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Psicologia da Educação
Coordenação: Profa. Ana Lucia Gomes
Aula 01 – Texto 01

Psicologia e Psicologia da Educação: conceituação e história


A Psicologia consiste em uma área do conhecimento relativamente nova, considerando que foi
reconhecida como ciência muito recentemente, no final do século XIX, se comparada às ciências
exatas ou biomédicas, por exemplo. Mas, apesar da Psicologia ter sido capaz de explicar o seu
objeto de estudo, através do uso de uma linguagem precisa e rigorosa, a área ainda enfrenta
problemas no que diz respeito à sua cientificidade. Isso decorre em função da própria natureza do
seu objeto de estudo: o homem.
Como um ser histórico e social, o homem encontra-se em constante mudança ao longo do tempo.
Por esse motivo, a criação de um paradigma que apresente uma confiabilidade significativa e que
seja adotada por todos os psicólogos, consiste em um dos grandes desafios da psicologia intitulada
científica (Bock, Furtado e Teixeira, 2008).
No entanto, um dos caminhos encontrados pela Psicologia para lidar
com este desafio e garantir o seu status de ciência, consistiu em pensar
Ilustração: Benjavisa Ruangvaree Art /

o ser humano considerando toda a sua complexidade, sem, no entanto,


encerrá-lo em sua totalidade. Dessa forma, os diferentes aspectos que
o constituem, tais como, sua natureza biológica, social, afetiva e
cognitiva, foram destacadas e absorvidas por subáreas de conhecimento
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da Psicologia, tendo como objetivo aprofundar os estudos e pesquisas


sobre cada um destes aspectos particulares do ser humano.
Logo, a Psicologia do Desenvolvimento, por exemplo, busca investigar
o desenvolvimento do comportamento humano ao longo da sua vida, pretendendo compreendê-lo
desde o seu nascimento até a sua morte. A Psicologia Social, por sua vez, visa compreender o
comportamento social do indivíduo a partir das interações que realiza em grupos. Já a subárea da
Psicologia da Educação, tema da nossa disciplina, tem como finalidade estudar os processos de
aprendizagem que ocorrem associados aos contextos educacionais.
A divisão da Psicologia em subáreas contribuiu em muito para o melhor entendimento dos
processos que constituem o ser humano. No que diz respeito, à Psicologia da Educação de forma
específica, o seu objetivo consiste em contribuir para a área da Educação, provendo explicações,
descrições e previsões sobre determinados padrões de comportamento vinculados ao contexto
educacional.
Por mais, que haja uma clara tendência na discussão dos processos de ensino-aprendizagem pela
Psicologia da Educação, verifica-se que os processos de desenvolvimento também são
considerados nesta discussão, na medida em que se articulam de forma dinâmica e complexa com
os processos de aprendizagem, justificando a sua fundamentação teórica ser composta por teorias
que atendem tanto ao desenvolvimento quanto à aprendizagem.
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Psicologia da Educação
A escola, através do seu plano político e pedagógico visa contribuir de forma sistematizada para o
pleno desenvolvimento do seu aluno. Neste sentido, preocupa-se com o processo de aprendizagem
como um todo, atentando para os aspectos cognitivos, psicossociais e afetivos, de modo a
proporcionar ao aluno a construção de conhecimentos e o desenvolvimento pleno de suas
habilidades.
De acordo com Davis e Oliveira (2010), a escola enquanto espaço democrático torna-se uma arena
mista que apresenta uma ampla diversificação sociocultural. Inúmeras questões surgem neste
espaço de aprendizagem-desenvolvimento que requerem do professor, saberes distintos do
conhecimento pedagógico disciplinar, que o possibilite refletir sobre os contextos em que a
aprendizagem ocorre, bem como, compreender melhor o seu aluno e entender e refletir sobre o
processo de aprendizagem, para melhor planejar suas atividades pedagógicas visando torná-las
mais eficientes e produtivas.
A interlocução entre as áreas da Psicologia e da Educação é antiga e, ao longo do tempo, foram
observadas muitas mudanças na forma como estas áreas se relacionam. De acordo com Coll,
Mestres, Goñi e Gallart (1999), aproximadamente até o final do século XIX, o diálogo entre
Psicologia e Educação foi mediado pela Filosofia, através de um discurso psico-filosófico, que
buscava explicar como o conhecimento era originado a partir da relação entre pensamento e
realidade.
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Desta interlocução, por exemplo, surgiram as propostas


pedagógicas atreladas às concepções empíricas e
racionalistas da aprendizagem. Segundo a concepção do
empirismo, proposto pelo filósofo John Locke (1632-1704),
o homem ao nascer seria como uma tábula rasa, ou seja, não
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teria nenhum tipo de conhecimento, nenhum tipo de


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impressão sobre o mundo e as coisas. A experiência no


mundo associada à sua capacidade de percepção produziria
marcas em sua mente, transformando-o, fazendo com que o
conhecimento do homem fosse gradativamente construído,
através das sucessivas experiências por ele vivenciadas.
Para esta concepção, a percepção assume um papel
importante, pois seria através dos sentidos que o homem captaria o conhecimento que se encontra
no mundo. A aprendizagem do homem, portanto, seria resultante do treino vinculado à sua
experiência.
O racionalismo ou inatismo, defendido por René Descartes (1596-1650), considera que a fonte do
conhecimento se encontra na razão, sendo interna ao homem e não centrada na experiência
imediata, externa ao homem, conforme preconizava o empirismo. Desta forma, as estruturas da
inteligência já estariam prontas no seu nascimento, por serem formadas a priori. Tais estruturas da
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razão seriam responsáveis por conduzir o homem ao verdadeiro conhecimento, livrando-o dos
enganos que os sentidos poderiam provocar.
As ideias do empirismo e do racionalismo trouxeram algumas inquietações para a área da
psicologia, em função de explicarem a origem do conhecimento humano destacando um suposto
determinismo biológico, ante a importância das estruturas inatas e da percepção para o
desenvolvimento da cognição. A Psicologia, então, optou por se distanciar da Filosofia, visando
tornar-se uma disciplina autônoma visando encontrar as respostas que melhor atendessem às suas
demandas.
Nesta trajetória, novas concepções surgiram para oferecer explicações sobre o desenvolvimento
do conhecimento do homem. Através da perspectiva ambientalista a psicologia buscou estabelecer
o seu status científico. Para esta concepção, o conhecimento não deve ser compreendido como um
produto direto da experiência. Tão pouco, deve ser entendido como previamente formado no
sujeito, através de suas estruturas inatas de pensamento. Para o ambientalismo, o ambiente exerce
uma influência expressiva na construção do conhecimento pelo homem, sendo mais importante do
que a sua própria maturação biológica (Davis e Oliveira, 2010).
O conhecimento seria formado na relação que o homem estabelece com os estímulos presentes no
meio, estabelecendo assim, uma relação dinâmica de mútua influência, entre homem ambiente.
Desta forma, para o ambientalismo, uma vez conhecidas as relações entre os estímulos presentes
no meio e o homem, é possível prever ou controlar determinado padrão de comportamento. O
behaviorismo ou teoria do comportamento, desenvolvido por Burrhus Frederic Skinner (1904-
1990) foi o principal representante da concepção ambientalista na área da psicologia.
Enquanto a psicologia buscava o seu estabelecimento enquanto ciência, a Educação observava a
necessidade de promover uma transformação qualitativa na forma como o ensino era realizado. A
ânsia por transformar a educação sofreu influência das novas práticas educativas que vinham sendo
desenvolvidas nos países ocidentais mais desenvolvidos, impulsionadas pelo Movimento da
Escola Nova. A Educação, observando o interesse da psicologia em se estabelecer como ciência,
entendeu ser este o melhor caminho para a promoção das transformações que desejava, pois
acreditava que o suporte científico que a psicologia poderia conceder, a auxiliaria na reflexão sobre
as ações educativas que pretendia elaborar.
Aos poucos, a psicologia científica foi se estabelecendo com o desenvolvimento de pesquisas que
versavam sobre o processo de aprendizagem, com a construção de testes mentais e de medidas de
comportamento e através dos estudos voltados para a psicologia da infância. Neste contexto, outra
concepção surgiu, também possuindo como objetivo explicar a origem do conhecimento, sendo
definida como: interacionismo.
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A perspectiva interacionista entende que o conhecimento é construído na relação estabelecida entre
o homem e o seu ambiente. Neste contexto, o conhecimento é produto de construção ativa
elaborada pelo indivíduo, que tem como base a sua ação sobre
o meio. Desta forma, tal como o ambientalismo, a concepção
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interacionista rejeita a ideia de que o conhecimento é inato e


de que ele é produzido pela influência direta do meio. Como
representantes dessa nova perspectiva temos: Jean Piaget
(1896-1980) e Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934).
Os avanços teóricos obtidos pela psicologia científica
propiciaram o estreitamento da interlocução entre Psicologia
e Educação fazendo com que o conhecimento psicológico
fosse aplicado ao campo da educação. Assim, visando este
objetivo foi constituída uma subárea da Psicologia sendo
definida como Psicologia da Educação.
De acordo com as definições da época, a Psicologia da Educação teria como função oferecer o
conhecimento sobre a natureza humana, através dos fundamentos psicológicos de modo a orientar
os educadores no desenvolvimento de suas atividades didático-pedagógicas, bem como, auxiliá-
los com diversas outras questões que possam surgir no contexto escolar (Coll, Mestres, Goñi e
Gallart, 1999). Assim, verificou-se o destaque aos estudos relativos aos processos de
aprendizagem, à infância e relativos à elaboração de testes para mensurar as diferenças individuais,
avaliar o desenvolvimento intelectual, a personalidade e o
rendimento escolar. As medidas decorrentes desses testes
objetivavam “explicar o aluno” e propor ações visando o seu
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melhor desenvolvimento.
No curso deste processo, verificamos que a Psicologia da Educação
passa a assumir dois eixos distintos de ação: um atrelado à
mensuração das diferenças individuais realizada nos laboratórios de
psicologia e outro, vinculado à observação das diferenças
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individuais dentro do ambiente escolar. Estes eixos vão compor a


base, respectivamente, de duas concepções de Psicologia da
Educação: uma como técnica aplicada e outra, como disciplina
ponte.
A ideia da Psicologia da Educação como disciplina ponte, surge do
diálogo que busca estabelecer entre as teorias psicológicas e as
teorias educativas, bem como, pretende estimular a relação interdisciplinar entre áreas afins à
Educação, como por exemplo: a sociologia da educação e a tecnologia da educação.
O movimento da Escola Nova, o desenvolvimento da Psicologia da Infância e a ideia da Psicologia
da Educação enquanto disciplina ponte, endossaram o apoio às críticas realizadas pela Psicologia
Geral à Psicologia da Educação, entendida, como técnica aplicada. O destaque, dado por esta
vertente da Psicologia da Educação, aos testes para explicar os fenômenos educativos foi
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duramente criticado por tenderem a reduzir as diferenças individuais em problemas de
aprendizagem potenciais. Neste contexto de testagens, todo o problema de aprendizagem
vivenciado pelo aluno, tendia a ter como causa, possíveis déficits centrados no próprio aluno,
podendo ser de natureza afetiva, biológica, cognitiva ou social.
Os diagnósticos pareciam encerrar o aluno em uma condição “patológica”, onde sua dificuldade
era explicada, por um determinado escore, tido como insuficiente. Assim, o fato do aluno
apresentar dificuldades de aprendizagem era justificado, em função de ele ter um baixo coeficiente
de inteligência (QI) e dessa forma, pouco poderia ser feito, pelo contexto tradicional de ensino. A
“solução” comumente verificada era condução deste aluno para classes/escolas especiais que
poderiam melhor atendê-lo considerando sua limitação. Mas, na verdade o que foi visto foi o
encerramento do aluno em um processo de eterna preparação da sua aprendizagem que pouco
contribuía para o desenvolvimento de suas habilidades e competências (Maluf e Cruces,
2008).
Segundo Coll, Mestres, Goñi e Gallart (1999), diante de
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tais críticas, algumas medidas foram tomadas pela


Psicologia da Educação, enquanto técnica aplicada,
visando minimizar os efeitos negativos da mensuração no
processo de aprendizagem, que tendiam a transformar
diferenças individuais em problemas de aprendizagem.
Foram assim adotados os seguintes procedimentos:
substituição do termo “medida psicológica” por
“avaliação psicológica”, para atribuir um caráter
processual e dinâmico a este processo; aproximação da
Psicologia da Educação com a Psicologia Social, visando
buscar maior embasamento para as discussões sobre
diferenças individuais e maior atenção aos processos de desenvolvimento e de aprendizagem que
vinham sendo elaborados por diferentes subáreas na psicologia, que ampliavam o conhecimento
sobre o comportamento humano. Desta maneira, a área da Psicologia da Educação foi se
reformulando buscando minimizar os impasses e contribuir de forma mais eficiente com a
Educação, auxiliando- a na realização dos seus objetivos.
No entanto, a persistência da Psicologia da Educação no uso das avaliações, acirraram as críticas
anteriormente realizadas, definindo-a como uma técnica descolada da realidade, de natureza
essencialmente avaliativa e que não apresentava nenhum potencial transformador da situação de
aprendizagem do aluno e que contribuía para o desenvolvimento de uma política de segregação,
em função da psicopatologização do fracasso escolar (Maluf e Cruces, 2008).
No final século XX, a Psicologia da Educação enquanto disciplina ponte, começa a ser melhor
delineada. A “nova Psicologia da Educação”, como também foi chamada, em atendimento às
críticas aplicadas às práticas essencialmente técnicas, propõe um novo entendimento sobre o
aprendiz, buscando compreendê-lo, não apenas através dos laudos dos testes, mas também, de
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forma contextualizada, reunindo diferentes aspectos que possam influenciar o seu
desenvolvimento.
Assim sendo, o fracasso escolar, por exemplo, deixou de ser entendido como um problema de base
essencialmente cognitiva ou social e que pode ter como causa múltiplos fatores. Outro ponto
importante refere-se à compreensão sobre o erro do aluno. A nova concepção da Psicologia da
Educação passa a entendê-lo como um indicativo de como o aluno pensa, ou seja, de como ele está
organizando as informações para responder a uma determinada questão.
Logo, a ideia do “erro construtivo” auxilia o professor a entender por que o aluno está errando,
pois retrata como o aluno pensa naquele determinado contexto. Desta feita, o professor tem
melhores condições de intervir junto ao aluno de modo a garantir a sua aprendizagem, retirando-o
de uma condição de não saber, transformando assim, a sua experiência de aprendizagem.
Assim sendo, a perspectiva da Psicologia da Educação enquanto disciplina-ponte se distancia da
perspectiva enquanto técnica aplicada, por propiciar uma compreensão mais dinâmica do processo
de aprendizagem e por entender que os problemas que surgem no contexto escolar, devem ser
analisados de forma ampla e contextualizada para que o aluno possa receber uma intervenção
adequada e que seja potencialmente transformadora.
Importante destacar, que apesar das diferenças observadas entre essas perspectivas da Psicologia
da Educação, uma não substituiu a outra, sendo coexistentes até os dias de hoje.
Contemporaneamente, algumas escolas possuem uma dinâmica bastante próxima da ideia proposta
pela Psicologia da Educação enquanto técnica aplicada. Nestes casos, os problemas observados na
escola ou em sala de aula, relativos à indisciplina ou rendimento escolar insatisfatório, são
encaminhados para o setor de Psicologia Escolar, com o intuito de que sejam solucionados,
retirando do professor ou de outros processos, qualquer responsabilidade para o surgimento destas
“inadequações” do aluno.
Em outras escolas, pode ser observada uma atuação mais incisiva do psicólogo escolar, onde
verificamos que este profissional procura não atuar apenas nos casos que “fogem à regra escolar”.
Nesta situação, o psicólogo escolar também atua de modo preventivo, atuando com professores e
alunos, atendendo-os em grupos regulares ou dependendo da necessidade, também realiza
encontros individuais para conversarem sobre problemas pontuais.
Assim uma nova forma de atuação do psicólogo escolar é delineada visando a construção de um
espaço de reflexão que englobe suas múltiplas questões e seus múltiplos atores, tais como:
professores, alunos e familiares, tendo como objetivo, o estabelecimento de um espaço de
aprendizagem dinâmico e integrado para que possa contribuir de forma mais eficiente para o pleno
desenvolvimento dos alunos e dos profissionais que dele participam. Dessa forma, apesar dos
ganhos expressivos, muitos ajustes ainda são necessários de forma a compreender e solucionar os
contínuos desafios que surgem no contexto educacional, demandando da Psicologia da Educação
e da Educação uma prática reflexiva dialógica constante.
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Psicologia da Educação X Psicologia Escolar X Orientação Educacional
Quando falamos sobre Psicologia e Educação é bastante
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comum nos depararmos com os seguintes termos:


Psicologia da Educação, Psicologia Escolar e Orientação
Educacional. Tais expressões apesar de parecer
semelhantes, referem-se a três formas de atuação que tem
como base o diálogo entre Psicologia e Educação.
Quando o psicólogo se interessa em investigar os aspectos
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teóricos que envolvem a relação entre psicologia e o


contexto educativo, estamos falando da área da Psicologia
da Educação. Neste caso, as produções teóricas realizadas
pela Psicologia da Educação auxiliam os profissionais da
educação a refletirem sobre as metodologias de ensino e/ou relações de aprendizagem, visando
o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem. O psicólogo nesta área atua, portanto,
no campo teórico.
Já a Psicologia Escolar indica uma área de atuação do psicólogo voltada para o contexto escolar,
onde ele intervém in loco, realizando sua prática na escola. A função do psicólogo escolar consiste
em observar os problemas existentes no cotidiano da escola e buscar, através de um conjunto
teórico como base, possíveis formas de atuação junto ao aluno, professor e/ou família para
aperfeiçoar resultados positivos e minimizar os problemas observados na escola. A
instrumentalização teórica do psicólogo escolar advém da Psicologia da Educação, enquanto
campo teórico de conhecimento.
No que diz respeito à Orientação Educacional é Importante destacar, que basicamente não há
diferenças entre as suas funções e aquelas desempenhadas pela Psicologia Escolar. Ambas têm
como função promover uma escuta atenta das relações interpessoais presentes no cotidiano escolar,
bem como, auxiliar na reflexão sobre os diferentes contextos de aprendizagem que existem no
espaço escolar.
A diferença mais expressiva refere-se aos profissionais habilitados para cada um desses cargos e
que distingue o modo como podem atuar na escola. A Orientação Educacional consiste em uma
das áreas de atuação do pedagogo, atrelada à área da gestão escolar, devendo assim, ser
desenvolvida por um profissional formado em Pedagogia. A Psicologia Escolar, por sua vez,
representa o campo de atuação do psicólogo na área escolar, sendo restrita aos graduados em
Psicologia.
Contemporaneamente, podemos dizer que a contribuição da Psicologia da Educação ao campo
educacional é reconhecida, todavia, ainda não é plenamente valorizada. Apesar, da existência de
duas práticas profissionais no contexto escolar que propiciam à escola (re)pensar suas práticas de
forma crítica e reflexiva, contribuindo para a (re)construção mais eficiente do fazer pedagógico,
ainda verificamos escolas, cujos professores e alunos, encontram-se sozinhos no enfrentamento
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das suas dificuldades, em função de não haver no espaço escolar o psicólogo escolar ou o
orientador educacional.
Assim sendo, torna-se imprescindível a luta pelos profissionais da educação pela obrigatoriedade
na escola, seja do orientador educacional ou do psicólogo escolar, para que a educação possa
desenvolver suas práticas de forma mais significativa para os alunos e de forma atenta às suas
necessidades, contribuindo de modo expressivo para o seu pleno desenvolvimento.
Referências Bibliográficas
Salvador, Cesar Coll; Mestres, Mariana; Goñi, Mira Javier Onrubia e Gallart, Isabel Solé. (1999).
Origem e Evolução da Psicologia da Educação. In: Psicologia da Educação. trad. Cristina Mais
de Oliveira. Cap. 1, pp.17-37. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul.
Davis, Cláudia e Oliveira, Zilma de Moraes Ramos de. (2010). Psicologia na Educação. 3ª ed.-
São Paulo: Cortez. Bock, Ana Mercês Bahia; Furtado, Odair e Teixeira, Maria de Lourdes Trassi.
(2008). Psicologias: Uma Introdução ao Estudo de Psicologia.14ª ed. – São Paulo: Saraiva.
Maluf, Maria Regina; Cruces, Alair Villa Valle (2008). Psicologia Educacional na
Contemporaneidade. Boletim Academia Paulista de Psicologia. V.28, n.1. São Paulo. Pp. 87-99

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