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A dívida é pessoal não do imóvel.

Aplicaria ao caso CDC combinado com a resolução 456/2000 da Agência Nacional de


Energia Elétrica (Aneel), que, no artigo 4, parágrafo II, diz: “A concessionária não
poderá condicionar a ligação de unidade consumidora ao pagamento de débitos
pendentes em nome de terceiros.”

Maria Lumena Sampaio, diretora de atendimento do Procon-SP, diz que a única


obrigação do novo ocupante do imóvel é apresentar um documento de identificação para
que sejam feitos um novo cadastro e a alteração da titularidade da conta:

— O ônus de cobrar débitos anteriores é da empresa. Ela não pode repassar essa
obrigação para os novos ocupantes do imóvel. A concessionária deveria recorrer à
Justiça contra o antigo morador. A dívida não pertence ao endereço onde está a ligação
de energia, e sim a quem solicitou o fornecimento do serviço.

o consumidor que tiver o seu direito negado a denunciar o problema ao Procon ou


recorrer à Justiça com pedido de tutela antecipada. A Aneel diz que a empresa que
descumpre a resolução está sujeita a multa de até 2% do seu faturamento anual. O
consumidor deve registrar sua reclamação na concessionária e, se não for atendido, pode
recorrer à agência, apresentando o número do protocolo da reclamação feita à empresa.
Light: clientes herdam dívidas de terceiros
Ana Cecília Santos

Ao se mudar para o Rio de Janeiro, o funcionário público Antonio Carlos Zepka


descobriu que o imóvel que iria ocupar não teria fornecimento de energia elétrica. Isso
porque, para religar a luz, a Light exige que não exista débito pendente relacionado ao
endereço. Como o inquilino anterior havia deixado uma dívida de R$ 1.200, a
concessionária informou a Zepka que a energia só seria restabelecida após a
regularização da dívida.

— O imóvel estava fechado há dois meses. Pedi a mudança de titularidade da conta e o


restabelecimento da energia, mas a concessionária negou. Não pedi à empresa que
encerrasse a dívida, e sim que a responsabilidade seja atribuída a quem de direito.

Para resolver o problema, Zepka entrou com uma ação na Justiça e obteve uma liminar,
obrigando a Light a religar a luz.

Procon-SP: empresa não pode repassar ônus de cobrar dívida

Os consumidores do Rio se queixam de que a Light se nega a fornecer energia para


imóveis que tenham débitos em aberto deixados por terceiros. O usuário que se muda
para uma residência e solicita a religação da energia ou a instalação de um relógio de
luz tem o pedido negado pela concessionária, por haver dívidas pendentes relacionadas
ao endereço. O Procon de São Paulo diz que se o consumidor apresentar um documento
de identificação (carteira de identidade ou CPF) provando que o débito em aberto
pertence a outra pessoa a empresa é obrigada a atender ao pedido de fornecimento de
energia.

O Procon-SP ressalta que, além do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o usuário


está amparado pela resolução 456/2000 da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), que, no artigo 4, parágrafo II, diz: “A concessionária não poderá condicionar a
ligação de unidade consumidora ao pagamento de débitos pendentes em nome de
terceiros.”

Maria Lumena Sampaio, diretora de atendimento do Procon-SP, diz que a única


obrigação do novo ocupante do imóvel é apresentar um documento de identificação para
que sejam feitos um novo cadastro e a alteração da titularidade da conta:

— O ônus de cobrar débitos anteriores é da empresa. Ela não pode repassar essa
obrigação para os novos ocupantes do imóvel. A concessionária deveria recorrer à
Justiça contra o antigo morador. A dívida não pertence ao endereço onde está a ligação
de energia, e sim a quem solicitou o fornecimento do serviço.

Andiléa Lima dos Santos enfrenta o mesmo problema. Ela solicitou à Light a instalação
de um relógio de luz em sua residência, que construiu em um terreno onde havia uma
outra casa abandonada. A empresa negou o pedido e alega que naquele endereço consta
um débito:

— Como posso ser punida por uma dívida que não me pertence e não está em meu
nome? A prova de que tenho interesse em legalizar a minha situação é que pedi a
instalação do relógio em vez de fazer uma ligação clandestina.

A diretora do Procon-SP alerta que a resolução 456/2000 da Aneel diz, em seu artigo
21, que é responsabilidade da concessionária manter os cadastros das unidades
consumidoras atualizados:

— A empresa tem de substituir os dados cadastrais do consumidor assim que a


comunicação de troca de titularidade for feita. Assim, cada usuário receberá apenas as
cobranças dos serviços que efetivamente consumir e não as de terceiros.

Maria Lumena orienta o consumidor que tiver o seu direito negado a denunciar o
problema ao Procon ou recorrer à Justiça. A Aneel diz que a empresa que descumpre a
resolução está sujeita a multa de até 2% do seu faturamento anual. O consumidor deve
registrar sua reclamação na concessionária e, se não for atendido, pode recorrer à
agência, apresentando o número do protocolo da reclamação feita à empresa.

José Luiz Bertolo conta que tinha um imóvel alugado que foi abandonado pelo
inquilino:

— Descobri que o inquilino não pagava a conta de luz desde abril do ano passado, um
débito de R$ 830. Não entendo por que a Light não cortou a luz nem tomou qualquer
providência jurídica para cobrar a dívida. Quero transferir a titularidade da conta para o
meu nome e não posso. A empresa diz que só se eu quitar o débito existente.

Segundo Maria Lumena, do Procon-SP, a Light não pode impor a dívida ao proprietário
do imóvel:

— Se ele provar que no período referente à dívida o imóvel estava alugado a terceiros, a
concessionária não pode cobrar dele o débito.

Quem vende ou aluga imóvel deve pedir desligamento da luz

Para evitar problemas, o Procon-SP orienta os consumidores que vendem ou alugam


seus imóveis a pedirem a suspensão do serviço de energia elétrica e guardarem o
protocolo da solicitação.

A Light diz que, em alguns casos, solicita outros documentos além dos mencionados na
resolução 456 para evitar irregularidades e o não-pagamento de débitos existentes. Em
relação ao caso de Zepka, a empresa explica que negou o pedido porque a casa está em
uma vila militar, onde não há contratos de locação. A Light diz que não cobrou a dívida
de Zepka, mas expôs a necessidade de um acordo com a administração da vila militar
para restabelecer o fornecimento de energia.

Sobre o caso de Andiléa, a Light diz que a consumidora tem de apresentar


documentação que comprove que ela não é responsável pelo débito. Segundo a empresa,
Andiléa não possui os documentos necessários, mas, como o caso é excepcional, poderá
ser analisado individualmente. Com relação ao problema de Bertolo, a Light afirma que
ele deveria ter apresentado cópias da rescisão do contrato de locação do antigo locatário
e da escritura do imóvel em seu nome para transferir a titularidade sem a quitação do
débito. A Light diz que o endereço já tem novo responsável.
O artigo 3 da resolução 456 diz que o consumidor, ao solicitar o serviço deve apresentar
um documento de identificação. A resolução não prevê a apresentação de contratos de
locação nem de escrituras de propriedade de imóveis.

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