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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE AGRONOMIA

SETOR DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO NA VISCOSIDADE DE UM FLUÍDO

Bruna Luiza Alves da Cunha

Maria Carolina Santos Silva

Pablo Kashisol Duarte de Lima

Leonardo Mateus B. de Oliveira

Skarllety Elias Passos

Professora: Dr. Adriana Régia Marques de Souza

Laboratório I Fenômenos de Transporte e Operações Unitárias

GOIÂNIA

AGOSTO 2021
1. OBJETIVO

Verificar a influência de diferentes concentrações na viscosidade do fluido.

2. RESULTADO E DISCUSSÃO

Na tabela abaixo (Tabela 1), podemos observar o tempo gasto pelas esferas
para deslocar, em determinada altura, no fluido em diferentes concentrações.

Tabela 1 - Tempo de queda da esfera no fluido em diferentes temperaturas


Concentração (%) t (s)
100 157
50 4
25 2

Inicialmente, determinou-se as velocidades das quedas da esfera aplicando a


seguinte fórmula:

𝐿
𝑣 =
𝛥𝑇

onde:

L - altura na proveta;
𝛥𝑡 - tempo da queda.

Em seguida, para encontrar as viscosidades do fluido, utilizou-se a seguinte


equação:

1 𝑔. 𝐷2 . (𝜌𝑠 − 𝜌𝑓 )
𝜇= .
18 𝑉

onde:

g – gravidade;
D – diâmetro médio das esferas;
ρs – densidade da esfera;
ρf – densidade do fluido;
V – velocidade média de queda das bolinhas.

Considerou-se as seguintes condições para o cálculo:


hf=0,185 m;
Ds= 0,02 m;
ρs= 2470kg/m2;
ρf=1440kg/m2;
g= 9,8 m/s.

São apresentados na tabela 2 os valores de velocidade e viscosidade da esfera


encontrados. É possível observar uma relação inversa entre a concentração e a
velocidade, ao contrário da característica de viscosidade, que tem uma relação direta
com a temperatura.

Tabela 2 - Concentração e a relação com a velocidade e a viscosidade do fluido KARO


Concentração (%) v (m/s) Pa.s
100 0,00118 190,3613
50 0,04625 4,8500
25 0,09250 2,4250

Nas figuras 1 e 2 também é possível ver a influência da concentração na


velocidade e viscosidade para o fluido KARO.

Figura 1 - Velocidade em função das concentrações do fluido


100

90

80

70
Velocidade (m/s)*10³

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120
Concentração (%)
Figura 2 - Viscosidade em função das concentrações do fluido

190,0000

140,0000
Viscosidade (Pa.s)

90,0000

40,0000

-10,0000 0 20 40 60 80 100 120


Concentração (%)

Segundo Romero e Dietchfild (2016), com o aumento da concentração de


sólidos solúveis ou insolúveis, de determinado fluido, a viscosidade aparente também
aumenta. Isso se deve a diversos aspectos, como o aumento do atrito entre as
moléculas pelo aumento da interação molecular, formato das partículas, efeitos eletro-
viscosos, dentre outros. O fluido observado é a glucose de milho ou “KARO”, um
produto da hidrólise do amido (PINTO,2009).

Para fluidos newtonianos, o aumento da concentração de sólidos tem o efeito


de aumentar a viscosidade. Como observado por Verdani e Catelam (2012), que
observaram o comportamento reológico dos xaropes de cana bruto e flotado
(remoção de substâncias) em diferentes teores de sólidos solúveis, variando de 56 a
68°Brix. Os fluidos se comportam como newtonianos. E apresentaram um aumento
da viscosidade com um aumento da concentração de sólidos solúveis.

Torres et al (2003), avaliou o efeito da concentração das polpas de umbu-cajá


na composição e na viscosidade aparente a 10°C. E observou que as viscosidades
foram influenciadas pelo conteúdo de sólidos solúveis totais. Assim a concentração
das amostras provocou aumento nas viscosidades aparentes.

Já para fluidos não newtonianos o aumento da concentração de sólidos


aumenta o valor do índice de consistência para aqueles que seguem o modelo da Lei
da Potência. A mesma dependência é observada para a viscosidade plástica para
fluidos que seguem o modelo de Bingham (ROMERO; DIETCHFIELD; 2016).
Luz (2020), estudou o efeito da concentração e temperatura no comportamento
reológico de purê de pêssego. E constatou que o fluido se comportou como
pseudoplástico com tensão inicial. E independente das temperaturas estudadas a
viscosidade aparente e o índice de consistência eleva à medida que aumenta os
valores de sólidos solúveis. O modelo utilizado para análise foi modelo exponencial.

Romero e Dietchfild (2016), demonstra que dependência da viscosidade


aparente em função da concentração de sólidos solúveis e insolúveis pode ser
representada por dois tipos de relações matemáticas, potencial ou exponencial:

µap = AXsB

µap = Aexp(BXs)

Em que Xs é a fração /mássica de sólidos e A e B são os parâmetros de ajuste


da equação (obtidos a partir do ajuste de dados experimentais).

3. CONCLUSÃO

Apesar de apresentar um comportamento exponencial na viscosidade do


fluído, a concentração influi diretamente no aumento da viscosidade do fluído. Ao
contrario do presente trabalho, foi visto anteriormente que o fator temperatura tem
uma relação inversa com a viscosidade de um fluído. Desse modo, tem-se a
concentração e temperatura como importantes fatores para a indústria de alimentos,
permitindo trabalhar com os fluídos de forma específica, a partir das condições e
necessidades de cada processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PINTO. M. P. Optimização dos processos de produção de xaropes de glucose e


dextrose monohidratada. 2009. Dissertação (Mestre em Engenharia Biológica) –
Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 2009.

LUZ, A. S. Caracterização reológica de purê de pêssego: efeito da concentração de


sólidos solúveis e da temperatura em regime estacionário. 2020. 149f. Dissertação
(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Instituto de Tecnologia de
Alimentos. Campinas, SP. 2020.

ROMERO, J. T.; DITCHFIELD, C. Reologia de produtos alimentícios. In: Operações


unitárias na indústria de alimentos, 2016.
TORRES, L. B. V. QUEIROZ, A. J. M. FIGUEIRÊDO, R. M. F. Viscosidade aparente
da polpa de umbu-cajá concentrada a 10⁰C. Revista Brasileira de Produtos
Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003.
VERGANI ,M. A.; CATELAM, K. T. Estudo das propriedades reológicas do xarope de
cana bruto e flotado de acordo com o teor de sólidos solúveis (⁰Brix). In: IV Encontro
Científico da Unilago, 2012, São José do Rio Preto. Anais do Encontro, 2012.
Disponível em: <https://docplayer.com.br/15672717-Introducao-estudo-das-
propriedades-reologicas-do-xarope-de-cana-bruto-e-flotado-de-acordo-com-o-teor-
de-solidos-soluveis-0brix.html>. Acesso em: 23 ago. 2021

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