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Princípios básicos da

ventilação mecânica
PROFª DRª RENATA ESCORCIO
2022
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1530 – Paracelsus (1493-1541) usou um fole conectado a
um tubo inserido na boca de um paciente para assistir a
ventilação. Foi-lhe creditado a primeira forma de
ventilação artificial.

• 1876 – primeiro “iron lung” do dr. Alfred Woillez. Aparelho


onde seria possível submeter o paciente a uma ventilação
sustentada por diminuição da pressão atmosférica em volta
da caixa torácica
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1928 – Drinker e Shaw desenvolveram um ventilador de
pressão negativa conhecido como “iron lung”. Foi muito
utilizado para suporte de vida prolongado
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1931 – Emerson desenvolveu um “iron lung” similar ao de
Driker e Shaw que se tornou amplamente comercializado
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1950 - enfermeiras dando assistência ventilatória na
epidemia de poliomielite
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1936 – dificuldades nos cuidados gerais (banho, alimentação e
medicação), imobilidade forçada, impossibilidade de tossir –
complicações infecciosas pulmonares – surgiu uma adaptação
chamada de “couraça” um “pulmão de aço” que envolvia só o
tórax.
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1951 – Dr. Forrest Bird construiu o primeiro respirador de
pressão positiva acionado por magnetos. Bird Mark 7.
Ventilação Mecânica: breve
histórico
• 1950 – pulmão de aço (Iron lung)

• 1960 – ventilador Bird Mark 7 (1ª geração)


• 1970 – ventiladores volumétricos – Benneti (2ª geração)
• 1980 – ventiladores microprocessados (3ª geração)
• 1990 - válvulas mecatrônicas
• 2000 – monitorização ventilatória
Ventilação mecânica –
Príncipios básicos
Ventilação Mecânica –
princípios básicos
Suporte ventilatório

consiste em um método de
ventilação que substitui total ou
parcialmente a ventilação
espontânea
Ventilação Mecânica
• Objetivos
- Reverter hipoxemia

- Fadiga da musculatura respiratória

- Acidose respiratória

- o consumo de O2

- desconforto respiratório
Ventilação Mecânica -
indicações
Na insuficiência respiratória aguda (IRpA) ou crônica
agudizada para:

-Melhora das trocas gasosas


-Redução do trabalho respiratório

Pode ser utilizada de forma não-invasiva (máscara facial) ou


invasiva (tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia)
Ventilação Mecânica
Indicações:
- Hipoxemia

- Hipercapnia

- Alterações na mecânica respiratória

- Trabalho muscular resp.


Indicações da VM em situações
específicas

-Profilaxia de complicações respiratórias


-DPOC
-Desordens neuromusculares
-Tórax instável
-Crise asmática
-HIC
Classificação
• Ventilação mecânica invasiva (VMI) e

• Ventilação não invasiva (VNI)


- Nas duas situações, a ventilação artificial é conseguida
com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas.
- Diferença: forma de liberação de pressão
VMI - utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea, isto é,
um tubo oro ou nasotraqueal (menos comum) ou uma
cânula de traqueostomia,
VNI - utiliza-se uma máscara como interface entre o
paciente e o ventilador artificial.
Classificação
Ventilação não invasiva (VNI)
utiliza uma pressão inspiratória para ventilar o paciente por
meio de interface nasofacial (pressão inspiratória positiva
(IPAP) e ou pressão de suporte (PSV) e uma pressão positiva
expiratória para manter as vias aéreas e os alvéolos abertos
para melhorar a oxigenação, pressão expiratória positiva
(EPAP) ou pressão expiratória final positiva (PEEP - CPAP).
Parâmetros que podem indicar a
necessidade de suporte ventilatório
Princípios da VM
Durante a ventilação espontânea os músculos inspiratórios
geram uma pressão que produz fluxo e volume contra as
propriedades resistivas e elásticas do sistema respiratório

Pmus = Pres+Pel
Princípios da VM
• VM – ventilador - insuflam as vias respiratórias com
volumes de ar (volume corrente - VT).
O ventilador aplica uma pressão “positiva” (supra-
atmosférica) que gera um gradiente entre a abertura das
vias aéreas e os alvéolos, resultando em um fluxo positivo
(dirigido do ventilador ao paciente).
Repercussões hemodinâmicas
Princípios da VM
Pulmão
Apresenta 2 principais propriedades - complacência e
resistência
Complacência – propriedade que descreve o
comportamento elástico de uma estrutura
Resistência – oposição ao fluxo de ar pela força de atrito no
sist. respiratório
Ex.: qdo pequenas variações de pressão provocam grandes
variações de volume - complacência
C = ΔV/ΔP R = ΔP/V’
Princípios da VM
Pcte sob IOT e VM o ar é movido para dentro dos
pulmões pelo somatório de duas forças
Pressão negativa – gerada pela musc. respiratória (Pmus)
Pressão positiva – gerada pelo ventilador (Pvent)

Pressão de abertura das vias áereas

Devem se opor às pressões geradas pelo sist. respiratório


Princípios da VM
Pressão resistiva – pressão necessária para vencer a
resistência do sistema respiratório
Pressão elástica – distensão das estruturas elásticas do
sistema respiratório
Pres = V’ x R
Pel = V/C

Pmus + Pvent = V’ x R + V/C


Complacências
Princípios básicos da VM
Ventilador – insufla as vias respiratórias com volumes de ar (Vt) -
geram pressões positivas nas mesmas (Pva)

Podem ser obtidas ao final da inspiração - pressão de pico (Ppi)

Ao final do período de pausa inspiratória - pressão de platô


(Pplat)

Ao final da expiração - pressão positiva ao final da expiração


(PEEP)
Princípios básicos da VM
Ppi - interferência tanto do
fluxo (Pres = pressão
resistiva) como da variação
de volume (Pel = pressão
elástica).
Pplatô - representa a pressão
de equilíbrio do sistema
respiratório - ausência de
fluxo
Princípios da VM com pressão
positiva
Regulagem inicial do ventilador
Parâmetros ajustáveis
- modo: assisto-controlado, controlado; volume, pressão
- fração inspirada de O2 – FiO2
- volume corrente – Vt
- frequência respiratória: FR e relação I:E
- tipo de disparo: tempo, fluxo, estímulo neural
- sensibilidade
- pressão positiva ao final da expiração – PEEP
- alarmes do aparelho
- fluxo
Recomendações para ajuste
do ventilador
- FiO2: suficiente e para SpO2 entre 93 e 97%

- iniciar com Vt 6ml/kg (peso predito)


- iniciar com FR 12 a 16 ipm, relação I:E 1:2 ou 1:3
- modo assisto-controlado, ciclado a volume (VCV) ou
tempo (PCV)
- alarme de pressão máxima de vias aéreas: 40cmH2O para
evitar barotrauma
- iniciar com peep 3 a 5 cmH2O, ajustar conforme a
patologia
- sensibilidade: valor mais sensível, mas que evite o auto-
disparo
Regulagem inicial do ventilador
Outras recomendações:
- ajustar disparo: a tempo (controlado pelo ventilador), a
pressão ou fluxo (controlados pelo pcte) ou estímulo neural
(NAVA)
- aquecedores/umidificadores passivos. Apenas em pctes
com secreção espessa usar umidificação/aquecimento ativo,
para evitar obstrução do TOT
- iniciar com parâmetros já citados, avaliar curvas e alarmes,
checar se os valores estão dentro do previsto
- coletar nova gasometria após 30’ e checar se as metas
foram atingidas e reajustar os parâmetros se necessário
Regulagem inicial do ventilador
Outras recomendações:
- avaliar repercussões hemodinâmicas da VMI – hipovolemia,
auto-peep, PNTx
- iniciar o modo assistido o mais cedo possível para evitar
disfunção diafragmática e manter o nível de trabalho muscular o
maior possível
- em caso de alta demanda de fluxo inspiratório, utilizar opióides
para reduzir o drive e aumentar o conforto
- sugere-se em pacientes com alto risco (idosos, uso de
corticoides ou BNM) enfatizar a avaliação da musculatura
respiratória
- evitar a disfunção diafragmática induzida pelo ventilador que
ocorre geralmente após 18h de ventilação
Modos ventilatórios
É um conjunto de ajustes do ventilador que faz com que ele
obedeça a certas regras específicas

Volume controlado – ajuste de fluxo e volume controlado


- Pva conseqüência da mecânica pulmonar do pcte

Pressão controlada – ajuste para controlar a pressão na via


aérea
- fluxo e volume decorrerão da mecânica pulmonar
Modos ventilatórios convencionais
• VCV – assisto controlado limitado a volume
- mantém volume minuto mais estável
- Ppico e Pplat variáveis e dependentes da mecânica pulmonar do pcte
- pode ser disparado a tempo (controlado), pressão e fluxo (assistido) e é
ciclado ao atingir o Vt pré-determinado
- a pressão nas vas é variável – consequente à mecânica ventilatória
- demanda monitorização das pressões pico e platô e regulagem dos
alarmes
- permite o cálculo das pressões (Ppico, Pplat, complacência pulmonar e
resistência das vias aéreas
Sugere-se uso de VCV quando se almeja manter o VM mais controlado
VCV – assisto controlado limitado a
volume
Modos ventilatórios convencionais
• PCV – assisto controlado limitado a pressão e ciclado a
tempo
-Mantem a pressão limitada durante toda a fase inspiratória
- ciclado a tempo, Ti fixo em segundos, fluxo é livre e
desacelerado
- Vt é variável, depende da mecânica ventilatória do pcte
Sugere-se uso de PCV quando há comprometimento da
mecânica ventilatória
PCV – assisto controlado limitado a
pressão
Modos ventilatórios convencionais
• PSV – ventilação a pressão de suporte
- Modo assistido ou espontâneo
- disparado exclusivamente pelo pcte – pressão ou fluxo
- pressão limitada durante toda a fase inspiratória, ciclado
quando o fluxo cai a 25% do pico de fluxo inspiratório.
- permite redução do Ti em pacientes obstrutivos (% de
critério de ciclagem >25%) e aumento do tempo inspiratório
em pacientes restritivos (% de critério de ciclagem <25%).
Sugere-se ser iniciada o mais precocemente possível, para
manter autonomia ventilatória
PSV – ventilação a pressão de
suporte
Modos ventilatórios convencionais
A forte recomendação é não usar SIMV (modo sincronizado
intermitente mandatório)

Associado a maior tempo de ventilação mecânica

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