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VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
NOVEMBRO DE 2022
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA......................................................................................3
2 – QUESTÃO DA PESQUISA ................................................................................................5
3 – OBJETIVOS DA PESQUISA .............................................................................................5
3.1 – Objetivo geral.....................................................................................................................5
3.2 – Objetivos específicos.........................................................................................................5
4 – REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................5
5 – ABORDAGEM METODOLÓGICA....................................................................................8
6 – CRONOGRAMA FÍSICO....................................................................................................9
7 – REFERÊNCIAS................................................................................................................. 10
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
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suas condições socioeconômicas desfavoráveis. É neste contexto que se encontram as mais
variadas formas de preconceito e exclusão social, registradas inclusive pela inexistência de
processo de formação docente específico para atender adequadamente a esta modalidade
educativa e seu respectivo público estudantil que, em sua maioria, é composta por negros.
(ALMEIDA, 2012).
Os dados divulgados pelo Censo Escolar realizado em 2019, pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) não deixam dúvidas de que a maior
parte dos estudantes matriculados nessa modalidade de ensino são negros (as): “pretos e pardos
predominam nos dois níveis de ensino. No fundamental, o grupo representa 75,8% dos
estudantes, enquanto, no nível médio, 67,8%. Os alunos que se identificam como brancos
compõem 22,2% da EJA fundamental e 31% da EJA médio” (INEP, 2020, p. 5).
Sendo assim, a construção da identidade étnico-racial, especialmente dos negros
estudantes da EJA, passa realmente por grandes problemas, pois vivemos em uma sociedade
onde se cultua o “branqueamento” como modelo de beleza e de privilégios na maioria dos
aspectos. Segundo Hegel, na dialética do senhor e do escravo, o senhor construiu através da
consciência de si uma relação de dominação com o escravo, este considerado como coisa, vive
a negação do ser para o outro por medo da morte. O senhor é visto como para si, enquanto o
escravo é a ponte entre o senhor e o objeto de seu querer.
Por outro lado, os currículos escolares nem sempre contribuem para a consciência e
formação dessa identidade de forma positiva, pois retratam a figura negra apenas no contexto
histórico do Brasil colonizado, quando os mesmos foram escravizados. Esquece-se que este
povo, com seu trabalho, ajudou a construir o nosso país enriquecendo-o com sua participação
na formação do povo brasileiro e com sua cultura diversificada. O currículo apresenta conteúdos
reprodutivos de uma sociedade dominante, de um país colonizado. Desse modo, a escola
influencia no processo de construção de identidade de um indivíduo e isso pode acontecer de
forma negativa, uma vez que o mundo está cheio de transformações sociais e o currículo não o
acompanha em sua elaboração ultrapassada. Conforme Silva (1996, p.180) “A educação
institucionalizada e o currículo, continuam a refletir anacronicamente, os critérios e os
parâmetros de um mundo social que não mais existe”.
A implementação da lei 10.639/2003 é um marco na educação e na valorização do
ensino da cultura afro-brasileira, pois, possibilita pensar a diversidade do povo brasileiro e
promover a construção de um olhar pedagógico que, atue na desconstrução da cultura do
colonizador através da descolonização dos currículos. (Conceição, 2020, p.14)
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Sendo assim, é preciso quebrar paradigmas para ressignificar o ensino aprendizagem. É
necessário promover discussões que despertem essa busca por uma educação libertadora que
seja capaz de construir um mundo com igualdade e equidade, e, principalmente, oportunizar
aos sujeitos da EJA a construção de uma identidade étnico-racial positiva, para que se vejam
como protagonistas importantes na resistência e na luta pelos seus direitos.
2 – QUESTÃO DA PESQUISA
3 – OBJETIVOS DA PESQUISA
4 – REFERENCIAL TEÓRICO
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religiosas, de raças, de classe, de gênero, entre outras. Para Rego (1995), a identidade étnico-
racial do indivíduo pode ser construída de forma positiva ou negativa, pois essa construção
acontece no decorrer de sua existência de acordo com sua interação com o meio sociocultural
ao qual está inserido. Sendo assim, a identidade étnica é construída nas diferenças, nos
enfrentamentos, nas formas de resistência e principalmente em questões que envolve controle
e subalternidade. Identidade étnica e cultura estão imbricadas de tal forma que se estruturam e
desestruturam de acordo com a diversidade presente nas culturas existentes. (Luvizzotto, 2009)
Desse modo, é muito difícil para o sujeito negro construir sua identidade étnico-racial
de forma positiva, visto que vivemos em uma sociedade preconceituosa e discriminatória, que
exalta a cultura ocidental como modelo, privilegiando as classes dominantes, favorecendo cada
vez mais a desvalorização do que é diferente dessa cultura. Essa questão é relevante, tendo em
vista que a identidade é o referencial de vida de um indivíduo, uma vez que se associa à cultura
que o sujeito está inserido, levando-se em consideração os vários contatos e vivências que
realiza no decorrer de sua existência por meio de símbolos compartilhados de forma coletiva
na sociedade (NASCIMENTO, 2003).
A identidade, segundo Silva (2007), são posições assumidas por determinados grupos
ou pessoas que se identifiquem com as mesmas, seja ela individual ou coletiva. Essa identidade
é marcada por representações, significados e diferenças existentes nos indivíduos mostrando o
que eles são e o que podem se tornar. Como nos diz Rutherford (apud Silva, 2007, p.19) “[...]
A identidade marca o encontro de nosso passado com as relações sociais, culturais e econômicas
nas quais vivemos agora. [...] a identidade é a interseção de nossas vidas cotidianas com as
relações econômicas e políticas de subordinação e dominação”.
No mundo capitalista e globalizado atual, o indivíduo constrói sua identidade étnico-
racial baseada em modelos que se dominam superiores, apesar de existir vários movimentos
(anticolonialistas, feministas) em defesa das classes sociais oprimidas, a sociedade dominante
continua opressiva, não havendo um reconhecimento do trabalho desses movimentos que é
importante na construção da identidade. Sendo assim, percebe-se a dificuldade de construir uma
identidade étnico-racial própria e assumi-la perante essa cultura do branco já que não se pode
fazê-la individualmente e dissociada do meio social em constante mudança.
O modelo ocidental é refletido também nas instituições escolares que recebem verdades
prontas, visando uma reprodução social desigual, visto que os currículos atendem aos anseios
de uma minoria, deixando de atingir as necessidades dos menos favorecidos para defender os
interesses da classe dominante. Então, Silva (1996, p.160) pondera que “as teorias da
reprodução social, por exemplo, nos mostraram como a distribuição desigual de conhecimento,
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através do currículo e da escola, constituem mecanismo centrais do processo de produção e
reprodução de desigualdade social”. Alguns grupos são canonizados e outros são
subalternizados.
Nesse contexto, os sujeitos da EJA ficam prejudicados, uma vez que é considerada uma
modalidade do ensino da educação básica sem a devida visibilidade. Para que possamos
estabelecer com clareza a parcela da população a ser atendida pela modalidade EJA, é
fundamental refletir sobre o seu público, suas características e especificidades. São homens e
mulheres, trabalhadores/as empregados/as e desempregados/as ou em busca do primeiro
emprego; são sujeitos marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do
acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais
ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura. Portanto, trazem a marca da exclusão
social. “São sujeitos de direitos, trabalhadores que participam concretamente da garantia de
sobrevivência do grupo familiar ao qual pertencem" (BRASIL/MEC-2000).
Assim, considerar a heterogeneidade desse público, tais como, seus interesses, suas
identidades, suas preocupações, necessidades, expectativas em relação à escola, suas
habilidades, enfim, suas vivências, se torna de suma importância para a construção de uma
pedagogia antirracista.
Para Ciampa, citado por Joaquim (2001) a identidade é uma questão sócio-política, pois,
envolvem grupos sociais, situações vividas e vivenciadas no cotidiano. A cultura africana
influenciou nossa música, religião, dança, culinária, esporte, linguagem e diversas outras
manifestações artísticas e culturais. Segundo Joaquim (2001), assim como as manifestações
culturais citadas, o candomblé é uma forma de preservar a cultura africana no que se refere à
religiosidade dos negros. Diz que o candomblé está relacionado a identidade social e que
contribui de maneira positiva na construção e valorização da identidade negra por eles mesmos
e por outros grupos.
De acordo com Conceição (2021) o candomblé se tornou uma forma de organização
entre os escravos, pois a religião foi capaz de juntar os grupos antes separados a uma
denominação “minas” e “crioulos”, que se uniram em prol de objetivos comuns, criando assim
uma identidade cultural, capaz de buscar transformações que abalou as formas de dominação.
Sendo assim, é essencial a preservação e propagação da cultura do povo negro como
forma de resistência e construção do conhecimento, visto que é através deste processo que se
conquista a valorização e o sentimento de pertença necessário para a autoafirmação destes
sujeitos na luta pela igualdade de direitos em um país que nega a existência de “raças” em
detrimento do mito da democracia racial.
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Segundo Guimarães (2002), o Brasil por não aceitar a existência de “raças” devido ao
mito da democracia racial, acaba por determinar que a discriminação existente se dá pela
separação de classes e não pela “cor” da pele. Isto se torna confuso uma vez que não se
conceitua classe como uma identidade social, visto que, a mesma não foi construída baseada
em semelhanças físicas ou culturais e sim no poder econômico de cada grupo, e estes não
justificam a “pobreza negra do Brasil”.
Desse modo, a questão da construção da identidade étnico-racial se torna positiva ou
negativa a depender do envolvimento do grupo na valorização e no respeito entre si
independentemente da cor da pele ou etnia. Além disso, é preciso pesquisar e entender a história
do povo negro, quais suas contribuições na diversidade e na formação do povo brasileiro, visto
que esta foi retratada na visão do colonizador.
5 – ABORDAGEM METODOLÓGICA
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é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se
apresenta como fonte de informação”. (GIL, 1999, p.117).
A pesquisa será de natureza descritiva, caracterizada por Gil (2002, p.42) como uma
pesquisa cujo “objetivo primordial é a descrição das características de determinadas populações
ou fenômenos” e estabelece correlações entre variáveis. A análise e interpretação de dados serão
realizados de acordo com a descrição dos dados e a teoria relacionada. Pois como bem diz Gil
(1999, p.185) “Quase tudo o que é dito sobre a interpretação dos dados na pesquisa social refere-
se à relação entre os dados empíricos e a teoria”.
Portanto, a análise dos dados será realizada por meio de uma interpretação crítica e
histórica, articuladas entre os conceitos da modalidade de ensino EJA e as relações étnico-
raciais, entre estes, documentos curriculares, projeto político pedagógico da escola, construção
da identidade, a igualdade racial e o mito da democracia racial, utilizando como referência
pesquisadores dos temas supracitados.
6 – CRONOGRAMA FÍSICO
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7 – REFERÊNCIAS
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 405 p.
FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que fazer: teoria e prática em educação popular. 9.
ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa – São Paulo: Ed. Atlas, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 5 ed . – São Paulo: Atlas, 1999.
LUVIZOTTO, CK. Cultura gaúcha e separatismo no Rio Grande do Sul [online]. São
Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 93 p. ISBN 978-85-7983-008-
2. Available from SciELO Books. https://books.scielo.org/
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O Sortilégio da cor: Identidade raça e gênero no Brasil – São
Paulo: Sumus, 2003.
SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn (org.) Identidade e
diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7ª Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007
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