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O que Devemos Fazer para Eliminar o

Ciúmes de nosso comportamento?

No livro Ensaios de um Místico Moderno, o Dr. Lewis fala que a mente destrói o próprio
objeto que ela deseja por causa de um insuportável grau de ciúme. Existe algum meio de
livrar a mente dessa força negativa, ou a pessoa tem de se conformar a viver com ela para
sempre? Que passos podemos dar para eliminar esse defeito das emoções?

A sobrevivência é um instinto humano fundamental. É o impulso imanente que leva o


ser humano a afirmar-se contra as forças ou condições que podem pôr fim à vida. Mas
devemos reconhecer que tanto o eu, ou ego, e o corpo são entidades. Destruir ou diminuir
o ego, de modo que desapareça o respeito por ele, para muitas pessoas redunda em tirar
todo o valor da vida.

Ao redor desse “eu” ou “ego” existe


uma imagem que o representa, pelo menos
para nós mesmos. Não se trata apenas
de que “eu sou ou existo”, mas também
de que “eu sou isto ou aquilo”. Sentimos
orgulho em ser ou existir porque tivemos
certas conquistas, sejam físicas, mentais
ou de ambas as naturezas. As coisas que
cremos nos distinguirem dos outros, nos
dão proeminência. Sem essas coisas,
vivemos, mas nada somos sem aquilo que
consideramos ser o eu. Esse orgulho, essa
autoestima, é necessário a todos em graus
variados.

Considera-se que atacar os atributos do


ego que existem ou que imaginamos existir seja um ataque ao próprio ego, e disso as pessoas
se ressentem profundamente. Entretanto, esse ataque pode não ser intencional, pode não
nos difamar efetivamente, mas pode competir com as qualidades que consideramos que
nos dão distinção, de modo que achamos que estamos sendo obscurecidos.

Por analogia, uma pessoa pode sentir orgulho pela capacidade que tem de se expressar
e pela atenção que isso atraiu para si. Essa atenção deu ao ego a proeminência que ele
instintivamente deseja. Então, em algum momento essa pessoa conhece algum indivíduo
que tem talento oratório igual ou superior ao seu. Consequentemente, a atenção é
desviada para a segunda pessoa. Esta não está querendo diminuir a primeira com sua
superior capacidade oratória; não obstante, o fato tem esse efeito psicológico. A primeira

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pessoa sente inveja da superior capacidade da outra, e sente então a emoção do ciúme.
Sente ciúme da atenção que o talento da segunda pessoa despertou, talento esse que é
superior ao seu.

O ciúme, portanto, em qualquer esfera em que se manifeste, é despertado por uma


rivalidade quando a pessoa se sente incapaz de competir. No entanto, numa competição
esportiva ou de outra natureza podemos ter um rival sem que isso desperte ciúme. Até
podemos perceber que existe uma ameaça ao nosso ego; contudo, permanecemos
confiantes de que podemos enfrentar o desafio. Com muita frequência o ciúme é despertado
quando toda a capacidade de autoestima e orgulho está centrada numa única qualidade
pessoal. Ainda por analogia, quando uma capacidade que possuímos foi suplantada pela
de outra pessoa, e cremos que jamais poderemos reconquistar a posição de destaque,
geralmente sentimos ciúme, pois nosso ego sente-se despedaçado.

Consideremos, à guisa de exemplo, um jovem que não possui atrativos físicos, em uma
reunião de jovens de ambos os sexos, outros rapazes, por sua aparência física, despertam
a atenção das moças. É bem provável
que a situação provoque ciúme no jovem,
pois ele crê não dispor de outro meio
para competir pelo reconhecimento do
ego. Esse jovem, porém, pode ser mais
inteligente, mais culto e mais eloquente
que os outros. Ele poderia chamar a si a
atenção de todo o grupo conversando
sobre um assunto interessante. Em
vez disso, ele se apega à emoção de
inadequação fundamentada tão somente
em sua aparência física.

Algumas pessoas são mais sensíveis


que outras emocionalmente. Por isso,
circunstâncias de pouca importância são
por elas interpretadas como menosprezo
a seu ego. Com frequência, porém, não
existe real motivo para o ciúme, a pessoa pode ser extremamente egotista.

Naturalmente, todos somos egotistas, pois desejamos que nosso ego seja reconhecido,
mas existem pessoas que sempre desejam ser o centro das atenções. Essas pessoas, por
causa de sua instabilidade emocional e falta de autodisciplina, sentirão muita dificuldade
em controlar ou em se livrar da inveja. O ciúme continua a consumir todos os melhores
fatores da personalidade, é como um fogo incontrolável e devastador que destrói tudo à
frente.

Outros indivíduos devem não tentar justificar seu ciúme, isto é, não devem querer
explicá-lo como outra coisa. Se sentimos essas emoções devemos admitir para nós

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mesmos: “Sou invejoso. Sinto ciúme quando meu ego se sente ameaçado”. Abrem-se,
então, dois cursos de ação para nós. O primeiro é a autoanálise, em outras palavras, será
que só possuímos uma única qualidade louvável que nos levou a sentir ciúme porque ela
foi suplantada pela de outra pessoa? Com frequência descobrimos que possuímos outros
talentos ou habilidades, os quais estão um pouco adormecidos e podem ser superiores aos
da pessoa que é a causa de nosso ciúme. Esses talentos devem então ser cultivados. Eles
nos trarão autoconfiança e destaque. Nessas circunstâncias, o indivíduo se torna igual ao
outro que nele despertou ciúme – não no mesmo talento ou atividade, mas em outro, que
lhe granjeia igual reconhecimento.

O segundo curso de ação é o caso do desafio de nos auto-aprimorarmos e, assim,


conseguirmos nos igualar à outra pessoa. Recorramos ao exemplo do mundo dos esportes,
em que muitos campeões foram derrotados uma ou duas vezes pela mesma pessoa sobre a
qual hoje são vitoriosos. Suponhamos que a princípio eles tivessem deixado que o ciúme e
o ódio negassem suas capacidades. Nesse caso, eles sempre teriam continuado no estado
de depressão da autonegação. Todavia, com a persistência, puderam superar uma derrota
temporária e, assim, tornar-se conscientes de potenciais que resultaram em autoestima.

Além disso, não devemos esperar que sejamos bem-sucedidos e destacados em todas
as tarefas ou empreendimentos. Afinal de contas, todos os seres humanos são diferentes.
Alguns possuem aptidões naturais ou talentos que outros não possuem. A um grau
bastante preciso, cada um de nós sabe intuitivamente os potenciais que possui. Sabemos,
por exemplo, se temos ou não a capacidade de pintar e de apreciar os aspectos mais sutis
da pintura. Se não temos a aptidão para a pintura, não devemos sentir ciúme por causa das
realizações de outra pessoa.

*Artigo extraído do Fórum Rosacruz volume 08 nº 01 – janeiro/março de 2016.

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