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RECÉM-NASCIDO DE BAIXO O retardo de crescimento intrauterino pode ser

classificado de acordo com a duração e qual fase da


PESO E PREMATURIDADE gestação foi acometida por certas afecções.

Proporcional ou crônico (= simétrico – Chemin)


Classificação do recém nascido: Nasce com baixo peso, mas proporcional em
relação ao comprimento que está comprometido (e
 Peso ao nascimento (deve ser medido na 1º perímetro cefálico < p10). Acometimento ocorre no início
hora de vida ): da gestação, resultando em um menor crescimento
o Recém- n a s c i d o de baixo peso ao nascer esquelético e cerebral. Dificilmente a criança consegue
(RNBP) é aquele com igual ou menos de 2500g recuperar a estatura no período pós natal, mas pode
o Recém- n a s c i d o s de muito baixo peso ao manter o canal de crescimento ascendente se apresentar
nascer são aquele com peso inferior a 1500g velocidade de crescimento adequada; porém sempre se
o Recém-nascido de extremo baixo peso é aquele manterá abaixo do referencial.
com peso de nascimento menor que 1000g. E menos de
28 semanas de gestação (Chemin) Desproporcional ou agudo (= assimétrico – Chemin)
Seu peso é baixo e desproporcional em relação à
 Idade gestacional (IG) altura que não está comprometida (e perímetro cefálico
o Inferior a 37 semanas são chamados de entre p10-p90). O RN sofreu restrição somente no último
prematuros ou pré-termos (RNPT) período de gestação. Pode ser resultante de patologias
o Entre 37 e 41 semanas e 6 dias é uma obstétricas, diminuição da permeabilidade da placenta.
gestação a termo No período pós natal, se houver condições ambientais
o 42 semanas completas ou mais são os pós favoráveis, ocorrerá catch up e essa criança mudará o
termos canal de crescimento, atingindo valores de referência.

 Percentil: relaciona peso e idade gestacional Determinação da idades gestacional:


(Chemin):
o PIG: peso ao nascimento menor do que o A) Pré natal
percentil 10 do peso padrão para aquela idade gestacional Pode ser estimada: DUM; Altura uterina; Presença de
o AIG (apropriado para idade gestacional): peso quickening (primeiros movimentos do feto que podem ser
ao nascimento entre p10 e p90 na curva de crescimento sentidos pela mãe); Batimentos cardíacos; Avaliação da
intra uterina ultrassonografia.
o GIG (grande para idade gestacional): acima do
p90 no gráfico de crescimento intra-uterino B) Após o nascimento
É determinada pela avaliação clínica, cujos
A aceleração ou o retardo do crescimento pode parâmetros são: sinais neurológicos que dependem
ocorrer independente do tempo de duração normal da principalmente das posturas e sons; e características
gestação (Chemin). Os RN podem ter nascido a termo, externas que refletem a maturidade física do lactente.
mas apresentar condição desfavorável devido a um RCIU A determinação da idade gestacional é feita pelo
ou à desnutrição fetal. Neste caso, será chamado de método de Capurro, mas pode ser estimada pela
pequeno para idade gestacional (PIG). seguinte simples equação, que permite a classificação da
Porém existe aquele que é AIG e apresenta baixo prematuridade:
peso ao nascer (BPN) devido ao parto prematuro que
pode ter sido ocasionado por condições como IC = peso (g) x 4 / 5
desnutrição, etilismo e tabagismo maternos.
O BPN pode ser atribuído a um período de
gestação abreviado, a prematuridade ou a taxa de O método de Capurro pode ser realizado logo
crescimento intra uterino retardada, o que o torna PIG. após o nascimento, mas não oferece precisão para
Para classificar se o bebê, seja ele prematuro ou prematuros com menos de 34 semanas (Chemin).
não, é PIG, AIG ou GIG, é necessária a utilização de Avaliam-se características como textura da pele,
curvas de crescimento, essa relação influenciará nas dobras plantares, glândulas mamárias, forma de orelha
necessidades fisiológicas, nutricionais e em toda e formação do mamilo.
abordagem clínica e de desenvolvimento. No caso de prematuros com menos de 34
Essa relação reflete o adequado crescimento semanas se faz o New Ballard.
intrauterino e tem como objetivo antecipar a avaliação
da morbimortalidade neonatal, sendo recomendada pela
Academia Americana de Pediatria para todos os RN
(Chemin). Os PIG ou GIG irão apresentar problemas
clínicos imediatos ou tardios inerente à sua categoria, o
que torna importante a sua classificação (Chemin). Classificação da prematuridade

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Idade Gestacional Características 1) Índice de Roher
Classificação É um índice de proporcionalidade, indica risco de
37 a 38 Apresentam boa evolução, morbidade perinatal, é um índice de crescimento que
35 a 37 (Chemin) pode ter sucção débil. caracteriza o tipo de crescimento intra-útero, dada pela
Prematuridade limítrofe Cuidados mais específicos equação:
quanto à sucção, ou seja,
o método de alimentação IC = peso x 100 / comprimento (cm3)
31 a 36 Esse bebê geralmente tem
31 a 35 (Chemin) entre 1600 e 2500g,
Prematuridade moderada comprimento entre 39 e Classificação:
46 cm e perímetro cefálico < 2,2 = crescimento retardado
de 29 a 33cm. São mais 2 ,2 -3,0 = crescimento normal
susceptíveis a anóxia > 3,0 = crescimento excessivo
(imaturidade pulmonar),
hiperbilirrubinemia, 2) Ganho de peso diário e de comprimento e
hipoglicemia, hipocalcemia, perímetro cefálico semanais
hiponatremia e infecções
pela maior vulnerabilidade A termo Prematuro
imunológica. Neste grupo Ganho de peso 25 a 30g/dia 14,5 g/dia
aplica-se a correção para médio/dia
IG * Incremento de 5 cm/mês 1,28
24 a 30 Este tem geralmente peso altura cm/semana
Prematuridade extrema < 1500g, comprimento < Perímetro 1,1 cm/semana 0,98
38 cm e perímetro cefálico cefálico cm/semana
< 29 cm. Podem ter o
mesmo problema que os O recém nascido pré-termo tem 4 fases de
moderados, mas com crescimento:
maior gravidade e maior
risco para enterocolite 1) Fase inicial (período de perda de peso):
necrotizante e anomalias Não há ganho de peso real, só redistribuição
cardíacas. hidroeletrolítica, com perda de peso fisiológica de 5 a 10%
*Correção = IG (idade cronológica) – tempo em do peso do nascimento.A perda de peso é inversamente
semanas que faltou para completar o termo (40sem). Ex: proporcional ao peso do nascimento.
RNPT com 8 semanas de vida, nasceu com 35 SG; logo
possui Idade Corrigida = 3 semanas  idade cronológica (8 2) Fase transitória (período de mínimo crescimento –
sem) – falta para o termo (40 – 35 = 5 sem). A idade corrigida Chemin): Tem ganho ponderal discreto, desde que haja
deve ser aplicada: aporte protéico calórico mínimo. Espera-se que as
intercorrências clínicas tenham sido controladas. Quanto
Medidas Accioly 2009 menor o RN maior a sua duração.
Comprimento 36 meses
Peso 24 meses
PC 18 meses
3) Fase de crescimento acelerado ou de crescimento
Avaliação do crescimento de recuperação (catch up): Controladas as intercorrências,
nesta fase o recém nascido tem incremento no ganho de
Estas crianças são avaliadas utilizando-se as peso e no crescimento linear. É a fase de crescimento
curvas de crescimento de crianças normais, utilizando-se compensatório. Ele ultrapassa a velocidade de
a idade corrigida (Accioly). crescimento normal, sendo inversamente proporcional ao
Mas segundo a Chemin, o RN de muito baixo peso, peso de nascimento. O pico de velocidade ocorre nos
por apresentar mais intercorrências clínicas prolongando primeiros 2 meses (Chemin).
o tempo de internação, deve ser acompanhado pelo
gráfico de Ehrenkranz, que considera evolução do peso, 4) Fase de crescimento normal (período de
do comprimento e do perímetro cefálico em um período normalização do crescimento – Chemin): O déficit do
de 104 dias, já os de baixo peso, poderão ser nascimento é compensado e o recém nascido assume a
acompanhados durante os primeiros 40 dias pelo gráfico velocidade de crescimento de crianças nascidas a termo,
de evolução ponderal descrito por Shaffer (Chemin). sendo inversamente proporcional ao peso de nascimento.
Pode-se usar complementarmente pode-se utilizar Dentro de suas potencialidades genéticas (Chemin).
algusn índices como: Roher, ganho de peso diário e
evolução semanal de comprimento e do perímetro cefálico Características estruturais do RNBP ou RNPT
que são bons parâmetros para a avaliação do crescimento:

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 Redução da estatura, comprimento do fêmur, uréia e ácido úrico, e creatinina, que podem levar a
comprimento dos pés, perímetros cefálico (PC), torácico acidose metabólica.
(PT) e abdominal (PA), Há redução da atividade da cistationase (conversão
 Redução da circunferência da coxa, do braço e da metionina em cisteína), com isso a taurina e a cistina se
PCT (reserva adiposa insuficiente) tornam AA essenciais no RNPT. A taurina é essencial para
 Desproporção da relação cérebro-fígado (fígado é o desenvolvimento da retina, do fígado e do SNC.
proporcionalmente diminuído em relação ao cérebro)
 Desproporção da relação PC/PT (PC>PT)
 Retardo no desenvolvimento epifisário

Características sistêmicas
 Perda de peso fisiológica: PIG: < 5% do peso ao
nascer; AIG: 5 – 10% do peso ao nascer. Quanto mais
imatura a criança maior a perda (Dan). A perda de água é
mais intensa em prematuros extremos (< 1000g) pelo fato
de sua pele não ser queratinizada e ser mais permeável à
água (Chemin).
 Diminuição da filtração glomerular (↓ reabsorção
de sódio, glicose e aminoácidos, além da excreção de
bicarbonato) e do envoltório de gordura (isolamento
térmico)  Metabolismo de lipídeos: Tem-se acentuada
 Aumento da viscosidade sanguínea (massa capacidade de lipólise, dificuldade de prolongar a cadeia
eritrocitária, hematócrito) do ácido linoléico a ácido graxo ômega 3 (fazendo com
 Diminuição do envoltório de gordura (isolamento que o ácido linoléico e alfa-linolênico sejam essenciais,
térmico) estes são precurssores do AA e DHA) e a deficiência do
 Retardo na maturação pulmonar (hipóxia crônica sistema carnitina para β-oxidação, tornado-os essenciais
e consumo de oxigênio c/ retenção de gás carbônico) para os PMT.
 Diminuição do glicogênio cardíaco e da largura
das fibras miocárdicas Particularidades morfofuncionais digestivas:
 BOCA: debilidades em relação à sucção (iniciaria
Características metabólicas na 28º sem) e a coordenação sucção-deglutição (iniciaria a
partir da 32 até a 34º semana). As papilas gustativas se
 Metabolismo de glicídeos: Tem-se hipoglicemiade desenvolvem com 16 semanas e a capacidade de
vido à: diferenciar sabores é plena ao nascimento (Dan)
o imaturidade dos mecanismos de adaptação ao
jejum,  ESÔFAGO: refluxo gastro-esofágico pela
o aumento do consumo de glicose pelo cérebro, imaturidade esfincteriana e lento esvaziamento gástrico.
diminuição da gliconeogênese,
o diminuição das reservas de glicogênio hepático e  ESTÔMAGO: lento peristaltismo, retardo do
cardíaco, esvaziamento gástrico, reduzida capacidade gástrica,
o desproporção entre o tamanho cérebro/fígado (o limitada produção de HCl (50% da do adulto pela ↓ das
consumidor de glicose é maior que o produtor) e células parietais e imaturidade dos receptores de gastrina)
o pela redução da resposta de liberação de e a secretina e a gastrina estão presentes a partir da 20º
catecolaminas. semana.
O cérebro dos RNPT são mais resistentes à
hipoglicemia quando comparados aos adultos, porém os  FÍGADO: Diminuição das concentrações de
sinais clínicos não são tão evidentes e podem ocorrer ácidos biliares (↓ circulação entero-hepática) e menor
danos neurológicos. Para evitar a hipoglicemia é capacidade para conjugação da bilirrubina.
recomendado (Accioly 09):
 INTESTINO: vilosidades presentes a partir da 12º
sem e aprimoramento funcional no último trimestre.
Peptídeos reguladores no TGI (presentes entre a 6º e a
16º sem, porém com maturação só nas últimas 10
semanas) modulam o desenvolvimento morfo-funcional,
por isso se faz alimentação precoce e enteral mínima para
 Metabolismo das proteínas: A redução da reserva
promover a maturação dos peptídeos que servirão de
energética ao nascimento (seria feita nos último 3 meses
estímulo trófico à mucosa intestinal. E retardo do
de gravidez) provoca um estado catabólico protéico,
peristaltismo.
promovendo aumento plasmático do íon amônio (com a
imaturidade do ciclo da uréia pode levar a hiperamonemia),
 PULMÃO: Síndrome da angustia respiratória:
doença pulmonar causada por deficiência de surfactantes,
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desenvolve-se logo após o nascimento e é comum nos  Sais biliares; na 32º sem encontra-se 50% da
lactentes pré termo. produção do recém nascido a termo.

Enzimas digestivas: O feto inicia a deglutição do líquido aminiótico a partir


da 16º semana gestacional, de modo que no 3º trimestre o
 GLICÍDEOS: a absorção de glicose em RNPT volume ingerido é de 150ml/kg/dia, esse líquido contém
corresponde a 50-60% da capacidade do adulto. fatores tróficos, como fator de crescimento epidermal, além
 Amilase salivar: importante a partir da 22º sem. de carboidratos, proteínas, gordura, imunoglobulinas,
Ao nascer equivale a 5 a 10% da do adulto. eletrólitos e ainda é bacteriostático. A osmolaridade do
 Amilase pancreática (Accioly, 2009): níveis líquido aminiótico é de 275mOsmol/L e o valor energético é
bastante reduzidos. de 15kcal/L (Chemin). O RNPT é privado deste preparo
 Maltase, sacarase e α-dextrinase: aparecem entre intraluminal o que pode gerar intolerâncias alimentares
a 4º e a 10º sem. Na 28º-34º apresentam 70% da atividade (Chemin).
total.
 Lactase: aparece a partir da 10º sem, e entre a 28
e a 30º apresenta somente 30% da atividade total a termo.

Cae ressaltar que a absorção de glicose em RNPT


corresponde a 50 a 60% da capacidade do adulto. Por
esse motivo, os processos digestivos da matodextrina e
outros polímeros de glicose são mais satisfatórios do que o
da lactose.
Assim, a oferta de polímeros de glicose associados a
menor proporção de lactose, é a melhor estratégia de
fornecimento de carboidratos para RNPT, nas formulas
industrializadas (Accioly 09).
Por esse motivo, as fórmulas para prematuros
incluem além de lactose, polímeros de glicose, já que o
transporte ativo de monossacarídeos pela mucosa está
presente (Dan).

 PROTEÍNAS
 O processo de digestão do RNPT é limitado, mas
não compromete o aproveitamento nitrogenado.
 Restrita produção de HCl: leva a menores níveis
Necessidades nutricionais e aspectos metabólicos do
de pepsina, no entato não compromete a o processo
RNPT/RNBP
digestivo da proteína
Objetivo do cuidado nutricional é tentar fornecer
 Elevação das proteases pancreáticas a partir da
condições de nutrição semelhantes àquelas que teria no
28º sem. A partir da 26º sem, o tripsinogênio aparece e a
útero materno, veiculando os nutrientes necessários ao
tripsina apresenta níveis semelhantes aos do adulto.
seu crescimento e desenvolvimento (Accioly),
 Quimiotripsina e carboxipeptidase: ao nascimento
principalmente o desenvolvimento neurológico, que é o de
tem de 10 a 60% da atividade do adulto.
maior risco.
 Aminopeptidases: níveis reduzidos, mas não
Baixo aporte nutricional no período em que o cérebro
limitam o processo digestivo. está se desenvolvendo resulta em diminuição das células
cerebrais e dificuldade de comportamento, aprendizagem e
 LIPÍDEOS
memória (Accioly 09). Além de prevenir a morbidade
 Lípase do leite materno: é a principal enzima
relacionada à alimentação e melhorar os resultados
lipolítica. Porém, como o leite da própria mãe, na maioria
nutricionais a longo prazo (Chemin).
das vezes não é ofertado ou é oferecido em pequenas
Algumas estratégias dietéticas utilizadas para o
quantidades, esta enzima pode ter pouca importância no RNPT são aplicáveis ao RNBP que não são prematuros, a
processo de aproveitamento das gorduras (x O LM é depender do seu estado nutricional e intercorrências as
vantajoso por conter sua própria lípase que auxilia na
quais podem contribuir para um quadro semelhante ao da
digestão de triglicerídeos - Dan)
prematuridade (Accioly 09).
 Lípase lingual e gástrica: importantes no processo
Antes da 34º semana NÃO há uma coordenação
de hidrólise de TG de cadeia curta e média adequada entre sucção, deglutição e respiração, por isso
 Lípase pancreática: aparece a partir da 16º sem RNPT com essa idade não são introduzidos na via oral e
com produção restrita, limita o processo de aproveitamento sim na sonda naso ou orogástrica até apresentarem
dos lipídeos dietéticos.
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coordenação (Chemin), necessitando escolher uma via
alternativa para fornecimento das necessidades Accioly: Suas necessidades são estimadas com base nos
nutricionais. gastos energéticos do RNBP, os quais utilizam em torno
O valor das necessidades irá variar de acordo com: de 40% do seu gasto energético para síntese de proteínas
 Idade gestacional; (Accioly 09):
 Peso ao nascimento;
 Via de administração (enteral ou parenteral);
 Intercorrências clínicas (Chemin).

Necessidade hídrica
A necessidade em RNPT é muito variável, pois ocorre
alta perda renal em decorrência de sua imaturidade
(Chemin). São estimadas com base no elevado conteúdo
* Pode variar de 60 a 75 kcal/kg/dia, sendo que o metabolismo
corpóreo hídrico do RNPT/RNBP. Podem exigir: cerebral corresponde a 40% do metabolismo global.
 Aumentar a oferta em casos de atividade física
aumentada (convulsões, desconforto respiratório), Na pratica clínica, em geral o aporte de
umidade ambiental baixa, frio ou febre, perdas gastro- 120kcal/kg/dia é suficiente para que os RNBP atinjam um
intestinais, calor radiante, fototerapia (aumenta em 20% X crescimento satisfatório (Accioly 09):
10 a 16% - Chemin). Além de taquipnéia, infecção e
glicosúria (Chemin). 1ª semana 50-100 kcal/lg/dia
 Diminuir a oferta: insuficiência renal, insuficiência
2ª semana 110-150 kcal/kg/dia
cardíaca, pós operatório e meningite. Além da síndrome de
secreção inapropriada do hormônio antidiurético (10 a
Entretanto, para alguns deles e para os RNPT PIG,
20%), uso de plástico, umidificação da incubadora,
por vezes, é necessário 200 kcal/kg/dia.
ventilação mecânica e encefalopatia hipóxica isquêmica.
Aumenta-se o aporte lentamente e deve-se observar
 Aporte em excesso pode levar a: displasia
as melhores fontes de glicídeos (maltodextrina e
broncopulmonar, enterocolite necrotizante e aumento da
oligossacarídeos) e lipídeos (TCM + ácidos graxos
incidência de persistência do canal arterial (Accioly e
essenciais) mais convenientes pelos processos
Chemin). E insuficiência cardíaca congestiva e edema
enzimáticos e metabólicos alterados do prematuro.
(Accioly).
 Aporte inadequado pode levar a: desidratação,
Vasconcelos: energia para RNPT devem girar em torno de
desequilíbrio de eletrólitos e hipotensão
110 a 150 kcal/kg/dia, sendo 25 a 50% de carboidratos, 30
a 40% de lipídeos e 10 a 20% de proteínas.
Período ml/kg para RNBP, Capacidade
prematuro ou não gástrica
Chemin: Embora a recomendação seja de 110 a
1º dia 50 -60 2 ml/kg 150kcal/kg/dia, existe uma dificuldade em se alcançar 120
2º dia 90 kcal/kg/dia em razão da inabilidade de se conseguir a
3º dia 120 ingestão adequada, considerando a restrição de líquidos,
4º dia intolerância à infusão das soluções de glicose,
140 16 ml/kg
hiperbilirrubinemia, sepse e etc... Oferta de nutrientes em
5º dia 150
excesso pode acarretar acidose metabólica, edema,
1ª 150-180 (RNBPT)
persistência do canal arterial e enterocolite necrotizante; e
semana 180-120 (RNPT)
o déficit levar a perda de peso, hipernatremia, desidratação
Para os de muito baixo
e apnéia.
peso (<1500g) começa-
se com 60 ml e
Dan: A temperatura corporal influencia no aumento da
aumenta 15 a 30 ml/dia
demanda energética, uma vez que o aumento de 1ºC na
até 150 ml/kg/dia entre
temperatura aumenta 13% o metabolismo basal, e esse
7º e 8º dia
aumento pode ser maior quanto menor for a criança.
10ª dia 27 ml/kg
Necessidades protéicas:
Influenciam na utilização de proteínas pelo RNBP:
Necessidades energéticas: estado nutricional, ritmo de crescimento, relação kcal/ptn
As necessidades energéticas variam de acordo com o (geralmente ≥ 40), valor biológico (cistina, taurina e
metabolismo basal, a velocidade de crescimento, a carnitina essenciais para o prematuro), uso de
atividade física, o clima, o tipo de alimento, a via de fórmulas industrializadas (excretam mais creatinina do que
administração e a presença de enfermidade (Dan). os amamentados exclusivamente).
Os RNPT têm necessidade de aporte especial pelo A qualidade ou o tipo de proteína é uma
seu grau de imaturidade bioquímica, crescimento consideração importante, pois as necessidades de
acelerado e maior incidência de complicações clínicas
(Chemin).
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aminoácidos dos lactentes prematuros são diferentes dos As necessidades de lipídeos são estimadas com base
RN a termo. na importância nutricional e funcional dos lipídeos para
As fórmulas destinadas ao prematuro têm maior teor RNBP cumprindo as seguintes funções:
protéico, relação lactoalbumina:caseína de 60:40, e  Fonte de AGE
maiores quantidades de cisteína, que é condicionalmente  Desenvolvimento do SNC e retina
essencial neste caso (Dan).  Isolante térmico
Conseqüências do excesso de proteínas: aumento de
amônia e uréia, acidose metabólica, sobrecarga Accioly: Recomenda-se proporção de 40% de TCM o
metabólica e renal (imaturidade do processo de filtração restante em AGE.
glomerular). Pode levar a distúrbios neurológicos também
(Dan).

Accioly:

Chemin: A oferta deve ser composta de 10% de PUFA,


10% de saturadas, 80% monossaturados, na dosagem de
1 a 3,5g/kg/dia e de ácidos graxos essenciais (ômega 3 e
6): 0,6 a 1,2g/kg/dia.
Chemin: Em geral, são necessárias de 1,5 a 2g/kg/dia para
evitar catabolismo, mas de acordo com a Academia Vasconcelos: Recomendação: 30 a 40% VET. Os AG
Americana de Pediatria, o RNPT deve ingerir de 1 a essenciais possuem grande importância no crescimento e
3g/kg/dia na 1º semana, de 3,5 a 4g/kg/dia no crescimento desenvolvimento do SNC (mielinização e crescimento dos
estável e 2,2g/kg/dia após a alta. neurônios), no desenvolvimento da retina, fazem parte na
composição dos fosfolipídeos da membrana plasmática e
Vasconcelos: Recomendação: 10 a 20% do VET. Em
também são de fácil absorção. A recomendação gira em
decorrência da imaturidade do TGI e hepática, a qualidade
dos aas ofertados terão mais importância do que a torno de 4,7g/kg/dia, com variação de 4 a 9 g/kg/dia.
quantidade. Sendo os mais importantes: tirosina,
cisteína, taurina, histidina, glicina, glutamina e Necessidades glicídicas
arginina. Estima-se que a necessidade de CHO seja de 40 a
45% das calorias totais o que corresponde a 10 a 14
Considerações: g/kg/dia, e como a atividade da lactase está baixa, a
 Percebe-se que em média, essas recomendações maioria das fórmulas contém 50% de lactose e 50% de
variam de 3 a 4 g/kg/dia. Em geral, são necessárias de 1,5 polímeros de glicose (Dan)
a 2g/kg/dia para evitar catabolismo (Accioly 09 e Chemin). O consumo médio está em torno de 10 a 15 g/kg/dia.
 Os RN alimentados somente com glicose perdem Quando oferta-se glicídeos em torno de 20g/dia observa-
cerca de 1,2g/kg/dia de proteínas (Chemin). se que os lipídeos são preferencialmente depositados no
 Para agregação protéica recomenda-se tecido adiposo.
3,85g/kg/dia, com ingestão energética mínima de 50 a 60
Kcal/kg/dia (Accioly 09).
 RNBP depositam menor quantidade de proteína e
energia do que os RN AIG, quando ingerem o mesmo
aporte nutricional.
As melhores fontes glicídicas são maltodextrina e
Necessidades lipídicas oligossacarídeos.
Os RNPT são mais vulneráveis à falta de aporte O fornecimento de lactose deve ser em torno de 3 a
lipídico já que o aporte intra-útero, que ocorre no 3º 12g/100kcal, não ultrapassando 8g/100ml X não
trimestre, foi impedido pela prematuridade (Chemin). ultrapassar de 11g/dl, pois pode ocorrer diarréia osmótica
Importância dos lipídeos: desenvolvimento do SNC e da e distorção na proporção energia-proteína (Chemin).
retina, fontes de ácidos graxos essenciais (AGE) e isolante
térmico. Além de ser responsável por 50% da fonte Accioly 09: Para se evitar a hipoglicemia, o recém nascido
energética e transportar vitaminas lipossolúveis (Chemin). deve receber em torno de 3 a 4mg de glicose/kg/min; o
Um importante componente para atingir as RNPT necessita mais e, em casos extremos, até 10 a
recomendações é o TCM. É necessário a inclusão do 12mg/kg/min. A velocidade de infusão de glicose inicial é
TCM, pois os RNPTs possuem dificuldade na digestão e de 4 a 6 mg/kg/min (Chemin)
absorção de lipídios, pela ineficiência das lipases.

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As fórmulas para prematuros têm aumento de cálcio,
fósforo e vitamina D, necessária à incorporação óssea, e
prevenção da osteopenia da prematuridade (Dan). Os RN
têm maior risco de desenvolver deficiências de elementos
Chemin: Os níveis mínimos de glicose toleráveis para os traços como zinco, cobre, selênio, pois a passagem deles
prematuros são valores entre 45 e 55ml/dl. é maior no final da gestação e o crescimento pós natal é
muito rápido (Chemin).
Vasconcelos: Recomendação: 25 a 50% do VET. A
glicose é a principal fonte de energia, uma vez que os  Ferro: tem suas reservas depositadas no último
depósitos de glicogênios são limitados, pois possuem trimestre de gestação, por isso RNPT têm maior risco de
dificuldade de produzi-los. No LH, o principal carboidrato é anemia. É necessária a suplementação de 2mg/kg/dia com
a lactose e nas fórmulas infantis (FI) há: 50% de lactose e início entre 1,5 e 2 meses, continuando até 1 ano de idade,
50% de polímeros de glicose. Essa adição tem o objetivo independente do tipo de alimentação. No caso de recém
de adequar a oferta calórica, diminuir a carga osmótica e nascidos com peso < 1500g, a suplementação é de 3
melhorar a absorção de carboidratos. Propõe-se a mg/kg/dia e < 1000g é de 4 mg/kg/dia.
ingestão de 3,2 a 12g de carboidrato para cada 100 kcal
(LH ou FI especial de RNPT), não devendo ultrapassar 8g  Zinco e oligoelementos (Se, Mo, Co, Mn): ocorre
por 100 ml. Uma ingestão maior pode causar diarreia deficiência em RN antes da 28º sem.
osmótica, por conta da dificuldade do RNPT absorver
grandes quantidades de lactose.  Vitaminas A e D: suplementação a partir dos 10
dias de vida em doses de 1500UI (1000 a 1500UI -
Considerações: Chemin) e 400UI, respectivamente.
 A glicose apesar de ser a principal fonte de
energia, a sua tolerância é limitada, principalmente nos  Vitamina E: a necessidade é maior em RNPT -
PMTMBP, em razão da produção inadequada de insulina, 35UI/dia – Chemin; suplementação a partir da 1º sem,
resistência à insulina e liberação hepática contínua de tanto em LM quanto em fórmulas.
glicose enquanto a glicose intravenosa esta sendo
infundida.  Complexo B: suplementação a partir da 1º sem,
 A hiperglicemia é menos provável de acontecer tanto em LM quanto em fórmulas.
quando a glicose é administrada com aas, pois estes
exercem um efeito estimulatório de insulina. E a prevenção  Vitamina C: 25mg/dia (Chemin), suplementação a
de hiperglicemia é importante, pois pode acarretar diurese partir da 1º sem, tanto em LM quanto em fórmulas.
e desidratação.
 Vitamina K: 0,5 a 1 mg/semana (Chemin)
Quadro resumo (Vasconcelos):
 Cálcio: 130 – 150mg/kg/dia (64% de retenção)
Macronutrientes Peso < 1000g Peso entre 1000-
1500 g  Fósforo: 60 – 75mg/kg/dia (76% de retenção). A
Energia (kcal) 130 a 150 110 a 130 melhor relação Ca/P é encontrada no LM (2:1).
Proteína (g) 3,8 a 4,4 3,4 a 4,2
Carboidrato (g) 9 a 20 7 a 17  Sódio: considerar as necessidades aumentadas
Gorduras (g) 6,2 a 8,4 5,3 a 7,2 pela perda urinária. As fórmulas devem conter de 2,5 a
Ácido linoléico (mg) 900 a 1680 600 a 1440 3,5mEq de Na/kg/dia (Dan)
DHA (mg) >21 >18
AA (mg) >28 >24  Potássio (Dan) as necessidades são similares
Sódio (mEq) 3a5 3a5 às de RN a termo: 2 a 3 mEq/kg/dia (Dan)
Cloro (mEq) 3a7 3a7
Potássio (mEq) 2a3 2a3  Quadro de Vasconcelos:
Cálcio (mg) 100 a 200 100 a 200 Vitaminas Quantidades diárias
Fósforo (mg) 60 a 140 60 a 140 Vitamina A (UI) 700 a 1500
Vitamina D (UI) 150 a 400
Magnésio (mg) 7,9 a 15 7,9 a 15
Vitamina E (UI) 6 a 12
Ferro (mg) 2a4 2a4
Vitamina K (µg) 8 a 10
Vitamina C (mg) 18 a 24
Necessidades de vitaminas e minerais
Tiamina (µg) 180 a 240
As fórmulas e ao leite materno de pool podem
Riboflavina (µg) 250 a 360
apresentar diminuição de Na, Fe, Ca, Cu e P. O depósito
Niacina (µg) 3,6 a 4,8
de cálcio, fósforo e ferro, nos ossos do feto, ocorre durante
Folato (µg) 25 a 50
o 3º trimestre, assim prematuros não recebem estes
Vitamina B12 (µg) 0,3
minerais, estando associados a osteopenia e raquitismo da
Ácido pantotênico (mg) 1,2 a 1,7
prematuridade.
Biotina (µg) 3,6 5,0
7
posição do ácido palmítico nos TGs no LM impedir a
Estratégias alimentares formação de sabões de cálcio contendo este ácido graxo.
A superioridade do leite materno para os RNPT é
indiscutível, muito embora alguns pesqusiadores defendam Fórmulas: Existem no mercado algumas fórmulas
a suplementação de cálcio, fósforo e proteínas do leite adaptadas as particularidades do prematuro, além disso, a
materno, alegando que o leite da mãe do prematuro não mãe tem dificuldade de oferecer seu próprio leite, devido à
apresenta composição compatível. Na realidade o que imaturidade do reflexo sucção-deglutição, dificultando a
ocorre é uma defasagem entre a porduçõaz de nutrientes produção láctea. Nestes casos, a melhor opção é o uso de
pela própria mãe ordenhando e as necessidades muito fórmulas para RNPT em vez de pool de LM. As
aumentadas do prematuro. desvantagens são a possibilidade de ocorrência de
A 1º indicação é a utilização do leite materno, fenômenos de sensibilização (embora isso seja mais
principalmente pelo seu elevado teor de fatores comum em lactentes a termo), ausência de fatores imunes
imunológicos. O risco de enterocolite necrotizante e a e maior facilidade de transtornos gastrointestinais.
mortalidade em prematuros são menores quando se utiliza
o leite materno ordenhado em comparação às fórmulas
infantis (Dan).
As fórmulas para prematuros, em síntese, têm maior
teor de energia, proteínas, TCM, vitaminas e minerais, e Vias e técnicas de alimentação para o RNPT
menor teor de lactose (Dan). Mesmo considerando imaturo o TGI do RNPT, é
O LM transfere toda a proteção imunológica natural, necessário iniciar um aporte nutricional nas primeiras 24 a
anticorpos produzidos pela colonização com bactérias 72hs de vida, pois esses bebês têm baixo estoque de
hospitalares e células do sangue, evitando a infecção energia, suas características incluem baixa reserva, alto
hospitalar da criança; por isso a importância da presença metabolismo, peristalse lenta, maior perda de água
da mãe no hospital para ter contato com estas bactérias insensível, necessidade aumentada de gordura, alto
(Chemin). metabolismo protéico e limitada produção enzimática
Pool de leites do banco de leite, pasteurizado (Chemin).
adequadamente para eliminar o possível HIV, é A pequena capacidade estomacal, o trato gastro
considerado inadequado por ter baixo teor de proteínas e intestinal imaturo e uma enfermidade, tornam difícil a
minerais, levando a hiponatremia, hipofosfatemia e progressão de uma dieta enteral em lactentes de baixo
raquitismo. Sendo necessária, a suplementação com Ca, P peso, tornando a parenteral essencial.
(envolvidos na mineralização óssea), Na, Zn, vit C e Co, já
que o leite de outra mãe não está adaptado às 1) Intravenosa (nutrição parenteral) indicada para
necessidades do RNPT. todos prematuros extremos e para aqueles com idade
mais avançada que apresentem distúrbios digestivo-
absortivos graves.
Indicado também para aqueles com má formação
Comparação entre o leite materno de mãe de recém congênita, enterocolite necrotizante, insuficiência
nascido a termo e de mãe de RNPT: respiratória gravee RN a termo impossibilitado de iniciar a
 Carboidratos: menor quantidade no LMPT via enteral em um prazo de 5 dias ou 48hs em caso de pré
 Osmolaridade, volume, cálcio: semelhante dos 2 termo, que não obtêm aporte adequado via TGI e para
tipos aqueles que não podem fazer enteral (Chemin)
 Restante: maior quantidade no LMPT As necessidades são menores em parenteral pois
 Imunologicamente o LMPT é superior não ocorre perda de absorção.
Com relação ao RNPT gravemente doente, o objetivo
Atenção!! Para o Chemin ainda são maiores as da NPT não é promover ganho de peso, mas sim
calorias, o cloro e a IgA secretória, mantendo essas adequada oferta de proteínas e energia para prevenção do
características durante as 4 primeiras semanas. catabolismo (Chemin).
É válido lembrar que os prematuros alimentados por
O leite de mães de prematuros tem de 3,5 a 4g de esta via têm atrofia de mucosa intestinal pela diminuição
proteína/kg/dia e esse conteúdo vai diminuindo com o de hormônios e enzimas na borda em escova (Chemin).
amadurecimento do leite (2 a 2,5g/kg/dia), a relação
caseína/albumina é de 30:70%, sendo esta albumina Vasconcelos: Geralmente a NP é indicada no 2º dia
digerida mais facilmente, acelerando o esvaziamento de vida;
gástrico (Chemin).
Macronutrientes:
Leite de vaca: Quando consumido por prematuros  Glicose: até 3,4 g/kg/dia (monitorar velocidade de
infusão – produção de insulina pelo fígado é
pode causar azotemia, acidose metabólica e
insuficiente);
hiperamonemia. Tem quantidades insuficientes de  Proteínas: 1 g/kg/dia, com aumento diário de 0,5
aminoácidos essenciais. Quanto a gordura, esta é melhor g/kg/dia, atingindo o máximo de 3 g/kg/dia;
absorvida no LM devido à presença da lipase, além da

8
 Lipídios: 0,5 g/kg/dia, com incremento diário do Após o período de ajuste, o objetivo passa a ser o
mesmo valor, podendo chegar a no máximo 2,5 a fornecimento de suporte nutricional completo visando o
3,0 g/kg/dia. crescimento e rápido desenvolvimento dos órgãos.
As opções de alimentação são:
2) Via digestiva inicia-se em recém nascidos com  Leite humano fortificado com fortificantes e ferro
peso em torno de 1300g e com o tubo digestivo  Fórmulas fortificadas com ferro (para lactentes
funcionante, mesmo que com volumes pequenos para com menos de 2000g)
estímulo trófico (alimentação enteral mínima, que varia de  Fórmulas padrão fortificadas com ferro para
2,5 a 20ml/kg/dia), além do estímulo para motilidade lactentes com mais de 2000 g
intestinal e proteção contra translocação bacteriana. Quando em alta os lactentes vão para casa com
A presença de leite no lúmen intestinal estimula o fórmulas de transição e devem ser suplmentados com
desenvolvimento de sua mucosa, a maturação da atividade multivitamínico até atingir 3kg.
motora e a secreção de hormônios reguladores, sendo
importante a nutrição enteral mínima ou nutrição trófica O leite humano é o alimento ideal para prematuros e
para preparar o TGI da criança para a real nutrição o leite de mães de prematuro tem característica diferente
Deve-se observar a ausência de distensão abdominal das mães de a termo. No entanto, precisa ser fortificado
e alterações gastrointestinais, presença de peristalse e com suplemento de cálcio e fósforo para mineralização
prévia eliminação do mecônio. óssea do lactente prematuro.

Pode ser por: Nutrição enteral mínima: Pode ser iniciada nos primeiros
dias de vida, desde que o neonato se encontre estável,
 Sonda oro-entérica usada em casos de grave com um volume de 1 a 20ml//kg/dia (Vasconcelos: 12 a 24
risco de refluxo e com uso de ventilação mecânica ml/kg/dia), sugere-se que esta medida possa intensificar a
função intestinal com maior absorção de cálcio e fósforo,
 Sonda oro-gástrica através de gastróclise além de intensificar também o desenvolvimento da
que propicia melhor retenção nitrogenada e energética, atividade da lactase (Chemin). O ideal é que se utilize o
porém contra indicada em casos de refluxo gastro- leite da própria mãe do pré termo, fresco ou leite anterior
esofágico grave, quando a principal limitação é a (Chemin). Na fase inicial da nutrição trófica, o leite que
capacidade de sucção. atende a necessidade é o de baixo teor calórico (<
o NÃO é indicada a transpilórica ou nasojejunal pois 500kcal/l), chamado leite anterior, mas quando o RN está
aumenta chance de enterocolite necrotizante (Chemin) em enteral plena o aporte deve ser de > 700kcal/l, ou o
o A indicação é a gavagem simples ou intermitente leite posterior, que favorecerá um ganho ponderal mais
ou a gavagem contínua (Chemin). rápido (Chemin).
A primeira é a forma mais freqüente, seu custo Vantagens da NE precoce:
e risco são baixos, é de fácil administração, requer o Promoção da motilidade intestinal.
mínimo de equipamento, tem baixo risco de precipitação Melhora da tolerância alimentar.
da sonda, sendo a forma mais fisiológica, mas tem Redução de incidência de sepse
desvantagens como complicações do refluxo Indução da atividade da lactose.
gastroesofágico, hipoxemia transitória e apnéia > ganho de peso.
Já a contínua utiliza bomba infusora e é < incidência de disfunção hepática.
indicada para aqueles prematuros extremos com < ocorrência de raquitismo clínico.
insuficiência respiratória importante, pós operatório de < incidência de enterocolite necrosante
cirurgia abdominal, refluxo gastroesofágico e resíduo
gástrico persistente, neste caso a termogênese da dieta é Sucção: inicia-se com peso em torno de 1600-1800g e
menor, acelerando o ganho ponderal. idade superior a 34 semanas gestacionais, quando o bebê
já consegue coordenar os mecanismos de sucção e
Vasconcelos: A via de administração mais usada é a deglutição. É a melhor forma de alimentar um RN, então
sonda em posição gástrica; A administração intermitente é deve ser escolhida logo que as condições fisiológicas
preferível que a contínua, com volumes iniciais de 1 a 2 ml estejam estabilizadas.
com intervalos de 1 a 2hs. Conforme a evolução do
quadro, os volumes devem ser aumentados cerca de 5 a
10 ml/kg/dia até atingir 10 a 20 ml/kg/dia, conforme a
tolerância.A administração contínua é mais utilizada em PRÉ ESCOLAR E ESCOLAR
RNPT extremos com quadros respiratórios graves ou em
RNPT com intolerância à administração intermitente em
consequência de refluxos ou resíduo gástrico persistente. Definição:
 Pré escolar 1 a 6 anos
 Escolha da nutrição enteral  Escolar 7 a 10 anos
Objetivo primário do início da alimentação enteral é Nos 2 primeiros anos de vida o crescimento é intenso
estabelecer tolerância ao leite que está sendo fornecido. e reflete as condições da gestação e do nascimento, mas
após essa fase a velocidade de crescimento se estabiliza

9
em patamares menores e é determinada pelo potencial Por esse motivo, se o pré-púbere apresentar sobre-
genético, e na adolescência, com início da puberdade, há peso (110% a 120% do peso relativo) e não houver
novamente aumento do ritmo de crescimento (Chemin). evidências de fatores de risco para obesidade, não há
necessidade de intervenção. E para esse aumento de
reserva energética, a criança modifica seus hábitos
alimentares e apetite, com aumento do consumo de
alimentos energéticos (biscoitos, doces, sorvetes). E se a
PRÉ ESCOLAR: presença destes não estiver prejudicando a ingestão de
As fases pré escolar caracteriza-se por um declínio pelo menos 80% dos nutrientes ao crescimento adequado,
no ritmo de crescimento, visto pela redução da velocidade não é necessário restringi-los. A inapetência comum do
de ganho de peso e estatura, com conseqüente pré-escolar transforma-se em apetite voraz nessa fase.
decréscimo no apetite e menor necessidade de nutrientes.
Esta alteração é decorrente de diversos fatores Erros alimentares
(Accioly 09): A criança nesta faixa etária passa a ser mais
 Diminuição da velocidade de ganho de peso e independente, decidindo por si mesma, seus gostos,
estatura, reduzindo a necessidade de energia por unidade preferências e aversões. E esses fatores irão refletir nos
de peso; hábitos gerais e alimentares da criança (Accioly).
 Alcance de maturidade neurológica que permite à E é bastante comum a OMISSÃO do CAFÉ DA
criança livre deambulação a fim de explorar o mundo que a MANHÃ, o que acarreta menor desempenho escolar,
rodeia, buscar o alimento por si só e expressar aceitação e devido ao menor consumo de energia e outros nutrientes.
recusa pelos alimentos; E é nessa fase também que se inicia o comportamento
 A alimentação é relegada a segundo plano em sedentário. Quem não toma o café pode ter queda na
virtude da maior dimensão da vida da criança. atenção e na habilidade de concentração, já as que
consomem e são mais atentas, criativas, energéticas e
As alterações do comportamento alimentar não apresentam melhor desempenho escolar, de modo que o
significam que a criança esteja alimentando-se de maneira café da manhã deve conter fontes de riboflavina, zinco,
insuficiente. Uma boa progressão de peso e altura ferro, vitamina C e cálcio, além de ser realizado em família,
representa adequada nutrição, mesmo que o consumo para servirem de exemplo (Dan).
habitual não pareça adequado. O acompanhamento da A escola desempenha um papel fundamental no
curva de crescimento é essencial para avaliar a adequação desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. O
alimentar da criança nessa faixa etária. As crianças programa de merenda escolar é uma das maneiras de
desenvolvem o corte alimentar ou períodos em que promover saúde e reforçar bons hábitos alimentares.
alimentos previamente aceitos são recusados, ou elas Devido os avanços da vida moderna, verifica-se uma maior
podem pedir um alimento em particular a cada refeição. freqüência na alimentação fora do lar e de alimentos
Na fase pré escolar, as crianças quase sempre prontos para o consumo, o que leva a consumo de
limitam a variedade de alimentos ingeridos, diminuem refeições mais gordurosas e ao uso de refrigerantes e
consumo de vegetais e carne e aumentam o de doces e guloseimas.
guloseimas, prolongam muito as refeições e se distraem Verifica-se na alimentação das crianças uma ênfase
com facilidade. em proteínas animais, alimentos ricos em gordura,
alimentos refinados e excesso de sal (Dan).
FASE ESCOLAR
O crescimento é lento e constante sendo maior em Guias alimentares (Chemin e Dan):
membros inferiores que na região do tronco. É Tem a finalidade de orientar a população, os quais
freqüentemente chamado de período latente ou atuam como instrumentos educativos para orientação
quiescente. nutricional e alimentar, que, baseados nas recomendações
Na fase escolar, elas tendem a comer com menos nutricionais, nos hábitos e nos comportamentos
freqüência, mas aumentam a ingestão alimentar. Em alimentares, informam os indivíduos sobre a seleção, a
relação à composição corporal, quando a criança começa forma e a quantidade de alimentos a ser consumida (Dan).
a andar e explorar o meio ambiente há diminuição da O guia alimentar da pirâmide foi desenvolvido para
proporção de gordura corporal, atingindo o mínimo entre 4 crianças acima de 2 anos de idade e é norteado por 3
e 6 anos de idade e esta permanece estável durante toda princípios: 1. Variedade (nenhum grupo é mais ou menos
a infância e ocorre também o desenvolvimento de massa importante que o outro); 2. Moderação (consumir de
muscular. acordo com porções recomendadas); 3. Proporcionalidade
Os meninos apresentam maior massa magra que as (consumir mais alimentos da base da pirâmide e menos do
meninas, mas após os 7 anos ocorre aumento de tecido cume).
adiposo em ambos os sexos como preparo para o estirão
puberal (recuperação ou rebote da adiposidade). Nesta Chemin:
fase ocorre o fenômeno da repleção energética, em que
meninos e meninas apresentam maior velocidade de
ganho de peso, como uma forma de guardar energia para
ser usada na fase de intenso crescimento pubertário.

10
linguagem, diminuição na capacidade de concentração e
baixa resposta a estímulos. As crianças precisam de mais
alimentos nutritivos em proporção ao seu peso do que os
adultos.
A prática alimentar baseada na dieta balanceada
desde a infância é importante para o crescimento e
desenvolvimento saudável, visando à prevenção de
distúrbios nutricionais, além de reduzir os riscos de
doenças futuras como osteoporose e doenças crônicas
não transmissíveis.
A Sociedade Brasileira de Pediatria refere que 15%
das crianças brasileiras são obesas e o MS diz que até
Dan:
50% apresentam anemia (Dan).

Energia:
No início da vida 40% da ingestão energética é
utilizada para o crescimento, por isso a necessidade de
energia é maior (110Kcal/kg/dia), mas esse percentual
decresce até 3% aos 2 anos de idade e permanece estável
até a adolescência (Chemin).
A energia dietética deve ser suficiente para assegurar
o crescimento e poupar proteína, sem ser de modo
excessivo que leve a obesidade.

Dan: um escolar necessita em média 70 a 90 kcal/kg/dia


4-6 anos (20kg) – 1800 kcal
7-10 anos (28kg) – 2000 kcal
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
A importância do atendimento às exigências Accioly09:
nutricionais é que a saúde na fase pré-escolar e escolar se
refletirá definitivamente na adolescência e na vida adulta.
A desnutrição nesta fase pode retardar o crescimento e
desenvolvimento da criança, causar apatia, retardo da

11
Chemin: Para determinar a estimativa das necessidades Deve ser suficiente para promover crescimento e
de energia (EER) em crianças menores de 3 anos utiliza- desenvolvimento normais e ao mesmo tempo reduzir o
se somente o peso da criança. A partir desta idade, risco de doença aterosclerótica. A fim de reduzir a
considera-se gênero, idade, altura, peso e nível de prevalência de condições crônicas tais como doença
atividade física além de adicional de 20kcal/dia para cardíaca, câncer, diabetes e obesidade tem se usado as
formação de tecidos com o crescimento, até 8 anos de recomendações da NCEP para crianças acima de 2 anos.
idade (Chemin) -3 a 8 anos:

Meninos: EER = 88,5 – 61,9 x idade + CAF x (26,7 x Accioly:


peso + 903 x altura) + 20
Meninas: EER = 135,3 – 30,8 x idade + CAF x (10 x peso
+ 934 x altura) + 20

Coeficiente de Atividade Física (CAF):


Meninos Meninas
Sedentário 1 1
Pouco ativo 1,13 1,16
Ativo 1,26 1,31 A restrição excessiva de lipídeos pelas crianças
Muito ativo 1,42 1,56 estabelecida para evitar a obesidade, ou tratamento, sem
supervisão, de hipercolesterolemias, acarreta o risco de
consumo deficiente de ácido graxos essenciais e vitaminas
Dependendo do método escolhido, os valores lipossolúveis além de energia insuficiente para o
encontrados serão bem diferentes. Sabe-se que a RDA crescimento normal (Chemin).
superestima em aproximadamente em 25% e que para
pacientes internados, imobilizados e sem os adicionais Vasconcelos: 25 a 35%VET para crianças de 4 a 18 ano.
energéticos relacionados a lesões, a melhor opção para o
cálculo é o GEB, pois a criança estará praticamente em Idade Sexo Gorduras Ácido Ácido
metabolismo basal. totais linoléico linolênico
Crianças que apresentam baixo peso ou retardo de (g/dia) (g/dia) (g/dia)
crescimento nutricional precisam de mais energia e 4-8 Meninos ND* 10 0,7
proteínas para realizarem o catch up. Recomenda-se neste Meninas ND* 10 0,7
9-13 Meninos ND* 12 1,2
caso utilizar o peso ideal para estatura para os cálculos
Meninas ND* 10 1,0
energéticos.

Vasconcelos: Recomendação de energia a patir da IOM  Proteínas:


2005 que recomenda uso da DRI e cálculo da EER x CAF As necessidades por kilograma de peso são maiores
que as do adulto, necessitando também maior proporção
de aminoácidos essenciais.
Distribuição de macronutrientes:
A necessidade de proteína na infância é conceituada
como a dose mais baixa de proteína ingerida na dieta que
Distribuição energética (Chemin) compensa as perdas orgânicas de nitrogênio associadas
Carboidratos 55 a 60% Mínimo de 5 Evita cetose com a formação de tecidos exigida para o crescimento.
g/kg/dia e Dose inócua é definida como a necessidade média de
hipoglicemia proteína acrescida de 2 desvios-padrão.
Lipídeos 25 a 30% Mínimo de Evita Crianças com dieta vegetariana ou com alergias
25 a 35% 0,5 a 1 deficiência alimentares ou que façam seleções alimentares limitadas
(Dan) g/kg/dia de ac. têm maior probabilidade de estar em risco de ingestão
Linoleico inadequada de proteína, embora sua deficiência seja
Proteínas 10 a 15% incomum.

Distribuição energética (Accioly – IOM 2005)


Idade Proteínas Lipídeos Carboidratos Accioly 09: O consumo deve ser ajustado de acordo com a
(%) (%) (%) digestibilidade e o valor biológico (escore de aminoácidos).
1 – 3 anos 5 – 20 30 - 40 45 - 65 Para tanto, corrigir a recomendação de proteínas pela
> 4 anos 10 - 30 25 - 35 45 - 65 digestibilidade de proteínas corrigido pelo escore de
aminoácidos.

 Necessidade proteica de acordo com FAO/OMS,


 Lipideos: 2007:

12
Idade (anos) RDA
Idade (anos) Proteína (g/kg/dia) Feminino Masculino
1 1,14 10 a 13 34 34
1,5 1,03 14 a 18 46 52
2 0,97 19 46 56
3 0,90
4 0,86
5 0,85
6 0,89
7 0,91
8 0,92  Carboidrato:
9 0,92 Existe uma tendência de aumento na ingestão do
10 0,91 CHO simples, que está relacionado com redução no
consumo de leite, carne e vegetais e elevado consumo de
 Digestibilidade de proteína corrigida pelo escore sucos, resultando na deficiência de Fe, Zn e vit D. Em
de aminoácido de dieta a base de trigo, ervilha e escolares, parece haver aumento da prevalência de
leite em pó (FAO/OMS, 2007) obesidade, consumo elevado de açúcar e petiscos (34%
do consumo energético diário), percepção inadequada do
Idade (anos) Meninos e meninas peso corporal e conteúdo do desjejum inadequado.
0 a 5 anos 0,67 NRC (1989) recomenda que o consumo de CHO
1 a 2 anos 0,72 represente: 55% do consumo de energia total / dia, sendo
4 a 18 anos 0,79 até 10% de sacarose (Accioly 09).
A fibra é necessária para a saúde e é um laxante
normal das crianças. Sua importância no cardápio das
Chemin: para garantir a quantidade de aminoácidos crianças de deve ao seu efeito na diminuição dos níveis de
essenciais, deve-se dar 2/3 do total recomendado de AVB. gordura total, saturada e colesterol, diminuindo os riscos
de doença coronariana e alguns tipos de câncer (Dan).
Idade (anos) g/dia g/kg/dia
1 -3 13 1,1 Recomendações:
4- 8 19 0,95 Dan Idade + 5 = g de fibra /dia.
9 – 13 34 0,95 Até máximo de 25 a 30
g/dia
Dan (de acordo com RDA, 89): Accioly09 (g) 1 – 3 = 19,0
4 – 8 = 25,0
Idade (anos) g/kg/dia 9 – 13 = meninos – 31 /
< 6 meses 2,2 meninas - 26
6 12 meses 1,6 14 – 18 = meninos – 38 /
1 -3 1,2 meninas - 26
4-6 1,1
7 - 10 1,0 O Public Health Service (Accioly) recomenda que as
crianças devam aumentar a ingestão de vegetais (frutas e
hortaliças) para, pelo menos, 5 porções ao dia.

Vasconcelos: Água e sódio:


Segundo a RDA as recomendações giram em torno
Idade (anos) Proteína Proteína de 1,5ml/gasto energético/dia (Dan).
segundo OMS segundo DRI
(g/kg/dia) (g/dia)
0 a 6 meses 1,52 9,1
7 a 12 meses 1,2 11
1 a 3 anos 1,05 13
4 a 8 anos 0,95 19
9 a 13 anos 0,95 34
14 a 18 anos 0,85 52 – meninos
46 - meninas

Recomendação de proteínas para adolescentes:

13
Vasconcelos: A prevenção de osteoporose é mais eficiente durante
a infância e adolescência, quando os ossos estão
Idade (anos) L/dia crescendo rapidamente e estão mais sensíveis à influência
0 a 6 meses 0,7 ambiental como a dieta e atividade física.
7 a 12 meses 0,8
1 a 3 anos 1,3 Recomendação:
4 a 8 anos 1,7
9 a 13 anos 2,4  1 a 3 anos: 700 mg/dia
14 a 18 anos 3,3  4 a 8 anos: 1000 mg/dia
 9 a 18 anos : 1300 mg/dia

 Vitaminas e minerais: Zinco:


As deficiências mais comuns são: O zinco é essencial para o crescimento. Sua
 Chemin, Dan: ferro, cálcio e vit A necessidade está aumentada em função da sua
 Chemin: zinco participação na síntese de ac nucléico e no metabolismo
 Dan: vitamina C das proteínas (Chemin).
A AAP não recomenda a suplementação de vitaminas A sua deficiência resulta em insuficiência no
e minerais de rotina salvo em situações de risco como em crescimento, falta de apetite, acuidade de paladar
crianças com anorexia, baixa ingestão de alimentos, diminuída, e cicatrização de feridas prejudicada, alopecia,
doenças crônicas, dietas restritivas, baixo consumo de diarréia, atraso na maturação sexual, prejuízo no sistema
produtos lácteos, falta de exposição solar. imunológico e acrodermatite.
Suas principais fontes são carnes de frutos do mar, e
Ferro: nos alimentos de origem vegetal tem baixa
Crianças entre 1 e 3 anos de idade estão em alto biodisponibilidade pela presença de fitatos e fibras.
risco de anemia ferropriva, devido ao aumento de
hemoglobina e massa total de ferro, e a dieta não ser rica Recomendação:
neste nutriente. A anemia ferropriva atinge 9% das  1 a 3 anos: 3mg/dia,
crianças que estão engatinhando, é um problema menos  4 a 8 anos: 5mg/dia
significativo entre as crianças pré escolar e escolar.  9 a 13 anos: 8mg/dia
Deve-se estabelecer uma alimentação adequada com
presença de facilitadores de absorção de ferro, como os Vitamina D
ácidos orgânicos (málico, tartárico, ascórbico, cítrico) e É necessária para absorção de cálcio e deposição
diminuição dos inibidores da absorção (Chemin) deste nos ossos, bem como para a prevenção do câncer,
distúrbios autoimunes, doenças cadiovascularese
infecciosas.

Cálcio: Recomendação:
A ingestão adequada de cálcio é um dos fatores que  Lactentes: 400 UI (10 mcg)
auxiliam a maximização da massa óssea durante a  Crianças: 600 UI (15 mcg)
infância e a adolescência, contribuindo para prevenção de
riscos de fraturas na vida adulta. Sua necessidade Vitamina A (Chemin)
depende das taxas individuais de absorção e da Contribui para um maior risco de hipovitaminose A: a
quantidade de proteína, vit D e fósforo. introdução de alimentos pobres em vitamina A, o aumento
A recomendação é facilmente atingida com 2 copos da necessidade do nutriente para o crescimento, as
de leite, ou 01 iogurte + 01 copo de leite. Cada copo de múltiplas patologias freqüentes neste grupo etário, que
leite contem 250mg de cálcio e a alta biodisponiblidade aumentam a demanda metabólica e a desnutrição que
nos produtos lácteos está relacionada com o conteúdo de compromete seu estoque, transporte e utilização.
vit D e com a presença de lactose. Fontes: produtos A hipovitaminose A é considerada um problema de
lácteos e vegetais de folhas verdes, leguminosas, tofu, saúde pública quando os valores séricos de retinol em
ovos, mariscos, nozes e castanhas. 20% da população são inferiores a 0,7 μmol/L. Está
De 1 a 3 anos deve-se manter o consumo de leite associada a 23% das mortes por diarréia de crianças
para garantir o fornecimento de 500mg/dia (ingestão brasileiras, por isso se faz a suplementação em crianças
adequada), mas evitar a substituição de refeições salgadas de 6 a 59 meses de idade e puérperas no pós parto
por leite, prejudicando o consumo dos demais nutrientes. imediato residentes em regiões de alta prevalência.
A biodisponibilidade do cálcio de origem vegetal pode Crianças com deficiência de vitamina A são mais
ser afetada por inibidores de absorção (oxalatos e fitatos), susceptíveis a infecções.
A soja é uma exceção, pois apesar de conter inibidores, os Demonstrou-se que a suplementação de vitamina A
produtos derivados industrializados têm alta pode aumentar os níveis séricos de ferro e na deficiência
biodisponibilidade do mineral. São boas fontes de cálcio: de vit A há facilidade para ocorrência de anemia.
soja, brócolis, couve flor e couve, por conterem pouco
ácido oxálico.

14
com contextos positivos) e com as conseqüências
fisiológicas da ingestão do alimento. Crianças
amamentadas ao seio têm menor rejeição ao novo
alimento.

Padrões de ingestão:
Os nutrientes mais prováveis de serem baixos ou
deficientes em dietas de crianças são cálcio, ferro, zinco,
vit B6 e vit A. Comparado com a ingestão de nutrientes na
lactância, a dos pré-escolares têm diminuição em cálcio,
fósforo, riboflavina, ferro e vit A. As principais influências
na ingestão alimentar são:
Ambiente familiar (pais e parentes servem de
modelo, e os hábitos e aversões estabelecidos nesta fase
serão levados até a fase adulta, as crianças pequenas não
possuem a capacidade de escolher uma dieta balanceada,
nutritiva)
Tendências sociais (mães que trabalham fora de
casa)
Meios de comunicação (a televisão pode ser
prejudicial ao crescimento e desenvolvimento na medida
A suplementação de vitaminas e minerais é em que encoraja a inatividade, as crianças são incapazes
recomendada para crianças: de distinguir as mensagens de comerciais do programa
 com anorexia normal)
 com doenças crônicas (ex. Fibrose cística, DII, Pressão dos colegas (A influência de colegas
doença hepática) pode se manifestar por uma recusa súbita de um alimento
 famílias carentes ou aquelas que são abusadas ou o pedido de um alimento
ou neglicenciadas “ popular”)
 que fazem uso de um programa dietético para Enfermidade ou doença (podem ter o apetite
obesidade diminuído e ingestão alimentar limitada)
 que não consomem quantidades adequadas de
produtos lácteos As crianças não aceitam o alimento novo
 com dificuldades de desenvolver prontamente, o que é conhecido como neofobia (é uma
resposta normal e que pode ser modificada pelas ofertas
Recomendações em relação à atividade física: repetidas do alimento), preferindo os doces e calóricos,
É fundamental para prevenção da obesidade e além disso, às vezes a criança só aceita os lácteos pelo
manutenção de um bom estado de saúde. Em relação à conforto de ingerir um alimento conhecido, ou pelo medo
atividade física, recomenda-se que a criança pratique dos pais em oferecer sólidos, ou elas têm preferência por
atividade física ou participe de brincadeiras vigorosas alimentos pastosos ou líquidos e os pais com medo que a
durante 60 minutos/dia. Devem ser desestimulados hábitos criança perca peso oferecem só aqueles alimentos que
de vida sedentários, e o tempo de permanência assistindo são aceitos.
televisão ou brincando com vídeo games e computador A recusa alimentar pode também ser resultado de
deve ser limitado a no máximo 2 horas/dia, sendo prudente ameaças, subornos, insistência dos pais, o que pode levar
recomendar que se evite televisão no quarto das crianças. até a uma anorexia verdadeira. A anorexia ou inapetência
é uma das mais freqüentes queixas na pediatria, mais no
Determinantes do consumo alimentar: 2º ano de vida (principalmente entre 14 a 60 meses de
1. Número de intervalos entre as refeições: Está idade), quando a velocidade de crescimento diminui e
positivamente relacionado com o volume da refeição. consequentemente diminuem também as necessidades
Grandes refeições estão associadas a intervalos maiores, nutricionais e o apetite. A maioria das queixas é, na
e pequenas refeições com intervalos mais curtos. verdade, indisciplina alimentar, seletividade alimentar e
2. Tamanho das refeições: A criança é capaz de preferência por alimentos líquidos ou semi-sólidos,
regular a quantidade ingerida. Crianças ingerem maior principalmente os lácteos. Os estimulantes de apetite não
quantidade de dietas de menor densidade energética e devem ser utilizados, é necessário que a criança
vice-versa. Após refeições muito densas elas selecionam experimente o alimento várias vezes e para aquelas que
menor variedade de alimentos dando preferência aos estão abaixo do peso esperado, deve-se aumentar o
preferidos que comumente são ricos em açúcar e gordura. aporte calórico.
3. Tipos de alimentos presentes nas refeições: Há
uma preferência inata pelo sabor doce e rejeição do sabor .
amargo e azedo. Mas ela também pode ser moldada por
experiências repetidas com o alimento (8 a 9 vezes –
Chemin), contexto social (preferem alimentos associados
15
 Servir os alimentos em temperatura agradável
 Habituar a comer petiscos saudáveis, como frutas
frescas e desidratadas, legumes, queijo picado, etc. Mas
Orientações que devem ser dadas aos pais como forma de não estimular o consumo de petiscos enquanto se assiste
garantir a aquisição de bons hábitos alimentares pela televisão.
criança:  Evitar alimentos com risco de sufocamento:
 A criança deve controlar seu consumo alimentar, salsichas inteiras, bala dura, amendoim, pipoca, frutas
principalmente em relação ao tamanho da refeição. Deixar pequenas (uvas, cerejas) e pedaços grandes de alimentos.
a criança auto limitar-se. E castanhas e azeitonas
 Diversificar alimentos, formas de preparo e  Alimentos ricos em gordura saturada e colesterol
apresentação das refeições. A refeição deve ter um devem ser substituídos pelos ricos em poliinsaturados.
aspecto saboroso para estimular o apetite.  Aumentar o consumo de frutas e hortaliças in
 Servir pequenas porções de alimentos, natura.
oferecendo novas quantidades se necessário. A porção do  Integrar a criança na cozinha pode torná-la mais
alimento deve ser de acordo com a aceitação, o ideal é responsável e comprometida com a alimentação
oferecer sempre pequenas quantidades e perguntar se  Fazer companhia às refeições, pois isso influencia
deseja mais. na aceitação das mesmas
 As crianças em idade escolar, devido à menor  Em caso de restrições alimentares a família deve
capacidade e apetites variáveis, se dão melhor com tentar preparar alimentos semelhantes aos proibidos, mas
porções pequenas e mais freqüentes, a maioria se que possam ser consumidos, em vez de consumir
alimenta de 4 a 6 vezes/dia. escondido ou parar de consumir
 Fracionamento da dieta: 6 refeições diárias
incluindo os lanches. Mas estabelecer rotina para Orientações para prevenção de obesidade e doenças
alimentação com horários definidos e regulares cardiovasculares (Accioly 09):
 Evitar alimentos de alta concentração energética Dieta deve conter valor energético suficiente para
e calorias vazias, principalmente nas 2 horas antes das permitir crescimento adequado.
grandes refeições. Não devem receber nenhum alimento Não incluir na mesma na refeição mais de um
ou bebida 1½ h antes de uma refeição alimento rico em amido, como cereais, tubérculos e raízes
 Guloseimas não devem ser proibidas pois Aumentar o consumo de frutas e hortaliças cruas
estimularão mais ainda o interesse da criança, mas deve ou na forma de preparações culinárias agradáveis e
ser consumido em horários adequados variadas.
 Reduzir a ingestão hídrica durante as grandes Evitar consumo excessivo de sucos. Limitar o
refeições para evitar a saciedade precoce. Podem ser consumo para cerca de 1 copo por dia, para a faixa etária
oferecidos após as refeições, de preferência água ou de 1 a 6 anos, e dois copos por dia, para a faixa etária de 7
sucos naturais (Chemin). a 18 anos.
 Não forçar a criança, nem castigá-la em caso de Aumentar o consumo de peixe para cerca de 2
recusa alimentar. Há uma variação normal no apetite da vezes por semana.
criança e aceitação das refeições Utilizar óleos vegetais no preparo dos alimentos.
 Oferecer o alimento novo em pequenas Evitar frituras e alimentos gordurosos.
quantidades, se houver recusa, mudar a forma de Evitar alimentos ricos em gordura saturada e
preparação ou aguardar um intervalo até a próxima colesterol.
apresentação. Chemin: substituir por outro alimento do Não se recomenda restrição de gordura e
mesmo grupo. colesterol para crianças menores de 2 anos de idade. Após
 Sobremesas não devem ser utilizadas como essa idade, a criança poderá receber leite desnatado ou
recompensas para evitar sua supervalorização semi-desnatado.
 Horário da refeição deve ser agradável, mas não Restringir doces e refrigerantes.
um entretenimento. Uma atividade quieta ou descanso Reduzir o consumo de sal especialmente de
imediatamente antes da alimentação conduz a uma alimentos processados.
refeição relaxada e agradável. Se o escolar se mostrar
inapetente, verificar os alimentos que ele está consumindo Problemas de saúde mais freqüentes
entre as refeições (Chemin)
 Deixar a criança manipular os alimentos. Desnutrição: Após o desmame e adaptação à dieta familiar
Incentivar a criança a explorar o alimento aumenta o risco de deficiências nutricionais e desnutrição
 Evitar ao máximo o uso da mamadeira, oferecer protéico-energética, agravadas pelas comuns infecções
líquidos em copo em crianças menores de 5 anos, especialmente em países
 Instituir práticas alimentares saudáveis (Accioly): em desenvolvimento.
 ↓ consumo de doces e similares nos intervalos
das refeições; Obesidade: Objetivo do tratamento do obeso é reduzir o
 ↓ uso de açúcar refinado para adoçar ritmo de aumento ponderal com restrição da ingestão
preparações; excessiva sem provocar depleção e aumentar a atividade
Evitar compartilhar utensílios às refeições. física da criança. Não deve ser feita redução energética

16
abaixo das necessidades a ponto de provocar perda de Recomendações:
peso, pois pode causar prejuízos sobre a estatura e  Estimular o consumo de uma porção de fruta a
desenvolvimento do SNC. Quanto mais tempo a criança cada refeição sob a forma de sucos não coados, saladas
estiver com sobrepeso, mais provável é que o estado ou cremes.
continue na adolescência e na fase adulta. As crianças  Variar as opções culinárias utilizando hortaliças
cujo rebote de adiposidade de crescimento normal ocorre em geral e frutas desidratadas.
antes de 5 anos e 6 meses têm probabilidade maior de  Aumentar a ingestão de líquidos. A
serem mais pesadas na fase adulta do que aquelas cujo recomendação é de cerca de 1,5ml/kcal. É desejável que
rebote ocorre após os 7 anos. cerca de 50% da ingestão diária de líquidos seja de água,
com exceção dos lactentes em AM, já que o LH contém
Cárie dentária: cerca de 80% de água. Em geral, a criança perde cerca de
Tem relação direta com o consumo de açúcar. Parece que 800 ml de água/dia, sendo cerca de 200 ml nas fezes.
a higiene bucal regular tem maior impacto na prevenção de Portanto recomenda-se a ingestão de 4 a 6 copos de
cárie do que restrição de açúcar, portanto é recomendada água/dia.
a escovação após as refeições em crianças maiores e  Estimular o consumo de alimentos com grande
limpeza da cavidade oral de bebês com gaze ou fralda concentração de fibras (leguminosas, cereais integrais,
limpa umedecida com água. Deve-se habituar o paladar da legume, verduras, frutas e vegetais folhosos). O consumo
criança a um sabor doce de menos intensidade, reduzir o de legumes e vegetais folhosos devem ser oferecidos
consumo de doces e similares nos intervalos das preferencialmente crus. Em relação às frutas, deve-se dar
refeições, e evitar a utilização compartilhada de utensílios preferência às laxativas (mamão, ameixa fresca e
nas refeições evitando problema de origem infecciosa. desidaratada, laranja com bagaço, abacate, abacaxi,
tangerina, melancia, fruta de conde); inteiras ou em
Os alimentos protéicos (queijo, nozes e carnes) quando pedaços e sempre que possível com casca, pois fornecem
consumidos junto com os mais fermentáveis podem ajudar mais fibras do que na forma de sucos e de polpa
a proteger os dentes contra cárie, pois impedem a amassada. Frutas desidratadas mantidas em remolho (ex:
diminuição do pH, então as sobremesas e doces devem ameixa) podem ser mais fáceis de consumir. Estimular o
ser incorporados às refeições e com pouca frequência. O consumo de 1 porção de fruta a cada refeição.
flúor deve ser fornecido às crianças através de suprimento  Pode-se tb substituir parte da farinha de trigo no
de água fluoretada ou com um suplemento de flúor. preparo de bolos e outras preparações, por aveia em
flocos ou farelo de aveia ou de arroz.
Accioly:  Alimentos que estimulam pouco (maçã,
Alimentos contendo açúcares e amidos podem ser banana, pães, arroz, batata, farinha de mandioca,
facilmente hidrolisados pela Alfa amilase e bactérias, maisena), não precisam ser excluídos do plano alimentar,
podendo produzir ácidos que aumentam o risco de cáries. porém devem ser utilizados em combinação com alimentos
Evidências tem apontado que o hábito alimentar de que estimulem o trânsito intestinal.
mamadeiras noturnas, especialmente adicionadas de  Recomenda-se o uso de lactobacilos: O
sacarose e cereais, está associado ao desenvolvimento de Lactobacillus acidophilus ou Lactobacillus bifidus ajudam a
cáries. criar uma flora intestinal favorável, produtora de ácidos
orgânicos, o que é útil para aliviar a constipação.
Medidas preventivas contra a cárie:  Evitar ou usar moderadamente alimentos
• Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses flatulentos, os quais podem trazer desconforto intestinal,
• Restringir açúcar refinado, balas e refrigerantes na como: couve-flor
alimentação da criança  Deve-se desencorajar a substituição das
• Se a criança dormir enquanto estiver sendo grandes refeições por preparações ou fórmulas lácteas.
amamentada, é importante que a mãe limpe a boca da  Estimular o consumo de leguminosas no
criança almoço e jantar.
• É totalmente contra indicado oferecer mamadeiras  Os farelos de cereais são os que possuem
ou qualquer outra bebida à criança enquanto estiver maior concentração de fonte de fibras, mas devem ser
dormindo usados com moderação em casos de constipação mais
• Não é recomendada a utilização de creme dental intensa devem ser adicionados a alimentos bem aceitos
com flúor antes de 2 anos de idade e enxaguatórios bucais pelas crianças e divididos em 3 doses/dia, usando em
com flúor antes de 6 nos de idade. média 1 colher de sobremesa. No entanto é possível
elaborar uma dieta rica em fibras sem a utilização desses
Constipação: Deve-se estimular o consumo de alimentos
produtos.
ricos em fibras, mas evitando seu excesso, pois sua
 Em situações festivas, os biscoitos
densidade energética é baixa e a capacidade gástrica
salgadinhos podem ser substituídos por pipoca ou
infantil é reduzida. Além disso, pode prejudicar a absorção
biscoitos integrais e os doces por frutas desidratadas.
de cálcio, ferro, cobre, magnésio, fósforo e zinco. Pode
 Desencorajar a substituição das grandes
resultar em falta de apetite, menor ingestão de alimentos e
refeições por preparações ou fórmulas lácteas
dificuldade em se desenvolver.

17
Alimentação escolar e educação nutricional (Dan, necessidade de incorporar o tema saúde e nutrição na
2009): formação dos professores.
A escola é um importante local para promover a
alimentação saudável, pois a criança realiza grande parte Cantina escolar (Dan, 2009):
das suas refeições ali e o escolar é um potencial agente de A maioria comercializa produtos ricos em gordura e
mudança na família e na comunidade, atingindo-se um açúcares. Cabe aos dirigentes da escola, a associação de
grande percentual da população. Cabe a escola dar o pais e mestres, a sensibilização dos donos das cantinas
exemplo de alimentação adequada. Pelo PNAE (Programa para a oferta de alimentos saudáveis, com preços
Nacional de Alimentação Escolar) é recomedado que o acessíveis. No município do RJ é proibida a venda de
cardápio seja de baixo custo e que NÃO tenham as guloseimas nas cantinas e em torno das escolas da rede
seguintes características: municipal. Mas só isso não é necessário, pois pode
 Fonte predominante de calorias estimular a valorização do alimento proibido, então deve
 Altamente cariogênico ser feito um trabalho de educação nutricional.
 Mais críticos para o aumento de peso e suas
consequências Recomendações em relação à atividade física:
 Desestimuladores da formação de hábitos
alimentares saudáveis Accioly:
 Equiparados à guloseimas das crianças Em relação à atividade física, recomenda-se que a
criança pratique atividade física ou participe de
Além disso, deve haver junto aos alunos ações de: brincadeiras vigorosas durante 60 minutos/dia.
 Educação nutricional Devem ser desestimulados hábitos de vida
sedentários, e o tempo de permanência assistindo
 Avaliação sistemática do estado nutricional
televisão ou brincando com vídeo games e computador
 Incentivo à prática regular de atividade física
deve ser limitado há no máximo 2 horas/dia, sendo
prudente recomendar que se evite televisão no quarto das
Essas ações devem envolver toda a escola e também
crianças.
a família e comunidade que o escolar pertence. Há

A criança constitui um grupo extremamente


vulnerável do ponto de vista nutricional, já que apresenta
elevada velocidade de crescimento, principalmente no 1°
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ano de vida (Chemin), por isso é importante a avaliação e
monitoração do seu estado nutricional.
DE CRIANÇAS A realização das medidas de maneira sistematizada e
cronológica através das curvas de crescimento permite o
acompanhamento do processo de crescimento e detecção
precoce de situações de risco que possam interferir
18
negativamente na condição nutricional e
consequentemente na saúde do individuo. A caderneta da Curvas de crescimento:
criança, disponibilizada pelo Ministério da saúde é uma
boa ferramenta para o acompanhamento longitudinal. O
diagnóstico deve ser baseado na inclinação da curva e não
em um único ponto.
Nos casos de pacientes hospitalizados, a avalição
deve ser realizada nas primeiras 24 horas de internação.
São hormônios (fator intrínseco pós concepcionais)
influentes nas 4 fases do crescimento:
• Intrauterino: insulina, lactogênio placentário,
somatotrofina coriônica e somatomedinas.
• Fase de lactente: hormônios tireoidianos
• Fase pré puberal: hormônio de crescimento
hipofisário (GH) Ganho de peso e comprimento:
• Fase puberal: esteroides sexuais, somatomedinas e
GH  Peso
o Taxa de ganho de peso nos primeiros anos de
vida: 25 a 30 g/dia
o Ao redor do 4 a 6 meses: dobra o peso
o No primeiro ano de vida: peso do nascimento
Avaliação do EN de acordo com faixa etária triplica
o Anos restantes: ganho de 2,0 -3,0 kg/ano =
1/3 do peso ganho no primeiro ano de vida

A) Recém nascido & Lactentes Período Ganho de peso


A duração da gestaçao, o peso pré-gestacional da 1º trimestre 700g/mês 25 a 30 g/dia
mãe, e o ganho de peso materno determinam o estado 2º trimestre 600g/mês 20 g/dia
3º trimestre 500g/mês 15 g/dia
nutricional da criança ao nascimento. Depois do
4º trimestre 300g/mês 10 g/dia
nascimento, o crescimento da criança é influenciado pelos
fatores genéticos e dietéticos.
O acompanhamento do estado nutricional para < 1
 Comprimento/ Altura
ano de idade, deve levar em consideração: PESO,
o Taxa de ganho de peso nos primeiros anos de
COMPRIMENTO e PERÍMETRO CEFÁLICO.
vida: 1 mm/dia, reduzindo para 0,4 mm/dia até 1 ano
Para crianças menores que 2 anos normalmente usa-
o Primeiro ano de vida: incremento de 50% na
se a balança pediátrica (“de mesa”) e antropômetro
altura
horizontal. A partir desta idade já pode usar a balança
o Segundo ano de vida: 12 cm
plataforma e estadiômetros ou então uma fita métrica fixa
o Terceiro ano de vida: 8 a 9 cm
na parede.
o Anos restantes: 7 cm/ano (Dan: 6 cm/ano)

Características da faixa etária:


B) Crianças de 1 a 10 anos
Logo após o nascimento a criança perde 5 a 10%
de seu peso, como forma de compensar a retenção hídrica  Antropometria As medidas mais utilizadas em
que ocorre no nascimento e o recupera por volta de 7 a 10
crianças são: peso e estatura (comprimento para < 24
dias.
meses) e a circunferência de braço.
A água corpórea total diminui em 70% no
nascimento para 60% com 1 ano de idade, esse
o Peso Expressa a dimensão da massa
decréscimo e devido à perda de agua extracelular, que
corporal, incluindo tecido adiposo e muscular. Se modifica
diminui de 42% para 32% aos 12 meses de idade
de forma rápida e intensa em intervalos curtos de tempo,
De um modo geral, o recém nascido apresenta
permitindo diagnóstico precoce da desnutrição, e da
proporcionalmente muito menos massa muscular (25%) do
recuperação do estado nutricional, mas sua medida
que o adulto (40%) e ao nascer, meninos e meninas não
isolada não indica qual compartimento corporal está
diferem quanto à composição corporal.
comprometido.
Há um aumento é em média do peso e altura
Crianças com edema não devem ser classificadas
para meninos e meninas durante os primeiros dois meses.
antropometricamente quanto ao seu EN. O edema
Os RN a termo têm incremento de peso em torno de
caracteriza estado clínico indesejado, portanto, quando a
30g/dia e 5cm/mês no comprimento (Chemin)
criança edemaciada apresenta perda de peso importante
Bebês que tendem a ter maior estatura atingem
em horas/dias, é um indicativo de que a terapia clínica e
sua curva de crescimento entre o 3º e o 6º mês, já os
nutricional está sendo eficaz.
nascidos com ≤ percentil 10 para altura podem não atingir
a curva até 1 ano de idade.

19
o Estatura Indicador para avaliação do tamanho
corporal e do crescimento linear. As modificações ocorrem
em períodos de tempo prolongados, de modo que seu
déficit reflete agravos do estado nutricional de longa
duração. O termo estatura não é adequado para crianças
menores de 2 anos, neste caso deve-se medir a criança
deitada, o que é chamado de comprimento. O
comprimento é aproximadamente 0,5cm a 1,5cm maior
que a altura. O ganho em altura é proporcionalmente mais
lento que o aumento de peso. Assim na vigência de um o Relação Perímetro braquial/perímetro cefálico:
déficit nutricional em qualquer idade, a altura não sofre Reflete a proporcionalidade do crescimento e tem relação
impacto imediato, mas o peso sim. E ao ocorrer prejuízo direta com a IG. Ao nascimento reflete a nutrição fetal, e o
na estatura, parece não haver condições de recuperação. acompanhamento por este índice pode refletir a reserva
muscular ou tecido muscular.
o Circunferência do braço (ou perímetro braquial – Bom indicador do estado proteico-calórico do RN e
Chemin):Reflete tanto as reservas de energia como a permite caracterizá-lo quanto à restrição de crescimento
massa protéica. É recomendada na avaliação do estado intrauterino. Valores < p5, seriam indicativos de restrição
nutricional de crianças até 5 anos de idade. Considera-se intrauterina.
como ponto de corte o valor de 12,5cm, abaixo disso é Essa relação avalia a proporcionalidade corpórea,
considerado baixo peso, equivalendo-se ao índice baseada no princípio da preservação relativa do
peso/altura. crescimento cefálico comparado a perda muscular e de
É recomendado como alternativa para avaliações gordura em períodos de nutrição marginal. No entanto, a
rápidas do estado nutricional quando não é possível a medida de PB não é realizada como rotina na prática
utilização de peso e altura. É simples, fácil, rápido e de clínica.
baixo custo (Chemin).
Vantagens: Simplicidade do instrumento. Facilidade e o Dobras cutâneas: medem a quantidade de tecido
rapidez de coleta e interpretação dos dados. Boa adiposo subcutâneo e consequentemente as reservas de
aceitabilidade e Baixo custo. Maior cobertura populacional. energia do organismo e o estado nutricional atual. É de
Replicabilidade. fácil acesso, mas depende do treinamento do avaliador
Desvantagens: A medida isolada de apenas um (Chemin). As mais recomendadas na avaliação de
segmento corporal, limita a obtenção de diagnóstico mais crianças são a triciptal e a subescapular, por possuírem
global. E deve ser comparada a tabelas de referência valores de referência (Frisancho), valores acima de p90
(Chemin). indicam risco à saúde, e abaixo do percentil 5 representam
aumento no risco de morbidade (Chemin).
o Perímetro torácico (PT) Até os 2 anos de As mais indicadas para crianças: triciptal,
idade possui valor como índice de estado nutritivo subescapular, biciptal, abdominal e suprailíaca.
(funciona como indicador de reserva adiposa e massa
muscular), depois sofre influência da atividade física. Vantagens:
 Mede a composição corporal não só o volume
o Perímetro cefálico (PC) ou Circunferência  É de maior acessibilidade econômica
occiptofrontal (Chemin) Deve ser realizado  Sua acurácia depende do treinamento do avaliador
prioritariamente em crianças até 2 anos (Chemin) de
idade, pois reflete indiretamente o crescimento cerebral, Desvantagens:
acelerado nesta fase, porém, NÃO reflete necessariamente  Variações na distribuição do tecido adiposo de
retardo do crescimento do sistema nervoso (Chemin). acordo com idade e sexo
Espera-se um aumento de 1cm/semana.  Inexistência de parâmetro de referência
 RN= 34 a 35cm levando em consideração a etnia
 6 meses = 42 a 44 cm  Depende do treinamento do avaliador
 1 ano = 45 a 47 cm (Chemin).

PC é utilizado para diagnóstico de estados o Circunferência da cintura Serve como


patológicos de microcefalia, macrocefalia e hidrocefalia; e indicador de doença cardiovascular inclusive em crianças e
antropometricante ele é utilizado para classificação da adolescentes. A grande limitação para o seu uso, é a falta
desnutrição pelo indicador PTorácico/PCefálico. de pontos de corte específicos para as crianças.
Interpretação: Relação CC/idade = Adequado entre p10-
p90 (Chemin). o Alvo parenteral (canal familiar): compara a
altura da criança à altura dos pais. Quando o percentil do
pai e da mãe é semelhante, existe grande probabilidade da
criança atingir na vida adulta um percentil muito próximo
do familiar. Entretanto, no caso em que a estatura dos pais

20
é muito discordante, a altura alvo-familiar não é muito ser classificadas como sendo portadoras de magreza ou
informativa. emaciação (wasting). O primeiro termo não implica
associação com um processo patológico, já o segundo
resulta de um processo grave de fome ou doença. O uso
do temo emaciação em nível populacional é apropriado
somente quando a prevalência do P/E é > 3% (- 2DP). A
OMS não recomenda mais a utilização dos termos
desnutrição aguda, corrente ou severa e também não
recomenda o termo obesidade quando se fala em nível
o Idade óssea (IO): capaz de avaliar o
individual, mas pode ser um indicador a nível populacional.
crescimento por meio da avaliação da maturação óssea
É considerado um bom indicador do estado nutricional
episária (núcleos de ossificação), analisando através de
atual ou como detector de deficiência a curto prazo
radiografia, os ossos das mãos e punhos. Nos menores de
(Chemin).
1 ano são analisados pé e quadril. As imagens são
comparadas a referências.
o IMC ou índice de Quetelet Tem sido pouco
O desenvolvimento dos ossos é caracterizado por
empregado na avaliação do EN de crianças < 10 anos,
uma sequência de maturação, com aparecimento
embora a OMS recomende seu uso para crianças a partir
progressivo de núcleos de ossificação que variam em
de 5 anos de idade (Accioly 09). Entretanto, necessita de
tamanho e forma desde o nascimento até o final de
curvas específicas, pois conforme a criança cresce, a
desenvolvimento puberal.
composição corporal sofre alteração em função da idade e
Idade óssea = idade cronológica → Indicador de
sexo. É criticado por depender da estatura, o qual por sua
baixa estatura familiar.
vez depende da idade, além de não permitir diferenciar se
Idade óssea < Idade cronológica → Indicador de
o excesso de peso é decorrente de massa gorda ou massa
atraso constitucional do crescimento.
magra e óssea, entretanto é bastante útil no rastreamento
de excesso e baixo peso. É considerado um índice
 Índices antropométricos: São construídos a
superior ao P/E na identificação desses agravos
partir de duas medidas antropométricas brutas, já que
nutricionais em crianças > 5 anos. Segundo Chemin, o P/E
isoladamente as medidas não permitem uma avaliação
só deve ser utilizado no período pré-pubertário, pois só
nutricional precisa. Os mais utilizados são:
nessa fase essa relação independe da idade.

o Peso por idade (P/I) Reflete o peso em relação


Os índices antropométricos mais amplamente usados e
à idade cronológica, é influenciado tanto pelo peso como
recomendados pela OMS e MS na AN de crianças e
pela estatura. Em situações onde há uma relação elevada
adolescentes são:
para este índice utiliza-se o termo sobrepeso, já a
utilização do termo desnutrição global deve ser
desencorajada. É preconizado em crianças menores de 2
Faixa etária Crianças Crianças de Adolescen
anos, pois o peso nesta faixa etária é o parâmetro que tem
de 0 a 5 5 a 10 anos tes (10 a
maior velocidade de crescimento, variando mais em função
anos incompletos 19 anos)
da idade do que do comprimento. É um indicador do
completos
estado nutricional atual (Chemin).
----
Índice Peso para Peso para
o Altura por idade (A/I) ou (E/I) Reflete o
antropométrico idade idade
crescimento linear alcançado para uma idade específica e
seus déficits indicam inadequações acumuladas a longo
Estatura Estatura Estatura
prazo, ou seja, fornece um quadro de história nutricional
para idade para idade para idade
passada, permitindo observar a cronicidade do agravo
----
nutricional (Chemin). As crianças com baixa estatura para
Peso para
idade podem ser classificadas como baixas ou com
estatura
nanismo (stunting). O primeiro termo é utilizado para
descrever um baixo valor de E/I, já o segundo termo,
implica em um processo patológico que demanda cuidados IMC para IMC para IMC para
idade idade idade
nutricionais específicos. Caso contrário, assume-se que
estas crianças são geneticamente baixas. A utilização do
termo desnutrição crônica deve ser desestimulada como
sinônimo de baixa E/I, por não permitir diferenciar um Interpretação dos Índices
processo passado e um de longa duração, mas que se  Percentis: O percentil mostra a frequência com
mantém presente. que ocorre determinado peso ou estatura em um
determinado grupo populacional de acordo com o sexo,
o Peso por altura (P/A) ou (P/E) Reflete a faixa etária ou estado fisiológico, o percentil 50 é
harmonia do crescimento com o peso e não requer o uso considerado ideal. É o mais utilizado nos serviços básicos
da idade. As crianças com baixo peso para estatura podem de saúde.

21
Os pontos de corte mais importantes são: p3
(indicador de desnutrição); p50 (equivalente à media ou
mediana); p97 (indicador de sobrepeso).

Limitações:
- O mesmo intervalo de percentis correponde a diferentes
mudanças de valores absolutos de estatura ou peso. Curvas de crescimento
Assim não serve para calcular média e desvio padrão. É o instrumento mais utilizado pelos profissionais de
- Não permite identificar de forma eficaz pequenos ganhos saúde para acompanhar EN de crianças. Até o final da
ou perdas, não sendo útil na avaliação de intervenções. última década, a OMS recomendava o uso exclusivo como
- Não são indicadas em caso de atraso ou avanço puberal, referência antropométrica do National Center for Health
nestas situações o melhor indicador é percentual de and Statistics (NCHS).
adequação de peso para estatura. Entretanto, devido a uma série de limitações tais
como: a maior parte das crianças estudadas não não
 Escore-Z ou múltiplos de desvio padrão: É a foram alimentadas com LM (principal limitação); não possui
medida de quanto o indivíduo se afasta ou se aproxima da representatividade internacional, pois foi baseado em
média ou mediana em desvios-padrão do grupo de dados crianças da população americana; e diferenças
a que pertence. É mais aceito na literatura científica e é um metodológicas que resultaram em uma disjunção na curva,
excelente método para estudos de grupos populacionais. com mudanças abruptas nos índices aos 2 anos de idade.
É útil na detecção de pequenas mudanças nos Essas curvas foram revisadas pelos Centers for Disease
extremos da distribuição. Seus valores de normalidade são Control, e deram origem as curvas CDC, 2000 (Accioly09).
entre – 2DP e + 2DP. Se o valor de escore Z for zero (0), Entretanto, a população continuava sendo a mesma
isto significa que o valor obtida pela criança é exatamente (população americana), porém a edição do NCHS só
igual ao valor do referencial, no caso o valor do percentil utilizava crianças e adolescentes brancos e crianças
50 das curvas de crescimento. alimentadas artificialmente; na edição revista foram
incluídas os negros e descendentes mexicanos, garantindo
Limitações: era preciso um tratamento estatístico, maior representatividade étnica; além de crianças com
entretanto agora com as novas curvas da OMS é possível amamentação mista (SM e alimentação artificial), e
usar o escore Z de maneira mais fácil e prática. inclusão do índice IMC/I. Apesar da revisão do NCHS
pelos CDC, os pesquisadores da OMS organizaram um
Sistemas de Classificação do EN Estudo Internacional Multicêntrico para elaboração de
A) Gomez Baseia-se na adequação percentual do curvas de crescimento baseadas em informações sobre o
peso para idade de 0 a 2 anos. desenvolvimento infantil em países com diferentes níveis
de desenvolvimento sócio-econômico em distintos
Limitações: continentes (Brasil, Gana, Índia, Noruega, Oman e EUA).
- Não consegue diferenciar os tipos de desnutrição, Este estudo deu origem as novas curvas de
pois utiliza somente o índice P/I. crescimento da OMS em 2006, para crianças de 0 a 5
- Gomez utilizou ponto de corte aleatório para a anos. Além dos índices P/I, E/I e P/E, foram elaborados
definição dos graus de desnutrição. para as diferentes faixas etárias: perímetro cefálico,
- É útil quando ocorre desnutrição aguda ou circunferência do braço, prega cutânea do tríceps e
apresenta estatura praticamente no percentil 50. Por isso, subescapular e IMC para idade. O Brasil foi o país de
a SBP recomendou que só fosse utilizado para crianças menor adesão ao aleitamento e que mais ofereceu chás ao
até 2 anos. lactente. As curvas novas identificam menor prevalência de
desnutrição e maiores taxas de sobrepeso e obesidade.
Esse mesmo trabalho não foi possível ser feito para
Classificação de Gomez crianças de 5 a 19 anos pois passa a ser difícil controlar o
> 90% Eutrofia ambiente em que vivem, então através de estudos
75 – 90% Desnutrição leve populacionais de diversos paises, determinaram novos
60 – 75% Desnutrição moderada referenciais de peso e estatura. Foram elaboradas curvas
de IMC por idade e de estatura por idade de crianças de 5
< 60% Desnutrição grave
a 19 anos e curvas de peso para idade para crianças de 5
a 10 anos, embora os pesquisadores alertem que não se
B) Waterlow: Preconizava a utilização de dois índices
deve usar o P/I paramonitorar o estado nutricional nesta
para crianças de 2 a 10 anos: E/I e P/E e propuseram que
faixa etária, sendo as curvas de IMC elaboradas para
a desnutrição fosse classificada como crônica, pregressa
diagnóstico de baixo e excesso de peso (sobrepeso e
ou aguda.
obesidade). A justificativa para a elaboração dessas curvas
(P/I até 10 anos) foi para beneficiar os países que medem
Chemin:
apenas peso.
Conclusão: A referência de crescimento pela OMS
para uso internacional foi desenvolvida pelo NCHS, 1977
nos EUA. Esse referencial foi revisto e relançado em 2000,

22
incluido a curva do IMC/idade (CDC, 2000). Entretanto
hoje, não se recomenda mais o uso dessas curvas e sim
sua substituição pelas novas curvas da OMS lançadas em:
2006 para < de 5 anos e 2007 para crianças e
adolescentes de 5 a 19 anos.

Cartão da Criança (Chemin)


A forma mais adequada para acompanhar o
crescimento, nos serviços básicos de saúde é por meio do
registro periódico do peso no cartão da criança (Chemin),
onde utiliza o sistema de percentis e índice peso/idade
para avaliar o crescimento infantil. A grande desvantagem
é o fato do cartão avaliar somente o crescimento ponderal.

Acompanhamento do crescimento
SISVAN, 2008 coloca como periodicidade mínima
de atendimento: registro aos 15 dias de vida, 1 mês, 2, 4,
6, 9, 12, 18 e 24 meses. A partir dos 3 anos, recomenda-se
no mínimo um atendimento por ano até que a criança
complete 10 anos.

Durante muito tempo, o MS adotava o índice P/I para


acompanhamento do crescimento infantil. Atualmente para
classificação do EN são adotados os seguintes índices:
P/I; P/E; IMC/I; E/I (Accioly 09). Os pontos de corte são os
mesmos propostos pelo SISVAN, 2008.

23
Classificação da OMS (Chemin): Independe da faixa
etária e é realizada a partir do escore Z dos índices P/E e
E/I.
 Tem maior especificidade e menor sensibilidade
diagnóstica
 Identifica formas moderadas e graves de
desnutrição
 Inadequada para assistência primária, pois
impede intervenção precoce.

São desnutridos aqueles que estiverem 2 desvios-


padrão abaixo da média de referência:

24
- DCT e DCSE - soma-se para obtenção do percentual de
A avaliação de sobrepeso/obesidade pode ser feita gordura corporal (25% para meninos e 30% para meninas)
da seguinte maneira: ou por distribuição em percentis através da soma das
 P/E .110 e < 120% = sobrepeso PCSE e PCT proposta por Frisancho (normalidade p15 e
 P/E > 120% = obesidade p75; valores <p5 representam déficit e >p85, são
 Escore Z: > +2 e < +3 ou > p85 e < p97= considerados excesso de reserva energética.
sobrepso
 Escore Z > +3 ou > p97 = obesidade

Situação Nutricional da criança brasileira: Famílias com


piores condições socioeconômicas apresentam riscos
significativamente maiores de baixo peso e retardo de
crescimento. Pesquisas anteriores ao POF já sugeriam a
redução da desnutrição em crianças abaixo de 5 anos, nas
que apresentam baixo peso, o principal preditor de BP é o
peso ao nascimento (triplo de chance de BP). O déficit
estatural é melhor que o ponderal como indicador de
influências ambientais negativas sobre a saúde da criança,
sendo o mais sensível de má nutrição, esse déficit é mais
prevalente em baixa renda e no BP ao nascer.

Anamnese alimentar: Até os 7 anos os dados de ingestão


são fornecidos predominantemente pela mãe, a partir daí
pode-se fazer o inquérito direto a criança e em caso de Maturidade Sexual
dúvida pede-se o auxílio da mãe. Em adolescentes, o Para os adolescentes além da antropometria e
inquérito é feito exclusivamente com eles e a mãe deve ser composição corporal, é fundamental avaliar a maturação
orientada a não interferir. sexual, que permitirá identificar em que momento da
- Para lactentes exclusivos: número de vezes que puberdade se encontra o adolescente e
mama, quantidade de fraldas molhadas, as evacuações e consequentemente a fase de crescimento (maior ou menor
ganho de peso. aceleração). O método mais conhecido foi proposto por
- Para pré escolares: inquérito de 1 dia (recordatório Tanner.
de 24 horas ou o dia alimentar habitual), e um registro Nas meninas são avaliadas as características sexuais
alimentar de pelo menos 3 ou 4 dias, devido ao apetite secundárias de pelos pubianos e mamas e nos meninos
instável. É comum a mãe relatar a mãe relatar a genitais e pêlos pubianos.
quantidade oferecida e não a da realmente consumida. -
Para escolares: dia alimentar habitual Podem ser classificados em 5 estágios:

Investigação laboratorial: OS parâmetros laboratoriais - Estágio 1: Fase pré-puberal (características infantis).


mais úteis e mais acessíveis são: hemograma, colesterol - Estágios 2, 3 e 4: Fase puberal
total e frações, TG, hemoglobina glicosilada e glicemia de - Estagio 5: Fase pós-puberal (características de adulto)
jejum. Em casos de desnutrição, pode-se pedir albumina.
O estirão puberal (crescimento) é o período em que
ocorre o pico de velocidade de crescimento (PVC) e dura
Adolescentes (10 a 19 anos – OMS) cerca de 3 a 4 anos, em que há um acréscimo de 20% na
estatura e 50% no ganho de peso. O PVC ocorre entre
 Indicadores: 11 e 12 anos nas meninas (9cm/ano) e 13 e 14 anos (10
cm/ano) nos meninos.
IMC/idade e estatura/idade

Observações: Marcadores biológicos:


Sexo Início Fim
- IMC/idade: utilidade no rastreamento de excesso e baixo Meninos Genitália estágio 3 Timbre de voz
peso. Meninas Mama estágio 2 Menarca

- Peso/idade – uso LIMITADO nesta fase, pois hormônios


influenciam no ganho ponderal e composição corporal.

- CB, CMB e dobras cutâneas - podem ser utilizadas.

25
Avaliação laboratorial:
As medidas de composição corporal também podem
ser utilizadas para o melhor diagnóstico nutricional,
principalmente as que avaliam gordura corporal, já que não
são afetadas pelo déficit neuromuscular.

Não há curvas específicas – necessidade de


acompanhamento.

 Síndrome de Down

Apresentam características de crescimento diferentes:


o estirão de crescimento ocorre de forma mais precoce e a
velocidade de crescimento é mais lenta, resultando assim
em indivíduos de ESTATURA MAIS BAIXA em relação à
população geral e maior predisposição ao EXCESSO DE
PESO.

Existe as curvas específicas de Cronk et al (população


americana) para avaliação de P/I e E/I, que considera
baixo peso (<p5) e excesso de peso (>p95).

ANEMIA FERROPRIVA NA
INFÂNCIA

A principal causa da alta prevalência da anemia na


infância é a restrição ao mineral, tanto quantitativamente
Avaliação antropométrica em Situações Especiais como qualitativamente, bem como os elevados
(Vasconcelos) requerimentos de ferro nos grupos biológicos mais
susceptíveis à anemia. Os países em desenvolvimento são
 Paralisia cerebral os mais atingidos, tendo como principais grupos de risco
os lactentes, as crianças pequenas e as mulheres em
A avaliação antropométrica é limitada devido: a idade fértil. A prevalência em crianças abaixo de 5 anos
presença de deformidades musculoesqueléticas ou varia de 40,9% a 73,2%. A anemia por deficiência de ferro
espasmos musculares involuntários que dificultam que as está associada a dano no desenvolvimento psicomotor das
crianças fiquem em pé, além da pouca cooperação em crianças.
razão da deficiência cognitiva. Assim, estima-se a altura
por meio das medidas: Definições e distinção:
- Comprimento superior do braço (CSB): distância do  Anemia: níveis anormais de hemoglobina devidos
acrômio até a cabeça do rádio, medida com o membro a condições patológicas. Causas incluem: deficiência de
superior fletido a 90º. ferro, infecções crônicas, particularmente a malária e
- Comprimento da tíbia (CT): distância da borda deficiência de outros micronutrientes, como ácido fólico e
superomedial da tíbia até a borda do maléolo medial vitamina B12. A anemia em crianças de 6 a 59 meses é
inferior, sendo o comprimento da porção média superior definida por valores de hemoglobina menores que 11g/dL.
abaixo do joelho até a porção média inferior no tornozelo.  Deficiência de ferro: diminuição na concentração
- Comprimento do joelho (CJ): medida do comprimento de ferritina, que é geralmente resultado de uma dieta com
entre calcanhar e a superfície anterior da perna na AJ com biodisponibilidade de ferro inadequada, aumento dos
o mesmo flexionado a 90º. requerimentos de ferro durante o rápido período de
crescimento e/ou o aumento das perdas sanguíneas.
Cálculo da estatura em indivícuos portadores de limitações  Anemia por deficiência de ferro: quando aguda, a
físicas (2 a 12 anos): deficiência de ferro causa anemia.

Medida Estatura estimada (cm) Desvio Na instalação da deficiência de ferro ocorrem 3


do segmento padrão (cm) estágios progressivos:
CSB E = (4,35 x CSB) + 21,8 ± 1,7 1. Diminuição dos níveis de ferro no organismo, com
CT E = (3,26 x CT) + 30,8 ± 1,4 redução dos seus depósitos, observada pela
CJ E = (2,69 x CJ) +24,2 ± 1,1 queda da ferritina sérica

26
2. Eritropoiese deficiente, caracterizada pela 3. Anemia com redução na síntese de hemoglobina
diminuição do ferro sérico, saturação de e com hemácias microcíticas e hipocrômicas
transferrina abaixo de 16% e elevação de
protoporfirina eritrocitária

ferro no leite humano é baixa. A criança a termo, ao


nascer, tem cerca de 75mg de ferro por quilograma de
peso, aproximadamente 250 a 300mg. O tempo entre o
nascimento da criança e o clampeamento do cordão
umbilical é fator determinante na ocorrência de anemia em
crianças.
O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de
vida e a manutenção do leite materno a partir dessa idade,
juntamente com a alimentação complementar, estão
associados à menor prevalência de anemia. A quantidade
de ferro presente no leite de vaca é de 0,6mg/L e a
absorção é de 10%. O risco de anemia é maior entre
crianças em aleitamento artificial (cerca de três vezes) e
entre crianças em aleitamento misto (cerca de duas vezes)
do que entre crianças que recebem exclusivamente leite
materno.
A abs do ferro no LH 50% (x 70%, Accioly, 2009)
=> pode reduzir em 80% quando outros alimentos são
ingeridos pelo lactente. A absorção do ferro dos alimentos
depende de vários fatores, tais como o estado nutricional
de ferro do indivíduo; quando há deficiência, há maior
São conseqüências da anemia ferropriva: prejuízos absorção. Mas não se sabe se esse mecanismo de
no desenvolvimento da linguagem falta de atenção, fadiga, regulação funciona durante a infância.
insegurança e redução da atividade física.
Os sintomas mais freqüentes são debilidade física, Ferro Heme, Ferro Não-heme e ferro proveniente de
irritabilidade, cefaléia, dispnéia ao esforço, palpitações e alimentos fortificados
parestesias. Sinais clínicos como atrofia papilar da língua, As carnes apresentam cerca de ±2,8mg de ferro por
coiloníquia (unhas côncavas), edema de membros, 100g do alimento, e são absorvidos em torno de 20% a
quelites, retardo de crescimento, anorexia e geofagia. 30% desse nutriente. O ferro não-heme, contido no ovo,
nos cereais, nas leguminosas (feijão) e nas hortaliças
Fatores dietéticos associados à anemia em crianças (beterraba), ao contrário do ferro animal, tem 2% a 10%
As reservas de ferro ao nascimento desempenham absorvidos pelo organismo.
importante função na determinação dos fatores de risco
para anemia durante a infância porque a concentração de Potencializam a absorção do ferro:

27
 Acido ascórbico e outros ácidos: cítrico, málico, Classificação das dietas quanto à biodisponibilidade
tartárico de ferro
 Carnes As dietas geralmente podem ser classificadas em três
 Vitamina A e betacaroteno: diminuição a inibição categorias de biodisponibilidade de ferro: baixa,
de outros fatores intermediária e alta, e a absorção média de ferro heme e
não-heme é aproximadamente 5%, 10% e 15%,
Inibem: respectivamente.
 Polifenóis, como espinafre, berinjela e lentilha Dieta com baixa biodisponibilidade: baseada
 Fitatos em cereais, raízes e tubérculos, com pouca presença de
 Proteínas como albumina do ovo, fosvitina da carne, peixe ou vitamina C. Contém predominantemente
gema do ovo e proteínas das leguminosas alimentos que inibem a absorção do ferro, tais como arroz,
 Cálcio, manganês, cobre, cádmio e cobalto feijão, milho e farinha de trigo integral.
Dieta com biodisponibilidade intermediária: é
Welfort: composta principalmente de cereais, raízes e tubérculos,
O ideal é que a carne seja cozida e não frita com o mas inclui alguns alimentos de origem animal e/ou ácido
aproveitamento do caldo do cozimento. ascórbico.
Os ovos tem baixa biodisponibilidade em razão da Dieta com alta biodisponibilidade: é dieta
presença de fosfoproteínas na clara, todavia, quando o ovo diversificada e contém moderadas quantidades de carne,
é consumido sem a clara e com alimentos que facilitem a aves, peixe ou alimentos ricos em ácido ascórbico.
absorção do ferro, como a polpa ou molho de tomate, a
aumento na absorção do ferro não heme.
Quanto ao feijão a biodisponibilidade do ferro pode
ser melhorada por meio de técnicas de preparo como
deixar o feijão de molho algumas horas antes do
cozimento e retirar sua película antes do consumo.
Quando panelas de ferro são utilizadas para
cozimento, ocorre aumento do teor de ferro nos
alimentos.Para países em desenvolvimento, pode-se
considerar que a biodisponibilidade do ferro seja em torno
de 5% (baixa – carne e ac ascóbico em quantidade
Fatores dietéticos que diminuem a absorção de ferro:
insignificante) a 10% (moderada)

Quantidade de alimentos necessários para que a


recomendação de vitamina C seja atingida:
Laranja: ½ unidade; ou kiwi: 1 unidade
Suco de fruta: 1 copo; ou goiaba: ¼ unidade

O ácido ascórbico auxilia no aumento da absorção


do ferro não-heme pelos seguintes mecanismos:
Como agente redutor, ao reduzir o ferro da
forma férrica (fe+++) para a forma ferrosa (fe++) além de
manter sua solubilidade no meio alcalino do intestino
delgado superior; o ácido ascórbico aumenta o transporte
de ferro através da membrana do enterócito. Recomendações de ferro para crianças
Como agente quelador, na liberação do Os principais fatores determinantes dos
complexo ferro-transferrina e na formação de quelato com requerimentos de ferro durante a infância são as reservas
ferro férrico em pH ácido, que permanece solúvel no meio de ferro ao nascer, as necessidades para o crescimento e
alcalino do intestino delgado. a necessidade para repor as perdas. A densidade de ferro
Como liberador de ferro armazenado, nos alimentos complementares recomendada pelo MS
aumentando o pool de ferro realmente biodisponível. (2002) para crianças abaixo de 24 meses é de
4mg/100kcal dos 6 aos 8 meses, de 2,4mg/100kcal dos 9
Leite de vaca fluido: A introdução precoce de leite de aos 11 meses e de 0,8mg/100kcal dos 12 aos 24 meses.
vaca causa impacto negativo nos estoques de ferro das
crianças por causa da baixa quantidade de ferro que o leite
contém (2,6mg de Fe para 1.000kcal do alimento) e pela
baixa biodisponibilidade, além de provocar
microhemorragias devido a imaturidade do trato
gastrointestinal.

28
ferro para lactentes com desmame precoce. A prescrição
de fórmulas lácteas caseiras é indicada para famílias de
baixo poder aquisitivo, nestes casos antecia-se a oferta de
frutas e refeição de sal para 2 e 4 meses,
rescpectivamente
• Restrição do uso de leite de vaca no primeiro ano de
vida se amamanetadas ao seio materno
• Restrição da oferta de alimentos fonte de ferro-heme
(carnes) e ferro não-heme (feijões, hortaliças folhosas) em
duas refeições diárias a partir da alimentação
Crianças pequenas, devido à capacidade gástrica complementar
reduzida, comem em pequenas quantidades; assim, os • Associação de alimento-fonte de vitamina C junto às
alimentos enriquecidos e fortificados devem ser indicados. refeições ricas em ferro-heme e não-heme
Estratégias para prevenção e combate à Anemia • Utilização de alimentos enriquecidos com ferro
Ferropriva. • Suplementação profilática de ferro para pré-termo e
crianças após 6 meses de idade ou no início da
Uso de alimentos enriquecidos alimentação complementar
No Brasil, desde 18 de junho de 2004, toda a farinha Tratamento
de trigo e de milho comercializadas no país sai da fábrica • Suplementação medicamentosa de ferro na dose de
fortificada com ferro. A cada 100g de farinha no mínimo 3 a 5 mg/kg/dia, oferecida diariamente
4,2mg de ferro (30% das DRI). Além dessa proposta, o • Orientação alimentar idêntica as apresentação nas
mercado atual oferece ampla variedade de produtos medidas preventivas
enriquecidos com ferro. • Acompanhamento dos níveis de Hb após 1 mês, para
avaliar a resposta ao tratamento
Suplementação de ferro em doses profiláticas
A WHO recomenda o uso universal de suplementos
de ferro na dosagem de 2mg/kg de peso ao dia, para todas Tratamento
as crianças de 6 a 23 meses de vida. O Programa O tratamento imediato da anemia ferropriva é a
Nacional de Suplementação de Ferro tem o objetivo de reposição dos estoques de ferro no organismo. A
prover suplementação universal de crianças de 6 a 18 alimentação previne a deficiência de ferro no organismo,
meses com dose semanal de 25mg de ferro. A proposta mas sua ação na recuperação pode ser demorada. Os
enfatiza a importância da sensibilização das famílias para problemas mais freqüentes são efeitos colaterais
à importância da suplementação. O Comitê de Nutrição da gastrintestinais, constipação intestinal, diarréia, náuseas e
Academia Americana de Pediatria recomenda dor abdominal. Esses efeitos são mais comuns quando se
 PN < 1.000g = 4mg de ferro elementar/kg supera 120mg de ferro elementar. Recomenda-se em geral
peso/dia para crianças e adolescentes 30mg de ferro elementar por
 PN > 1.000g e < 1.500g = 3mg de ferro dia antes do desjejum; raramente surgem efeitos
elementar/kg peso/dia colaterais. A suplementação deve ser mantida por três
meses para correção dos depósitos de ferro; recomenda-
se que nesse período se faça um novo exame que avalie
depósitos de ferro, como a ferritina. Exemplos de
condutas:
 Oferecer uma vez por semana (escolher com a mãe
o dia da semana) 50g de fígado de boi (x 50 a 100g – Guia
< 2 anos), picado e bem cozido.
 Uma vez ao dia oferecer, após a refeição salgada,
100ml de suco rico em vitamina C.
 Adicionar verdura verde-escura às preparações
cozidas.
 Utilizar farinhas enriquecidas com ferro.
 Não permitir a substituição de refeições salgadas
por alimentos lácteos, biscoitos ou guloseimas.
 Garantir 2 refeições de sal/dia (Guia < 2 anos).
Prevenção e tratamento da anemia ferropriva na  Oferecer 50 a 100g de carne/dia (Guia < 2 anos). A
infância carne por conter ferro heme, aumenta em até 4x a
absorção do ferro não-heme.
Prevenção O uso de panelas de ferro para combater a anemia
é discutível, porém já há evidência do aumento do
• Incentivo ao alitamento materno exclusivo até o sexto
conteúdo de ferro nos alimentos após cocção nesse tipo
mês de vida, evitando oferta de água e chá
de panelas. Entretanto, não há justificativa para prescrição
• Prescrição de fórmulas lácteas enriquecidas com

29
do uso de panelas de ferro como profilaxia no combate à A mucosa intestinal possui microvilosidades
anemia. contendo enterócitos, estes têm uma meia vida de média
de 3 dias, sendo um processo contínuo de renovação do
epitélio intestinal, isso justifica a duração auto limitada de 3
NUTRIÇÃO NAS DIARRÉIAS a 5 dias das diarréias agudas e a possibilidade de usar a
AGUDAS DA INFÂNCIA via oral para a reidratação e a manutenção da
alimentação.
Além disso, a presença de alimentos na luz intestinal
Diarréia aguda é uma doença caracterizada pela estimula a migração de células da cripta para o extremo da
perda de água e eletrólitos, que resulta em aumento do vilosidade. Então, a restrição alimentar na dieta pode
volume, da frequência de evacuações e diminuição da diminuir o processo de renovação da mucosa intestinal e a
consistência das fezes, apresentando algumas vezes produção de enzimas da borda em escova.
muco e sangue, com evolução potencialmente auto O intestino secreta e absorve grande quantidade de
limitada, com duração de até 14 dias. água durante o processo normal de digestão e absorção
de nutrientes, neste caso a absorção predomina sobre a
secreção, porém quando há inibição do processo de
absorção, resultante da lesão ou inflamação intestinal, ou
estímulo da secreção, pela exposição intestinal a
enterotoxinas inflamatórias, ocorre a diarréia.
A absorção de glicose, aminoácidos e alguns
oligopeptídeos depende, absoluta ou parcialmente, da
presença de sódio no lúmen intestinal, sendo a taxa de
absorção de sódio maior na presença destes solutos,
sendo a terapia de reidratação oral baseada neste
mecanismo.

Cerca de 70% dos casos são causados por


Mecanismos possíveis da diarréia:
contaminação alimentar, como com as bactérias:
 Aderência à mucosa e produção de enterotoxinas.
Escherichia coli (25% do total), Shigella, Salmonella,
 Dissolução da mucosa e da borda em escova.
Vibrium cholerae e Campylobacterjejuni, protozoários
 Invasão da mucosa com proliferação bacteriana
como: Giárdia lamblia, Entamoeba hystolytica e
intracelular.
Cryptosporidium, e vírus como rotavírus. Os alimentos
podem ser contaminados pelos manipuladores, água,  Translocação da mucosa seguida por proliferação
dejetos humanos e animais, ambiente e utensílios bacteriana na lâmina própria e nos gânglios linfáticos
contaminados, presença de insetos, cocção ou mesentéricos.
reaquecimento inadequados e contaminação cruzada.
O aleitamento materno exclusivo protege o bebê, Tratamento: Tem como objetivo:
além de reduzir a duração e a gravidade das  Prevenir ou tratar a desidratação;
enfermidades, pela presença de fator bífidus (promove o  Prevenir o dano nutricional;
crescimento da flora bífida que propicia um meio ácido que  Reduzir a duração da gravidade e
impede a colonização bacteriana) e IgA secretória (reduz a ocorrência de episódios futuros
adesividade bacteriana intestinal). A faixa etária de maior O tratamento dependerá do estado de hidratação do
incidência de diarréia é entre 7 e 28 meses com pico aos 9 paciente, que deve ser baseado na observação de sinais e
meses. sintomas do quadro:
Conseqüências da diarréia: São complicações da
Sinais Sem Desidratação Desidratação
diarréia a desidratação (principal causa de morte), a
desidratação (2 ou mais grave (2 ou +
diarréia prolongada e a desnutrição. Efeitos negativos da
sinais) sinais
doença diarréica sobre o crescimento: incluindo pelo
 Diminuição do apetite em cerca de 20% e menos 1*)
conseqüente redução da quantidade de alimento ingerido.
 Má absorção de nutrientes e as alterações
Condição Bem, alerta Irritado, Comatoso
metabólicas presentes.
intranquilo hipotônico *
 Perda de nutriente causada por vômitos e febre.
Olhos Normais Fundos Muito fundos
 Suspensão da alimentação com fins de pausa
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
abdominal.
Boca e língua Úmidas Secas Muito secas
 Redução da resistência às infecções, tornando-se
Sede Bebe Bebe rápido e Bebe mal ou é
cada vez mais susceptível a outras infecções agudas. normalmente aviamente incapaz *

Fisiopatologia e patogênese

30
Sinal da prega Desaparece Desaparece Desaparece  Bebidas não recomendadas: refrigerantes, suco
rapidamente lentamente muito de fruta industrializado, chá adoçado e café pois, podem
lentamente causar diarréia osmótica
Pulso Cheio Rápido Muito débil ou  Oferecer para crianças até 2 anos: 50 a 100ml de
ausente SRO e para crianças de 2 a 10 anos: 100 a 200ml de SRO
Enchimento Normal (até 3 Prejudicado (3 Muito após cada evacuação líquida. Se não tiver a SRO, deve
capilar seg) a 5 seg) prejudicado * iniciar com as formulações caseiras.
Tratamento Plano A Plano B Plano C 
2. Prescrever suplemento de zinco (10 a 20mg)
durante 10 a 14 dias, na forma de xarope ou comprimidos
Accioly 09 – MS 2003 e WHO 2005: Pacientes sem para serem dissolvidos, com o objetivo de repor perdas,
sinais de desidratação apresentam um déficit de fluido de 3 diminuir a gravidade, duração e ocorrência de novos casos
a 5%, com desidratação moderada apresentam déficit de 5 de diarréia, dado o papel deste mineral na função
a 10%, e com desidratação grave, déficit maior que 10%. imunológica

Solução de Reidratação oral (SRO): 3. Manter a alimentação habitual da criança,


especialmente fontes protéicas, carboidratos complexos e
Solução de reidratação Oral (SRO) óleo vegetal, fazendo as correções alimentares após a
Compostos Composição por anamnese nutricional, para evitar a deterioração e
litro de preparo promover mais rapidamente a recuperação do epitélio
Cloreto de sódio (NaCl) 2,6g intestinal.
Cloreto de potássio 1,5 g Deve-se aumentar a utilização de alimentos com
Citrato de sódio diidratado 2,9 g densidade energética elevada, para evitar a anorexia,
Glicose anidra 13,5 g oferecendo volumes reduzidos com maior freqüência.
Osmolaridade por litro Restrições alimentares e jejum são contra
indicados. É desaconselhado o uso de bebidas com
Sódio 75 mmol
quantidades excessivas de açúcar.
Cloreto 65 mmol
Citrato 10 mmol
4. Orientar a família sobre o reconhecimento de
Potássio 20 mmol
sinais de desidratação. O volume e freqüência aumentada
Glicose 75 mmol
das evacuações não significam piora do quadro, deve-se
Total 245 mmol avaliar presença de distensão abdominal, vômitos, estado
de hidratação, aspecto geral da criança e peso.
O preparo da SRO é simples, basta misturar um
envelope em 1 litro de água filtrada e/ou fervida. Esta
solução deverá ser mantida 24 horas em temperatura
ambiente e a sobra desprezada. A solução caseira,
recomendada para o início da reidratação ainda no PLANO B:
domicílio, deve ser feita adicionando-se 2 medidas grandes Recomendado para crianças com diarréia aguda e
de açúcar e uma medida pequena de sal em um copo sinais de desidratação. É constituída de 2 fases:
pequeno de água. Estudos experimentais indicam que reidratação e manutenção.
soluções com menor teor de sódio e glicose, e
consequentemente menor osmolaridade, podem melhorar Fase de reidratação (SRO + restrição alimentar):
a absorção de sódio e água no intestino.
1. Durante um período de 4 horas administrar SRO
no serviço de saúde, nas quantidade apresentadas pela
tabela abaixo
o Demonstrar a mãe como se administra
PLANO A:
o Se a criança vomitar, esperar 10 minutos e
Indicado para crianças com diarréia aguda, mas sem
administrar novamente
desidratação, é um tratamento de manutenção justamente
o Manter aleitamento materno
para evitá-la.
Volume de SRO a ser oferecido na fase de reidratação
1. Aumentar a oferta de líquidos:
 Manter o aleitamento materno aumentando a Idade Até 4 4 – 11 1–2 2–4 5 – 14
freqüência das mamadas. meses meses anos anos anos
 Se a criança está em amamentação exclusiva, Peso < 5kg 5 a 7,9 8– 11 a 16 –
dar SRO além do leite kg 10,9 15,9 29,9
 Se não está em amamentação exclusiva, além de kg kg kg
SRO dar líquidos casieras, sopas, refresco sem açúcar, SRO 200 - 400 - 600 - 800 - 1200 -
(ml) 400 600 800 1200 2200
água de coco ou água potável Obs. Somente utilizar a idade se o peso da criança for

31
desconhecido. A quantidade aproxima de SRO necessária pode e da hipocalemia (provoca um certo grau de íleo
ser calculada multiplicando-se o peso da criança (em kg) por 75 paralítico).
Alguns probióticos têm sido úteis na recuperação
2. Após 4 horas reavaliar a criança e classificá-la
mais rápida da diarréia aguda, ou seja, menor duração da
quanto a desidratação
diarréia, e também menor chance de diarréia protraída e
o Caso a criança esteja sem desidratação
alta hospitalar mais rápida. A suplementação de zinco
prosseguir com a fase de manutenção = Plano A
reduz a duração e severidade nos quadros agudos e
o Se a criança tem desidratação refazer o Plano B persistentes, favorece o maior ganho em estatura, maior
ou se a desidrattação for grave ir para plano C ganho de peso e tem menos episódio de diarréia e
infecções respiratórias. A suplementação com vitamina A
3. Manter o aleitamento nos lactentes amamentados reduz a mortalidade.
exclusivamente.
Alimentos funcionais:
4. Dar líquidos adicionais Alguns probióticos têm sido úteis na recuperação
mais rápida da diarréia aguda, principalmente viral e
5. Orientar o responsável em quando retornar associada ao uso de antibióticos. Principais agentes:
Lactobacilos ou bifidobactérias e a levedura não
PLANO C: patogênica Saccharomyces boulardii. Os mecanismos de
Recomendado para crianças com diarréia e ação incluem:
desidratação grave. Geralmente se administra líquidos por  Competição com bactérias patogênicas por
via intravenosa ou usando uma SNG. receptores ou nutrientes;
 Produção de substâncias antibióticas;
Alimentação e diarréia aguda:  Aumento da resposta imune.
A desnutrição é uma conseqüência comum da
diarréia aguda. A manutenção da alimentação é essencial, Medicamentos:
pois nutrientes como carboidratos e proteínas agem O ministério da Saúde recomenda que não sejam
estimulando a absorção de fluido no intestino e utilizados medicamentos para o tratamento da diarreia
consequentemente prevenindo ou tratando a desidratação. aguda, exceto antibióticos específicos para cólera e
diarréia com presença de sangue e grave
Aleitamento materno: comprometimento do estado geral do paciente.
 Reduz a incidência e intensidade da diarréia e Medicamentos contraindicados na diarreia aguda:
minimiza seus efeitos nutricionais adversos.
 A presença de seus produtos da sua digestão
(aminoácidos, dipeptídeos e hexoses) no lúmen intestinal,
aumenta a absorção de sódio e água, reduzindo a
freqüência e volume das fezes.
 Contém hormônios que promovem a proliferação
e recuperação da mucosa intestinal.

Jejum:
 Perda de massa intestinal
 Diminuição do estímulo de replicação celular na
cripta da vilosidade intestinal Prevenção:
 Diminuição da atividade de dissacaridases (ex. Deve ser estimulado o aleitamento materno,
lactase) melhores práticas de desmame e boas práticas de higiene
local como:
Casos de intolerância à lactose e às proteínas podem  Cozinhar muito bem o alimento e consumi-lo
estar relacionados a casos mais graves de diarréia e/ou imediatamente. Se armazenados, devem ser refrigerados e
associados com desnutrição. Entretanto, arestrição de leite depois reaquecidos antes de serem consumidos.
de vaca em crianças com diarréia aguda é controversa. A  Evitar o contato de alimentos crus com os
maioria pode continuar recebendo leite de vaca (lactose). cozidos. Lavar frutas e hortaliças com água limpa e
Nos casos de falhas no tratamento ou se a criança sempre que possível, descascá-las antes do consumo.
apresenta desnutrição moderada a grave, uma fórmula  Utilizar água filtrada para beber e preparar
isenta de lactose pode ser considerada. refeições. Lavar as mãos antes de preparar alimentos,
Há perdas de 30 a 40% de alimentos não digeridos após interrupções e ao oferecer alimentos à criança.
nas fezes, mas 60 a 70%, níveis satisfatórios, ainda são  Dar preferência a copos e colheres. Evitar uso de
absorvidos e utilizados. A redução do consumo energético mamadeiras, se usá-las, devem ser lavadas e fervidas.
(anorexia) varia de 20 a 40% e também compromete o  Manter alimentos longe de insetos e roedores.
estado nutricional. Tem causa multifatorial, mas está Guardar os alimentos em lugar seguro e diferente de
relacionada com desequilíbrio eletrolítico. Pode ser produtos químicos e de limpeza.
reduzida com o tratamento da acidose (provoca náuseas)

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Quadro resumitivo de conduta no tratamento da IMPORTÂNCIA CLÍNICA DA FIBRA
diarréia aguda
ALIMENTAR NA GASTROENTEROLOGIA
 Após a fase de reidratação garantir aporte PEDIÁTRICA
nutricional adequado por meio de retorno à alimentação (Chemin)
habitual da criança
 Corrigir erros dietéticos
 Evitar dietas restritivas e jejum Os efeitos benéficos da fibra alimentar na saúde são
 Aumentar a frequencia das mamadas ao seio relacionados com o tubo digestório, proporcionando a
 Fracionamento aumentado e volume reduzido formação de bolo fecal com maior umidade e peso,
 Aumentar a ingestão hídrica pelo aporte de água, facilitando a eliminação fecal regular e diminuindo a
SRO, sucos, refrescos de fruta sem açúcar. permanência do bolo fecal no intestino grosso. Fatores de
 Adequar a consistência da dieta à idade e proteção contra o desenvolvimento de doenças do tubo
aceitação da criança digestório, como apendicite, doença diverticular do cólon e
 O leite poderá ser usado como fonte de cálcio câncer de cólon.
podendo ser substituído por iogurte natural sem açúcar. Efeitos no metabolismo do colesterol e sua influência
Não é necessário diluir ou trocar por fórmulas sem lactose, na velocidade de absorção de carboidratos, além de
exceto se não houver resposta satisfatória ao tratamento induzir saciedade e possível redução no excesso de peso.
(criança que não ganha peso e queda do estado geral). São poucos os estudos da literatura mundial nos quais se
avaliou o consumo de fibra pela população pediátrica.
O primeiro estudo no Brasil relacionando o consumo
de fibra alimentar por mulheres adultas com e sem
constipação intestinal permitiu observar que se utilizou o
conceito de fibra bruta, que foi abandonado diante da
evolução dos conhecimentos sobre a importância da fibra
alimentar na nutrição humana. Revela ainda que a média
de consumo de fibra seria ínfima em relação às
recomendações internacionais.
Mais tarde, em outro estudo, observou-se que as
principais fontes alimentares, expressas em porcentagem
do total e fibra consumida, foram: 32,3% do pão e farinhas,
21,2% do arroz, 17,4% do feijão, 12,7% de frutas, 8,3% de
verduras e legumes, 3,2% da batata e 4,9% de outros
alimentos.
Com as diferentes tabelas utilizadas em estudos
contatou-se que as recomendações de consumo de fibra
alimentar devem ser obrigatoriamente vinculadas a uma
determinada tabela de composição de fibra nos alimentos
por elas se diferenciarem no valor total de fibra.
A Fundação Americana de Saúde aconselhou que as
crianças com idade superior a dois anos devessem
consumir, no mínimo, em gramas, o valor resultante da
soma de 5 a sua idade expressa em anos. O máximo se
estabelece pela soma de 10 à idade em anos. Mas não
mencionou a tabela de composição a ser seguida. Parece
que a dieta com quantidade inferior ao mínimo
recomendado associava-se com risco 4,1 vezes maior de
constipação.
Posteriormente vários estudos confirmaram a
associação do menor consumo de fibra alimentar ao maior
risco de constipação. Estudos também avaliaram a relação
entre ingestão de fibra alimentar, tempo de trânsito
colônico e freqüência de evacuações. Observaram
correlação negativa entre a freqüência de evacuações e o
tempo de trânsito colônico. O tempo de trânsito no cólon
esquerdo foi menor nas crianças com maior consumo de
fibras.
Em estudo avaliando a relação de constipação, tipo
de aleitamento e consumo de fibra alimentar em crianças
com menos de dois anos de idade, observou-se
associação entre aumento da idade, diminuição da

33
freqüência de aleitamento e aumento na prevalência de de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição define como
constipação. Demonstrou-se também que os lactentes em uma síndrome que consite na eliminação com esforço de
aleitamento artificial apresentam chance 4,5 vezes maior fezes ressecadas, independente do intervalo de tempo
de apresentarem constipação do que os em aleitamento entre as evacuações. De acordo com Accioly, constipação
natural predominante. Existe uma associação entre é a retenção de fezes no cólon ou dificuldade de
aleitamento natural e eliminação de fezes em maior evacuação com intervalo superior a 2 semanas.
freqüência e com maior conteúdo líquido. A etiologia da constipação não está totalmente
Em estudos com adolescentes, confirmou-se que o esclarecida, mas acredita-se que haja o envolvimento de
feijão é uma fonte importante de fibra alimentar e que seu diversos fatores, constitucionais, hereditários, alimentares,
consumo não habitual associava-se com chance dez vezes psicológicos, associados ou não ao distúrbio da motilidade
maior de consumo insuficiente de fibra. Em pediatria, intestinal. O pico de incidência da constipação é entre 2 e
constipação é definida como sintoma caracterizado pela 4 anos, época na qual ocorre o treinamento de toilete
ocorrência de qualquer uma das seguintes manifestações, (controle esficteriano). Não há uma idade definida para seu
independentemente do intervalo entre as evacuações: início, mas não deve ocorrer antes dos 2 anos, pois a
eliminação de fezes duras, dificuldade ou dor para criança precisa passar pelas etapas do seu
evacuar, eliminação esporádica de fezes muito calibrosas desenvolvimento.
que entopem o vaso sanitário ou freqüência de Em crianças menores, que ainda mamam, a
evacuações inferior a três por semana, exceto em crianças constipação pode ser considerada pela presença de
em aleitamento natural. A constipação crônica (duração movimentos intestinais dolorosos, acompanhados de
maior que duas semanas) pode ser caracterizada pela desconforto e manobras para eliminar as fezes. A
presença isolada de suas complicações, como escape eliminação de fezes endurecidas, em forma de cíbalos
fecal e dor abdominal. Crianças maiores e adolescentes (forma de bolinhas), mesmo com frequência normal para a
podem referir sensação de esvaziamento retal incompleto idade da criança, é também considerada como
após evacuar. Em todos os estudos, o consumo de fibra constipação. Em lactentes amamentados ao seio, a
alimentar foi abordado considerando que seu consumo eliminação de fezes, sem dor, mas com intervalos que se
insuficiente pode ser um fator envolvido na etiologia da prolongam até 7 dias, não é considerada constipação.
constipação crônica funcional. Freqüentemente observa-se Hábitos alimentares intestinais regulares no início da vida,
na população pediátrica a dor abdominal crônica defecando, em geral pela manhã, após o desjejum, quando
recorrente. Caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos os reflexos gastrocólicos e duodenocólicos causam
três episódios de dor abdominal, durante pelo menos três movimentos de massa no intestino grosso, previne o
meses, tendo a dor intensidade suficiente para interferir aparecimento da constipação.
nas atividades diárias da criança. Já considerou-se a
possibilidade de a fibra alimentar participar da Classificação
fisiopatogenia do tratamento da dor abdominal recorrente, Os distúrbios de evacuação podem ter origem
mas não existem estudos mostrando a eficácia do orgânica (relacionada a doenças) ou funcional (relacionada
aumento do consumo de fibra alimentar na forma de à dieta, educação intestinal, atividade física).
alimentos habituais ou suplementos na dor abdominal A constipação intestinal pode ser:
recorrente.
Considerações Finais As fibras proporcionam hábito  Aguda: covalescência de uma doença aguda,
intestinal com freqüência e características das fezes frequentemente associada a diminuição da ingestão
adequadas e seu consumo insuficiente associa-se com alimentar, ou tratamento com drogas constipantes
aumento do risco de constipação crônica funcional. No (fenitoína, imipramina, fenotiazinas, preparações contendo
tratamento da constipação na infância, é necessário o ferro, codeina e vincrastina). Pode ocorrer também por
desenvolvimento de pesquisas clínicas que definam a mudança da alimentação, redução da atividade física e/ou
melhor forma de administração das fibras e sua dose mudanças de ambiente. É uma situação transitória, a
terapêutica. Acredita-se que o consumo adequado de fibra função intestinal volta a normalidade tão logo cesse a
possa prevenir doenças cardiovasculares e diabetes causa.
mellitus do tipo 2 na idade adulta e doenças do aparelho
digestório.  Crônica: divide-se em funcional e psicogência
 Funcional: está relacioanado ao hábito
alimentar com pouco resíduo ou não atendimento do
reflexo de defecação
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL  Psicogência: tem origem comportamental, e é
de dificil manuseio pois decorre da época do treinamento
dos esfíncters. A criança passa a ter medo de evacuar pelo
Constipação não é uma doença, trata-se mais de um desconforto e dor que tal ato acarreta.
sintoma e é caracterizado por retenção de fezes no cólon
ou dificuldade de evacuação por tempo superior a 2 Constipação e Regime Alimentar
semanas. Há eliminação de fezes endurecidas, freqüência Uma das causas mais freqüentes de constipação na
evacuatória menor que 3x/semana e/ou sensação de infância é a mudança de práticas alimentares, que variam
esvaziamento incompleto do reto. Já a Sociedade Paulista desde a simples troca de leite materno por fórmula ou uma

34
fórmula por outra até a introdução de um novo alimento. A diária de líquidos seja de água, com exceção dos lactentes
prática do aleitamento materno nos primeiros meses de em AM, já que o LH contém cerca de 80% de água. Em
vida e a ingestão de fibra alimentar em quantidades geral, a criança perde cerca de 800 ml de água/dia, sendo
suficientes depois dos 2 anos previnem a constipação cerca de 200 ml nas fezes. Portanto recomenda-se a
crônica funcional. ingestão de 4 a 6 copos de água/dia.
A uma tendência histórica de ingestão reduzida de  Organizar os horários da refeições para garantir
fibras nas dietas infantis. No entanto, uma dieta rica em volume alimentar suficiente e, assim, estimular o reflexo
fibras é eficaz no tratamento da cosntipação, porque gastrocólico do peristaltismo intestinal (Guia < 2 anos).
aumenta o volume fecal, produz evacuações mais  Substituir a mamadeira pr cop e a farinha utilizada
amolecidas e frequentes, bem como diminui o tempo de (Guia < 2 anos).
trânsito intestinal.  Estimular o consumo de alimentos com grande [ ]
No entanto, há controvérsias quanto à utilização de de fibras (leguminosas, cereais integrais, legumes,
dietas ricas em fibras para crianças, pois estes alimentos verduras, frutas e vegetais folhosos).
aumentam a saciedade e apresentam menor densidade
energética, podendo ocasionar baixa ingestão diária de  Recomendação de fibras:
energia. E como a capacidade gástrica da criança é
pequena, estas podem não atingir as recomendações
dietéticas diárias. Além disso, pode levar à formação de
gases e causar desconforto (por isso a mudança deve ser
gradativa); e também reduzem absorção de minerais
essenciais como Fe, Ca, Cu, Mg, Zn e P.

Quadro clínico
A constipação não é uma doença e sim um sintoma,
mas pode ter consequencias desagradáveis, como: dor,
distensão abdominal, flatulência, enurese noturna e
náuseas. É comum a criança apresentar anorexia,  O consumo de legumes e vegetais folhosos
provavelmente pela dor e distensão abdominal, febre, devem ser oferecidos preferencialmente crus (Accioly) x
nervosismo, déficit de crescimento e baixo rendimento Introduzir legumes e verduras cozidos gradativamente,
escolar. misturando aos outros alimentos, para que a criança possa
Algumas crianças podem apresentar escape fecal, tolerar o aumento de fibras na alimentação (Guia < 2 anos)
chamado soiling, o qual é um escape involuntário de fezes.  As frutas deve-se dar preferência às laxativas
Em geral, é uma conseqüência de constipação grave, (mamão, ameixa fresca e desidaratada, laranja com
quando há presença de massa fecal endurecida (fecaloma) bagaço, abacate, abacaxi, tangerina, melancia, fruta de
no cólon. A parte externa do bolo fecal que fica em contato conde); inteiras ou em pedaçõs e sempre que possível
com a mucosa intestinal perde água, ocorrendo liberação com casca, pois fornecem mais fibras do que na forma de
de fezes moles pelas laterais. Essa situação pode ser sucos e de polpa amassada. Frutas desidaratadas
confundida com diarréia ou que a criança não está mantidas em remolho (ex: ameixa) podem ser mais fáceis
controlando o esfícter e é mais percebida a partir dos 4 de consumir. Segundo Guia < 2 anos, deve-se oferecer 2
anos de idade, pois já há o controle esficteriano anal. frutas/dia.
Em crianças compactadas não é recomendada a  O uso de cereal e pães integrais deve ser
intervenção dietética no primeiro momento, pois o aumento incentivado, oferecidos de forma palatável à criança.
do consumo de fibras provocará estímulo nas partes  Em situações em que a criança não aceita
superiores do intestino, sem a liberação da mais parte legumes e vegetais folhosos misturar esses alimentos no
mais distal, o que provocará gases e dor abdominal. arroz, em massas de bolo salgado, tortas e bolinhos.
Primeiramente, o intestino deve ser desbloqueado, e só Pode-se tb substituir parte da farinha de trigo no preparo
depois iniciar o tto dietético de bolos e outras preparações, por aveia em flocos ou
farelo de aveia ou de arroz.
Tratamento dietético  Alimentos que estimulam pouco o peristaltismo
As recomendações para crianças incluem uma (maçã, banana, pães, arroz, batata, farinha de mandioca,
ingestão regular de refeições, ampla variedade de maisena), não precisam ser excluídos do plano alimentar,
alimentos que contenham fibras e liquidos em quantidade porém devem ser utilizados em combinação com alimentos
adequada. que estimulem o trânsito intestinal. Ex: banana com aveia
Os erros alimentares são identificados como os ou farelo; arroz cozido com folhosos; farofa com ameixa ou
maiores responsáveis pela constipação intestinal, e talos de vegetais x Evitar maçã, banana, limão e goiaba
portanto a educação nutricional envolvendo a criança e a (Guia < 2 anos).
família é muito importante.  Recomenda-se o uso de lactobacilos: O
Algumas recomendações: Lactobacillus acidophilus ou Lactobacillus bifidus ajudam a
criar uma flora intestinal favorável, produtora de ácidos
 Elevado consumo de líquidos. Deve ser cerca de orgânicos, o que é útil para aliviar a constipação.
1,5ml/kcal. É desejável que cerca de 50% da ingestão

35
 Evitar ou usar moderadamente alimentos
flatulentos, os quais podem trazer desconforto intestinal,
como: couve-flor, repolho, pepino, goiaba, jaca, batata
doce, pimentão, ervilha, nabo.
 Os farelos de cereais (farelo de aveia tem mais
solúveis e farelo de trigo mais insolúveis) são os que
possuem maior concentração de fonte de fibras, mas
devem ser usados com moderação em casos de
constipação mais intensa. Devem ser adicionados a
alimentos bem aceitos pelas crianças e divididos em 3
doses/dia, usando em média 1 colher de sobremesa. No
entanto é possível elaborar uma dieta rica em fibras sem a
utilização desses produtos.

Medicamentos
A automedicação de drogas laxativas pode irritar a
parede intestinal e causar dependência. O hábito de tomar
laxantes diariamente provoca esvaziamento de cólon de
forma violenta e artificial. Quando a medicação é
suspensa, o intestino relaxa-se e a eliminação de fezes é
interrompida por um tempo, pois o cólon está vazio e não
houve tempo para a formação de bolo fecal. Tal fato pode
reforçar a hipótese de constipação, mas na verdade, não
houve chance do cólon de funcionar em um ritmo normal.

ALERGIA ALIMENTAR

Definição
A alergia alimentar é um dos tipos de
hipersensibilidade alérgica resultante de uma resposta
imune exarcerbada quando a exposição de um indivíduo a
proteínas (hapteno) alimentares, absorvidas através de
uma mucosa intestinal permeável.
A intolerância alimentar é uma reação adversa que
não envolve o sistema imunológico e ocorre devido à
forma como o corpo processo o alimentos ou devido a
componentes do alimento.
A sensibilidade alimentar se refere a reação adversa
a um alimento ou componentes do alimento quando não
está claro se é alegia ou intolerância.

36
Fisiopatogenia: Th1 e Th2, sendo que a estimulação do T helper 2 está
Quando ocorre a primeira exposição ao alérgeno, associada a formação de IgE.
ocorre sensibilização, ou seja, as células imunológicas são
alteradas de modo que reconhecem o alérgeno na próxima Existem dois níveis de sensibilização:
exposição a ele. A alergia alimentar está relacionada à  Primário: pode ser imediato ou tardio, é uma
imunidade humoral, que envolve anticorpos reação mediada por IgE que ocorre no TGI sem prévia
(imunoglobulinas). lesão da mucosa, sendo mais significativo em crianças
A IgE ajuda a eliminar os parasitas e é responsável pequenas.
por reações alérgicas clássicas.  Secundário: ocorre após uma infecção aguda do
A imunidade celular ou mediada por células envolve a TGI ou a partir de um dano prolongado à mucosa
ação de linfócitos T, eles não produzem anticorpos, mas intestinal, com excessiva absorção de macromoléculas
reconhecem os antígenos e desencadeiam ações que alimentares, capaz de gerar um quadro de sensibilização
levam a destruição dos antígenos, e também produzem local ou sistêmica.

37
 Imunológicos:
Existem outros fatores relacionados ao excesso de  GALT ( tecidos linfóides associados ao intestino).
entrada de antígenos que podem potencializar o processo O resultado da interação do GALT com o antígeno é a
de sensibilização como: foramção de anticorpos, estimulação da resposta mediada
 Antigenicidade da proteína alimentar por células e da produção de tolerância intestinal ao
 Dose sensibilizante antígeno.
 Gravidade e a extensão do dano à mucosa  IgA secretória: é o mais importante e associado a
 Aumento da permeabilidade intestinal (fisiológico, memória antigênica. É resistente a proteólise e exerce
no caso de prematuros e patológico, no caso de diarreias papel importante proteção contra captação de antígenos,
crônicas ou prolongadas) impedindo também a aderência de toxinas e de bactérias.
 Fatores do hospedeiro como seu estado  Imunidade celular local: linfócitos T, linfócitos intra
nutricional, fatores imunológicos e fatores genéticos. epiteliais, mastócitos, macrófagos e eosinófilos.

Desenvolvimento do mecanismo: Quando tais fatores de defesa falharem,


isoladamente ou em conjunto, podem ocorrer fenômenos
O mecanismo da alergia alimentar inicia-se na de sensibilização determinados pelo apareciemnto de
barreira mucosa intestinal quando esta, por imaturidade, enteropatia alérgica com formação exarcerbada de
ou quando agredida, sofre alguma alteração. complexo antígeno-anticorpo e substâncias
A mucosa intestinal conta com mecanismos de imunologicamente ativas que se depositam nos [rogõas
defesa imunológicos e não imunológicos, que quando levando a sintomas.
falham permitem o fenômeno de sensibilização, que são:
Alérgenos:
 Não imunológicos: Os antígenos alimentares de maior potencial
 Permeabilidade intestinal seletiva sensibilizante são o leite de vaca, carne de porco, ovo,
 Controle do antígeno pelo sistema imunológico peixe, frutos do mar, tomate, abacaxi, banana, chocolate e
 Flora local frutos oleaginosos.
 Mucinas
 Enzimas proteolíticas Fatores de risco:
 Movimento peristáltico Depende da:
 Digestão intracelular  Hereditariedade

38
 Exposição a um alimento (antígeno): exposição a ingestão de frações protéicas alergênicas
inicial ao alérgeno (pré requisito para desenvolver a desencadeantes de manifestações clínicas
alergia) pode ser no pré ou no pós natal. A primeira desconfortáveis.
exposição pode ocorrer ainda na gestação, lactação ou
início da lactância, a introdução de alimentos alérgenos A anafilaxia induzida por alimentos é uma resposta
durante estas fases pode aumentar a probabilidade de aguda e geralmente grave, e ocorre em um período
desenvolvimento de alergia alimentar. Os alérgenos na limitado após a exposição a um antígeno. A anafilaxia
dieta da mãe podem passar no leite materno e causar sistêmica é a reação alérgica mais perigosa. Amendoim e
sensibilização e então uma reação alérgica no lactente nozes são os causadores da maioria das mortes. Pessoas
exclusivamente amamentado ao peito. Às vezes a reação com reações anafiláticas conhecidas a qualquer alérgeno
não ocorre até que o alimento seja realmente ingerido pelo alimentar devem utilizar epinefrina para reverter o quadro
bebê. Comer amendoins mais de uma vez por semana alérgico.
durante a gravidez aumenta o risco de alergia ao
amendoim. No pós natal a exposição pode ser por
inalação, contato com a pele ou ingestão, até no leite
materno.
Os alimentos na dieta da mãe (ex. bebidas
cafeinadas, chocolate, alguns chás de ervas, repolho,
cebola, nabo, alho, rabanetes, ruibarbo, espinafre e
especiarias) também podem ser associados com reações
não alérgicas, geralmente desconforto gastrointestinal.

 Permeabilidade gastrointestinal: maior no início da


lactância e diminui com a maturação intestinal. Condições
como doença gastrointestinal, desnutrição, prematuridade
e estados de imunodeficiência podem aumentar a
permeabilidade e o risco de desenvolver alergia alimentar.

 Fatores ambientais como a exposição microbiana.


A melhor higiene da sociedade, ou seja, diminuição nas
infecções e exposição à micróbios, causou mudanças na
microflora gastrointestinal neonatal, e o resultado foi a
maior incidência de doença atópica, inclusive alergia
alimentar, iniciando a marcha atópica (condições, eventos
e características que precedem o desenvolvimento de
distúrbios atópicos permanentes). Exposição precoce a
micróbios, fumaça de cigarro, estresse, exercício e frio,
podem intensificar os sintomas clínicos da alergia
alimentar.

Manifestações clínicas:

 Gastrointestinais:
 Gastroenterite alérgica com vômitos, diarréia e
cólicas
 Cólicas: bastante relacionada à alergia ao leite de
Diagnóstico
vaca. Verificadas em lactentes por distensão abdominal,
Requer:
irritação, dor à palpação abdominal.
 Identificação do alimento suspeito
 Obstipação intestinal, forma mais atípica, que não
 Prova que o alimento causa uma resposta
responde às medidas usuais para constipação
adversa
 Vômitos: também relacionados a alergia a LV
 Verificação do envolvimento imunológico

 Extra-intestinais:
Accioly:
 Respiratórias: rinite, asma, bronquite, sinusite,
 Anemia hipocrômica microcítica
otite.
 Aminoacidúria
 Dermatológicas: dermatites e eczemas.
 Aumento de excreção fetal de alfa-1-antitripsina
 Hematológicas: anemia
 D-xilosemia baixa
 Gerais: choque anafilático, hipodesenvolvimento
 Perda fecal proteica e lipídica positivas
 Anorexia: pode significar um meio protetor contra
 Presença de anticorpos no soro e/ou nas fezes
 Diminuição ou aumento de IgA sérica
39
1) Recomenda-se manter o LM, restringindo os
O quadro clínico, o estado geral, e o histórico potencialmente alergênicos da dieta materna, com
alimentar da criança, bem como de seus pais, são monitoramento do aporte dos nutrientes comprometidos.
fundamentais para o diagnóstico. O processo de avaliação 2) Dietas hipoalergênicas, de preferência não
nutricional periódico faz-se necessário apra que possa habitualmente ingeridos pela criança. Após um período de
nortear a resposta ao tratamento. exclusão, quando da recuperação nutricional da crianca,
reinicia-se gradativamente a dieta com 1 alimento suspeito
Vasconcelos: por vez e observa-se a ocorrência de sintomas.
3) Dieta em que se retira um alimento suspeito de
Teste de desencadeamento: PADRÃO OURO para cada vez e reintroduz-se 1 por vez, como no procedimento
diagnóstico de alergia alimentar. anterior.

1ª etapa: Realizar uma dieta de exclusão dos alimentos  Dietas de eliminação: Elimina-se o alimento
provavelmente envolvidos nas manifestações clínicas.
suspeito e todas as suas formas, garantido através de
2ª etapa: Aguardar a recuperação clinica completa ou acompanhamento do registro alimentar. Deve-se eliminar 1
parcial. ou 2 alimentos suspeitos por vez pra cada 2 semanas.

3ª etapa: Teste de desafio ou de desencadeamento (não  Imunoglobulina Total e Eosinofilia Periférica:


deve ser feito em crianças com história de choque são dados inespecíficos e não sustentam um diagnóstico
anafilático). Todos os pacientes devem realizar o teste
de alergia alimentar.
após 6 a 8 semanas do início da dieta de exclusão.

 Teste de provocação oral: PADRÃO OURO


para diagnóstico de alergia alimentar. O alimento suspeito
deve ser administrado em doses crescentes e observar o
aparecimento de reações; isso deve ser feito em ambiente
hospitalar para atendimento de profilaxia.
Os alimentos são reintroduzidos (desafios) um por
vez, em dias diferentes. As quantidades crescentes do
alérgeno devem ser dadas a cada 15 a 60 min até que
haja uma resposta convincente, mas que não ameace a
vida. A meta é atingir 6 a 10g de alimento seco ou 80ml d e
liquido mascarado.
Nenhum dos outros testes faz diagnóstico de alergia
alimentar, apenas indicam a sensibilização do indivíduo a
determinado alimento, o diagnóstico de alergia.
deve ser sempre confirmado pela história clínica e pelo
DCPC (desafio alimentar duplo cego controlado por
placebo).
Embora o teste de desencadeamento seja o padrão
ouro na prática, estes são utilizados sobretudo em alergia
ao LV, conforme recomendação da sociedade europeia.

Alimentos alergênicos e suas proteínas antigênicas Percebe-se, portanto, que o tratamento baseia-se em
eliminar totalmente do cardápio da criança o alimento
 Leite de vaca: beta lactoalbumina, caseína, alfa suspeito como alergênico na sua forma originária, ou como
lactoalbumina parte de preparações.
 Clara de ovo: ovomucóide, ovoalbumina e A adequação nutricional da dieta deve ser monitorada
ovotransferrina com frequência através da avaliação contínua do
 Amendoim: vicilina, conglutina e glicinina crescimento e do estado nutricional do paciente e dos
 Soja: vicilina e conglutina registros alimentares.
 Peixe: parvalbumina
 Camarão: tropomiosina Quando os alimentos são removidos da dieta, fontes
 Nozes: albumina-25 alternativas de nutrientes devem ser fornecidas,
 Trigo: inibidor da alfa amilase prevenindo a desnutrição, ofertando dieta adequada ou
aumentada em energia, proteínas e micronutrientes,
Tratamento: atenção especial a micronutrientes importantes na função
O princípio básico de tratamento da alergia alimentar imune (complexo B, vit C, zinco e selênio), e também
é a retirada do alimento diagnosticado como alergênico e àqueles que garantem a estabilidade celular (vit A e vit E).
todas as suas formas, ou seja, abstenção total de um
alérgeno alimentar. Há também indicação por substituição do leite de
Utiliza-se as dietas de eliminação: vaca por hidrolisados de caseína ou de proteínas do soro

40
do leite, fórmulas a base de soja ou leie de outrras  Aparecimento no rótulo do ingrediente apenas
espécies. No entanto, devem-se observar deficiências de com sua finalidade, mas não como um ingrediente
alguns micronutrientes, em especial, ácido fólico, vitamina específico (ex. clara de ovo descrita apenas como
B12, A, C e D em leite não industrializados. Além do riso emulsificante)
de sensibilidade cruzada com leite de outras espécies.  Adição de um produto alergênico a um segundo
produto, e apenas os ingredientes do segundo produto
Nos casos extremos de má absorção recomenda-se o estão relacionados no rótulo alimentar (ex. maionese, sem
uso de uma dieta básica para diarréia crônica, onde além anotação de ovos)
de excluir o leite de vaca, excluem-se dissacarídeos de  Mudança de ingredientes por fabricante de
alta fermentecibilidade e osmolaridade e fibras insolúveis. alimentos.
 Um ingrediente que está presente em um
A lactose, e menos freqüentemente a sacarose, alimento, mas que numa porcentagem tão baixa que não
poderão ser excluídas por ocasião da deficiência precisa ser citado no rótulo.
secundária de lactase, bem como de sacarase, devendo-
se dar preferência a alimentos contendo amilose e ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA
maltodextrina.
Existe pouca freqüência de processos alergênicos em
A introdução de alimentos a base de prebióticos, recém nascidos prematuros (Atenção: antes ele foi
probióticos e simbióticos tem apresentado resultados tanto relacionado com fator de risco!!), porque parece que seus
na prevenção quanto no tratamento. Os prebióticos mecanismos imunológicos imaturos não permitem a
destacam-se pelo aumento da absorção de cálcio e provocação de um fenômeno de hipersensibilidade
proteção contra infecções. Os probióticos proporcionam: alérgica, que seria mais frequente em recém nascidos a
 Redução do pH intestinal termo.
 Competição da disponibilidade de nutrientes no A fração β-lactoalbumina é a que mais induz a
colon sensibilização e está ausente no leite humano.
 Alta capacidade de aderência aos receptores
específicos na mucosa
Fração proteica % indivíduos sensíveis
 Estimulação da produção de muco pela mucosa
β lactoalbumina 66-82
 Hidrolise de proteínas com alto potencial
Caseína 43-60
alergênico
α lactoalbumina 41-53
 Produção de proteínas metabolicamente ativas,
Globulina sérica bovina 27
chamadas bacteriocinas
Albumina sérica bovina 18
Cabe ressaltar que o leite materno é um simbiótico
sendo fundamental no equilíbrio da flora intestinal e como
Neste caso, deve-se excluir o leite de vaca, bem
importante estimulador do sistema imunológico.
como os seus derivados.
Welfort: não estão indicados os leites de outras
Os probióticos (ex. Lactobacilos GG) causam
espécies, como cabra, ovelha, devido ao risco de reação
alteração e adição à flora intestinal e podem então, impedir
cruzada; nem as formulas parcialmente hidrolisadas, nem
o desenvolvimento da alergia alimentar. Parece que a
produtos a base de soja, cuja proteína não é isolada, por
suplementação a gestante 1 mês antes do parto ou terapia
não atenderem ao códex.
probiótica dada ao lactente durante 6 meses seja pelo leite
Por outro lado estão indicadas fórmulas:
materno ou suplementação direta, pode reduzir o eczema
• A base de ptn isolada de soja
atópico relacionado à alergia alimentar em lactentes.
• A base de ptn extensamente hidrolisada
• De aminoácidos
A hipersensibilidade aos alimentos é mais comum no
1º e 2º ano de vida, e a maioria dos bebês desenvolvem
Tratamento da alergia ao leite de vaca:
sensibilidades em torno dos 3 anos. Como os sintomas de
alergia tendem a se resolver com a idade, os alimentos
 Leite de soja
alergênicos densos em nutrientes como trigo, soja, ovos e
O extrato solúvel de soja tem sido a primeira
leite de vaca devem ser reintroduzidos pelo desafio
estratégia, pela sua facilidade e custo, mas 65% (60%
alimentar a cada 6 a 12 meses para garantir que não
Welfort) das crianças apresentam reação cruzada a este
estejam sendo restritos desnecessariamente.
alimento. Atenção ao teor de alumínio em sua composição
devido a contaminação, e ao teor de fitoestrogenos.
Os alimentos a serem evitados podem estar ocultos
Sua utilizaçãoo porém, tem sido considerada pela
na dieta, por contaminação por:
Academia Americana de Pediatria nas alergias mediadas
 Utensílios comuns para servir diferentes alimentos
por IgE e na fase mais tardia do tratamento, quando a
 Elaboração de 2 produtos utilizando o mesmo
mucosa intestinal já está recuperada, com melhora dos
equipamento, sem limpar propriamente os equipamentos
sintomas e ganho ponderal satisfatório após 6 a 8
 Rótulos enganosos (ex. produto não lácteo
semanas.
contendo caseinato de sódio)

41
 Leite de cabra Tiramina Queijos Enxaqueca,
O leite de cabra apresenta uma tolerância melhor, envelhecidos, eritema, urticária
além de características sensoriais semelhantes ao leite de levedura de cerveja, e crise
vaca, mas é caro e contém lactose. Não é recomendado omate, framboesa, hiperrtensiva em
pois pode apresentar reatividade cruzada com a β ameixavenho pacientes em uso
lactoalbumina do leite de vaca. Além disso, tem alta carga Chianti, peixe em de inibidores da
de soluto renal e é pobre em ácido fólico, os bebês que conserva, banana, monoamina
recebem leite de cabra necessitam de suplementação de berinjela, oxidase
ferro, folacina e vitamina A, C e D. Histamina Queijos Eritema, cefaléia,
envelhecidos, diminuição da
 Hidrolisados proteicos alimentos pressão arterial
O hidrolisado de proteínas solúveis do leite é o mais fermentados, carne
utilizado de início, mas pode induzir aparecimento de processadas, peixe
sintomas dependendo da quantidade de peptídeos na sua em conserva, vinho
formulação, e aí opta-se por hidrolisado de caseína, que é tinto, champanhe,
uma das frações menos alergênicas do leite de vaca, de catchup
um modo geral os hidrolisados têm sabor marcante, tem Agentes Marisco, ovo Urticária,
custo elevado, o que restringe seu uso. liberadores de branco, chocolate, eczema, prurido
histamina morango, banana,
 Formulação a base de carnes abacaxi, tomate,
Tem sido indicada como estratégia fundamental a espinafre, nozes,
formulação modular hipoalergênica à base de carnes amendoim
brancas (frango, rã, peru, coelho), pelo seu baixo custo e
pela melhor evolução e aceitação entre lactentes jovens.
Sua maior desvantagem é a manipulação excessiva,  Reações a aditivos alimentares
que pode ser reduzida pelo congelamento, ainda há a
necessidade de suplementação de micronutrientes quando Aditivo Alimento Sintomas
essas fórmulas são utilizadas de forma exclusiva, Tartrazina ou Alimentos, Urticária,
principalmente de cálcio. FD&C refrigerantes, erupção cutânea,
amarelo 5 medicamentos asma bronquica
Prevenção da alergia alimentar amarelos-
alaranjados colorido
Medidas úteis para prevenção de alergia: artificialmente
 Promover o aleitamento materno exclusivo no 1º Ácido Refrigerantes, Urticária,
semestre de vida, pois fornece proteína da mesma benzóico ou alguns queijos, erupção cutânea,
espécie, é importante na maturação linfocitária do intestino benzoato de algumas asma bronquica
e promove o trofismo da mucosa intestinal, reativando a sódio, BHA, margarinas,
barreira protetora intestinal contra o excesso de absorção BHT, nitratos alimentos em
de macromoléculas proteicas. conserva, muitos
 Retardar a introdução de alimentos como leite de produtos
vaca, ovos, trigo e carnes na alimentação de filhos de industrializados
mães que não receberam imunização prévia (diminui a Glutamato Comida asiática, Cefaléia, náusea,
sensibilização) ou que não consumiram tais alimentos monossódico alimentos com GMS asma bronquica,
durante a gestação (se tivessem tido contato teriam (GMS) adicionado com rubor, dor
desenvolvido tolerância). realssador de sabor abdominal
Sulfitos de Camarão, abacate, Asma aguda,
Alérgenos na dieta materna, como leite de vaca, ovos
sódio, de purê de batata choque
e amendoim, podem passar através do leite e causar
potássio, instantâneo, frutas e anafilático, perda
sensibilização e depois uma reação alérgica no bebê que metabissulfito legumes de consciência
se alimenta exclusivamente do LM. Algumas vezes, a de potássio, desidratados ou
reação não acontece até que o alimento alergênico seja de bissulfito de frescos que foram
fato ingerido pela criança.
sódio, de tratados para evitar
potássio e o escurecimento,
 Reações a agentes farmacológicos em
dióxido de sucos ácidos,vinho,
Alimentos
enxofre cerveja, alimentos
processados
Aminas Alimento Sintomas
vasoativas
Feniletiamina Chocolate, queijos Enxaqueca
envelhecidos, vinho
tinto
42
6) Uma criança apresenta índices de peso/altura alto,
QUESTÕES peso/idade-normal altura/idade baixo.A interpretação
destes resultados é de que a alimentação atual
é(NITERÓI, 2004):
1) O padrão de referência do NCHS é utilizado nos
(A) Normal e não há antecedentes de má nutrição
gráficos de crescimento propostos pelo MS e apresenta
como pontos de corte os percentis(AP, 2006): (B) Normal, mas há antecedentes de má nutrição.
(A) p0, 1, p10, p15, p95 (C) Excessiva, mas há antecedentes de má nutrição.
(B) p0, 1, p3, p10, p97 (D) Excessiva e não há antecedentes de má nutrição
(C) p3, p5, p10, p97
7) Uma criança, cujo peso para idade está no percentil25,
(D) p3, p5, p15, p20
apresenta indicação de curva de evolução horizontal com
(E) p3, p5, p15, p95
condições nutricionais em situação de alerta. O diagnóstico
nutricional é de(NITERÓI, 2004):
2) Faça a analise do seguinte caso: Uma criança cujo peso
(A) Eutrofia
para idade está no p25, apresenta indicação de curva de
(B) Sobrepeso
evolução horizontal com condições nutricionais em
(C) Baixo peso I
situação de alerta. Neste caso o diagnóstico nutricional é
de(AL, 2006): (D) Baixo peso II
(A) Eutrofia
8) Com relação à avaliação antropométrica de crianças e
(B) Baixo peso I
adolescentes, analise as seguintes afirmativas(UFMG,
(C) Baixo peso II
2006).
(D) Sobrepeso
1) Até o sexto mês de vida, a relação entre o perímetro
(E) N.R.A.
cefálico e perímetro torácico é maior do que 1.
2) Segundo VITOLO (2003), até o sexto mês de vida
3) A curva de crescimento do cartão da criança, método
espera-se ganho de peso diário maior do que 20 g.
adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil, é necessária
3) De acordo com WHO (1995), um adolescente que
para diagnóstico antropométrico de criança até 6 anos de
possui IMC entre percentil 85 e percentil 95 apresenta
vida. A esse respeito assinale a opção incorreta (AC,
obesidade.
2006 - UnB/CESPE):
(A) Uma criança de 2 anos, acima do percentil 98 desde o 4) De acordo com o critério de classificação de Waterlow,
período do desmame pode ser classificado como uma criança com adequação de estatura para idade maior
ou igual a 95% e de peso para estatura maior ou igual a
apresentando sobrepeso;
90% encontra-se eutrófica. Estão CORRETAS:
(B) Uma criança de 6 anos, que se manteve desde o
nascimento entre os p30 e p60 pode ser classificada como
eutrófica; (A) As alternativas 1 e 3.
(C) Uma criança de um ano, entre os p3 e p10, pode ser (B) Apenas a alternativa 2.
diagnosticada como peso muito baixo; (C) As alternativas 2 e 4.
(D) Uma criança que se encontra abaixo de menos 3 DP (D) As alternativas 1, 2 e 4.
no cartão pode ser classificada como desnutrida.
9) O índice antropométrico recomendado pelo MS/OMS
4) As necessidades dietéticas de energia e de proteínas, para avaliar o crescimento de escolares e adolescentes, é
por Kg de peso, de um pré-escolar, quando comparadas o de(MAGÉ, 2004):
com as do lactente, são consideradas, respectivamente, (A) Peso/idade (C) Altura/idade
como(UERJ, 2002): (B) Peso/altura (D) Massa corporal
(A) Menores – menores
(B) Menores – maiores 10) O acompanhamento sistemático do crescimento e do
(C) Maiores – maiores desenvolvimento infantil e é de grande importância, pois
(D) Maiores – menores monitora, e, assim, favorece as condições de saúde e
nutrição da criança assistida. A recomendação de
5) Em uma criança de 36 meses, que apresenta proteínas (RDA, 1989) para a faixa etária de 1 a 3 anos é
desnutrição leve ou moderada avaliada no cartão da de(IGUABA, 2005):
criança, tomando como referencia percentis NCHS de (A) 1,1 g /Kg peso
crescimento físico, podemos dizer que seu peso esta(PE, (B) 1,6 g /Kg peso
2006): (C) 1,3 g /Kg peso
(A) Abaixo do p3 (D) 1,2 g /Kg peso
(B) Entre o p10 e p3
(C) Acima de p10 11) A recomendação nutricional para uma criança de 5
(D) Superior ao p90 anos com relação a fibras, é, em gramas, de no
(E) Igual ou acima do p90 mínimo(Residência – 2004):
A) 5g
B) 10g

43
C) 15g 16) Um lactente apresenta diarréia sem muco ou sangue,
D) 20g há 10 dias. Foi medido o pH das fezes cujo valor foi igual a
3 na conduta dietoterápica deve se evitar o uso de:
12) Dentro do programa de assistência integral a saúde da (A) Glúten
criança, o subprograma de diarréia aguda e terapia de (B) Lactose
reidratação oral (TRO) recomenda para tratamento de (C) Pectina
diarréia aguda com desidratação(QUEIMADOS, 2001): (D) Gordura
(A) Etapa de reidratação: solução de reidratação oral (E) proteína
(SRO) por 12 horas sem suspensão da alimentação e
etapa de manutenção: SRO após evacuações líquidas, 17) No tratamento da diarréia aguda em criança, a conduta
retorno a alimentação própria para a idade e aumento do mais importante é:
consumo de líquidos. (A) Aumentar a oferta de alimentos sólidos
(B) Etapa de reidratação: solução de reidratação oral (B) Suspender o aleitamento materno
(SRO) por 4 a 6 horas sem suspensão da alimentação e (C) Usar drogas para moldar as fezes
etapa de manutenção: alimentação com baixo teor de fibra (D) Repor as perdas hídricas
e aumento do consumo de fibras
(C) Etapa de reidratação: solução de reidratação oral 18) As principais causas de diarréia agudas prolongadas
(SRO) por 12 horas sem suspensão da alimentação e em crianças são:
etapa de manutenção: SRO após evacuações líquidas, (A) Intolerância a lactose e a frutose
dieta pobre em lactose e aumento do consumo de líquidos. (B) Desidratação e intolerância a maltose
(D) Etapa de reidratação: solução de reidratação oral (C) Invaginação intestinal e desidratação
(SRO) por 4 a 6 horas com suspensão da alimentação e (D) Sensibilização a proteínas heterólogas
etapa de manutenção: retorno a alimentação própria para (E) Intolerância a lactose e sensibilização a proteínas
a idade e aumento do consumo de líquidos. heterólogas
(E) Etapa de reidratação: solução de reidratação oral
(SRO) por 4 a 6 horas com suspensão da alimentação e 19) A terapia de reidratação oral em criança desnutrida
etapa de manutenção: SRO após evacuações líquidas, esta contra indicada na presença de:
retorno a alimentação própria para a idade e aumento do (A) Dor abdominal
consumo de líquidos. (B) Diarréia persistente
(C) Distúrbio eletrolítico
13) Na hidratação da criança com diarréia, pode se (D) Infecções associadas
permitir, dependendo do caso, a administração do soro (E) Alteração da consciência
caseiro em substituição ao SRO. No entanto é necessário
aumentar o aporte do seguinte elemento mineral da dieta: 20) A diarréia esta associada com cerca a 30% de mortes
(A) Na nos primeiros anos de vida. O manejo adequado da
(B) Zn diarréia aguda em criança tem como componente
(C) Fe importante:
(D) Ca (A) Suspensão da alimentação
(E) K (B) Uso imediato de medicamentos
(C) Prevenção da desidratação
14) O tratamento dietoterápico geralmente adotado para (D) Suspensão do aleitamento
diarréias é aquele que deixa uma quantidade pequena de
resíduos. As perdas de eletrólitos que devem ser corrigidas 21) Na diarréia protraída da criança, a terapia nutricional
precocemente são: enteral deve ser caracterizada por (Residência – 2003):
(A) Ca e Cl A) Hipotônica
(B) Na e Ca B) Hiperosmolar
(C) Cl e Mg C) Hiperprotídica
(D) K e Na D) Hipodissacarídica
(E) Mg e K
22) O nutriente que compõe a solução de reidratação oral
15) Consta do tratamento dietoterápico das diarréias e que aumenta a taxa de absorção e sódios no organismo
agudas: é(Residência – 2004):
(A) Reposição de líquidos e eletrólitos e uso de caldos de A) Cloro
carne B) Glicose
(B) Aumento do aporte calórico e hídrico total C) Citrato
(C) Aumento do fracionamento do teor protéico D) Potássio
(D) Aumento da lactose, restrição de sacarose e oferta de
pectina 23) Uma criança com diarréia líquida, volumosa, sem pus
(E) Oferta de alimentos a temperatura ambiente e aumento ou sangue, por mais de 15 dias, já submetida a várias
do teor glicídico

44
modificações lácteas. Este quadro indica que deve ser B) Espessamento do leite
iniciado o uso de(Residência, 2000): C) Exclusão do leite de vaca
A) Fórmula sem lactose D) Redução do volume das refeições
B) Hidrolisado protéico E) Aumento da freqüência das refeições
C) Leite de vaca diluído
D) Leite de cabra 29) A taxa de crescimento após o primeiro ano de vida
E) Leite de soja torna-se mais lento, porém em torno dos nove aos dez
anos de idade essa taxa volta a se elevar, sinalizando a
24) Nas diretrizes de cuidados nutricionais para pacientes aproximação da puberdade. Algumas situações especiais
com refluxo e esofagite, é correto afirmar que(PE, 2006): podem ocorrer na alimentação da criança, em particular
(A) Deve se evitar a ingestão de refeições volumosas, ricas entre o sexto e o décimo ano de vida. É uma situação
em gorduras, principalmente 2 a 3 horas antes de deitar; incomum nessa fase de desaceleração do crescimento
(B) Chocolate e álcool e bebidas que contenham cafeína (Caxias 2008):
são liberadas moderadamente; (A) as crianças têm menos interesse no alimento e um
(C) Alimentos ácidos e muito condimentados são interesse crescente no mundo ao seu redor;
permitidos livremente; (B) o apetite das crianças aumenta, embora a maioria
(D) Óleos de menta e hortelã são liberados para aliviar os delas rejeite os alimentos freqüentemente consumidos;
sintomas (C) as crianças podem recusar alimentos que usualmente
(E) Deitar logo após as refeições e usar roupas folgadas consumiam, preferindo outros em particular em cada
refeição;
25) As orientações higiênico dietéticas na esofagite crônica (D) os pais de um modo geral ficam preocupados por
de refluxo são: achar as escolhas alimentares de seus filhos
(A) Evitar grandes esforços após as refeições e consumir aparentemente irracionais.
refeições pequenas, mais freqüentes
(B) Indicar o uso de alimentos fibrosos eproibir alimentos 30) Vários são os efeitos negativos das doenças diarréicas
líquidos sobre o crescimento infantil. A diarréia prolongada pode
(C) Evitar alimentos ricos em gordura e fazer ingesta de levar ao óbito, uma das mais importantes causas da
alimentos secos mortalidade infantil no Bras il e no mundo. A alimentação
(D) Deitar após as refeições e evitar alimentos com correta quando a criança apresenta diarréia aguda é
carboidratos simples fundamental. Sobre esse aspecto, a recomendação para
(E) Proibir o uso de bebidas alcoólicas e proporcionar uma criança de 7 meses que se encontra em aleitamento
ganho ponderal materno misto é (Caxias 2008):
(A) aumentar a freqüência da amamentação ao seio ou até
26) O tratamento dietoterápico para o RGE envolve mesmo estimular o retorno à amamentação exclusiva;
cuidados com o controle da capacidade gástrica. Entre os (B) submeter o organismo a um repouso alimentar
itens a seguir, aquele que não faz parte desta conduta é: enquanto a criança é reidratada, sendo a alimentação
(A) Alimentar-se com refeições desprovidas de reintroduzida gradativamente;
concentrações de gordura (C) oferecer apenas alimentos constipantes até que a
(B) Evitar líquidos durante as refeições principais criança retorne ao estado normal;
(D) aumentar o tempo entre as mamadas a fim de
(C) Evita deitar-se após as refeições
desacelerar o trânsito intestinal até diminuir o número de
(D) Aumentar a ingestão de fibras
evacuações.
(E) Fazer o fracionamento da dieta

31) Os recém nascidos pré termo com menos de 34


27) Nos casos de RGE em criança a distribuição
semanas de vida, devem ser alimentados inicialmente via
energética deve ser:
(Prefeitura RJ, 2008):
(A) 4 a 5g de PTN/Kg/peso; 1 a 2g de lipídio/Kg/peso e
(A) oral
Glicídios, 50% a 65% do VET.
(B) sonda orogástrica
(B) 3 a 5g de PTN/Kg/peso; 3 a 5g de lipídio/Kg/peso e
(C) parenteral
Glicídios, 50% a 60% do VET.
(D) gastrostomia
(C) 2 a 4g de PTN/Kg/peso; 4 a 6g de lipídio/Kg/peso e
Glicídios, 45% a 60% do VET.
32) Quanto ao crescimento do recém nascido pré termo é
(D) 3 a 6g de PTN/Kg/peso; 1 a 3g de lipídio/Kg/peso e
correto afirmar que (Prefeitura RJ 2008):
Glicídios, 56% a 65% do VET.
(A) na fase de crescimento normal o déficit inicial ao
(E) 2 a 3g de PTN/Kg/peso; 2 a 4g de lipídio/Kg/peso e
nascimento é compensado
Glicídios, para completar o VET
(B) na fase transitória de crescimento há perda fisiológica
que pode variar de 5 a 10% do peso ao nascimento
28) Para lactentes com refluxo gastresofágico que não
(C) na fase de crescimento de catch up o déficit inicial ao
respondem às medidas dietéticas convencionais, deve-se
nascimento é compensado e o recém nascido assume a
considerar a seguinte conduta(Residência, 1999):
velocidade de crescimento de crianças nascidas a termo
A) Restrição de lipídeos

45
(D) o ganho de peso médio é definido como sendo de 20 a Kcal/kg e 1,2g/kg ( ) 1 a 3 anos 70 Kcal/kg e 1,0g/kg ( ) 4 a
25g por dia 6 anos 90 Kcal/kg e 1,1g/kg ( ) 7 a 10 anos A seqüência
correta é:
33) O recém nascido de baixo peso, de muito baixo peso e (A) 3-1-2
de extremamente baixo peso, segundo a Organização (B) 2-1-3
Mundial de Saúde são aqueles que apresentam, (C) 2-3-1
respectivamente os pesos (gramas) (Nova Friburgo 2007): (D) 1-2-3
A) ≤ 2300, <1600 e <500 (E) 3-2-1
B) ≤ 200, <1200 e <800
C) ≤ 2500, <1000 e <800 39) Eunice tem 42 anos, está com 31 semanas de
D) ≤ 1800, <1600 e <1000 gestação e foi internada na enfermaria de obstetrícia com
E) ≤ 2500, <1500 e <1000 convulsões e sangramento vaginal. Após intervenção
cirúrgica para interrupção da gravidez Eunice foi
34) Segundo Accioly, na avaliação antropométrica de encaminhada para o CTI em estado grave .O filho de
crianças as medidas mais utilizadas são (INCA 2009): Eunice nasceu com 1550g. Para iniciar a dieta enteral da
(A) Peso, estatura e circunferência do braço criança foi prescrito leite humano processado. Este leite
(B) Peso, circunferência torácica e circunferência craniana deverá apresentar um crematócrito que indique, em Kcal/l,
(C) Circunferência torácica, estatura e circunferência do até (HUPE 2009):
braço (A) 300
(D) Circunferência torácica, estatura, e circunferência (B) 500
craniana (C) 700
(D) 900
35) Na avaliação nutricional antropométrica pediátrica foi
encontrado o seguinte resultado: peso/estatura - percentil 40) Do ponto de vista imunológico, o colostro da mãe do
97. Este dado aponta o seguinte estado nutricional (INCA recém-nascido prematuro comparado ao de uma mãe de
2009): recém-nascido apresenta maior conteúdo de (UERJ,
(A) Obesidade 2002):
(B) Sobrepeso (A) IgA C) IgE
(C) Eutrófica (B) IgG D) IgM
(D) Desnutrida
41) Os índices e parâmetros previstos atualmente pelo
36) A conduta dietoterápica mais indicada para o refluxo Ministério da Saúde para avaliação nutricional de crianças
gastroesofágico em crianças é (INCA 2009): são (UFF 2009):
(A) Aumentar o volume e o fracionamento das refeições (A) peso por idade, estatura por idade, circunferência da
(B) Aumentar o volume e diminuir o fracionamento das cintura e IMC;
refeições (B) IMC, peso por idade, peso por estatura e pregas
(C) Diminuir o volume e aumentar o fracionamento das cutâneas;
refeições (C) peso por idade, estatura por idade, peso por estatura e
(D) Diminuir o volume e o fracionamento das refeições IMC;
(D) IMC, peso por idade, circunferência da cintura e pregas
37) Isac tem 8 meses, pesa 9300 g e foi trazido por sua cutâneas;
mãe para uma consulta de rotina no ambulatório de (E) peso por idade, estatura por idade e peso por estatura.
Nutrição Pediátrica. Durante a consulta ela relatou que, há
dois dias, Isac apresenta uma média de sete evacuações 42) Considerando-se que um menino possui 9 anos e 3
líquidas por dia. A criança estava sorridente, brincando e meses e pesa 26 kg, segundo a figura abaixo, pode-se
com olhos brilhantes. Isac se alimenta com seio materno, concluir que ele está (UFF 2009):
papa salgada no almoço e fruta amassada no lanche. A
nutricionista recomendou, em relação à oferta de soro
caseiro e à alimentação, respectivamente (HUPE 2009):
(A) 700 ml ao longo do dia / alterar alimentação materna
(B) 350 ml ao longo do dia / consumir papa salgada no
jantar
(C) 80 ml após cada evacuação / aumentar freqüência de
seio materno
(D) 40 ml após cada evacuação / preferir legumes e frutas
constipantes

38) Relacione as recomendações nutricionais diárias de


energia e proteínas (nesta ordem), apresentadas na coluna
da esquerda, com as respectivas faixas etárias de
crianças, citadas na coluna da direita (Fesp 2008): 102
46
(C) 95 kcal/kg/dia; 76 kcal/kg/dia;
(D) 104 kcal/kg/dia; 88 kcal/kg/dia;
(E) 90 kcal/kg/dia; 85 kcal/kg/dia.

46) Relacione as recomendações nutricionais diárias de


energia e proteínas, nesta ordem, apresentadas na coluna
da esquerda, com as respectivas faixas etárias de
crianças, citadas na coluna da direita (Fesp 2009):
1) 102kcal/kg e 1,2g/kg ( ) 1 a 3 anos
2) 70kcal/kg e 1,0g/kg ( ) 4 a 6 anos
3) 90kcal/kg e 1,1g/kg ( ) 7 a 10 anos
A seqüência correta é:
(A) 3 – 1 – 2
(B) 2 – 1 – 3
(C) 2 – 3 – 1
(D) 1 – 2 – 3
(E) 3 – 2 – 1

(A) entre os percentis 50 e 15; 47) A avaliação nutricional da criança e importantepara


(B) abaixo da faixa do percentil 15; uma prescrição dietética efetiva.Leia as afirmativas a
(C) dentro da faixa do percentil 3; respeito desse assunto,marque com V as verdadeiras e F
(D) entre os percentis 97 e 85; as falsas (PMRJ 2010).
(E) fora da faixa dos percentis. I. ( ) O percentil e a distribuição dosindivíduos de uma
determinadaamostra populacional em relação asmedidas
43) Uma família procurou um posto de saúde e o antropométricas.
nutricionista avaliou três crianças, com idades entre 2 e II. ( ) As curvas do NCHS são consideradas referenciais, já
6anos, a partir dos indicadores peso/idade (P/I). Maria se ascurvas da OMS de 2006 são consideradas um padrão
encontrava no percentil 60; Julia no percentil 5 e Laura decrescimento.
abaixo do percentil 0,1 no cartão da criança. Nesta III. ( ) O escore Z e a medida de quanto oindividuo se
situação é correto afirmar que (UNIRIO 2009): afasta ou se aproximada mediana em desvios-padrao. E
(A) Maria e Julia são eutróficas e Laura apresenta peso utilizado exclusivamente noindicador E/I.
muito baixo para idade. IV. ( ) As curvas por percentis no caso depre-puberes e
(B) Maria e Júlia estão na faixa de sobrepeso e Julia em adolescentes não são indicadas quando ha atraso ou
risco nutricional. avanço puberal acima do normal.
(C) Maria, Julia e Laura são eutróficas. V. ( ) O indicador IMC pode ser utilizadopara determinar a
(D) Maria está em risco de sobrepeso, Júlia é eutrófica e condição nutricional de criança e adolescente. A OMS
Laura tem peso muito baixo para idade. (1995) classifica o percentil< 5 do IMC como baixo peso
(E) Maria é eutrófica, Júlia está em risco nutricional e epercentil entre 15 e 85 comoeutrofia.Assinale a alternativa
Laura tem peso muito baixo para idade correta.
(A) V, V, F, V, F.
44) Uma das causas mais frequentes de constipação na (B) F, F, F, V, F.
infância é a mudança de práticas alimentares. Há uma (C) V, F, V, F, V.
tendência histórica de ingestão reduzida de fibras (D) V, V, F, F, V.
alimentares nas dietas infantis. A ingestão recomendada
de fibras alimentares para crianças segundo American 48) Quando comparado o leite materno de mãe de recém
Academy of Pediatrics (AAP, 1992) é de (Piraí 2009): nascido a termo (LMT) com o da mãe de recém nascido
(A) 1,5g/kg de peso corporal; pré termo (LMPT), pode-se afirmar que (Itaocara 2010):
(B) 0,8g/kg de peso corporal; (A) Existe maior quantidade de glicídeos e proteínas no
(C) 1,0g/kg de peso corporal; LMPT
(D) 1,2g/kg de peso corporal; (B) Imunologicamente o LMPT é melhor para o recém
(E) 0,5g/kg de peso corporal. nascido pré termo
(C) A osmolaridade e o volume são bem maiores no LMT
45) A saúde, na idade pré-escolar e escolar, se refletirá (D) O LMT contém menores teores de cálcio
definitivamente na adolescência e vida adulta, sendo (E) O LMT contém maiores quantidades de ferro, vitamina
fundamental que sejam atendidas as exigências A e zinco
nutricionais estas faixas etárias. Segundo Accioly . (2002),
a recomendação de energia para meninos pré-escolares 49) Visando às doenças cardiovasculares, para crianças
(3-4 anos) e escolares (7-8 anos) é respectivamente (Piraí de 1 a 3 anos e de 4 a 8 anos, segundo o Institute of
2009): Medicine, 2004, os valores do consumo adequado de água
(A) 106 kcal/kg/dia; 69 kcal/kg/dia; e sódio devem ser respectivamente (FIOCRUZ, 2011):
(B) 99 kcal/kg/dia; 83 kcal/kg/dia; (A) 2,4 L/dia e 1500 mg/dia e 2,1 L/dia e 1700 mg/dia.
47
(B) 1,3 L/dia e 1000 mg/dia e 1,7 L/dia e 1200 mg/dia. A) 25 gramas
(C) 2,5 L/dia e 1700 mg/dia e 3,1 L/dia e 1700 mg/dia. B) 15 gramas
(D) 2,4 L/dia e 1700 mg/dia e 2,8 L/dia e 1900 mg/dia. C) 10 gramas
(E) 2,0 L/dia e 1300 mg/dia e 2,5 L/dia e 1500 mg/dia. D) 08 gramas
E) 40 gramas
50) As recomendações nutricionais de ácidos graxos
essenciais para crianças são bastante discutidas, 54) Levando em consideração uma criança com 10 meses
einúmeros estudos demonstram que esses nutrientes de idade, as condições nutricionais que você levaria em
sãofundamentais para o crescimento adequado. conta para perceber que ela está em condição de risco à
Orequerimento mínimo aparente de C18:2n-6 saúde são (Itaguai, 2012):
parapromover o crescimento de crianças varia de a) com aleitamento materno, estatura para idade >
(SãoGonçalo – 2011): percentil 97 e hemoglobina < 12,0 g/dl
a) 1 – 4,5% do Valor EnergéticoTotal. b) com aleitamento materno, peso para idade < percentil
b) 0,5 – 0,6% do Valor EnergéticoTotal. 0,1 e < percentil 3 e hemoglobina < 12,0 g/dl
c) 9 – 15% do Valor EnergéticoTotal. c) sem aleitamento materno, estatura para idade >
d) 15 – 20% do Valor Energético Total. percentil 0,1 e < percentil 3 e hemoglobina < 11,0 g/dl
e) 0 – 0,5% do Valor Energético Total. d) sem aleitamento materno, peso para idade > percentil
0,1 e < percentil 3 e níveis séricos de retinol < 1,05 µmol.
51) Em 2006, foi lançada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) as novas Curvas para Avaliação do 55) Vitolo (2008) afirma que a anemia ferropriva eum
Crescimento Infantil. Com base em vários critérios para problema importante de saude publica no Brasil eno
inclusão no estudo, o Brasil foi o país selecionado pela mundo. Leia as afirmativas abaixo e assinale a opção
OMS para representar a América Latina. As novas curvas correta (PMERJ, 2010):
de crescimento constituem um importante instrumento I- desenvolvimento psicomotor das crianças que pode
técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento de persistir mesmo após suplementação com ferro.
todas as crianças, independente da origem étnica, situação II. O primeiro estágio do desenvolvimento da deficiência de
socioeconômica ou tipo de alimentação. A grande ferro caracteriza-se por diminuição do ferro sérico
preocupação com o aumento da obesidade fez com que se eaumento da capacidade de ligação de ferro.
tornasse urgente o desenvolvimento de uma referência de III. O ferro não-heme tem taxa de absorção de 2 a 10%que
crescimento única para a avaliação de (São Gonçalo – sofre forte influencia dos componentes dietéticos. Os
2011): taninos e fosfatos têm efeito inibidor na absorção do ferro
A) lactentes e crianças em idade escolar. não-heme.
B) adultos jovens e crianças em idade escolar. IV. A introdução precoce de leite de vaca causa impacto
C) adolescentes e adultos jovens. negativo nos estoques de ferro das crianças por causada
D) crianças em idade pré-escolar e lactentes. baixa quantidade de ferro que o leite contém e pelasua
E) crianças em idade escolar e adolescentes. baixa biodisponibilidade.
V. A dieta classificada como de biodisponibilidade de ferro
52) As altas prevalências de anemia e de doenças intermediária apresenta absorção média de ferro heme e
causadas pela deficiência de ácido fólico na população não-heme de aproximadamente 15%, sendo composta,
brasileira levaram o Ministério da Saúde e a Agência predominantemente, de arroz, feijão e milho.
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a tornar (A) I e III são falsas.
obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho com (B) II e V são falsas.
estes nutrientes. Com a publicação da Resolução –RDC nº (C) II e IV são verdadeiras.
344, de 13 de dezembro de 2002, tanto as farinhas de trigo (D) III e V são verdadeiras.
e de milho vendidas diretamente ao consumidor, quanto
aquelas utilizadas como matéria-prima pelas indústrias, na 56) A avaliação o nutricional da criança é importante para
fabricação de outros produtos, devem ser enriquecidas uma prescrição dietética efetiva. Leia as afirmativas a
com ferro e ácido fólico, a partir de junho de 2004. De respeito desse assunto, marque com V as verdadeiras e F
acordo com esta medida, cada 100g de farinha de trigo e as falsas (PMERJ, 2010):
de milho devem ser fortificadas com as seguintes I. ( ) O percentil e a distribuição dos individuos de uma
quantidades de ferro e ácido fólico, respectivamente (São determinada amostra populacional em relação as medidas
Gonçalo – 2011):: antropométricas.
A) 3,2mge 130 mcg. II. ( ) As curvas do NCHS são consideradas referenciais, ja
B) 200 mcg e 6,2 mg. as curvas da OMS de 2006 são consideradas um padrão
C) 4,2mge 150 mcg. de crescimento.
D) 150 mcg e 4,2 mg. III. ( ) O escore Z e a medida de quanto o individuo se
E) 8mg e 300 mcg. afasta ou se aproxima da mediana em desvios-padrão. E
utilizado exclusivamente no indicador E/I.
53) O consumo diário adequado de fi bras para IV. ( ) As curvas por percentis no caso de pré-puberes e
umacriança de 4 a 8 anos, segundo IOM (Institute adolescentes não são indicadas quando há atraso ou
ofMedicine), 2005, é de (degase, 2012) : avanço puberal acima do normal.

48
V. ( ) O indicador IMC pode ser utilizado para determinar a C) restringir a oferta do aleitamento materno ou da
condição nutricional de criança e adolescente. A OMS frequência de alimentos;
(1995) classifica o percentil < 5 do IMC como baixo peso e D) aumentar a oferta do aleitamento materno ou da
percentil entre 15 e 85 como eutrofia. Assinale aalternativa frequência de alimentos;
correta. E) aumentar o consumo de alimentos gordurosos.
(A) V, V, F, V, F.
(B) F, F, F, V, F. 60) O consumo diário adequado de fibras para uma
(C) V, F, V, F, V. criança de 4 a 8 anos, segundo IOM (Institute ofMedicine),
(D) V, V, F, F, V. 2005, é de (Degase, 2012) :
A) 25 gramas
57)Coloque F (Falso) ou V (Verdadeiro), nasafirmativas B) 15 gramas
baixo, em relação à conduta nutricional notratamento da C) 10 gramas
diarreia aguda infantil, assinalando aseguir a opção D) 08 gramas
correta.(CSM, 2011) E) 40 gramas
( ) A suplementação de zinco reduz a duração e
agravidade da diarréia nos quadros agudos persistentes. 61. Pré-escolar neuropata com encefalopatia crônica não
( ) Deve ser mantido jejum para proporcionar evolutiva, em uso de fenobarbital, deu entrada no hospital
repousoalimentar durante o tratamento da diarréia. com quadro respiratório e desnutrição graves. Atualmente,
( ) A intolerância à lactose e às proteínas do leite de vaca encontra-se em fase de reabilitação do tratamento da
são complicações comuns da diarréia aguda e desnutrição e em dieta via oral. Considerando o tratamento
correspondem a mais de 40% dos casos. medicamentoso e nutricional deste paciente, a oferta
( ) Para as crianças com desnutrição moderada agrave mínima em kcal/kg/dia e os micronutrientes que devem ser
deve ser considerado o uso de fórmula isenta de lactose. suplementados são respectivamente (Residência, 2014):
( ) A anorexia na criança com diarréia aguda pode ser a) 150 / ácido fólico, vitaminas B12, B6, K, D
reduzida significativamente com o tratamento da acidose e b) 130 / ácido fólico, vitaminas C, B1, K, E
hipocalemia. c) 150 / selênio, vitaminas B12, A, B6, E
A) (F) (V) (F) (F) (V) d) 130 / selênio, vitaminas C, A, B1, D
B) (F) (F) (V) (F) (V)
C) (V) (V) (F) (V) (F) 62) Mãe de prematuro de muito baixo peso encontra-se em
D) (V) (F) (F) (V) (V) uma Unidade de Cuidados Especiais, apresentando
E) (V) (F) (V) (V) (F) quadro clínico que inviabiliza a ordenha de seu leite
materno. O recém-nato está com um dia de vida, pesando
1.400g, sem contraindicações para iniciar suporte
58) A medida do crescimento na infância é um dos mais nutricional. Neste caso, o leite mais adequado para
importantes indicadores para a avaliação do bem-estar nutrição enteral mínima é (Residência, 2014)::
individual e coletivo. Dentre os índices antropométricos a) colostro cru da própria mãe
empregados na atenção básica para avaliação do estado b) colostro cru de outra mãe de recém-nato pré-termo
nutricional de criança sentre 5 e 10 anos de idade, pode-se c) humano pasteurizado de baixo valor calórico de mãe de
afirmar que crianças com Índice de Massa Corporal para recém-nato a termo
d) humano pasteurizado de mãe de recém-nato pré-termo,
Idade(UFRJ, 2012):
alternando com fórmula artificial
A) entre o percentil 97,0 e 99,9 são classificadas com
obesidade grave;
63) As crianças de 1 a 3 anos e 4 a 8 anos devem ter o
B) acima do percentil 99,9 são classificadas com
consumo adequado de água e sódio respectivamente de
obesidade grave;
(Fundações, 2014):
C) entre o percentil 0,1 e 3,0 são classificadas com
(A) 1,3 L/dia de água total e 1000 mg/dia; e 1,7 L/dia de
magreza acentuada;
água total e 1200 mg/dia.
D) entre o percentil 15,0 e 85,0 são classificadas com
(B) 1,7 L/dia de água total e 2000 mg/dia; e 1,9 L/dia de
sobrepeso;
água total e 2200 mg/dia.
E) acima do percentil 97,0 são classificadas com
(C) 2,1 L/dia de água total e 1000 mg/dia; e 2,5 L/dia de
sobrepeso.
água total e 1500 mg/dia.
(D) 2,4 L/dia de água total e 1500 mg/dia; e 2,7 L/dia de
59) A Caderneta de Saúde da Criança é um importante
água total e 1500 mg/dia.
instrumento para o acompanhamento eo monitoramento da
(E) 2,3 L/dia de água total e 2000 mg/dia; e 2,1 L/dia de
saúde, crescimento e desenvolvimento da criança do
água total e 2200 mg/dia.
nascimento até os 10 anos de idade. Dois dos cuidados
com a saúde, previstos na caderneta, são a prevenção eo
cuidado da doença diarréica. No caso de crianças com
1. 1. B 2. 2. A 3. 3. C 4. 4. A 5. 5. B
diarréia e desidratação recomendasse (UFRJ, 2012):
6. 6. C 7. 7. A 8. 8.B 9. 9. C 10. 10. D
A) não oferecer soro oral no caso de fezes muito líquidas;
11. 11. B 12. 12. E 13. 13. E 14. 14. D 15. 15. A
B) aumentar a ingestão de líquidos, inclusive de
16. 16. B 17. 17. D 18. 18. E 19. 19. E 20. 20. C
refrigerantes e bebidas energéticas;
21. 21. D 22. 22. B 23. 23. B 24. 24. A 25. 25. A

49
26. 26. D 27. 27. E 28. 28. C 29. 29. B 30. 30. A
31. 31. B 32. 32. A 33. 33. E 34. 34. A 35. 35. C
36. 36. C 37. 37. C 38. 38. D 39. 39. B 40. 40. A
41. 41. C 42. 42. A 43. 43. E 44. 44. E 45. 45. B
46. 46. D 47. 47. A 48. 48. B 49. 49. B 50. 50. A
51. 51. E 52. 52. C 53. 53. A 54. 54. D 55. 55. B
56. 56. A 57. 57. D 58. 58. B 59. 59. D 60. 60. A
61. 61. A 62. 62. C 63. 63. A 64. 65.
66. 67. 68. 69. 70.

50

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