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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2280545-78.2019.8.26.0000 e código F6F0DCA.
DESPACHO

Agravo de Instrumento Processo nº 2280545-78.2019.8.26.0000

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PAULO ALCIDES AMARAL SALLES, liberado nos autos em 19/12/2019 às 19:31 .
Relator(a): PAULO ALCIDES
Órgão Julgador: 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE


SÃO PAULO FIESP interpõe o presente recurso de agravo de
instrumento contra a r. decisão que indeferiu o pedido liminar formulado
nos autos do mandado de segurança coletivo impetrado contra o
DIRETOR PRESIDENTE DA COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE
SÃO PAULO CETESB.

Em resumo, considera presentes os requisitos


para a concessão da ordem em caráter liminar. Sustenta que o Decreto
nº 64.512/2019, apesar de alterar em parte o decreto nº 62.973/2017,
manteve os aumentos abusivos, irrazoáveis e desproporcionais da taxa
de renovação das licenças ambientais.

Além disso, argumenta que a cobrança estatal


decorrente do exercício do poder de polícia ambiental foi criada por
simples decreto do governador do Estado de São Paulo, o que afronta o
princípio da legalidade estrita.

Por esta razão, pleiteia a atribuição de efeito ativo


ao recurso para o fim de se determinar à autoridade coatora que se
abstenha de aplicar o Decreto nº 64.512/2019 como parâmetro para a
aferição do preço da licença ambiental às empresas representadas pela
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impetrante.

É o relatório.

Considero presentes os requisitos previstos nos


artigos 1º e 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009, 995, parágrafo único,

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e 1.019, inciso I, do NCPC (Lei n° 13.105/2015).

Em sumária cognição, entendo que os vícios de


concepção previstos no Decreto n° 62.973/2017 (reconhecidos por
esta Câmara e pelo órgão especial desta Eg. Corte) persistem no
Decreto ora impugnado (n° 64.512/2019).

Ao que se infere, o ato normativo em debate


define “área integral da fonte de poluição” como aquela “(...) construída
do empreendimento e atividade ao ar livre (...)”, o que extrapola,
novamente, o conceito trazido pela Lei n° 997/76.

Como já ressaltei em inúmeros julgados nos quais


se debatia a higidez do Decreto n° 62.973/2017, tal espécie normativa
não pode criar obrigações ou restringir direitos, pena de invadir
competência legislativa reservada à lei no sentido formal.

Nesse sentido, a lição de Seabra Fagundes:

“O poder regulamentar prende-se em essência ao


texto legal. O seu objetivo é tão-somente facilitar, pela
especificação do processo executório e pelo
desdobra-mento minucioso do conteúdo sintético da lei, a
execução da vontade do Estado expressa em ato
legislativo”1.

Ou seja, a regulamentação do critério quantitativo

1 O controle administrativo pelo Poder Judiciário, 5ª Edição, Editora Forense, 1979, p. 24.
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de apuração dos valores da taxa deve ser feita por meio de lei em
sentido estrito.

Importante ressaltar que a sistemática de cálculo


prevista no decreto continua a provocar um aumento desproporcional
(ainda que em menor patamar em relação ao anterior) do valor da taxa

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de renovação das licenças ambientais, em nítido descompasso à
contraprestação devida pelas empresas à efetiva atuação da agência
ambiental estadual em seu mister fiscalizatório.

Portanto, salvo melhor juízo, considero que o


Decreto n° 64.512/2019 encontra-se eivado do mesmo vício formal que
maculava o anterior (n° 62.973/2017).

Nesse contexto, diante do risco de dano


irreparável ou de difícil reparação consistente na oneração demasiada
às empresas representadas pela impetrante e sério entrave ao
acesso à renovação das necessárias licenças ambientais, concedo
liminarmente a ordem impetrada para determinar à autoridade coatora
que se abstenha de aplicá-lo como parâmetro para a aferição do preço
da licença ambiental.

Intime-se a parte contrária, nos termos do artigo


1019, II, do NCPC diploma processual civil.

Após, à Procuradoria Geral de Justiça.

Diante da relevância do tema, sua grande


repercussão social e com o objetivo de evitar a propositura de
inúmeras de ações por parte das empresas afetadas pelo ato
normativo (tal como ocorrido em relação ao Decreto
n°62.973/2017), em atenção ao princípio da segurança jurídica
e com fulcro no artigo 947 e seguintes do NCPC, proponho à Eg.
Int.
PODER JUDICIÁRIO

Relator
PAULO ALCIDES
de Câmaras de Direito Ambiental desta Corte.

São Paulo, 19 de dezembro de 2019.


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Presidência da Seção de Direito Público deste Tribunal que


submeta o presente recurso ao julgamento pelo Grupo Especial
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