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Alessandra Ludwig Costa

Novos direitos individuais e coletivos

Agenda Setting
A essência do conceito da teoria do agendamento não está muito longe da realidade, pois
se tem constantemente uma enxurrada de informações que são selecionada e dispostas de
maneira que algumas notícias recebam uma ênfase maior, como é o caso das notícias que
aparecem na capa dos jornais, revistas, telejornais,
O que pauta um jornal é nada mais nada menos que o departamento comercial do mesmo.
Os “patrocinadores” são quem determinam o tamanho da matéria, se irá ser capa ou não ou
se apenas uma nota, a intensidade que se dará ao fato. O espaço reservado para uma
notícia que deveria, ao menos, ter uma página inteira recebe menos da metade porque este
já foi reservado pelo anunciante. Digamos até pior: Casos em que um fato noticioso não foi
dado por que o principal envolvido acabara de fazer um “acordo comercial” com o veículo
que iria noticiar o fato. Resultado: a troca de uma página de interesse público para uma de
interesse do público.

Espiral do silêncio
Criada há mais de 40 anos, a Teoria da Espiral do Silêncio nasceu da confrontação entre
declarações de intenção de voto e a contagem final daqueles votos. A autora da pesquisa,
Elisabeth Noelle-Neumann, percebeu que os debates públicos ocorriam em um terreno
confortável para um dos lados, no qual um tinha mais disposição para falar do que o outro,
que ficava constrangido por uma impressão de isolamento. Essa impressão, por sua vez,
pode vir de uma situação real ou simulada, criada por meio de manipulação ou
simplesmente teatro, o que é o caso em questão. Aqui irei relatar um case do atual
presidente Bolsonaro, na qual utilizou esta técnica em suas entrevistas.
Na grande maioria das suas entrevistas, ele aplica um fingimento premeditado. As
“mitagens” que geram risos do lado dos seus apoiadores (e fortalecem Bolsonaro entre os
seus), têm um efeito muito diverso no eleitor indeciso. Ou pelo menos essa é a intenção:
passar a ideia de que o candidato disse algo fora dos padrões permitidos ou infringiu
alguma norma de conduta social importante.
Para quem tem maior dificuldade de compreender o que ele diz e já não o tem com muita
simpatia, um mero olhar de estranhamento do entrevistador já pode ser um indício de
problema. A primeira técnica, portanto, está na reação, no olhar ou gestos de ironia ou
espanto. Quem está assistindo acredita na sinceridade da reação e responde
imediatamente por imitação. Se isso não ocorrer, o constrangimento dará conta: ser
associado ao apoio dele pode, por tabela, gerar as mesmas reações do restante da
sociedade, calcula o eleitor. Isso quer dizer que a agressividade com que os jornalistas o
tratam, longe de agir em seu favor como resulta em seus apoiadores mais convictos, tem a
função de ameaçar imaginariamente os eleitores com as mesmas reações, o que em última
análise visa constrangê-los ao silêncio nas intenções de voto. É o medo do isolamento
social referido por Noelle-Neumann.

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