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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de educação à Distância

Representações Sociais e Experiências dos Homens Sobre o Planeamento


Familiar: o caso da Localidade de Ntete e do Bairro da Marrimba A
Nome do estudante: Albertina Martinho Augusto

Código do estudante: 708215921

Curso: Biologia

Disciplina: MIC

Ano frequência: 1º

Pemba, Julho de 2022

0
Folha de Feedback
Folha de Feedback
Classificação
Nota
Pontuaç
Categorias Indicadores Padrões do Subtota
ão
tuto l
máxima
r
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos
 Introdução 0.5
Estrutura organizacionai
s  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
Conteúdo académico (expressão
2.0
escrita cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Referência Normas APA
 Rigor e coerência das
s 6ª edição em
citações/referências 4.0
Bibliográfi citações e
bibliográficas
cas bibliografia

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Recomendações de melhoria:
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Resumo
O Planeamento Familiar (PF) constitui um direito humano básico e uma questão de Saúde
Pública, cada vez mais em relevo, sobretudo no contexto dos debates sobre a igualdade de
género e promoção da Saúde Sexual e direitos reprodutivos.
O presente trabalho tem como objectivos explorar as representações sociais e experiências sobre
o PF dos homens que têm parceiras em idade reprodutiva; identificar o conhecimento, de uso dos
serviços e experiências de PF dos homens; descrever como é que os homens concebem seu papel
no PF; e analisar as formas de diálogo e articulação entre os homens e suas parceiras sobre o
Planeamento Familiar.
Com vista a compreender estes aspectos, este estudo utilizou a metodologia qualitativa baseada
nas abordagens etnográfica e fenomenológica, porque permite aceder as representações,
experiências, crenças, sentimentos, valores, normas e significados em torno do PF.
Participaram do estudo setenta (70) participantes (41 homens e 29 mulheres). A selecção dos
participantes seguiu o critério da amostragem por conveniência e bola de neve entre os residentes
do bairro da Marrimba A e na localidade de Ntete distrito de Balama província de cabo delgado.
O Planeamento Familiar foi definido apenas como barreira às gravidezes indesejadas e não se
mencionou a importância do espaçamento entre as mesmas. Os conhecimentos dos homens sobre
os contraceptivos modernos são fracos. Existe a percepção de que os contraceptivos modernos
criam efeitos secundários no corpo da mulher, prejudicando a sua capacidade reprodutiva e o
prazer sexual.
Os homens não estão claros sobre o seu papel no Planeamento Familiar e o confundem com
anuir as parceiras para fazerem o planeamento. A capacidade ou incapacidade de negociar o uso
do Planeamento Familiar pelas mulheres tem que ser considerado pelos programas que oferecem
esse serviço, porque elas não têm o poder de decisão, especialmente em contextos patrilineares.

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Lista de abreviaturas
CNBS Comité Nacional de Bioética para Saúde
CS Centro de Saúde
HCB Hospital Central de Balama
IDS Inquérito Demográfico e de Saúde
INE Instituto Nacional de Estatística
MAE Ministério da Administração Estatal
MICS Inquérito de Indicadores Múltiplos
MISAU Ministério da Saúde
PF Planeamento Familiar
PNPF Programa Nacional de Planeamento Familiar
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SNS Serviço Nacional de Saúde
SSR Saúde Sexual e Reprodutiva
UNFPA Organização das Nações Unidas para a População
US Unidade Sanitária

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Índice

Folha de Feedback..........................................................................................................................1

Recomendações de melhoria:..........................................................................................................2

Resumo............................................................................................................................................3

Lista de abreviaturas........................................................................................................................4

1. Introdução.................................................................................................................................6

1.1. Objectivos.............................................................................................................................6

a) Objectivo geral.........................................................................................................................6

b) Objectivos específicos..............................................................................................................6

1.2. Questão de pesquisa..............................................................................................................7

1.3. Problemática e fundamentação do estudo.............................................................................7

2. Revisão da literatura.................................................................................................................9

2.1. Representações sociais..........................................................................................................9

2.2. Saúde e Cultura...................................................................................................................10

2.3. Masculinidade.................................................................................................................10

2.4. Género.................................................................................................................................12

2.5. Género e saúde....................................................................................................................12

2.7. Planeamento Familiar.........................................................................................................13

2.8. Os homens e o Planeamento Familiar................................................................................13

3. Métodos..................................................................................................................................15

3.1. Itinerário da pesquisa e acesso aos informantes.....................................................................15

3.1.2. Tipo de estudo......................................................................................................................16

3.1.3. Instrumentos de recolha de dados........................................................................................16

4. Apresentação e discussão de resultados.................................................................................17

5
4.1. Locais de estudo.................................................................................................................17

5. Conclusões do estudo.............................................................................................................19

6. Recomendações......................................................................................................................20

7. Referências bibliográficas......................................................................................................21

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1. Introdução
Com o desenvolvimento das tecnologias médicas, a reprodução tornou-se um processo que não
depende apenas e necessariamente da relação sexual heterossexual, pelo facto de existirem outras
formas de gerar filhos, mas o presente estudo tem como enfoque a reprodução biológica que
envolve a relação sexual entre um homem e uma mulher, tendo em conta as dinâmicas de
negociação e os meios utilizados para garantir a reprodução biológica e social.
Actualmente, os serviços de PF continuam a ser maioritariamente públicos e oferecidos de forma
gratuita, estando sob a responsabilidade do Serviço Nacional de Saúde e encontrando-se
integrados no atendimento materno-infantil. No geral, tanto nas mulheres assim como nos
homens, os métodos modernos são mais conhecidos que os tradicionais. Os métodos geralmente
mais conhecidos pelas mulheres por ordem de importância percentual são o preservativo
masculino, a pílula, e injecções.

1.1. Objectivos

a) Objectivo geral
 Explorar as representações sociais e experiências dos homens da localidade de Ntete e do
bairro da Marrimba A sobre o Planeamento Familiar.
b) Objectivos específicos
 Identificar e descrever o conhecimento, de uso dos serviços e experiências do PF dos
homens;
 Descrever como é que os homens concebem seu papel no PF;
 Analisar as formas de diálogo e articulação entre os homens e suas parceiras sobre o
Planeamento Familiar

1.2. Questão de pesquisa


Quais são as representações sociais e experiências dos homens do bairro da Marrimba A e da
Localidade de Ntete sobre o Planeamento Familiar?

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1.3. Problemática e fundamentação do estudo
O PF pode ajudar na redução da mortalidade associada à gravidez, parto e pós-parto. A utilização
eficaz da contracepção pode reduzir a mortalidade materna por complicações, pois dá
oportunidade as mulheres a adiarem a gravidez, a espaçarem os nascimentos e a reduzirem o
número de gravidezes indesejadas que podem terminar num aborto inseguro na maioria das
vezes.
O quinto Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) preconiza a melhoria da saúde
materna, através da redução da taxa de mortalidade materna em ¾ e alcance do acesso universal
à Saúde Reprodutiva. Conforme foi mencionado previamente nesta dissertação, o Programa
Nacional de Planeamento Familiar de Moçambique tem como objectivo primordial melhorar as
condições de saúde da mulher, porém, cerca de 11 mulheres morrem por dia e cerca de 3.840 por
ano em Moçambique devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto (MISAU,
2009).
As complicações relacionadas com a gravidez e o parto são muita das vezes decorrentes do
número elevado de filhos e do não espaçamento entre os nascimentos, daí a importância do PF
para a saúde da mulher e criança.
O número de filhos a que uma mulher dá a luz tem um efeito directo sobre a sua condição saúde.
Nas sociedades tradicionalmente dominadas por homens, não se leva em consideração a
necessidade de preservar a saúde da mulher (Araújo, 2004).
A problemática em torno das representações e experiências dos homens sobre o PF reside no
facto de em muitas sociedades no sul de Moçambique as mulheres não deterem o poder de
decisão sobre os mais diversos assuntos, de entre os quais a aderência ou não ao Planeamento
Familiar, apesar de este oferecer muitas vantagens para a sua saúde.
O problema agrava-se porque os homens têm sido negligenciados no tocante aos assuntos
relacionados à contracepção e ao PF enquanto eles são os detentores do poder de decisão. A
maioria dos métodos contraceptivos é direccionada às mulheres. Os homens têm sido vistos
como agentes passivos e auxiliares da toma da pílula e do uso de outros contraceptivos pelas suas
parceiras, apesar de eles também terem as suas ideias e escolhas em matérias de reprodução
(Arregui, 2004)
Um marco notável no desenvolvimento dos assuntos sobre a Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR)
foi a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (ICPD) realizada no Cairo em

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1994, que postulou que os homens também têm direitos e responsabilidades no contexto da SSR.
A ICPD assinalou uma mudança significativa de paradigma no contexto da SSR, na medida em
que se alterou o foco da população para as pessoas, do macro para o micro e do crescimento e
redução da fertilidade para os direitos, necessidades, expectativas e ambições dos indivíduos
(Collumbien & Hawkes, 2000).
Em Moçambique, a estratégia de PF e contracepção lançada pelo MISAU em 2010, não mostra
de forma clara e operacionalizável como é que as necessidades de saúde reprodutiva dos homens
são tidas em conta, apesar de postular a equidade de género como um dos seus princípios
orientadores. A estratégia em causa, igualmente reconhece que o Serviço Nacional de Saúde
(SNS) não está preparado para prover serviços de PF aos homens.
Ainda que o SNS não esteja preparado para prover serviços de PF para os homens, é importante
que se saiba de que forma poderá se fazer esse provimento, na medida em que têm as suas
especificidades e é preciso conhecer as suas crenças, motivações, valores, inquietações e
significados que atribuem às suas práticas.
A mais-valia do nosso estudo reside no facto de ser exploratório e pioneiro na abordagem das
questões PF em Moçambique sob o ponto de vista dos próprios homens, porque ao abordar as
suas representações sociais e experiências acerca do Planeamento Familiar esperamos contribuir
para a compreensão da importância de ter-se em consideração os receios, as suas dúvidas, a sua
ansiedade, as suas necessidades e as suas expectativas, a fim de se criar serviços a eles.
O presente estudo adopta uma perspectiva antropológica. Os estudos antropológicos em Saúde
Reprodutiva contribuem para entender os conceitos que as pessoas têm sobre a etnofisiologia e
sua relação com as práticas reprodutivas, terapêuticas e rituais; assim como sobre o
conhecimento profundo que informa e influencia na tomada de decisões sobre as escolhas
reprodutivas (Browner & Sargent, 1990).
A compreensão sobre a forma como os indivíduos constroem e expressam suas identidades
através da interacção, reflexão e narração das suas histórias, merece particular atenção neste
estudo.

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2. Revisão da literatura
Neste capítulo apresentamos os conceitos que utilizamos e operacionalizamos no decorrer do
estudo, que permitiram aprimorar a base teórica do estudo, bem como a visão sobre o
posicionamento dos homens acerca do Planeamento Familiar, encontrada na revisão da literatura.
De modo a compreender o objecto de estudo, são apresentados a seguir alguns conceitos básicos
para a análise do problema, tais como: representações sociais; saúde e cultura; masculinidade (s);
género; género e saúde; reprodução e Planeamento Familiar.
2.1. Representações sociais
“Representações sociais são modos inconscientes de compreender um determinado fenómeno ou
determinada prática existencial, individual ou colectiva, que se expressam por meio de falas
quotidianas, crenças, provérbios, modos de agir que podem estar vinculados ao passado, ao
presente ou ao futuro (…). Em síntese, são crenças inconscientes que se manifestam nas falas,
nos discursos, nas piadas, na acção quotidiana” (Bagno & Mariamo, 2011).
As representações sociais não devem ser vistas como imutáveis, porque têm um carácter
dinâmico e relacional à trajectória do grupo que a elaborou. Elas são fruto de um processo
sempre actuante, desencadeado pelas acções colectivas dos indivíduos, mas implicam um reflexo
nas relações estabelecidas dentro e fora do grupo, no encontro com outros indivíduos ou grupos
sociais (Araújo, 2008).
O ponto de vista de Araújo mostra que as representações sociais são inacabadas e são passíveis
de transformação todos os dias. A esse respeito Minayo (1994) citada por Gazzinelli et al (2005)
refere que “qualquer pessoa, incluindo os profissionais de saúde, está sempre reactualizando
hábitos, modos de vida e sensibilidades herdadas de um passado sempre presente, de acordo com
os significados, histórica e culturalmente construídos e assim elaborando as suas representações
da saúde e da doença”
Apesar de as representações sociais terem uma carga afectiva sobre os indivíduos, não
determinam as suas acções, ou seja, não é necessariamente por pensar de uma forma, que o
indivíduo irá agir da maneira como pensa.
2.2. Saúde e Cultura
Partindo do conceito proposto por Helman, nota-se que a cultura fornece aos indivíduos um
quadro de referência para o seu comportamento nas mais variadas situações, inclusive nas

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questões de saúde. É difícil falar se saúde sem falar de doença. Todas as sociedades têm formas
próprias de conceber, compreender, interpretar e explicar os fenómenos de saúde e doença.
Todas as culturas dividem os seus membros em diferentes categorias sociais a saber: homens ou
mulheres, crianças ou adultos, jovens ou velhos, parentes ou estranhos, classe alta ou classe
baixa, capazes ou incapazes, normais ou anormais (…) sadios ou doentes (Bagno & Mariamo,
2011).
Igualmente, todas as culturas possuem formas elaboradas, tanto para transferir um indivíduo de
uma categoria social para outra, por exemplo, de “doente” para “sadio” (idem).
O contexto cultural em que o indivíduo insere-se exerce importante influência em muitos
aspectos da sua vida, incluindo nas suas crenças, comportamentos, percepções, emoções, línguas
(…) e nas atitudes em relação à doença, saúde e a dor (idem).
Apesar de se reconhecer a influência da cultura no comportamento dos indivíduos, é importante
realçar que ela não constitui a única influência na vida dos mesmos. Factores individuais (como a
idade, género, altura, personalidade, aparência, inteligência e experiência); factores educacionais
(formais ou informais, incluindo a educação e uma subcultura religiosa ou profissional) e
factores socioeconómicos como a classe social, o estatuto económico e redes de solidariedade)
(Bagno & Mariamo, 2011).
Para compreender as representações sociais dos indivíduos sobre os fenómenos de saúde e
doença é importante compreender os significados e as interpretações que as pessoas num certo
contexto cultural atribuem ao processo de saúde e doença.
2.3. Masculinidade (s)
Bagno & Mariamo (2011), enuncia quatro concepções teóricas de masculinidade:
a) Essencialista: que define a masculinidade com base em pressupostos biológicos;
b) Normativa: que define a masculinidade tomando como referência um padrão comportamental,
um conjunto de expectativas e atitude. Neste modelo, o homem é quem estrutura a sua prática;
c) Positivista: busca determinar a forma como os homens são, fazendo com que haja uma ênfase
no facto observado. Distingue os homens das mulheres;
d) Semiótica: define masculinidade a partir de um sistema simbólico, diferente nos quais
masculinidade e feminilidade estão em contraste (passiva x activo, subjectivo x objectivo).

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Araújo (2008), refere que a masculinidade é fruto de uma construção e que os estudos sobre
homens têm como foco os processos sociais de construção da masculinidade, relacionando-os
com determinados contextos socioculturais.
As etnografias permitem concluir que a masculinidade, sua definição e o processo de
constituição variam de sociedade para sociedade. O que é incentivado em certas sociedades,
pode ser repudiado em outras. Os estudos sobre os homens tentam demonstrar que a
multiplicidade de masculinidades pode ocorrer no mesmo contexto social. Pode chegar-se a tal
conclusão ao fazer-se um exame mais aproximado, com o foco de análise mais fechado e a partir
do cruzamento da variável género com classes sociais, raça, etnia e geração.
Apesar de poderem existir muitos tipos de masculinidade e coexistirem, existe um tipo de
masculinidade hegemónica num dado contexto sociocultural. Masculinidade hegemónica
consiste em impor uma definição específica sobre outros tipos de masculinidade (Araujo, 2008).
Sobre a masculinidade hegemónica, Sofia Aboim refere o seguinte:
a masculinidade, ou melhor as masculinidades constroem-se na relação que é
antes de mais, de dupla dominação: a da masculinidade sobre a feminilidade e a
de certo tipo de masculinidade (hegemónica) sobre os outros (Aboim, 2008: 274).
Para Sofia Aboim, ocorre um hibridismo nas masculinidades, porque a masculinidade que num
dado contexto histórico ocupa uma posição hegemónica, parece-se menos com um sistema
dualista e mais com um bloco híbrido que incorpora elementos diversos e até contraditórios. O
hibridismo constitui, afinal, uma ferramenta conceptual útil que nos leva a repensar os processos
de modernização no mundo contemporâneo (idem: 275).
A masculinidade hegemónica consiste em impor uma definição específica de masculinidade
sobre os outros tipos. Uma definição de masculinidade permanece como o referencial de acordo
com a qual outras formas de masculinidade são julgadas e avaliadas (Araujo, 2004).
A masculinidade hegemónica está enraizada na esfera da produção, na arena política, nas
práticas desportivas, no mercado de trabalho. Nessas esferas todas, o discurso impulsionador das
práticas de homens tem como fundamento a competição, a busca insaciável pelo sucesso, pelo
poder. E é neste ponto que a masculinidade deve ser provada, e, tão logo isso ocorre, é
questionada, tornando necessário que seja novamente provada. Sua construção é constante,
implacável e inatingível. A masculinidade hegemónica constrói a imagem de homens que detêm
o poder e torna-se sinónimo de força, sucesso, capacidade, confiança, domínio e controle (idem:
88-89).

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2.4. Género
O conceito de género designa por um lado as características sociais e culturais prescritas para
homens e mulheres (Regui, 2004), mas por outro lado, identifica as características socialmente
construídas que definem e relacionam homens a mulheres no seio de contextos específicos
(Arregui, 2004).
De acordo com Arregui (2004), O conceito de género apresenta as seguintes características:
É relacional: porque não se refere a homens ou mulheres isoladamente, mas às relações que se
constroem entre uns e outros;
É hierárquico: porque as diferenças que se estabelecem entre homens e mulheres não são neutras,
tendem a atribuir maior importância e valor às características e actividades associadas com o
masculino e a produzir relações desiguais de poder;
É dinâmico: o carácter social e cultural da diferenciação entre homens e mulheres abre a
possibilidade de actuar para sua modificação.
2.5. Género e saúde
O conceito de género permite compreender como é que o estatuto das pessoas na sociedade
condiciona o seu acesso a certos bens e serviços, como por exemplo aos serviços de saúde. A
relação entre o género e a saúde pressupõe explorar como é que os papéis de género e a divisão
do trabalho podem influenciar na habilidade de homens e mulheres participarem nas actividades
que promovem sua saúde e identificar constrangimentos de ordem cultural ou material que
constituem barreira no acesso aos serviços sanitários (Bagno & Mariamo, 2011).
2.6. Reprodução
O termo reprodução se refere à fisiologia dos processos de reprodução humana, que incluem a
menstruação, o coito, a concepção, gravidez, parto, infertilidade, contracepção, PF, aborto e
menopausa (Browner & Sargent, 1990).
Os processos de reprodução humana são invariáveis, mas são experimentados de forma diversa,
de acordo com os contextos culturais diferentes, uma vez que todas as sociedades moldam os
comportamentos reprodutivos dos seus membros (idem).
Os padrões culturais das sociedades incluem crenças e práticas acerca da menstruação,
prescrições sobre as situações em que deve ocorrer uma gravidez, quem tem legitimidade para se
reproduzir e práticas pré e pós-parto (idem).
2.7. Planeamento Familiar

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O conceito de PF surgiu nos anos 30 do século XX, vindo a consubstanciar com “controlo da
natalidade” na época em voga. Este conceito pode ter pelo menos dois significados,
nomeadamente: um controlo “individual” (controlo individual porque as pessoas a título
individual podem limitar ou estipular o número de filhos que desejam ter ou não ter) e outro
“nacional” (controlo nacional porque existem países como a China, em que o Estado tem uma
política natalista bem clara para limitar o número de filhos por casal) (Bagno & Mariamo, 2011).
Os objectivos do PF variam de um País para outro, em função de diversos elementos: orientação
política, organização sanitária, factores socioculturais e estágio de desenvolvimento tecnológico
(idem)

Embora o PF ainda seja muitas vezes considerado como sinónimo de anticonceptivo ou


contracepção, ele ultrapassa esse domínio, sendo actualmente considerado uma forma racional e
saudável de espaçar os nascimentos, e abrangendo áreas como infertilidade e a sexualidade
(idem).
Resumindo, Planeamento Familiar é um conjunto de acções que permitem às mulheres e aos
homens escolher quando querem ter um filho, o número de filhos que querem ter e o
espaçamento entre o nascimento dos seus filhos. Contribui para a saúde da mulher, das crianças e
da família na globalidade (Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 2001).

2.8. Os homens e o Planeamento Familiar


A inclusão dos homens no PF começou a aparecer na metade dos anos 1980, com a emergência
da epidemia do SIDA. As primeiras tentativas de compreensão da doença mostraram a
importância de entender-se o comportamento sexual do homem (Bagno & Mariamo, 2011).
Apesar da inclusão dos homens no PF ter iniciado nos anos 1980, a saúde dos homens em
Moçambique tem merecido pouca atenção. De acordo Bagno & Mariamo (2011), no sul de
Moçambique por exemplo, a saúde dos homens, por várias razões, tem merecido pouca atenção
(por exemplo: os homens têm problemas de Saúde Sexual e Reprodutiva, incluindo a disfunção
sexual). Ainda de acordo com este autor as normas prevalecentes de masculinidade no sul de
Moçambique, impedem que os homens sejam proactivos quanto à sua própria saúde, incluindo
procurar informação mais correcta e fidedigna sobre assuntos da mesma.

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Os cuidados de saúde dos homens e os significados atribuídos aos papéis masculinos
transcendem o HIV e SIDA . Partindo deste pressuposto, nota-se que a saúde dos homens não se
refere apenas ao HIV e SIDA, mas também à Saúde Sexual e Reprodutiva.
A pouca atenção que tem sido dada à SSR dos homens deriva de dois factores: tradicionalmente,
as mulheres têm sido vistas como actores primários na reprodução e na contracepção. O foco dos
programas de PF nas mulheres, se justifica pelo facto de serem as mulheres que ficam grávidas e
para elas são desenhados os métodos contraceptivos modernos (Araújo, 2008).
Também tem sido argumentado que desde sempre, as mulheres é que assumem os encargos da
reprodução, daí que sejam altamente motivadas para cuidar da sua SSR. Os homens têm sido
vistos como não estando envolvidos na questão da fertilidade para além de contribuírem com o
esperma (idem).
Este facto é corroborado por muitos autores quando refere que no Brasil, as escolhas
reprodutivas e as informações sobre a saúde sexual são dirigidas e discutidas somente com as
mulheres no âmbito doméstico e sanitário. Sob a orientação médica, elas conhecem, usam a
pílula e resolvem fazer, ou não fazer, laqueação. Os baixos índices de uso de métodos de
contracepção que envolvem iniciativas masculinas (preservativos, vasectomia, coito
interrompido) decorrem desse quadro geral.
Quando o envolvimento do homem na reprodução é mencionado, tem sido percebido como
obstáculo ao uso de contraceptivos pela mulher. Assim, muitos recursos têm sido canalizados
para as necessidades não atendidas das mulheres, conduzindo à exclusão dos homens (Aregui,
2004).
O segundo factor é intrínseco à socialização do homem nalguns contextos. Por exemplo, no sul
de Moçambique, o homem é socializado para se ver como uma pessoa forte e autónoma, cuja
sexualidade deve ser exercida como prova de masculinidade (dentro e/ou fora do próprio
domicílio). A criação dos filhos e o cuidar dos outros são vistos como actividades femininas.
Assim, ir ao médico, que resolve "problemas de saúde," é admissão de fraqueza (Arregui, 2004).
Os homens estão envolvidos no processo de tomada de decisão e em sociedades caracterizadas
pela desigualdade de género, podem exercer uma influência considerável sobre a sexualidade das
suas parceiras.

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Geralmente, em contextos socioculturais de ideologia patrilinear os homens dominam o processo
de tomada de decisão sobre o tamanho da família, quando utilizar os métodos contraceptivos, o
tipo de contraceptivos e uso de métodos tradicionais (Bagno & Mariamo, 2011).

Tabela 1: contraceptivos mais referidos pelos participantes das entrevistas semi-


estruturadas e Grupos Focais
Métodos contraceptivos referidos pelos participantes do estudo
Sexo Pílu Injecç DI Preservat Impla Calendá Vasecto Coito Laqueaç
la ão U ivo nte rio mia Interromp ão
ido
Masculi 37 37 5 37 0 1 1 4 0
no
Feminin 25 25 15 20 0 3 0 0 2
o

3. Métodos
Neste capítulo são apresentados todos os procedimentos metodológicos utilizados para a
realização deste estudo e constituem secções deste capítulo as seguintes: itinerário da pesquisa e
acesso aos informantes; tipo de estudo, instrumentos de recolha de dados,.

3.1. Itinerário da pesquisa e acesso aos informantes


3.1.1. Marrimba A
Trabalhar questões íntimas e sensíveis como o Planeamento Familiar não é fácil. Aliás, nenhum
objecto de pesquisa é de fácil abordagem! Fiz uma visita exploratória a Balama, com o intuito de
nos apresentarmos às autoridades de saúde, três semanas antes do trabalho de campo para que
pudéssemos ter uma ideia do local onde iríamos trabalhar e do panorama do Planeamento
Familiar no Distrito.

3.1.2. Tipo de estudo


O estudo foi realizado utilizando a metodologia qualitativa com recurso aos métodos etnográfico
e fenomenológico. A opção por um estudo qualitativo tem a ver com o facto de a metodologia

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qualitativa ser apropriada para explorar factores intangíveis tais como: normas sociais, estatuto
socioeconómico, papéis de género, etnicidade e religião (Arregui, 2004).
Trabalhar questões referentes ao PF significa fazer uma incursão no campo da subjectividade, da
sexualidade e do relacionamento entre homens e mulheres, e envolve significados e valores
construídos socialmente, mas que nem sempre são verbalizados pelos usuários e pelos
profissionais de saúde (Araújo, 2004: 31).
Segundo Barroso citado por Araújo (2008), o estudo da cultura constitui um elemento humano
importante, uma vez que influencia no comportamento humano. Ainda de acordo com esta
autora, a etnografia surge como caminho para desvendar culturas, conhecer o outro e a partir
deste conhecimento reelaborar e direccionar culturalmente as acções ligadas aos cuidados de
saúde, objectivando formas mais eficientes de desenvolver o cuidado aos pacientes e utentes de
alguns serviços de saúde

3.1.3. Instrumentos de recolha de dados


A recolha de dados no campo foi realizada mediante a triangulação de algumas técnicas,
nomeadamente: revisão da literatura, entrevistas semi-estruturadas, Grupos Focais, conversas
informais e a observação aliada ao diário de campo. Optamos pela triangulação destas técnicas
de pesquisa, porque cada uma tem as suas especificidades e propósitos, pelo que no seu uso
conjunto se complementam.
Apesar de termos optado pela triangulação das técnicas de pesquisa acima mencionadas, o
instrumento central de colecta de dados foi a entrevista semi-estruturada, porque na entrevista
semi-estruturada, estão frente a frente apenas o pesquisador e o entrevistado, o que possibilita
maior abertura do entrevistado para expressar seus sentimentos mais profundos, crenças, os
significados atribuídos e motivações, diferentemente dos Grupos Focais em que há maior
probabilidade de as respostas dos participantes serem influenciadas umas pelas outras.

4. Apresentação e discussão de resultados


Considerando os objectivos definidos e a metodologia adoptada para este estudo, os resultados
são apresentados em cinco secções: os locais do estudo;

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4.1. Locais de estudo
O estudo foi realizado em dois locais já mencionados ao longo deste trabalho, nomeadamente: a
localidade de Ntete, no distrito de Balama e no bairro da Marrimba A, na província de Cabo
Delgado.
A escolha desses dois locais para a realização do estudo tem a ver com a necessidade de
confrontar dados de um contexto urbano e de um contexto rural, uma vez que a revisão da
literatura mostrou que existem diferenças no que toca ao conhecimento e uso de contraceptivos
entre a zona rural e a zona urbana. Igualmente, nos interessava captar as diversas normas de
género, masculinidade, percepções e experiências dos homens nesses dois contextos, uma vez
que factores como a socialização e o nível de escolaridade exercem alguma influência nos
comportamentos e atitudes dos indivíduos, fazendo com que nem sempre por se estar inserido no
mesmo contexto se partilhe as mesmas percepções e experiências. Para o caso específico de
Cabo Delgado, O IDS de 2011 mostra que é a província com a maior taxa de necessidade
insatisfeita em matéria de contracepção, na ordem de 36%.

Figura 1: Adaptado pela autora

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Figura 2: Adaptado pela autora

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5. Conclusões do estudo
Este estudo explorou as representações e as experiências dos homens sobre o Planeamento
Familiar em Marrimba A no distrito de Balama. Trabalhei com setenta informantes, sendo 62 nas
entrevistas semi-estruturadas e Grupos Focais e oito nas conversas informais.
O Planeamento Familiar foi maioritariamente definido fazendo menção apenas a uma das
componentes do conceito, nomeadamente a prevenção da gravidez indesejada, quando este
serviço ajuda também a fazer o espaçamento entre o nascimento dos filhos, consequentemente
preservando a saúde da mulher e da criança.
Os homens e mulheres inquiridos neste estudo apresentam fraco domínio das matérias de
Planeamento Familiar e contracepção. As mulheres de um modo geral apresentam maior
domínio sobre o assunto, porque são o sujeito primário dos programas de PF. Existem diferenças
de conhecimento sobre o PF entre os homens e entre as mulheres.
Os homens e as mulheres em Balama tendem a saber mais sobre o PF e os contraceptivos, do que
os homens e as mulheres em Marrimba A, por questões relacionadas ao nível de escolaridade,
independência financeira e acesso à informação.
Existem diferentes tipos de masculinidade, mas a masculinidade hegemónica é a que assenta
numa ideologia e sistema linhageiro patrilinear. Segundo esta, os homens é que tomam as
decisões sobre os mais diversos aspectos da vida da família, incluindo da sexualidade e
procriação.
Os contraceptivos mais conhecidos e mais utilizados pelos participantes do estudo são: a pílula, o
preservativo e a injecção. Foram referidos métodos contraceptivos de sabedoria popular, que
sobretudo em Marrimba A são bem-vindos, porque acredita-se que não prejudicam o
funcionamento normal do organismo e não alteram o prazer sexual, diferentemente dos
contraceptivos modernos, que assim são vistos.
Os resultados igualmente sugerem que é importante que os mecanismos de informação e
divulgação dos serviços de PF sejam reforçados, tendo em conta o contexto cultural e
abordagens culturalmente sensíveis, para que o grupo-alvo se aproprie dos mesmos, uma vez que
o conhecimento é um pré-requisito para o uso dos serviços, mas não é a única variável a levar em
consideração ao prover um serviço de saúde.

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6. Recomendações
A partir dos resultados deste estudo exploratório sobre as representações e experiências dos
homens sobre o PF, fazemos as seguintes propostas de recomendações:
a) A realização de estudos quantitativos sobre o uso de contraceptivos noutras regiões do país
para maior aprofundamento dos achados deste estudo, para se ter uma ideia mais completa do PF
em Moçambique;
b) A realização de um estudo num contexto matrilinear para aferir se as representações e
experiências dos homens desse contexto coincidem com as do contexto patrilinear, porque apesar
de termos trabalhado em Balama, um local que historicamente tem alguns residentes oriundos de
contextos matrilineares, não os entrevistamos;
c) A realização de um estudo quantitativo sobre o uso de métodos contraceptivos tradicionais e o
seu impacto na SSR das mulheres;
d) Em estudos como este, aprofundar a influência da poligamia nas representações e experiências
dos homens sobre o PF. No nosso estudo não aprofundamos esta questão, pelo que propomos
que os próximos a acautelem;
e) Uso da metodologia de educadores de pares para fazerem a sensibilização e a capacitação dos
homens no domínio do PF. Esta metodologia irá permitir que os educadores de pares
sensibilizem aos demais sobre a importância do PF, uma vez que geralmente pessoas do mesmo
sexo têm mais empatia e partilham alguns interesses em comum;
f) Criação de um cantinho nas Us’s, onde os homens possam receber aconselhamento e
informação sobre a SSR e sobre o PF, pois estes serviços têm tido apenas enfoque nas mulheres;
g) Que sejam incluídos nos curricula de formação e capacitação dos profissionais de saúde que
trabalham na área do PF aspectos ligados a abordagem sociocultural como por exemplo, o
conceito de género, género e saúde e a sexualidade como construção sociocultural, já que esta
influencia o comportamento, as atitudes e a aceitabilidade por parte dos indivíduos de um certo
serviço;
h) Que os trabalhadores comunitários de saúde, particularmente os agentes polivalentes
elementares não somente trabalhem com as comunidades, mas também que interajam com as
empresas e outros sectores de actividade para abrangerem o maior número possível de homens;

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7. Referências bibliográficas
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