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Beta-agonistas, bloqueadores do canal de cálcio, antagonistas
da ocitocina e inibidores das prostaglandinas.
Definição Neuroproteção
Parto prematuro é o parto que ocorre antes de 37 semanas Sulfato de magnésio entre 24 e 32 semanas.
completas e a partir de 20-22 semanas de gestação.
Fatores de risco
DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Estresse, fadiga ocupacional, distensão uterina excessiva,
fatores cervicais, infecção, patologia placentárias, parto VIDEO_02_R4_GO_07
prematuro anterior, uso de drogas, alcoolismo, tabagismo, O parto pré-termo ou prematuro é aquele ocorrido a partir de
idade materna (< 18 ou > 40 anos), raça (negra), desnutrição 20-22 semanas e antes de 37 semanas completas (259 dias). É o
e baixo IMC, pré-natal inadequado, anemia (hemoglobina < principal problema da medicina perinatal atual, com altas taxas
10 g/dl), contratilidade uterina excessiva, baixo nível de complicação e custo extremamente elevado. Em 2010, quase
educacional e fatores genéticos. 15 milhões de crianças nasceram prematuras, sendo que 60%
dos partos ocorreram na África subsaariana e no sul da Ásia.
Mesmo em países desenvolvidos, a prematuridade ainda é a
Diagnóstico
maior causa de morbimortalidade perinatal.
Prevenção
Tocólise
Contraindicações
➤ Morte fetal.
➤ Anomalia fetal letal.
➤ Sofrimento fetal agudo.
Medicações disponíveis
Figura 3. Distribuição dos partos pré-termo nos EUA.
LEMBRE-SE:
a prematuridade está relacionada com a idade
gestacional e não com o peso ao nascimento!
MORBIMORTALIDADE NEONATAL
Por este motivo, divide-se a prematuridade da seguinte forma:
DO PRÉ-TERMO
➤ Prematuro extremo: < 28 semanas.
A morbimortalidade relacionada ao parto prematuro é uma
➤ Muito pré-termo: 28-30 semanas e seis dias. consequência da imaturidade dos órgãos. O parto pré-termo é
➤ Pré-termo precoce: 31-33 semanas e seis dias. responsável por 75% da mortalidade neonatal e 50% das lesões
neurológicas em crianças. Conforme mencionado
➤ Pré-termo tardio: 34-36 semanas e seis dias.
anteriormente, estas complicações ocorrem de forma
inversamente proporcional à idade gestacional do parto
VIDEO_03_R4_GO_07 (FIGURA 4) e (TABELA 1).
Felizmente, a maior parte dos fetos que nascem prematuros é
classificada como pré-termo tardio, o que resulta em menor
morbimortalidade.
Figura 5. A) Parede alveolar sem ação surfactante:
Figura 4. Complicações neonatais de acordo com a idade colabamento devido à instabilidade da interface ar/alvéolo.
gestacional do parto. B) Parede alveolar com ação surfactante: estabilidade,
facilitando a expansão alveolar.
TABELA 1: SOBREVIDA E SOBREVIDA INTACTA DE ACORDO Sabe-se que a lecitina é o principal fosfolipídio de ação
COM A IDADE GESTACIONAL. surfactante no pneumócito pulmonar, sendo assim responsável
pela maturação pulmonar. Até aproximadamente 35 semanas
de gestação, há predomínio da produção de lecitina por reação
de metilação, sendo instável como complexo surfactante. Após
esse período, passa a ser produzida predominantemente pela
via CDF-colina, tornando-se muito mais estável. Portanto, como
nos prematuros há predomínio da produção pela primeira via,
há maior predisposição à SAR.
FATORES DE RISCO
Um dos principais fatores de risco para parto prematuro é a
➤ Postura em pé.
história de parto prematuro em gestação anterior, o que
aumenta o risco em até duas vezes na gestação subsequente. No ➤ Uso de máquinas industriais.
entanto, o parto prematuro apresenta características ➤ Esgotamento físico.
multifatoriais e muitas vezes não é possível identificar um fator
associado. Vale ressaltar que os fatores de risco para
➤ Estresse mental ou ambiental.
prematuridade são muito semelhantes àqueles para RPMO.
Distensão Uterina Excessiva
Algumas características maternas aumentam o risco de
prematuridade, como tabagismo, uso de drogas ilícitas, baixo ➤ Gestação múltipla.
peso pré-gestacional (IMC < 20 kg/m²) e intervalo interpartal ➤ Polidramnia.
curto (menor que 18-24 meses). A suspensão do tabagismo ao
longo da gravidez pode amenizar este risco. Outros fatores
➤ Anomalia uterina ou miomatose.
como infecções genitais, infecções urinárias e doença ➤ Dietilestilbestrol.
periodontal também já foram relacionados, porém não há
comprovação de que o tratamento destas condições irá
Fatores Cervicais
diminuir o risco de parto prematuro.
➤ Placenta prévia.
Vamos citar os fatores de risco que já foram associados à
prematuridade: ➤ DPP.
➤ Sangramento vaginal.
Estresse
➤ Parto prematuro anterior.
➤ Ansiedade. ➤ Tabagismo.
➤ Anomalia congênita.
➤ Crescimento restrito.
➤ Feto do sexo masculino.
PREDIÇÃO E PREVENÇÃO
Considerando todas as complicações para o recém-nascido
descritas, várias tentativas foram propostas para identificar as
pacientes que evoluirão para o parto pré-termo e,
principalmente, para reduzir sua incidência. No entanto, poucas
medidas foram realmente eficazes nestas duas situações.
PROGESTERONA
Na maioria dos mamíferos, a retirada da progesterona é um
evento que resulta no parto. Nos humanos, apesar de os níveis
de progesterona continuarem elevados durante o parto,
Figura 9. Associação da ultrassonografia transvaginal com
acredita-se que há uma redução da atividade dos seus
fibronectina fetal em gestantes sintomáticas com menos de receptores. Estes dados justificam a reposição da progesterona
34 semanas.
via intramuscular ou vaginal como forma de prevenção do
parto prematuro. No Brasil, apenas a via vaginal está
disponível.
Pacientes com história de parto pré-termo espontâneo anterior
devem receber suplementação com progesterona micronizada RESIDÊNCIA MÉDICA –
por via vaginal 200 mg/dia a partir de 16-24 semanas, que ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL –
deverá ser mantida até 34-37 semanas. Esta medida é capaz de AMRIGS
reduzir a recorrência do evento em torno de 35%.
Em relação ao nascimento pré-termo, analise as assertivas a
seguir: I. Parto pré-termo anterior é um dos mais
Outra indicação de progesterona é a identificação de um colo
importantes fatores de risco. II. Ruptura prematura das
uterino curto em uma paciente com menos de 24 semanas e
membranas é a causa identificável mais comum. III. Não há
sem história de parto prematuro, no chamado rastreamento
indicação de rastreamento rotineiro de parto pré-termo
universal. O ACOG considera um colo de 20 mm como indicativo
através da medida do colo uterino por via transvaginal. IV.
de reposição de progesterona, enquanto outras referências
Em pacientes com feto único e risco de parto pré-termo,
mencionam 25 mm. De qualquer maneira, estudos
deve-se usar progesterona vaginal. Quais estão CORRETAS?
demonstraram uma redução de até 45% na incidência de parto
prematuro, além de redução similar na morbimortalidade
neonatal.
a) Apenas I e II.
CONDUTA
A conduta depende de vários fatores, como idade gestacional,
vitalidade fetal e recursos neonatais. De forma resumida, a RESIDÊNCIA MÉDICA –
conduta oscila entre a tentativa de inibir a atividade uterina e ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL –
adotar medidas que possam melhorar o prognóstico fetal, como AMRIGS
corticoterapia e neuroproteção fetal, ou prestar assistência ao
trabalho de parto prematuro. A inibição do trabalho de parto só Qual das situações abaixo se constitui em contraindicação
b) Corioamnionite.
c) Polidrâmnio.
INIBIÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
d) Pré-eclâmpsia leve.
A inibição do trabalho de parto consiste no uso de drogas e) Pielonefrite materna.
tocolíticas. No entanto, estas medicações não prolongam de
forma significativa o parto, mas o atrasam em torno de 48
R. A presença de infecção das membranas amnióticas
horas. Este tempo é suficiente para o transporte para outra
justifica a interrupção da gestação pelos riscos maternos e
unidade com cuidados intensivos neonatais e para prescrição
fetais. Desta forma, não tem sentido fazer tocólise nestes
de corticoterapia, conforme discutiremos a seguir. O uso isolado
casos e sim induzir o parto, quando for possível. Resposta:
da tocólise, sem associação com a corticoterapia, não melhorou
letra B.
os resultados perinatais e também não há indicação da
manutenção da tocólise após o curso de corticoterapia.
■
Salbutamol – cinco ampolas diluídas em 500 ml S.G. 5% (5
mcg/1 ml). Iniciar 10 gotas por minuto, aumentando 10 CONTRAINDICAÇÕES AO USO DE
gotas a cada 20 minutos até a cessação completa das INIBIDORES DA CICLOXIGENASE
metrossístoles ou até o surgimento de taquicardia
materna ou fetal; ➤ Disfunção plaquetária.
■
Ritodrina – 150 mg em 500 ml S.G. 5% em velocidade de ➤ Distúrbios da coagulação.
0,05 mg/min, com aumentos de 0,05 até a dose máxima de ➤ Disfunção hepática.
0,35 mg/min;
➤ Úlcera gastrointestinal.
■
Terbutalina – pode-se utilizar a via venosa ou subcutânea.
➤ Disfunção renal.
O esquema venoso pode ser realizado pela infusão de 2,5
mcg/min até a dose de 25 mcg/min. O esquema ➤ Asma.
subcutâneo pode ser realizado pela administração de 0,25
mg a cada 20 minutos, até o máximo de três horas. A
terbutalina, quando utilizada por via endovenosa, se ➤ Antagonista da ocitocina:
associa com maior frequência à ocorrência de edema
pulmonar. Portanto, prefere-se, neste caso, a via
subcutânea.
A ocitocina estimula a contração uterina ao converter o VIDEO_12_R4_GO_07
fosfatidilinositol em inositol trifosfato, que se liga a uma
proteína no retículo sarcoplasmático e libera cálcio no
citoplasma. O atosiban é um antagonista seletivo do receptor CORTICOTERAPIA
de ocitocina no miométrio e na decídua, impedindo as
contrações uterinas mediadas por este hormônio. Os efeitos A corticoterapia antenatal promove a síntese de surfactante no
colaterais maternos e fetais são considerados nulos, visto pulmão fetal, aumentando a complacência pulmonar, além de
que só há receptores de ocitocina no útero e nas mamas. Sua reduzir a permeabilidade vascular e melhorar a resposta
eficácia é similar aos outros agentes tocolíticos, porém seu neonatal ao surfactante. Também há relatos de aceleração na
custo atual é consideravelmente mais elevado. maturação pulmonar em outros órgãos, incluindo cérebro, rins
e intestino.
Sua posologia consiste em três etapas:
Estudos mostraram que a administração de betametasona ou
■
6,75 mg venoso durante um minuto; dexametasona antes do parto prematuro reduz a mortalidade
perinatal, síndrome do desconforto respiratório, hemorragia
■
300 mcg/min, IV, em três horas;
intraventricular, canal arterial patente e enterocolite
■
100 mcg/min, IV, durante três horas e meia. necrosante. É importante ressaltar que a corticoterapia
utilizada neste contexto, por um curto período, não está
Em casos de fracasso com a posologia proposta, mantém-se a associada com aumento de risco de corioamnionite mesmo em
dose de 100 mcg/min durante até 48 horas, não se devendo pacientes com amniorrexe prematura.
ultrapassar a dose total de 330 mg.
Outros corticoides não devem ser utilizados, pois não
atravessam eficazmente a barreira placentária, pois são
CONTRAINDICAÇÕES AO USO DE metabolizados pela 11-beta-hidroxiesteroide desidrogenase tipo
ANTAGONISTAS DA OCITOCINA II placentária ou por apresentarem excessivo efeito
mineralocorticoide. Em pacientes que estão utilizando
➤ Não há contraindicações específicas ao uso do regularmente outros corticoesteroides, como por exemplo a
atosiban. prednisona, e que tenham indicação de maturação pulmonar
fetal, está indicada a troca para betametasona ou dexametasona
por 48 horas e posterior retorno ao corticoide em uso. Ou seja,
➤ Sulfato de magnésio:
outros corticoides não substituem a betametasona ou
dexametasona.
O sulfato de magnésio age competindo com o cálcio na placa
motora ou na membrana celular. Apesar de muito utilizado
As doses recomendadas são:
anteriormente como agente tocolítico, sua eficácia é inferior
aos outros agentes descritos anteriormente e não é mais
➤ Betametasona: 12 mg, IM, 1x ao dia, por dois dias;
recomendado com este intuito. Esta medicação pode ser
utilizada para prevenção de dano neurológico no recém- ➤ Dexametasona: 6 mg, IM, 2x ao dia, por dois dias.
nascido, como veremos a seguir.
As duas medicações parecem ser igualmente efetivas quando
comparamos a incidência de morte e morbidade neonatal. Não
RESUMO há diferença na dose recomendada para gestações gemelares e,
como há benefício no seu uso a partir de seis horas, o corticoide
INFORMAÇÕES QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE
deve ser prescrito mesmo que não seja possível completar as
OS TOCOLÍTICOS:
duas doses.
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A dose de resgate consiste em um novo ciclo de corticoterapia
caso nova ameaça de parto surja após sete dias da dose inicial.
Ela pode ser prescrita até 34 semanas. O uso de corticoterapia
por um período maior que dois ciclos está associado à redução
do peso ao nascer e do perímetro cefálico do recém-nascido,
portanto não é recomendada.
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Mulheres diabéticas em uso de insulina devem ser
rigorosamente acompanhadas pelo risco de descontrole
glicêmico. Ocorre aumento de cerca de 30% na contagem total
Figura 10. Sulfato de magnésio para neuroproteção.
de leucócitos e aproximadamente 45% de redução na contagem
de linfócitos dentro de 24h após injeção de betametasona, as
quais retornam aos valores basais dentro de três dias. No As pacientes deverão ser avaliadas para intoxicação pelo sulfato
entanto, não há aumento das formas jovens como bastões. de magnésio periodicamente, diagnosticada a partir da abolição
do reflexo patelar e redução da frequência respiratória (< 12
irpm). A oligúria (diurese < 25 ml/h) predispõe à intoxicação
Em relação ao feto, podem ocorrer alterações nos parâmetros
pelo magnésio.
de avaliação do bem-estar fetal, tais como diminuição ou
aumento da frequência cardíaca fetal basal, diminuição ou
aumento da variabilidade, diminuição dos movimentos fetais e
alterações nos parâmetros biofísicos fetais, as quais podem ser ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE
confundidas com comprometimento do bem-estar fetal. Tais
alterações são transitórias e retornam ao normal no quarto dia
PARTO PREMATURO
após a administração da primeira dose de corticoide. O parto deve ser assistido quando houver:
➤ Falha na tocólise.
Estudos recentes, incluindo grandes ensaios randomizados
placebo-controlados e metanálises, mostraram redução
significativa da morbidade neurológica e paralisia cerebral em O trabalho de parto de um feto prematuro apresenta alguns
recém-nascidos cujas mães receberam sulfato de magnésio detalhes importantes que precisam ser lembrados. Existe uma
antes do parto, apesar de o mecanismo para esta proteção ainda maior incidência de apresentação pélvica em comparação aos
não estar bem esclarecido. De qualquer maneira, as evidências fetos a termo, especialmente com menos de 32 semanas de
apontam que o sulfato de magnésio funciona como idade gestacional. Recomenda-se, nestes casos, a realização de
neuroprotetor quando o parto ocorre antes de 32 semanas. cesariana pela maior dificuldade de extração da cabeça
derradeira.
Alguns autores recomendam a monitorização fetal contínua, já
que a acidemia fetal intraparto pode piorar as complicações RESIDÊNCIA MÉDICA R4 – 2020
atribuídas à prematuridade. Outro ponto importante é a SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO
profilaxia para o estreptococo do grupo B (GBS), que deve ser ESTADO DE PERNAMBUCO – SES-PE
feita de acordo com o protocolo discutido na apostila Obstetrícia Qual é a medicação que promove neuroproteção ao
Básica (FLUXOGRAMA 1). concepto, diminuindo as chances de paralisia cerebral no
parto prematuro antes de 32 semanas?
a) Terbutalina.
b) Sulfato de magnésio.
c) Progesterona.
d) Antagonistas de receptores de ocitocina.
e) Inibidores da cicloxigenase.
O trabalho de parto prematuro em paciente sem swab para R. Como não há uma contraindicação aparente para tocólise,
GBS é uma indicação de profilaxia para sepse neonatal para o devemos prescrever imediatamente este tipo de medicação.
estreptococo do grupo B! Mas lembre-se: a tocólise isoladamente não tem benefício,
devendo ser utilizada em conjunto com a corticoterapia para
melhorar o resultado neonatal! A prescrição de penicilina
VIDEO_15_R4_GO_07 para profilaxia da sepse neonatal pelo GBS não seria
obrigatória neste momento, visto que o trabalho de parto
ainda é bem inicial, mas não estaria errada. Não há
indicação de sulfato de magnésio para neuroproteção após
32 semanas. Resposta: letra A.
➤ Na presença de infecção: interrupção imediata em
MEMBRANAS OVULARES
➤ Na ausência de infecção:
QUADRO DE RESUMO
Definição
Fatores de risco
Antibioticoprofilaxia para Streptococcus do grupo B,
corticoterapia e neuroproteção conforme indicações
➤ Exames invasivos: amniocentese e cordocentese (risco de
habituais.
1 a 2%).
➤ Incompetência istmocervical.
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Diagnóstico
➤ Vaginose bacteriana.
➤ Gestação múltipla.
➤ Deficiências nutricionais.
➤ Atividade sexual.
➤ Traumatismo.
Figura 1. Teste da cristalização da secreção vaginal.
➤ História de parto prematuro.
DIAGNÓSTICO
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Em mais de 90% dos casos, a RPMO é diagnosticada através de
anamnese e exame físico. A paciente refere perda de líquido
claro via vaginal, que pode ser de forma contínua ou em
pequena quantidade. À inspeção, visualiza-se o líquido
escorrendo pela fenda vulvar ou, quando isto não ocorre,
realiza-se um exame especular que identifica a saída de líquido
através do orifício externo do colo. É fundamental, durante o
exame especular, tentar visualizar se há prolapso de cordão,
algum sinal de infecção e qual é a apresentação fetal, quando
possível.
Através de um kit específico, um swab estéril é inserido na Há evidência clínica de infecção intra-amniótica em 15 a 25%
vagina por um minuto e a seguir é transferido para um dos casos e a infecção puerperal ocorre em até 20%. Este risco é
frasco contendo um solvente. Após um minuto, introduz-se maior em idades gestacionais mais precoces. Outra complicação
uma fita de teste (AmniSure®) no frasco e o resultado é comum é o descolamento prematuro de placenta, que incide em
revelado pela presença de uma ou duas linhas após 5-10 2 a 5% das RPPMO.
minutos: uma linha visível significa resultado negativo para
fluido amniótico e duas linhas visíveis define um resultado
positivo. A ausência de linhas significa resultado inválido.
CORIOAMNIONITE
Outro problema da RPMO pré-viável é a hipoplasia pulmonar,
que acomete entre 10 e 20% dos neonatos e possui uma alta A principal origem da infecção é por via ascendente. A febre
letalidade. Esta complicação grave é rara quando a RPMO parece ser o único indicador confiável para o diagnóstico,
ocorre após 24 semanas, provavelmente porque já ocorreu quando associada à ruptura prematura de membranas. Já a
algum desenvolvimento alveolar pulmonar para suportar o leucocitose não parece ser um bom indicador de infecção
desenvolvimento fora do útero. Os maiores fatores associados isoladamente, devendo ser associado a outros parâmetros,
com a hipoplasia pulmonar são idade precoce da amniorrexe e como taquicardia fetal, sensibilidade uterina e odor vaginal
oligodramnia após o evento. A oligodramnia precoce também fétido.
resulta em malformações fetais, como implantação baixa de
orelhas, deformidade de membros e achatamento da face, na Não há consenso no diagnóstico de corioamnionite. O
chamada sequência de Potter. Ministério da Saúde (2012) define este diagnóstico a partir da
presença de febre materna (≥ 37,8ºC) e pelo menos dois dos
Neste contexto, a gestante também encontra-se em risco, com seguintes critérios:
relato de sepse materna em 1% dos casos, além de endometrite,
descolamento prematuro de placenta e retenção placentária. ➤
Leucocitose materna (leucometria > 15.000 cels/mm3);
➤ Taquicardia materna (> 100 bpm);
A FIGURA 3 resume o prognóstico da RPMO pré-termo.
➤ Taquicardia fetal (> 160 bpm);
➤ Sensibilidade uterina;
➤ Líquido amniótico com odor fétido.
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE GOIÁS – cardíaca materna de 126 bpm e batimentos cardiofetais de
170 bpm. Dinâmica uterina de duas contrações em 10
SES-GO
minutos. Apresentação cefálica e líquido claro fluindo pela
A corioamnionite responde por cerca de 25% dos partos cérvice uterina. Qual a conduta imediata mais adequada
prematuros. A principal causa da corioamnionite é a nesse caso?
infecção:
a) Iniciar antibioticoterapia para corioamnionite e realizar
a) Urinária. cesariana.
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O FLUXOGRAMA 3 resume a conduta na RPMO.
ANTIBIOTICOTERAPIA PARA AUMENTO DA
LATÊNCIA DA RPMO
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Se a paciente entrar em trabalho de parto em vigência do
antibiótico para latência da RPMO, deve-se trocar o esquema
para profilaxia do GBS (FLUXOGRAMA 2).
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As pacientes deverão ser orientadas sobre o risco da conduta R. Frente a uma amniorrexe com mais de 34 semanas,
conservadora e a alta taxa de morbimortalidade perinatal neste recomenda-se a interrupção da gestação, preferencialemente
contexto. O ACOG e o Ministério da Saúde (2012) recomendam com indução do trabalho de parto, sem necessidade de
que a interrupção da gestação seja oferecida à paciente. corticoterapia ou sulfato de magnésio nesta idade
gestacional. Como não há relato de swab para GBS,
Caso a paciente opte pela conduta conservadora e não haja recomenda-se a profilaxia antibiótica já que
sinais de infecção, é possível o acompanhamento ambulatorial obrigatoriamente teremos um parto prematuro. Resposta:
até alcançar a viabilidade neonatal, quando a internação letra A.
hospitalar deve ser realizada. A antibioticoterapia de latência
pode ser feita neste período, no entanto a corticoterapia não é
recomendada, pois não reduz a altíssima mortalidade se o parto
ocorrer.
RESIDÊNCIA MÉDICA – SITUAÇÕES ESPECIAIS
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE
Pacientes com RPMO pré-termo e herpesvírus ativo deverão ser
PERNAMBUCO – SES-PE
tratadas com aciclovir com intuito de diminuir a transmissão
Gestante com diagnóstico de ruptura prematura das vertical. Caso as lesões ainda estejam presentes no momento do
membranas na 33a semana de gestação, ausência de parto, está indicada a cesariana.
infecção, colo imaturo, apresentação cefálica e vitalidade
fetal preservada. Além de antibióticos, recomenda-se: A conduta para gestantes portadoras de HIV com RPPMO ainda
não é bem estabelecida. Dados iniciais sugeriam que a
a) Corticoterapia e conduta expectante. transmissão vertical aumentava com o tempo de bolsa rota, mas
parece que esta duração não influencia a transmissão vertical
b) Corticoterapia seguida de cesárea.
nas pacientes em uso de Terapia Antirretroviral (TARV) e baixa
c) Corticoterapia e indução do parto com misoprostol ou carga viral. Recomenda-se que a conduta seja individualizada,
ocitocina. considerando-se a conduta conservadora quando a
prematuridade for muito significativa, a paciente estiver
d) Indução do parto com misoprostol.
utilizando TARV e a carga viral for baixa.
e) Indução do parto com ocitocina.
GESTAÇÃO SUBSEQUENTE
A paciente com RPPMO apresenta risco maior de recorrência e
parto prematuro. Assim, alguns autores recomendam o uso de
progesterona entre 16 e 24 semanas para pacientes com parto
prematuro espontâneo anterior, mesmo que o motivo do parto
tenha sido RPMO. Da mesma forma, é possível a realização de
cerclagem caso a paciente tenha história de parto prematuro
espontâneo e colo curto em ultrassonografia com menos de 24
semanas.