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em Crianças
1. Epidemiologia:
a. Fratura mais frequente do cotovelo em crianças; • Tipo Flexão:
➢ 2% das supracondileanas;
• E a fratura que mais exige tratamento cirúrgico em crianças
c. Desvio Posteromedial x Posterolateral:
b. Ordem descrescente de frequência das fraturas de cotovelo em crianças (questão de • As fraturas tipo extensão podem ter desvio posteromedial ou posterolateral;
prova): • A dobradiça periosteal (parte intacta do periósteo, que pode ser medial ou lateral)
• (1ª) Supracondileana; confere estabilidade após a redução da fratura;
• (2ª) Côndilo lateral;
• Desvio Posteromedial:
• (3ª) Epicôndilo medial;
➢ Mais comum!! (75%);
➢ Geralmente o desvio é medial porque a inserção do bíceps e o eixo de tração
c. Mais comum em:
muscular situam-se medialmente à diáfise do úmero;
• Faixa etária dos 5-6 anos de idade;
➢ Coloca em risco o nervo radial (pois é o fragmento proximal que lesa as
• Sexo masculino (3:2);
estruturas moles – que está desviado lateralmente, ao contrário do distal);
• Lado não-dominante (esquerdo);
➢ Períosteo medial geralmente intacto (e lateral rompido);
d. Nervo mais acometido (apenas no tipo extensão): n. interósseo anterior (seguido do n.
➢ Mecanismo de trauma em pronação;
radial);
➢ Estabiliza-se em pronação;
• Obs: nervo ulnar mais acometido em:
➢ Lesão iatrogênica durante a osteossíntese;
➢ Fraturas tipo flexão;
• Desvio Posterolateral:
➢ Coloca em risco o nervo mediano e a artéria braquial (pois é o fragmento
2. Mecanismo de trauma:
proximal que lesa as estruturas moles – que está desviado medialmente, ao
a. Queda de altura é o mecanismo mais comum;
contrário do distal);
b. As fraturas supracondileanas podem ser divididas em:
➢ Períosteo lateral geralmente intacto (e medial rompido);
• Tipo Extensão:
➢ Mecanismo de trauma em supinação;
➢ 98% das supracondileanas;
➢ Estabiliza-se em supinação;
➢ Queda com a mão espalmada e o cotovelo em extensão completa;
❖ Mais comumente de equipamentos do playground sem medidas de
segurança;
Resumo criado e editado por: José Henrique Peres dos Santos e Rafael Wei Min Leal Chang
Erico Melo e Sandokan Costa
• Perfil verdadeiro do úmero distal:
➢ Úmero na posição anatômica (evitar rotação externa);
• *obs: as incidências oblíquas do úmero distal podem auxiliar nas fraturas ocultas,
porém não devem ser solicitadas de rotina;
3. Radiologia
a. Incidências;
• AP verdadeiro do úmero distal:
Resumo criado e editado por: José Henrique Peres dos Santos e Rafael Wei Min Leal Chang
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➢ Corresponde ao deslocamento do coxim gorduroso ao redor da cápsula,
secundário à fratura/efusão articular;
c. Perfil verdadeiro: ➢ O sinal do coxim gorduroso anterior também é chamado de sinal da vela (pois
• Gota de lágrima: assemelha-se a um barco a vela);
➢ Sombra na forma de gota-de-lágrima sobre o capítulo;
➢ Formada pelas margens da fossa coronóide e fossa do olécrano (e o centro de
ossificação do capítulo inferiormente);
• Tipo II:
➢ Fratura desviada (>2 mm);
➢ Cortical posterior intacta;
• Tipo III:
• Imagem da “ampulheta”:
➢ Fratura desviada sem contato cortical;
➢ Deve ser levemente inclinada para anterior;
• Tipo IV (modificada por Leitch):
• Sinal do coxim gorduroso:
➢ Instabilidade multidirecional (tanto em flexão como em extensão);
➢ Área de radiotransparência, que pode anterior ou posterior;
➢ Dobradiça periosteal incompetente circunferencialmente;
➢ Determinada sob anestesia durante o procedimento, no perfil radiográfico:
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❖ O capítulo fica anterior à linha umeral anterior em flexão, e posterior a ela 5. Clínica:
em extensão; a. Dor e impotência funcional do cotovelo;
b. Restrição dos movimentos (principalmente extensão do cotovelo);
c. Avaliação neurológica:
• Função neurológica dos nervos mediano, ulnar, radial, interósseo anterior e interósseo
posterior:
• Se criança não cooperativa, enrolar um pano molhado ao redor da mão e observar o
enrugamento da pele;
d. Avaliação vascular:
• Até 20% das fraturas supracondileanas desviadas apresentam comprometimento
• LaGrange e Rigault: vascular;
➢ Tipo I: Sem desvio (ruptura da cortical anterior);
➢ Tipo II: Sem ou mínimo desvio (ruptura das corticais anterior e posterior); e. Síndrome compartimental:
➢ Tipo III: Desvio (com contato entre os fragmento); • Na criança, evidenciada pelos 3 A’s:
➢ Tipo IV: Desvio (sem contato entre os fragmentos); ➢ Ansiedade;
➢ Tipo V: Fratura metafiso-diafisária (supracondileana alta); ➢ Agitação;
➢ Analgesia (maior necessidade de analgésicos);
• AO pediátrico:
➢ Tipo I: Sem desvio;
➢ Tipo II: Desvio em um plano;
➢ Tipo III: Desvio em dois planos (rotação do fragmento);
➢ Tipo IV: Desvio em três planos ou ausência de contato entre os fragmentos;
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Erico Melo e Sandokan Costa
g. Sinal de Kirmisson (“dimple sign”): • Nas fraturas sem desvio (Gartland I), realizar imobilização com tala posterior em flexão
• Equimose na prega anterior do cotovelo; de 60o – 90o e antebraço em neutro;
• Também representa sinal de mau prognóstico de redução; ➢ Se não houver edema importante, pode-se utilizar gesso circunferencial ou
bivalvado;
6. Tratamento:
• Nas fraturas levemente desviadas (Gartland II), reduz-se e mantém-se a redução com
a. Manejo inicial: flexão do cotovelo acima de 120o
• Tala com flexão do cotovelo de 20o - 40o (semi-estendido); ➢ Flexão menor que esse valor aumenta o risco de perda de redução;
• Evitar compressão na tala;
• Flexão/extensão excessivas comprometem a vascularização e aumentam a pressão ➢ O gesso com essa hiperflexão deve ser em forma de oito:
intracompartimental; ❖ Poupando a fossa antecubital, com acolchoamento adequado;
• Avaliação neurovascular e de síndrome compartimental; ➢ Outra opção de imobilização é a tipóia presa ao punho (“collar and cuff sling”):
• Radiografias; ❖ Dispensa o uso de gesso rígido e evita o peso do gesso;
❖ A hiperflexão é mantida por uma tipóia presa ao punho, permitindo certa
b. Tratamento de urgência: flexibilidade (reduz o risco de comprometimento vascular);
• Pode-se adiar a cirurgia em até 8 - 21 horas; ➢ O problema da flexão >120o é o risco aumentado de compromentimento
vascular e síndrome compartimental na presença de edema e compressão
• Porém, NÃO se deve adiar a cirurgia em: anterior;
➢ Má perfusão; ❖ Se pinar, não há necessidade de deixar em hiperflexão;
➢ Cotovelo flutuante (fratura associada do antebraço); ❖ As fraturas Gartland tipo II devem ser monitorizadas para perda de redução
➢ Suspeita de síndrome compartimental; ou comprometimento neurovascular;
➢ Sinal da Covinha; ➢ Se o capítulo passar além da linha umeral anterior, deve-se pinar, pois o risco de
➢ Sinal de Kirmisson; desviar é alto!!
➢ Edema significativo;
• Tempo total de imobilização = 3 a 4 semanas (não importa o tipo I, II ou III);
• Após 7 dias da fratura, aumenta o risco de necrose avascular da tróclea na redução
fechada; • Na perda da redução, reduzir novamente ou pinar;
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Erico Melo e Sandokan Costa
➢ Em extensão, primeiramente é realizada a redução rotatória e no plano frontal ❖ Para reduzir essa chance, evitar a flexão do cotovelo acima de 90o quando
(varo/valgo); for passar o pino medial (na flexão o nervo ulnar desloca-se anteriormente,
❖ A “manobra de ordenha” pode ser útil para afastar o tecido mole do colocando-o em risco);
fragmento proximal(geralmente músculo braquial); ❖ Também realizar uma pequena incisão medial para visualização direta (do
ponto de entrada) e evitar lesão do nervo ulnar;
➢ Também foi relatada a técnica de passagem do pino medial entrando
lateralmente (direção proximal-lateral para distal-medial):
❖ Reduz o risco de lesão do nervo ulnar;
❖ Porém aumenta o risco de lesão do nervo radial e maior dificuldade na
técnica;
➢ Logo, deve-se primeiro passa o pino lateral, e depois estender o cotovelo para
passar medial;
➢ Depois o cotovelo é hiperfletido (empurrando o olécrano anteriormente com o ➢ Há relatos de rara lesão do nervo radial pelo pino medial (ao atravessar a cortical
polegar) para reduzir no plano sagital; trans);
❖ E pronado, se o desvio for posteromedial; ➢ Há controvérsias sobre a superioridade biomecânica entre pinos cruzados x 2
❖ Obs: no desvio posterolateral, deixar pinos laterais;
supinado (e a fratura costuma ser instável à ➢ Obviamente, evitar o pino medial (deixar 2 pinos laterais) é muito mais seguro, e
hiperflexão); biomecanicamente semelhante a pinos cruzados (há controvérsias sobre a
➢ *incidência de Jones ajuda na redução; superioridade de um sobre o outro);
➢ Pinagem com 2 ou 3 fios de kirschner; ➢ Atualmente essa técnica está caindo em desuso devido a esse risco, dando-se
➢ Imobilização do cotovelo com 40o – 60o de flexão: preferência a 2 pinos laterais;
➢ Se for irredutível (gap ou sensação “de borracha” ❖ Se necessário, adicionar um 3º pino lateral;
na redução): ❖ O pino medial é apenas usado se houver instabilidade mesmo com 3 pinos
❖ Possibilidade de interposição da artéria laterais;
braquial ou nervo mediano;
❖ Nesse caso deve ser realizada redução aberta!!
• Abordagem lateral:
➢ Para desvio posterolateral (dobradiça medial rompida);
• Abordagem anterior:
➢ No comprometimento neurovascular:
❖ Permite visualização direta da artéria braquial e nervo mediano;
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Erico Melo e Sandokan Costa
• Num membro com pulso e perfusão comprometidas (pálido), o primeiro passo é
redução fechada e pinagem percutânea;
➢ Depois aguarda-se 10-15 minutos no centro cirúrgico para avaliar o retorno da
perfusão;
➢ Seguir conforme o algoritmo acima (também monitorar a pressão
intracompartimental);
➢ Se for explorar, a abordagem deve ser preferencialmente via anterior;
• Tratamento:
➢ Expectante (para remodelação):
❖ Geralmente não é apropriado;
❖ Apesar de haver remodelamento da hiperextensão, o varo e valgo não
remodelam!!
➢ Hemiepifisiodese:
❖ Apenas se tiver como causa reconhecida o comprometimento do
crescimento fisário ou necrose avascular da tróclea; 7. Fraturas tipo flexão:
✓ Não é recomendada se a fise de crescimento estiver normal; a. Apenas 2% das supracondileanas;
b. Geralmente instáveis em flexão (as tipo extensão são estáveis em flexão);
❖ Assim, realiza-se a hemiepifisiodese lateral:
✓ Porém ela não corrige a deformidade, apenas previne sua evolução!! c. Mecanismo de trauma: queda com trauma direto no cotovelo;
• Tipo III:
➢ Pinagem deve ser realizada;
Resumo criado e editado por: José Henrique Peres dos Santos e Rafael Wei Min Leal Chang
Erico Melo e Sandokan Costa
➢ A pinagem geralmente é feita com o cotovelo em 30o de flexão (deve-se evitar a
hiperflexão, que instabiliza a fratura);
➢ Introduzir 2 pinos laterais (que podem ser utilizados como joystick para auxiliar a
redução);
➢ Depois imobilizar em extensão completa ou em flexão (para maior conforto, se a
redução for mantida com os pinos);
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Erico Melo e Sandokan Costa