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Paralelismo

Paralelismo é o nome que damos à organização de ideias e expressões de


estrutura idêntica. Temos dois tipos de paralelismo: o sintático, relacionado aos
termos de mesma estrutura sintática dentro de uma frase; o semântico,
relacionado às ideias semelhantes dentro de uma frase.

Paralelismo Sintático
Exemplo de paralelismo sintático

A preservação do meio ambiente representa não só um dever de


cidadania, mas também a sobrevivência do planeta.

Os termos não só e mas também vem para ligar dois fragmentos


gramaticalmente semelhantes. É possível concluir, desta forma, que os
conectivos tem papel fundamental no paralelismo sintático. A frase estaria
incorreta se fosse colocada desta forma: 

A preservação do meio ambiente representa não só um dever de cidadania e é


para que o planeta sobreviva.

Paralelismo Semântico
Exemplo de paralelismo semântico

Marcos gosta de chocolate e de pipoca.


Gostar de chocolate e pipoca constituem uma frase com ideais coerentes. A
situação, no entanto, fugiria do paralelismo semântico se fosse a seguinte:

Marcos gosta de chocolate e de jogar futebol.


Apesar de termos o paralelismo sintático, não temos o semântico. Gostar de
chocolate e jogar futebol representam duas coisas diferentes, que não caberiam
numa sequência semântica lógica.

Exercícios de Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico

Assinale as alternativas nas quais ocorrem a quebra do paralelismo sintático.

 Ora jogava videogame, ora fazia a lição de casa.


 XA educação das crianças não só é uma das funções dos professores. Os
pais também são responsáveis por ela. 
 XO estudante disse que foi a aula e foi para casa em seguida. 
 Após lavar o carro, Joana sentiu-se cansada e dormiu a tarde inteira.
 XQuanto mais estudamos, as chances de passarmos no vestibular
aumentam. 

Assinale as alternativas nas quais ocorrem a quebra do paralelismo semântico.

 XGosto de dançar e comer bolos de chocolate. 


 XO presidente da Rússia negocia com a Ucrânia sobre a crise na Crimeia. 
 Acordou, tomou banho, foi pra aula e estudou o dia inteiro.
 XA diferença entre computadores disponíveis e crianças no laboratório
de informática é grande.
 QUESTÃO 1
 Considerando que a materialização de um texto se dá mediante o encadeamento
lógico de ideias justapostas e ordenadas entre si, comente acerca das relações
paralelísticas necessárias ao discurso.
 Ver Resposta
 QUESTÃO 2
 (FUVEST-SP)

“Amantes dos antigos bolachões penam não só para encontrar os discos, que
ficam a cada dia mais raros. A dificuldade aparece também na hora de trocar a
agulha, ou de levar o toca-discos para o conserto”.
                                                                         (Jornal da Tarde, 22/10/1998)

a) Tendo em vista que no texto acima falta paralelismo sintático, reescreva-o em


um só período, mantendo o mesmo sentido e fazendo as alterações necessárias
para que o paralelismo se estabeleça.

b) Justifique as alterações necessárias.


 Ver Resposta
 QUESTÃO 3
 Atendo-se tanto às duas construções artísticas machadianas, quanto ao
enunciado que se evidencia a seguir, elabore um comentário acerca da ausência
de paralelismo evidenciada em tais exemplos.

a- “Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis, nada menos”.
(Machado de Assis)

b- [...] encontrei um rapaz [...], que eu conheço de vista e de chapéu.(Machado


de Assis)

c- Gosto de frutas e de livros.


 Ver Resposta
 QUESTÃO 4
 Analise os enunciados em questão e, se necessário for, reescreva-os de modo a
estabelecer o paralelismo:
 a- Se todos colaborassem, tudo ocorrerá como o previsto.
 b- Não resido próximo ao colégio, e sim próximo ao ginásio de esportes.
 c - Se estivesse mesmo com saudades, não estava demorando tanto para chegar.
 Ver Resposta
 QUESTÃO 5
 (FUVEST– SP)
 “A marquesa de Alegros ficara viúva aos quarenta e três anos, e passava a
maior parte do ano retirada na sua Quinta de Carcavelos. [...] As suas duas
filhas, educadas no receio do Céu e nas preocupações da Moda, eram beatas e
faziam o chique, falando com igual fervor da humildade cristã e do último
figurino de Bruxelas. Um jornalista de então dissera delas:
 - Pensam todos os dias na toalete com que hão de entrar no Paraíso.”
                                           (Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro)    
 Paralelismo sintático e oposição semântica são recursos usados na caracterização
das filhas da marquesa de Alegros. 
 a) Transcreva do texto os seguimentos em que isso ocorre.
b) Identifique os efeitos de sentido que decorrem do emprego de tais recursos.
 Ver Resposta
 RESPOSTAS
 Questão 1
 Reiterando a necessidade de o texto ser constituído de tais aspectos,
afirmamos que as construções paralelísticas se caracterizam pelas relações
de semelhança entre palavras e expressões contidas no discurso, quer no
âmbito da morfologia e da sintaxe, quer no âmbito da semântica.
 Voltar a questão
 Questão 2
 a- “Amantes dos antigos bolachões penam não só para encontrar os
discos, que ficam a cada dia mais raros, mas também pela dificuldade
que aparece também na hora de trocar a agulha, ou de levar o toca-
discos para o conserto”.
 b- O emprego da conjunção coordenativa aditiva “mas também” justifica-
se pelo fato de ela, além de expressar a noção de adição entre os
elementos, conferir destaque para alguns dos elementos, manifestados pela
dificuldade, tanto para encontrar agulha, quanto para levar o toca-discos
para o conserto.
 Voltar a questão
 Questão 3
 No que se refere às construções machadianas, constatamos que a quebra
do paralelismo semântico foi manifestada de forma intencional. Tal
propósito se deve aos recursos utilizados pela linguagem literária, no
intuito de conferir mais ênfase à mensagem. Dessa forma, temos que no
segundo exemplo, o autor conseguiu obter um significativo efeito de
estilo, bem como no primeiro, no qual se depreende que o recurso irônico,
representando uma de suas marcas, foi utilizado para enfatizar o interesse
financeiro de Marcela.
 Partindo de tais pressupostos, cumpre dizer que mesmo em se tratando de
um “desvio”, no caso da linguagem artística esse não é considerado como
tal, em virtude do que chamamos de licença poética.   
 Quanto ao terceiro exemplo, infere-se que a quebra também se deu no
âmbito semântico – uma vez detectada pela quebra de expectativa por
parte do leitor ao fazer a junção entre dois elementos de naturezas
distintas: livros e frutas.
 Voltar a questão
 Questão 4
 a- Se todos colaborassem, tudo ocorreria como o previsto.
 b- Não resido próximo ao colégio, mas sim próximo ao ginásio de
esportes.
 c- Se estivesse mesmo com saudades, não estaria demorando tanto para
chegar.
 Voltar a questão
 Questão 5
 a- [...] As suas duas filhas, educadas no receio do Céu e nas
preocupações da Moda[...]

b- Constata-se que a quebra do paralelismo semântico – este manifestado


pela presença de um dos pecados capitais, no caso a luxúria – não
estabelece relação alguma com os preceitos divinais. Mediante tal
ocorrência, o que se pode constatar, sobretudo pelo fato de se tratar de
uma linguagem literária, é que o recurso utilizado atribui-se à intenção
proposital do autor em pautar-se por um discurso irônico.

Exercícios sobre paralelismo 

1.  Leia o texto.
Por que o mar Morto tem esse nome? 
ANDRÉ LUIZ, POR E-MAIL, E RAPHAEL JOSÉ DIVINO
ARAÚJO, ITURAMA, MG 

Porque o excesso de sal nas suas águas torna a vida praticamente


impossível por ali. 
Com exceção da bactéria Haloarcula marismortui, que consegue filtrar
os sais e sobreviver nesse cemitério marítimo, todos os organismos
que chegam ao mar Morto morrem rapidamente. Outra característica
curiosa é que ninguém consegue afundar nas suas águas, graças
novamente à alta concentração salina, que o torna muito mais denso
do que o corpo humano. Os oceanos têm uma média de 35 gramas de
sal por litro de água, enquanto o mar Morto tem quase 300 gramas.
Isso se deve basicamente a sua localização - na divisa entre Israel e
Jordânia. A região é quente e seca, o que acelera a evaporação e
impede a reposição da água pela chuva - em um ano chove tanto
quanto um dia chuvoso em São Paulo. Além disso, o mar Morto é o
local mais baixo do planeta: alguns pontos ficam a mais de 400 metros
abaixo do nível dos oceanos. Isso significa que grande parte das
partículas que se soltam dos terrenos a sua volta escoa em sua direção.
Para piorar, o rio Jordão, que ajuda a alimentá-lo, foi desviado em
várias partes para irrigar plantações. Ou seja, com o perdão do
trocadilho, o mar Morto está morrendo. O diretor do Instituto
Geológico Israelense, Amos Bein, garante que ele não corre risco de
secar completamente, mas, por via das dúvidas, já está em fase de
planejamento o "Canal da Paz", um aqueduto de mais de 80
quilômetros que puxaria água do mar Vermelho para salvar esse
"defunto". 

ARTUR LOUBACK LOPES (Mundo Estranho, nº42)

O texto apresenta paralelismo em dois trechos. No trecho "Os oceanos


têm uma média de 35 gramas de sal por litro de água, enquanto o mar
Morto tem quase 300 gramas", a expressãoenquanto aproxima ideias
opostas ou divergentes. No trecho "em um ano chove tanto quantoum
dia chuvoso em São Paulo", a expressão tanto quanto dá ideia de
comparação. 
Reescreva as frases que seguem, criando paralelismos por meio do uso
de expressões como enquanto, ao passo que, por um lado...por outro,
tanto...quanto, seja...seja, quer... quer, nem... nem, ou...ou, ou outros.
 
a) Não sabe aonde vai no sábado: gosta muito de cinema e é
apaixonado por teatro. 
b) Eles nunca se entendem: ele é vegetariano e ela adora um bom
churrasco. 
c) A leitura é indispensável na formação da criança e no alargamento
da visão de mundo do adulto. 
d) Ele é um ótimo aluno: sabe falar e sabe escrever muito bem.
e) Não toma leite, não come pão ou massas, não come verduras, frutas
e legumes. 
f) Escolha: viajar de ônibus para Porto Alegre, viajar de avião para
Curitiba. 
g) Eu me contento com o que nascer: homem, mulher.  

2. Em quais das frases a seguir o paralelismo entre as formas verbais


está de acordo com a norma-padrão formal da língua? 

a) Se você viajar hoje à noite, podia descansar mais amanhã.


b) Se você viajar hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. 
c) Se você viajasse hoje à noite, poderia descansar mais amanhã. 
d) Caso você viaja hoje à noite, poderia descansar mais amanhã. 

3. Leia o texto, observando a ocorrência de paralelismo:

A miopia não depende apenas do formato da córnea, a parte


geralmente retirada nas doações, mas principalmente do comprimento
do olho. 

(Superinteressante, nº 112.) 

O paralelismo no texto foi construído a partir do uso da expressão não


apenas... mas principalmente. Por que, na sua opinião, o autor preferiu
empregar principalmente, em vez de também? 

4. Em textos literários, a quebra de paralelismo semântico pode ser


intencional. Explique a quebra de paralelismo nos seguintes trechos de
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. 
a) "Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de
Marcela." 
b) "Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis." 

5. A fim de estabelecer paralelismos com base em palavras e orações,


complete adequadamente as frases: 

a) Sonhava com um ano próspero e _______________________.


b) Esperto, desejava um trabalho que fosse fácil e
________________________.
c) Não prestou atenção na pergunta porque não se interessou e
_____________________.
d) Nosso futuro depende em parte de nossa vontade e, em parte,
________________________.
e) O pintor esboça o retrato da atriz com segurança e
_________________________.
f) É certo que ele virá e _______________________. 
g) Não prestou atenção na pergunta não só por não se interessar, mas
também ________________. 

6. Identifique o tipo de paralelismo semântico predominante nos


seguintes textos.  

a) O transatlântico europeu está sem comando e continua navegando.


Sua tripulação, falando línguas diferentes, não sai do cassino e ganha
fortunas em pouco tempo. Enquanto isso, os viajantes de segunda
classe lutam para não cair no mar. 

b) "Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o


cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio, o anjo
é feio; se com amor, o pigmeu é gigante." 
(Pe. Antônio Vieira) 

c) Quatro funções básicas têm sido convencionalmente atribuídas aos


meios de comunicação de massa: informar, divertir, persuadir e
ensinar. 

d) Observando a população que caminha pelas grandes cidades,


vemos a diversidade de povos: os descendentes de africanos, os filhos
de orientais, os ameríndios, a minoria branca. 
e) O malefício da poluição ambiental para a saúde humana é
diariamente denunciado pelos meios de comunicação. Ambientalistas
e profissionais ligados à área da saúde apresentam-se em mesas
redondas via televisão, publicam depoimentos nos jornais, abrem
discussões por meio da Internet, enfim, procuram prevenir as
autoridades sobre o alto custo, em saúde, pago pela população por
viver em meio à poluição. 

Gabarito:

1.
a) ...por um lado, gosta muito de cinema, por outro, é apaixonado por
teatro.
b)  ...ele é vegetariano, enquanto ela adora um bom churrasco. 
c) ...indispensável, quer na formação da criança, quer no
alargamento da visão de mundo do adulto.
d) ...não só fala, mas também escreve muito bem.
e) Não toma leite nem come pão ou massas, nem come verduras,
frutas e legume.
f) Escolha: ou viajar de ônibus para Porto Alegre ou viajar de avião
para Curitiba. 
g) ...nascer: seja homem, seja mulher.

2. As frases B e C.

3. Porque se empregasse também, passaria a ideia de que o


comprimento do olho é apenas mais um dos fatores responsáveis pela
miopia. Com principalmente, o autor dá a entender que esse é um dos
fatores determinantes da miopia. 

4. Sugestões

a) A referência geográfica a um bairro (Rocio Grande), faz esperar,


por associação lógica, outra referência geográfica, que não ocorre,
pois “o coração de Marcela” não é um acidente geográfico. 

b) A referência ao tempo de duração do amor faz esperar outra


referência a tempo (horas, minutos), eu não ocorre, pois valor em
dinheiro não indica tempo. Perceba que a intenção do autor, ao
sugerir um relacionamento amoroso associado a interesse
econômico, é provocar humor e crítica. 

5.
a) Feliz.
b) Que pagasse bem.
c) Por que tinha sono.
d) Do nosso governo.
e) Com rapidez.
f) Que jogará em nosso time.
g) Por ter sono.

6.
a) Comparação.
b) Oposição.
c) Enumeração.
d) Exemplificação.
e) Desenvolvimento. 

Erro de Paralelismo
Na língua padrão, especialmente na escrita, ficou convencionado apresentar ideias
similares numa forma gramatical idêntica. Se essa norma for transgredida, diz-se que
há erro de paralelismo.

Errado:
Pelo aviso circular recomendou-se aos ministérios economizar energia e que elaborasse
planos de redução de despesas.

Ocorrem no período acima duas orações objetivas diretas portadoras de ideias


similares, só que a forma gramatical não é idêntica, pois uma oração é reduzida do
infinitivo (economizar energia) e a outra, desenvolvida (que  elaborassem planos de
redução de despesas).

Existem duas possibilidades de correção do erro: ou fazer as duas orações


subordinadas reduzidas do infinitivo (1) ou torná-las desenvolvidas (2):

1. Pelo aviso circular recomendou-se aos ministérios economizar energia e


elaborar planos de redução de despesas.
2. Pelo aviso circular recomendou-se aos ministérios que economizassem
energia e (que) elaborassem planos de redução de despesas.

Também ocorre erro de paralelismo se forem agrupadas orações e substantivos (ou


adjetivos) numa mesma função sintática.
No discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro, inteligência e ter
ambição.

Corrija para:

 No discurso de posse mostrou determinação, segurança, inteligência e ambição.

Ou

 No discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter inteligência e


ambição.

Problema de paralelismo
Publicado em 04/10/2015 por Anderson Hander Brito Xavier

paralelismo sintático

Problemas de paralelismo

Para que haja maior clareza em textos escritos, é preciso que haja paralelismo em nível
vocabular e sintático no texto.

O Manual de Redação Oficial da Presidência da República é muito esclarecedor a esse


respeito.

Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita “consiste em apresentar


idéias similares numa forma gramatical idêntica” , o que se chama de paralelismo.
Vejamos alguns exemplos:

Inadequado: pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios economizar


energia e que elaborassem planos de redução de despesas.

Nesta frase temos, nas duas orações subordinadas que completam o sentido da
principal, duas estruturas diferentes para ideias equivalentes: a primeira oração
(economizar energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida introduzida pela
conjunção integrante que. Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e
correção; uma seria a de apresentar as duas orações subordinadas como
desenvolvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
adequado: pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios que
economizassem energia e (que) elaborassem planos para redução de despesas.

Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas como reduzidas de


infinitivo:

adequado: pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios economizar energia


e elaborar planos para redução de despesas.

Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na coordenação de orações


subordinadas.

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta:

inadequado: no discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro,


inteligência e ter ambição.

O problema aqui decorre de coordenar palavras (substantivos) com orações


(reduzidas de infinitivo).

Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por transformá-la em frase
simples, substituindo as orações reduzidas por substantivos:

adequado: no discurso de posse, mostrou determinação, segurança, inteligência e


ambição.

Ou empregar a forma oracional reduzida uniformemente:

adequado: no discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter


inteligência e ambição.

Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso paralelismo, que ocorre ao se


dar forma paralela (equivalente) a ideiasde hierarquia diferente ou, ainda, ao se
apresentar, de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:

Inadequado: o Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.

Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Paris, Bonn, Roma) e uma
pessoa (o Papa). Uma possibilidade de correção é transformá-la em duas frases
simples, com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):

adequado: o Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta última capital,


encontrou-se com o Papa.

Inadequado: o projeto tem mais de cem páginas e muita complexidade.


Aqui repete-se a equivalência gramatical indevida: estão em coordenação, no
mesmo nível sintático, o número de páginas do projeto (um dado objetivo,
quantificável) e uma avaliação sobre ele (subjetiva). Pode-se reescrever a frase de duas
formas: ou faz-se nova oração com o acréscimo do verbo ser, rompendo, assim, o
desajeitado paralelo:

adequado: o projeto tem mais de cem páginas e é muito complexo.

Ou se dá forma paralela harmoniosa transformando a primeira oração também


em uma avaliação subjetiva:

adequado: o projeto é muito extenso e complexo.

O emprego de expressões correlativas como não só … mas (como) também; tanto


… quanto (ou como); nem … nem; ou … ou; etc. costuma apresentar problemas
quando não se mantém o obrigatório paralelismo entre as estruturas apresentadas.

Nos dois exemplos abaixo, rompe-se o paralelismo pela colocação do primeiro


termo da correlação fora de posição.

Inadequado: ou Vossa Senhoria apresenta o projeto, ou uma alternativa.

Adequado: vossa Senhoria ou apresenta o projeto, ou propõe uma alternativa.

Inadequado: o interventor não só tem obrigação de apurar a fraude como


também a de punir os culpados.

Adequado: o interventor tem obrigação não só de apurar a fraude, como também


de punir os culpados.

Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado pelo uso inadequado da


expressão e que num período que não contém nenhum que anterior.

Inadequado: o novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida formação


acadêmica.

Para redigir melhor a frase, ou suprimimos o pronome relativo:

adequado: o novo procurador é jurista renomado e tem sólida formação


acadêmica.

Ou suprimimos a conjunção, que está a coordenar elementos díspares:


adequado: o novo procurador é jurista renomado, que tem sólida formação
acadêmica.

Outro exemplo de falso paralelismo com e que:

inadequado: neste momento, não se devem adotar medidas precipitadas, e que


comprometam o andamento de todo o programa.

Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior aqui podemos ou


suprimir a conjunção:

adequado: Neste momento, não se devem adotar medidas precipitadas, que


comprometam o andamento de todo o programa.

Ou estabelecer forma paralela coordenando orações adjetivas, recorrendo ao


pronome relativo que e ao verbo ser:

adequado: Neste momento, não se devem adotar medidas que sejam precipitadas
e que comprometam o andamento de todo o programa.

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