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Transcrição MI Disfunções hipofisárias 03/03- parte 6 (Juliana)

Normalmente quando aparece em homens é um tumor mais agressivo, então a


maioria desses tumores tendem a ser maiores (90% são macroedemas)
aparentemente mais invasivos e de crescimento mais rápido.

-É um tumor bastante frequente e é de suma importância sabermos do seu


manejo. Ao investigar uma hiperprolactinemia em uma paciente, chego a
conclusão que a causa dela era por prolactinoma, um microprolactinoma (tumor
< 1cm), no qual é a causa mais frequente. Em mulher a maioria são tumores
pequenos e com menos de 1 cm. Então, na hora que vou tratar essa paciente
os meus objetivos são:
-O controle das manifestações clínicas: controle da galactorréia, controle do
hipogonadismo, irei restaurar a paciente do estado de hipogonadismo e trazer
para o estado de eugonadismo e melhorar a qualidade de vida dessa paciente,
melhorar sua disfunção sexual ou da fertilidade.
-Como nesse caso é por um microprolactinoma, ou seja, causa tumoral o
tratamento vai buscar controlar também o crescimento tumoral. Então o meu
objetivo é fazer com que aquele tumor não evolua.
-Existem 3 modalidades terapêuticas disponíveis para os prolactinomas, o
tratamento clínico que é medicamentoso, o tratamento cirúrgico e a
radioterapia.

 Importante entendermos que a maioria dos outros tumores hipofisários,


como por exemplo o tumor produtor de GH que faz o paciente ser
acromegálico, o tumor que produz ACTH que da a doença de cushing o
tratamento primário, ou seja, o melhor tratamento, o que sempre vai ser
a primeira opção é o cirúrgico, tenta ressecar essa lesão.
O prolactinoma é diferente desses tumores, o tratamento primário deles
é clínico, usarei agonistas dopaminérgicos.
A dopamina tem um efeito inibitório sobre a célula lactotrófica e se eu
tenho um tumor derivado desse lactotrofo eu consigo ter um efeito
inibitório sobre o tumor.
Portanto, os agonistas dopaminérgicos são o padrão ouro para o
tratamento dos prolactinomas e no nosso meio estão disponíveis dois, a
bromocriptina (BRC) e a cabergolina (CAB). Na hora que faço o uso
desses agonistas dopaminérgicos eu consigo tanto inibir a síntese e a
secreção de prolactina quanto diminuir o tamanho tumoral. Assim, eu
atinjo os meus objetivos quanto ao tratamento.
A cabergolina é a droga de escolha. Ela é mais moderna, tem uma
melhor tolerabilidade e tem uma eficácia superior a bromocriptina.

-Os efeitos colaterais dos agonistas dopaminérgicos são náuseas, vômitos,


hipotensão postural, são efeitos inespecíficos.
-A dose da cabergolina é semanal, então geralmente um dia após o uso sente
como se fosse uma ressaca , nauseado, tonto...
-Existe um potencial risco desse tratamento induzir uma cardiopatia valvar,
isso vem no sentido de a cabergolina já foi relacionada com a valvopatia em
portadores da doença de Parkinson, mas nessa doença as doses usadas são
muito elevadas e esses pacientes tem um perfil bem diferente, são pacientes
que muitas vezes tem outros fatores de risco para valvopatias.
Então isso foi inicialmente descrito em outro perfil de pacientes, mas os
trabalhos nos pacientes com prolactinomas já não são tão conclusivos dos
pacientes com uso de cabergolina terem esse efeito. Até se ter dados mais
consistentes dessa associação se indica a monitorização por ecocardiograma,
pelo menos 1 anual.

 Tratamento Cirúrgico
Não é a primeira opção, mas eu vou indicar o tratamento cirúrgico dos
prolactinomas para:
-Os pacientes que não conseguirem os efeitos desejados dos antagonistas
dopaminérgicos, não conseguiu reduzir a prolactina a níveis desejados
mesmo aumentando a dose ou não conseguiu reduzir o volume do tumor/o
tumor continuou crescendo mesmo em paciente que estava recebendo o
tratamento clinico.
-Prolactinoma que está comprimindo as vias ópticas, ou seja, o quiasma,
levando a uma deficiência visual que não conseguiu reverter com o uso dos
antagonistas dopaminérgicos. Essa redução da compressão precisa ocorrer
a curto prazo, pois o paciente pode ter sequelas.

A cirurgia é feita pela via transesfenoidal, quem faz o assoalho da sela é o


osso esfenoide, o seio esfenoidal fica abaixo do assoalho da sela, é uma
cirúrgia que muitas vezes tem a entrada da equipe da otorrino quando a
equipe não tem experiência de fazer esse acesso sozinho, mas
normalmente quem faz essa opera esses tumores hipofisários é o
neurocirurgião.
É uma cirurgia que não deixa nenhuma cicatriz externa, a equipe tem
acesso a sela através do nariz, lógico que eles quebram o seio esfenoidal
para expor o seio e depois quebra outra parede para chegar na sela e fazer
a ressecção do tumor.
 Radioterapia
Entre os tumores hipofisários essa vai ser a terceira linha de tratamento e os
prolactinomas são os mais radioresistentes.
-Indicada a radioterapia quando tiver um tumor resistente ao tratamento com as
outras opções já usadas, então continou um tumor sem controle e com
crescimento mesmo com uso de AD e da cirurgia.
Nesses contextos que tenho um tumor que está fora da minha capacidade de
controle indica-se a radioterapia como mecanismo de resgate.
-Mesmo sendo bastante localizada, focalizada pode ter lesões de estruturas
adjacentes, então pode ter lesão do trato óptico, hipopituitarismo, alterações
neuropsicológicas, tumores secundários, acidentes vasculares cerebrais.

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