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Formação de Avaliadores Externos

Avaliação externa da dimensão


científica e pedagógica (An2-a)

BF2
2013-2014

Formador: Joaquim José Manteigas Picado

1
OBJETIVOS
1. Melhorar a qualificação dos avaliadores externos no âmbito do processo de AEDD;
2. Refletir sobe os direitos e deveres da profissionalidade docente;
3. Equacionar questões éticas e deontológicas na avaliação do desempenho docente;
4. Desenvolver competências de avaliação externa no âmbito do quadro nacional de
referência;
5. Promover o trabalho colaborativo e partilha de experiências entre AE;

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SUMÁRIO
3. Intervenção do Avaliador Externo;
3.1. Ética e deontologia na avaliação do desempenho docente – 1 hora
3.1.1. Quadro ético-deontológico da profissionalidade docente
3.1.2. Princípios gerais da avaliação de desempenho
3.1.3. Relação avaliador-avaliado: deveres mútuos.

3.2. Referencial de avaliação externa: parâmetros nacionais da avaliação da


componente científica e pedagógica – 2 horas
3.2.1. Os quadros de referência na avaliação da prática profissional
3.2.2. O quadro de referência da avaliação externa: parâmetros e níveis de desempenho
3.2.3. Lógica de operacionalização do quadro de referência da avaliação externa

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METODOLOGIA DA SESSÃO:

 1º Momento:

Dimensão reflexiva (duração:1h30min)

 2º Momento:

Dimensão prática(duração:1h30min)

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ATIVIDADES:

5
ESCOLA PÚBLICA

Qualidade Qualidade
científica pedagógica

Qualidade
democrática

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Ética e Deontologia na ADD

Quadro ético- Relação


deontológico da Princípios gerais avaliador –
profissionalidade da ADD avaliado:
docente deveres mútuos

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PROFISSÃO PROFISSIONALIDADE

Professor

PROFISSIONALISMO Profissionalização

8
Conceito de profissão (Lemosse,1989)
• Atividade intelectual que compromete e responsabiliza quem a
exerce
• Atividade sábia e não de natureza rotineira, mecânica ou repetitiva
• Prática, mais como exercício de uma arte do que como atividade
especulativa ou teórica
• Aprende-se através de uma formação longa
• O grupo que a exerce tem uma forte organização e coesão interna
• Atividade de natureza altruísta que se traduz na prestação de um
serviço à sociedade

Conceito de profissão (Ângela Rodrigues,


2012)
• Atividade remunerada e socialmente reconhecida
• Assente num conjunto de saberes, saberes fazer e atitudes
• Saberes profissionais que exigem formação profissional longa e
certificada legitimando o monopólio do exercício profissional e
autorizando uma relativa autonomia do seu desempenho
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Profissionalismo (Mª Teresa Estrela, 2001)
• Domínio e correto exercício da profissionalidade;
• Articula aspetos éticos e deontológicos da profissão que permitem
orientar a profissionalidade e distinguir os comportamentos dos
profissionais dos que o não são

“Profissionalismo da modernidade”
(Almerindo J Afonso, 2012)
• Percorrer com sucesso uma escolaridade longa, de nível superior
• Adquiri r e desenvolver um saber profissional complexo
• Ter acesso a uma carreira definida e avaliada
• Ter direito a ações e cursos de formação contínua
• Valorizar a adesão a associações profissionais
• Defender a criação colectiva de um código de ética profissional
• Interiorizar e desenvolver uma cultura profissional específica
• Partilhar os processos colectivos de construção de uma identidade
profissional;
• Assumir, interpretar e exercer a profissão com margens substantivas de
?autonomia relativa?, com a correspondente disponibilidade para a10
prestação do contas e a responsabilização (accountability)
Profissionalidade
(Ângela Rodrigues,
2012)

Conjunto de comportamentos,
conhecimentos, capacidades,
atitudes e valores que constituem a
especificidade das funções e papéis
do profissional

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Profissionalidade
e profissionalismo
(Baptista, 2011, p.20)
Falar de profissionalidade e de
profissionalismo a propósito do
desempenho dos professores
pressupõem o reconhecimento
prévio do estatuto profissional
docente.

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• É um trabalho
Ser Professor • É um ofício técnico
(Darling-Hammond, • É uma profissão
1990)
• É uma arte

• Concretiza-se em práticas
• Requer fundamentação (conhecimento
e competências específicas)
A profissão de • Requer reflexão teórico prática
professor… permanente
(Ângela Rodrigues, 2012) • Pretende resultados concretos :
Aprendizagem dos alunos e Melhoria
geral do ensino

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Ética e Deontologia na ADD

Legitimidade para o desempenho das funções


• Hierarquia dos avaliadores externos relativamente aos
avaliados
• Formação e experiência relevante para a função
• Capacidade de comunicação e abertura à inovação
• Capacidade de análise, crítica e de decisão.

Ethos profissional
• Identidade social e profissional
• Normas e condutas a observar

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A ética como dimensão do
profissionalismo

 Os avaliadores enfrentam problemas éticos


porque eles exercem poderes especiais que
podem ferir a auto-estima que pode causar
danos à reputação e interferir nas carreiras.”
House, 1993 p.63
A ética como dimensão do
profissionalismo

 Comparativamente com outras profissões, as


possibilidades de os avaliadores causarem
danos “são mais amplas, menos evidentes e
mais perduráveis”. Portanto, “parece
necessário basear a avaliação em alguma
responsabilidade moral, de modo que as
reflexões sobre justiça, veracidade e, mesmo,
beleza, configurem a prática dos avaliadores”.
(House, 1994, p.17)
Ética, deontologia e ADD
Princípios para uma avaliação fundamentada

universalidade

racionalidade

equidade

17
Relação entre
avaliação e
profissionalidade (…) a aptidão para avaliar e ser
avaliado constitui um requisito
(Baptista, 2011, p.35) profissional de todos os docentes,
representando um dos traços mais
marcantes de uma
profissionalidade pautada por
padrões de profissionalismo
associados à excelência
pedagógica.
(Baptista, 2011, p.35)

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Princípios a observar pelos avaliadores

Sustentar as
Mostrar Comunicar
suas
integridade os
intervenções
e resultados
em ADD de Compreen Valorizar a
honestidade Respeitar a da
acordo com der os minimizaçã
no seu ética e a avaliação,
padrões elementos o dos
próprio confidenci usando
técnicos contextuais constrangi
comportam alidade uma
subjacentes da mentos da
ento e em profissional; linguagem
ao modelo avaliação; avaliação
todo o acessível,
de
processo de clara e
avaliação
avaliação; assertiva.
adotado;

(Adaptado de: American Evaluation Association. Guiding principles for evaluators. American
Journal of Evaluation31(3) 2010

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Deveres do avaliador para com o avaliado
adaptado de Batista, I. (2011)
Respeito pela
dignidade pessoal do • Produzir juízos equitativos
avaliado
• Reconhecer e valorizar os polos de qualidade e
Consideração excelência do desempenho
positiva • Evitar subordinar o ato avaliativo à deteção do
erro e da falta

Confiança e • Atuar numa base de reciprocidade


compromisso • Prestar apoio e orientação

• Aplicar os dispositivos processuais conducentes a


uma avaliação justa
Imparcialidade e
• Utilizar corretamente os resultados em coerência
discrição profissional com os valores e os propósitos previstos e
explícitos

Autenticidade e • Sujeitar as suas próprias intenções, convicções e


integridade evidências a um processo de exame crítico
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Deveres do avaliado para com o avaliador
adaptado de Batista, I. (2011)
Respeito pela
• Reconhecer, aceitar e valorizar a sua posição na
dignidade pessoal do relação
avaliador

Cooperação e • Revelar capacidade para ser avaliado, expor,


discutir e melhorar os elementos que estruturam
partilha o desempenho profissional

• Equacionar o desempenho para lá dos interesses


Profissionalidade e e motivações individuais na perspetiva de
profissionalismo responsabilidade relativamente à função social
da escola e ao bem profissional

• Acolher e analisar as recomendações e os juízos


Responsabilidade e avaliativos integrando-os num projeto de
solidariedade desenvolvimento pessoal, profissional e
institucional

Autenticidade e • Sujeitar as suas próprias intenções, convicções e


integridade evidências a um processo de exame crítico
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 “A competência remete para um nível holístico,
difícil de aferir, as competências remetem para o
nível atomístico, mais facilmente observável”
 Isabel Alarcão (1998)

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Campos de competência profissional docente

Donald Medley (1984)

Competências do domínio do conhecimento

Competências em destrezas e habilidades

Competências relativas à tomada de decisões

Competências de concretização em situação real ou simulada

Competências de resolução de problemas em situação interactiva


de ensino aprendizagem
Competências dos profissionais que
desempenham profissões complexas
Guy le Boterf (1997)

Saber agir com competência

Saber mobilizar os saberes e os conhecimentos num


contexto profissional

Saber combinar saberes múltiplos e heterogéneos

Saber transferir

Saber aprender e aprender a aprender

Saber/querer empenhar-se
Dez competências prioritárias na formação
contínua de professores
Philippe Perrenoud (2000)
Organizar e dirigir situações de aprendizagem

Administrar a progressão das aprendizagens

Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação

Envolver os alunos na sua aprendizagem e no trabalho

Trabalhar em equipa

Participar na administração da escola


Informar e envolver os pais

Utilizar novas tecnologias

Enfrentar os dilemas éticos da profissão


Administrar a sua própria formação contínua
Referencial de avaliação externa
Parâmetros nacionais da avaliação da
componente científica e pedagógica

Avaliação
Externa 70%
Parâmetros

Científico Pedagógico
50% 50%

Conhecimentos Aspetos Aspetos


Conteúdos que agilizam didáticos relacionais
40% aprendizagem
10% 40% 10%

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Parâmetros científico e pedagógico –
indicadores a nível nacional

Conteúdos Conhecimentos

• Leciona os • Integra
conteúdos conhecimentos
disciplinares que
previstos nos enquadram e
documentos agilizam a
curriculares aprendizagem
dos conteúdos
disciplinares
27
Parâmetros científico e pedagógico
Indicadores a nível nacional
Aspetos didáticos Aspetos relacionais
•Estrutura a aula para tratar os •Assegura o funcionamento da aula
conteúdos previstos nos documentos com base em regras que acautelem a
curriculares e alcançar os seus disciplina;
objetivos; •Envolve os alunos;
•Verifica a evolução da aprendizagem •Proporciona a participação dos alunos
e orienta as atividades em função nas atividades;
dessa verificação;
•Estimula os alunos a melhorar a
•Acompanha a prestação dos alunos; aprendizagem;
•Informa os alunos sobre a sua evolução •Cria um ambiente educativo assente
•Orientar a sua ação em benefício da em valores comummente
aprendizagem dos alunos; reconhecidos;
•Seleciona as melhores abordagens de •Trata os alunos com a dignidade que
ensino; esses valores preconizam e assegura
•Analisa as suas aulas sob o ponto de que eles procedam do mesmo modo;
vista da eficácia dessas abordagens.
•Tem presente a especificidade dos
papéis de «aluno» e de
«educador/professor», não deixando
de considerar as fronteiras que lhe são
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inerentes.
Parâmetros científico e pedagógico
Indicadores a nível nacional
Aspetos didáticos Aspetos relacionais

Estrutura a aula para tratar os Assegura o funcionamento da aula com


conteúdos previstos nos documentos base em regras que acautelem a disciplina;
curriculares e alcançar os seus Envolve os alunos;
objetivos;
Proporciona a participação dos alunos nas
Verifica a evolução da atividades;
aprendizagem e orienta as atividades
em função dessa verificação; Estimula os alunos a melhorar a
aprendizagem;
Acompanha a prestação dos alunos;
Cria um ambiente educativo assente em
Informa os alunos sobre a sua valores comummente reconhecidos;
evolução
Trata os alunos com a dignidade que esses
Orientar a sua ação em benefício da valores preconizam e assegura que eles
aprendizagem dos alunos; procedam do mesmo modo;
Seleciona as melhores abordagens Tem presente a especificidade dos papéis
de ensino; de «aluno» e de «educador/professor», não
Analisa as suas aulas sob o ponto de deixando de considerar as fronteiras que lhe
vista da eficácia dessas abordagens. são inerentes. 29
Opções de terminologia quanto ao desempenho docente
Escalas de
(traduzido e adaptado de Stronge &Tucker 2003 cit. em Graça, et al. (2011).
classificação
)
-Corresponde às
expectativas -Satisfatório -Aceitável
2 Níveis
-Não corresponde às -Insatisfatório -Não aceitável
expectativas
-Supera as expectativas -Satisfatório
-Corresponde às expectativas -Excelente
-Corresponde às -Precisa de
3 Níveis -Precisa de desenvolvimento -Satisfatório
expectativas desenvolvimento
-Insatisfatório -Insatisfatório
-Abaixo das expectativas -Insatisfatório
-Alta qualidade
-Supera as expectativas -Excelente
-Exemplar - Profissionalmente
-Corresponde às -Domínio de força
-Eficaz competente
4 Níveis expectativas -Precisa de
-Precisa de desenvolvimento -Precisa de
-Precisa de desenvolvimento desenvolvimento
-Insatisfatório desenvolvimento
-Abaixo das expectativas -Insatisfatório
 Ineficaz

-Claramente excecional -Excecional


-Superior
-Supera as expectativas -Superior
-Acima das expectativas
-Corresponde às -Satisfatório
5 Níveis -Corresponde às expectativas
expectativas -Precisa de
-Abaixo das expectativas
-Abaixo das expectativas desenvolvimento
-Insatisfatório
-Insatisfatório -Insatisfatório

-Superior -Excepcional -Exemplar


-Bem acima do padrão -Acima das expectativas -Altamente eficaz
-Acima do padrão -Corresponde às expectativas -Eficaz
6 Níveis
-No padrão -Precisa de desenvolvimento -No limite
-Abaixo do padrão -Abaixo das expectativas -Ineficaz
-Insatisfatório -Insatisfatório -Altamente ineficaz
Avaliação externa na ADD

Lógica
Lógica
SUMATIVA:
FORMATIVA:
Registos e utilização de escalas
quantitativas

Autoavaliação do professor Utilização de descritores para


os níveis de desempenho
Parecer do Avaliador
com sugestões de melhoria Progressão na carreira

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BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL

Afonso, A.J.(2006). Profissionalismo docente: Conquistas parcelares e transições


perturbantes”. In: A Página da Educação, N.º 157, Ano 15, Junho 2006, Página n.º 9.
Alves, M. P. & Machado, E. A. (2010). O pólo de excelência. Caminhos para a
avaliação do desempenho docente. Porto: Areal Editores.
Baptista, I. (2011). Ética, Deontologia e Avaliação do Desempenho Docente. Lisboa:
Ministério da Educação – Conselho Científico para a Avaliação de Professores. (cf.
anexo)
Braga, F. (2001). Formação de Professores e Identidade Profissional. Coimbra:
Quarteto.
Day, C. (1999). Avaliação do desenvolvimento profissional dos professores. In A.
Estrela, & A. Nóvoa, Avaliação em educação: novas perspectivas (pp. 95-114). Porto:
Porto Editora.
Danielson, C. (2010). Melhorar a Prática Profissional - Um Quadro de Referência
para a Docência. Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.
Figari, G. (1996). Avaliar: que referencial? Porto: Porto Editora.
Hadji, C. (1994). Avaliação, Regras do Jogo. Das Intenções aos Instrumentos. Porto:
Porto Editora.
Silva, A. (2011). Sob o olhar do outro: desafios éticos na avaliação e na observação
do desempenho docente. In E. A. Machado et al. Observar e avaliar as práticas
docentes. Santo Tirso: De Facto.

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Formador: Joaquim José Manteigas Picado

Contactos:

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