de
trabalho”, Idalberto Chiavenatto reforça que a motivação está contida dentro da própria
pessoa, podendo ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo seu
trabalho na empresa. A motivação intrínseca e a extrínseca deverão se complementar por

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meio do trabalho gerencial. Ambas precisam ser compreendidas pelo gerente e utilizadas
como ponto de apoio para potenciar e alavancar a satisfação das pessoas. O gestor deve
conhecer o potencial de cada funcionário e procurar extrair do ambiente de trabalho as
condições para elevar a satisfação profissional.
As pessoas devem receber estímulos durante a realização de atividades para que se
sintam incentivadas na realização de suas tarefas, como receber reconhecimento pelo trabalho
feito, prêmio pelo alcance de metas e resultados, prestígio e status pelo que faz pela empresa,
apoio e encorajamento do chefe e dos colegas, orientação do chefe sobre a direção que deverá
tomar em situações futuras e as informações necessárias para tomar as decisões corretas.
A gestão das recompensas vem através da avaliação do desempenho e dos resultados.
O salário é a base do contrato de trabalho formalizado entre a empresa e o funcionário. Além
deste, são agregados serviços sociais e os benefícios. O salário, estes serviços e os benefícios
formam a remuneração.
Da ótica do empregador, o sistema de remuneração tem os seguintes objetivos: atrair e
manter pessoas altamente qualificadas, recompensar os serviços prestados como forma de
reconhecer o desempenho passado, motivar o desempenho futuro, assegurar a equidade do
ponto de vista interno e externo e o atendimento das normas legais. .
Da ótica do empregado, atende as seguintes funções: a recompensa proporciona um
sentimento de segurança, sendo uma fonte de reconhecimento e um objetivo a ser alcançado
pela pessoa. Dessa forma, para a empresa o sistema de remuneração é um investimento
enquanto que para as pessoas é uma recompensa.
A maioria das empresas adota os seguintes tipos de recompensas: recompensas
diretamente vinculadas ao critério dos objetivos de realização empresarial, recompensas
decorrentes do tempo de serviço ou dedicação da pessoa à empresa, recompensas pelo
desempenho claramente excepcional e recompensas decorrentes de resultados grupais,
departamentais ou divisionais.
O sistema de recompensas tem que proporcionar realimentação do comportamento
desejado, o que para Skinner seria o reforço positivo.
As pesquisas têm demonstrado que as pessoas desejam dinheiro porque o dinheiro
satisfaz as necessidades fisiológicas, de segurança e proporciona condições de estima e auto-
realização e que se as pessoas acreditam que o seu desempenho é possível e necessário para
obter dinheiro, elas se empenharão neste desempenho. Dessa forma, o salário funcionará
como um ótimo motivador do desempenho.
O dinheiro representa uma recompensa extrínseca, mas para que os sistemas de
recompensas sejam realmente motivadores do comportamento, será necessário possuir as
seguintes características: importância, ou seja, ser percebida como relevante para as pessoas;
flexibilidade, podendo ser ajustadas de acordo com as pessoas e às quantidades
proporcionadas; freqüência, precisando ser freqüente para gerar motivação e satisfação e
visibilidade que é o grau de exposição e perceptibilidade da recompensa.
No caso específico da CHL, o benefício mais atraente é a política de bônus anual por
meritocracia, onde o gerente, por exemplo, pode receber até 12 salários a mais por ano. As
metas corporativas, as metas departamentais e a avaliação de desempenho que é totalmente
comportamental definem o valor do bônus do funcionário. O gestor possui a flexibilidade para
fechar o valor anual que deverá ser pago ao funcionário de acordo com a sua contribuição
para o atingimento das metas e a sua postura perante a empresa.
A política de remuneração variável funciona como forma de atrair e reter os talentos
na empresa.

5. PLANO PARA RETENÇÃO DE TALENTOS

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Através do estudo do tema proposto, das ações praticadas em relação à política de


retenção e gestão de talentos nas organizações citadas anteriormente e do mapeamento
realizado na CHL, segue abaixo um plano com as ações propostas para melhor gerir e reter os
talentos da organização.
Importante ressaltar que a visão dos executivos e consultores analisados também
contribuiu para o desenvolvimento das ações apresentadas a seguir.

1. Desenvolver um Programa de Desenvolvimento de Gestores com o objetivo de


preparar os mesmos para os desafios diários da gestão de equipe, reforçar a
importância da postura e das responsabilidades do mesmo para o sucesso dos
projetos da empresa. Realizar treinamentos e vivências voltados ao
desenvolvimento de competências gerenciais como liderança, feedback,
comunicação, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal, etc.
2. Participar de pesquisas salariais com empresas do mesmo ramo pelo menos uma
vez por ano como forma de mapear o mercado e identificar as principais práticas
de remuneração utilizadas, tendo assim a possibilidade de analisar se a tabela
salarial e a folha de pagamento estão atualizadas em relação às práticas do
mercado.
3. Realizar reuniões freqüentes com os diretores para discutir práticas de retenção dos
talentos e envolver os mesmos nas ações que serão desenvolvidas pelo RH para
que os projetos tenham mais força. Uma delas será a inclusão de um diretor no
Treinamento de Integração, que é realizado quinzenalmente, solicitando que o
mesmo fale sobre a empresa, a sua trajetória na mesma, os fatores que o
transformaram em diretor, o que é necessário para assumir um cargo executivo e
quais as práticas auxiliam para alcançar o sucesso na empresa. Outra ação é a
realização de um café da manhã mensal com um grupo de gestores para discutir
assuntos relacionados à gestão dos talentos, os principais desafios encontrados
pelos mesmos no dia a dia e as melhores práticas para enfrentar tais desafios.
4. Implantar uma comunicação interna mais eficaz com o objetivo de transmitir as
informações importantes relacionadas à empresa para o funcionário antes que os
mesmos fiquem sabendo por meio do que é chamado “rádio corredor” ou
diretamente pela imprensa. A empresa lançará a intranet para que os funcionários
estejam sempre atualizados sobre os principais assuntos, tudo que é publicado na
mídia, apresentação dos setores, lançamentos, projetos relevantes, aniversários,
agenda cultural e etc.
5. Aprimorar o processo semestral de avaliação de desempenho através da realização
de workshop com os gestores para prepará-los para o processo de feedback que
atualmente é o maior desafio do processo, pois muitos gestores não agendam as
reuniões de feedback com os funcionários e dessa forma, os mesmos não sabem
como o gestor os avalia e não possuem a possibilidade de melhorar as suas
práticas.
6. Realizar o processo de recrutamento e seleção com a utilização de mais
instrumentos, como testes psicológicos, metodologia DISC, grafologia, realização
constante de técnicas de dinâmicas de grupo para melhorar o mapeamento das
competências comportamentais dos candidatos e verificar se os mesmo possuem
valores que se ajustarão aos da empresa e dessa forma, aumentar a retenção dos
mesmos.
7. Realizar o programa “Conhecendo o nosso negócio” que será a realização de
Workshops com a apresentação de todos os setores, sua missão e principais

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responsabilidades de acordo com o macro fluxo do processo construtivo da


empresa. Dessa forma, os funcionários entenderão melhor a importância do seu
setor e conseqüentemente do seu trabalho para os resultados da organização.
8. Investir mais em treinamento e desenvolvimento dos seus funcionários. O mercado
encontra-se cada vez mais competitivo e os profissionais, muitas vezes, não estão
preparados para assumir novas funções. Atualmente a empresa possui o Programa
de concessão de bolsas de estudos para funcionários com mais de 18 meses de casa
em cursos de graduação e pós- graduação, desde que estejam diretamente
relacionados à área de atuação na empresa. Entretanto é necessário implantar um
programa que tenha como foco os funcionários que possuem menos tempo de
empresa. Dessa forma, torna-se necessário realizar o levantamento de necessidade
de treinamento com todos os gestores para mapear os gaps existentes, buscar
fornecedores para atender a demanda identificada e aprovar o orçamento junto às
diretorias para que seja possível prover o desenvolvimento das competências
necessárias como forma também de valorizar o funcionário através do
investimento no mesmo.
9. Desenvolver mais ações voltadas para a Qualidade de Vida no Trabalho.
Atualmente a empresa disponibiliza a ginástica laboral duas vezes na semana para
todos os funcionários. A participação em corridas e caminhadas na cidade pode ser
uma boa opção, pois além de estimular a prática da atividade física, que é tão
importante para a saúde, aumenta a integração entre os funcionários que
participarem. Outra prática que poderá auxiliar neste objetivo é a contratação de
uma empresa que forneça alimentos saudáveis durante o expediente, como frutas,
iogurtes, sucos, sanduíches naturais, etc. que trará como beneficio uma
alimentação mais saudável.
As práticas acima apresentadas visam o desenvolvimento de um programa para gerir
melhor os talentos na empresa e como conseqüência aumentar a retenção dos mesmos. O
objetivo é desenvolver as ações propostas e medir os resultados semestralmente para
avaliar se os resultados esperados foram alcançados.
Para apresentar os resultados deste programa e verificar a sua eficácia, identifica-se a
necessidade de dar continuidade ao estudo, colocar em prática as ações propostas, mesurar
os resultados e como conseqüência dar continuidade à pesquisa sobre o tema através de
entrevistas com profissionais de outras empresas do ramo e de segmentos diferentes e a
busca de maior bibliografia em outros países.

6. CONCLUSÕES

A estratégia sugerida para a PDG CHL é o início de um programa que envolve sensibilização
e envolvimento direto dos executivos da empresa e de todo a equipe gerencial, pois conforme
apresentado anteriormente, a liderança está diretamente envolvida no sucesso dos projetos,
uma atitude assertiva da equipe de Recursos Humanos no que diz respeito à comunicação com
os funcionários, incluindo a elaboração de um plano de comunicação eficaz onde os mesmos
estejam sempre atualizados sobre as estratégias, campanhas, lançamentos e políticas internas e
por último, mas não menos fundamental, o investimento financeiro da empresa para o
desenvolvimento de um programa de treinamento e desenvolvimento dos funcionários.
Ao desenvolver este trabalho, foi identificado que ainda não temos no Brasil uma bibliografia
significativa sobre o tema apresentado e que os exemplos aqui citados referem-se a empresas
internacionais. Sendo assim, passa a ser uma oportunidade estudar este assunto, pois cada vez
mais as empresas precisarão de práticas para atrair, reter e desenvolver seus talentos para

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alavancar os resultados e se manter no mercado atendendo as exigências do consumidor, dos


funcionários e dos acionistas.
O tempo disponível para a confecção deste artigo não permitiu o desenvolvimento mais
aprofundado de um modelo de Gestão de Talentos que permitisse a formulação de um modelo
de referência. Entende-se que tal aprofundamento é igualmente relevante e pode ser proposto
para a continuidade a este estudo através da realização de uma pesquisa de campo com
empresas de diferentes segmentos no Brasil e suas práticas de sucesso em relação à gestão de
pessoas enfocando as práticas de retenção de talentos.
Entretanto, o conteúdo apresentado neste estudo pode contribuir com os passos nos quais
algumas conceituadas empresas vêm caminhando nesse sentido e também pretende oferecer
uma direção para implantação do programa de gestão de talentos.

ANEXO 1

Acompanhamento e Desenvolvimento de Colaboradores

Nome: ___________________________________________________________
Setor:_____________________ Chefia Imediata: ________________________
Cargo: ____________________ Data de Admissão: ____/____/____

1) Ao ingressar na empresa você recebeu as informações suficientes com relação às normas


internas?
( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não
2) Se não, o que faltou?
( ) Informações de ordem técnica ( ) Informações de ordem administrativa

3) Você recebeu algum treinamento ou orientação para executar seu trabalho?


( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

4) Você apresentou dificuldades para adaptar-se ao ambiente de trabalho?


( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

5) Como você avalia a sua adaptação no seu setor?


( ) Acima do esperado ( ) Dentro do esperado ( ) Abaixo do esperado
Por quê?
6) Como está o seu relacionamento com seus colegas?
( ) Ótimo ( ) Regular ( ) Ruim Por que?

7) E com a sua chefia imediata?


( ) Ótimo ( ) Regular ( ) Ruim Por quê?

8) Você já recebeu informações sobre o seu desempenho neste período?


( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

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9) Quando você tem alguma dúvida ou dificuldade no trabalho, qual é a sua atitude?
( ) Resolve sozinho ( ) Solicita ajuda ao colega ( ) Dirige-se a chefia imediata
Justificativa:

10) Como você vê o seu grupo de trabalho?


( ) Existe cooperação espontânea ( ) Não existe cooperação ( ) Existe cooperação
quando solicitado.

11) Seu gestor mantém um diálogo com você a respeito de seu trabalho, permitindo-lhe expor
suas idéias, dificuldades etc.?
( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

12) Você está satisfeito com o trabalho que executa?


( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não
Se não, por quê?

13) As atividades que você desempenha correspondem ao que lhe foi descrito na sua admissão?
( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não

14) Em que, o RH poderia auxiliá-lo? Justificativa:

15) Em algum momento você encontrou dificuldades em interagir com os outros setores, para
o bom desenvolvimento do trabalho?
( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não
Justificativa:

16) De 0 a 10, qual o seu grau de satisfação com a PDG-CHL neste período?
17) Sugestões:

Assinatura do funcionário Assinatura do entrevistador


Data da entrevista: ____/____/____

ANEXO 2

Entrevista de Desligamento
Nome: ____________________________________________________________
Setor: ______________________ Chefia Imediata: ________________________
Data de Admissão: ___/___/___ Cargo Inicial: ____________________________
Data de Demissão: ___/___/___ Cargo Final: _____________________________
Desligamento: ( ) voluntário ( ) involuntário ( ) demitido por justa causa
Motivo: _________________________________________________________________

1) No momento da sua admissão, a função que lhe foi proposta, foi a exercida?
( ) Sim ( ) Não Em caso negativo, justifique.

2) Durante a sua permanência na Empresa, você foi transferido de setor?

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( ) Sim ( ) Não

3) Você recebeu alguma promoção?


( ) Sim ( ) Não Qual?__________________________

4) Quando admitido você recebeu treinamento antes de assumir a sua função e/ou no período
de experiência?
( ) Sim ( ) Não

5) Foi adequado para exercer as atividades?


( ) Sim ( ) Não ( ) Não houve treinamento
Se não, o que faltou? _________________________________________________________

6) Como era o seu relacionamento com seu (s) gestor (es)?


( ) bom ( ) regular ( ) ruim

7) Você recebia informações sobre seu desempenho?


( ) Sim ( ) Não

8) Como era o seu relacionamento com sua equipe de trabalho?


( ) bom ( ) regular ( ) ruim

9) De acordo com os benefícios abaixo citados, como você os avalia?


Plano de Saúde ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Nunca utilizou
Plano Odontológico ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Nunca utilizou
Visa Vale ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Nunca utilizou
Participação nos Lucros ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

10) Quais são as imagens que você está levando da empresa?


( ) Positivas ( ) Negativas ( ) Ambas
Justifique:

11) Você voltaria a trabalhar nesta empresa?


( ) Sim ( ) Não

12) Como você considera o clima organizacional da PDG-CHL?


( ) bom ( ) regular ( ) ruim

13) Quais sugestões você daria em relação a Empresa como um todo?


_____________________________________________________________________

Assinatura do entrevistado: Assinatura do entrevistador:


____________________________ _____________________________

Observações do entrevistador:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

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VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011

Data da entrevista: _____/_____/_____

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em


um excelente gestor de pessoas: um guia para o executivo aprender a lidar com sua
equipe de trabalho. Rio de Janeiro. Elsevier, 2005.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da Metodologia


Científica. São Paulo, SP: Atlas, 2007. 315 p.

LARKAN, Kerry – A Nova Guerra pelo Talento: como o modelo asiático da gestão de
talentos está revolucionando o jeito de fazer negócio. Tradução: Alessandra Mussi. – Rio
de Janeiro: Elsevier, Editora. 2010.

O´´DONNEL, Ken – “O Espírito do Líder: Lições para Tempos Turbulentos, volume 1”.
São Paulo, Integrare Editora, 2009.

PORTER, Michael E..- "Competição – On Competition, Estratégias Competitivas


Essenciais". Rio de Janeiro. Editora Campus, 1999.8ª. Edição.

RAMOS, Norma de Souza – “Gerenciamento de Talentos” – 2008. IBMEC RJ. Disponível


em http://www.ibmecrj.br/sub/rj/files/mkt/ass/AssIbmec.gif . Acesso em 14/04/2011,
20:00:00.

The Boston Consulting Group Survey – “Executives Worldwide See Talent Gaps as Top
People Challenge in Every Region and Industry” - disponível em
http://www.bcg.com/media/PressReleaseDetails.aspx?id=tcm:12-8446

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