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Destituição dos administradores e o direito à indemnização

No nosso sistema vigora a regra da livre destituiçã o, nas sociedades por quotas e
anonimas, isto é, a todo o tempo, os administradores – membros, titulares do ó rgã o de
administraçã o, em sentido amplo, que se chama gerência na sociedade por quotas -
podem ser destituídos a todo o tempo, independentemente, haja ou nã o justa causa.
Nas sociedades anonimas com estrutura organizatoria de tipo monístico – conselho de
administraçã o compreendendo uma comissã o de auditoria – em que para alem de
administradores, fazem ainda parte membros da comissã o de auditoria: nestes casos só
podem ser destituídos com justa causa – Identicamente – para as sociedades anonimas
com estrutura comum: qualquer membro do ó rgã o da administraçã o so podem ser
destituídos por justa causa.
Para as sociedades anonimas de tipo dualístico, onde temos um conselho de administraçã o
– relativamente à destituiçã o dos membros do conselho geral nã o se diz nada mas por
analogia do que se diz para os outros dois ó rgã os, so por justa causa é que podem ser
destituídos. A regra era, durante muito tempo a destituiçã o livre – sem justa causa.

Órgãos fiscalização só podem ser destituídos por justa causa -durante esses três
anos – não forem interrompidos – a promoção da independcia dos órgãos de
fiscalização levou a que afastassem a regra da livre destituição;
SOCIEDADE POR QUOTAS: temos aqui uma outra excpeção, aquela que se refere aos
sócios gerentes poraquê os gerentes podem ser não sócios mas nquando um socio-
gerente tem um direito especial à gerência então aqui so pode ser destituído por
justa causa –
Fora destas situaçõ es a regra é a da livre destituiçã o.

 Há consequências da destituição sem justa causa: A sociedade fica obrigada a


indemnizar o administrador destituído;
 Noções de justa causa (art. º 257.º CSC – SOCIEDADE QUOTAS/ 403.º
p/sociedades anonimas com a estrutura orgâ nica tradicional e tipo monístico. Nas
dualísticas: art.º 430.º. que nos remete para o art.º 403.º/CSC)
 SQ: art.º 247.º, n.º 6 (dois pontos);
Justa causa pode-se definir como a situaçã o que, atendendo-se aos interees da
sociedade por um lado e aos só cios por outro, mantem-se inegivel à sociedade
manter aqueles administradores, nomeadamente:
a) violaçã o grosseira dos deveres de administrar;
b) se mostrou incapaz ou se mostrou incapaz para o exercício normal das funçõ es.
- Revelar incapacidade p/ exercício normal das funções:
evidenciou a falta de conhecimento nec essários para exercer como um
gestor criterioso e ordenado, as funçõ es de administraçã o – quem propô s achava
que o sujeito ia fazer um bom trabalho, quem se propô s também mas depois ze
revelou que ele nã o tinha osnconhecimentos necessá rios para dominar a arte da
gestã o societá ria – podia ser até academicamente muito bom (ex: prof. De gestã o)
mas depois nã o sabia ler a realidade factual ou aplicar a teoria à prá tica ou perante
questõ es pouco desviantes da rotina, tinha que estudar muitas biografias (…)
revelou falta de conhecimento ou intuiçã o – falta de empatia com clientes ou
trabalhadores – falta de conhecimento teó rico-pratico: nã o violou propriamente
nenhum dever laboral – horá rios etc. mas com ele aquilo nã o avançava: isto é um
fundamento para ser destituído por justa causa.
Ficou incapacitado: incapacitado fisicamente – porque teve uma doença ou um
acidente e poderá dispor, por exemplo de 70%. – há fundamento para ser
destituído mas nã o tem que ser necessariamente assim – pode-se suspender esta
funçã o p voltar quando fisicamente esteja melhor por exemplo. MAS HÁ
FUNDAMENTO P/DESTITUIR – mas nã o tem que o ser. Nã o caduca
automaticamente por haver essa incapacitaçã o física.
Porém: há quem diga que é necessá rio de ter uma falta de actualizaçã o de estudos
grosseira – mas o prof. Nã o concorda - isto nã o basta para o exercício normal para
as funçõ es de gerência.

A) Violação grave dos deveres dos administradores


O prof. Divide entre:
- deveres legais;
- deveres estatutá rios.

Deveres legais:

 Gerais:
- art.º 64.º
- deveres de cuidado al. a) - para dizer que os administradores devem
gerir criteriosa e ordenadamente, mostrando disponibilidade e
conhecimento para administar a sociedade – dever de controlo
organizativo funcional – dever de actiaçã o procedimental correcta e o
dever de tomar decisõ es razoá veis;
Al. b) – dever da lealdade – diz-nos que os administradoires devem agir
em interesse da sociedade. Há vá rias teorias sobre isto: stakeholders –
que os administradores devem agir no interesse tbm dos só cios e da
sociedade. Dever de diligencia empresarial – tem haver com a
imposiçã o de à s sociedades de fazerem uma serie de coisas de modo a
nã o violarem direitos humanos: direitos laborais, direitos humanos,
ambientais, infamtis (…)
Dever lealdade – os ad ministradores devem actuar tã o só no
interesse da sociedade nã o promovendo os seus pró prios interesses. O
dever de lealdade nã o pode ser assimilado pela violaçã o da lei, porque
as vezes violar a lei pode ser no interesse da sociedade (fuga impostos)

 Esoecificos: sã o aqueles que se dã o imediatamente, especificadamente na lei:


- os administradores devem, findo 3 meses apresentar o relató rio e as
contas;
- Os administradores podem fazer isto e nã o aquilo;

Dever de não concorrência – nã o podem ter uma empresa que faça as


mesmas coisas ou nã o pode ter os mesmos clientes, nã o pode ser
administrador de uma outra sociedade com objecto similar. Há normas
que dã o autorizaçã o. Este dever é um dever especifico: está descrito na
lei – se for para a sociedade A PARA A B pode incorrer em
responsabilidade civil.
Art.º 254.º do CSC – aqui está uma norma a dizer que a violação
deste dever especifico constitui justa causa para
destituição.utilizam esta norma muito na jurisprudência para
decidirem quais foram as destituiçõ es com justa causa e sem justa
causa;
- Apresentaçã o tardia do relató rio;
- Administrador que utilize materiais da sociedade para utilizar noutra
sociedade sua ou em sua casa – p/alem de poder ter implicaçõ es de
ordem penal, isso significará a violaçã o do dever da lealdade do
administrador para com a sociedade (Aproveitamento de benefícios
pró prios em detrimento da sociedade).
- ac. do STJ de 2014 e um da relação de coimbra de 2016: que diz
que a apropriação de bens próprios da sociedade, sem
autorização e sem pagamento de retribuição – pode haver
contratos mediante retribuição – 397.º - negócios entre a
sociedade e partes relacionadas. Direciva 2017 importante sobre
esta matéria.
Há muitas causas na jurisprudência. Na mais recente: gerente de uma sociedade que
tinha um restaurante e havia p/ lá comida deteorada: ora o gerente de umansociedade de
restauraçã o tem de ter cuidado com estas coisas e excluir alimentos deteorados, por
exemplo.
As desinteligências entre administradores que torne inviá vel a administraçã o sociedade –
jurisprudência PT o prof ainda nã o. Viu mas há J. desta noutros países.
Ac. relação de Coimbra: 06/10/2020 – sujeito foi destituitopor outras razoes mas
tbm havia la desinteligências graves com culpa de ambos os socio-gerentes – mas
nestes casos ganha quem se antecipa. –
Falamos na livre destituição por deliberação dos sócios mas em alguns casos tem de
ser feita pelo tribunal, como por exemplo, naquelas situações elencadas acima,
como o socio com direito especial à gerência: aqui só havendo justa causa e indo a
tribunal mas fora disso, quer nas SQ, quer nas S.A, qualquer sócio (ou grupo de
sócios nas S.A c/ 10% acções) pode ir ao tribunal pedir a destituição do adm. c/ base
destituição dos sócios.
Nos casos em que só há dois sócios – tbm só pode ser feita pelo tribunal – casos em
que cada socio tem 50% quota – em casos empate – não há deliberação.

Exemplo1: administrador sociedade de uma sociedade de brinquedos c>/ contaco crianças


– mas foi condenao por pedofilia. Será exigível à sociedade mantê-lo como administrador.
Pode ser exigível à sociedade que mantenha aquele gerente? – embora nã o tenha violado
nenhum dever (geral ou especifica) enquanto administrador.
Exemplo 2: Insolvencia fortuita – foi declarado insolvente, isto nã o será razã o para dizer
que a sociedade nã o estará obrigada a manter aquele sujeito? : Entra em justa causa na
optica do prof. Embora nã o se encontre naqueles deveres.
INDEMNIZAÇÃO POR DESTITUIÇÃO SEM JUSTA CAUSA:
257.º e 403.º
257/n,º 7 – gerente destituído sem justa causa, tem direito a ser indemnizado. Pelos
prejuízos desta destituiçã o. Que prejuízos? Lucros cessantes – o que deixou de receber
por ter sido destituído c/justa causa.

403.º/n.º5 – parece ter a ver com as remuneraçõ es que nã o foram pagas pela destituiçã o e
que nã o foram pagas – se tudo decorresse normalmente, ele receberia até determinado
periodo. Qual periodo?

S.A: Até ao final do periodo para que foi designado – é o que resulta dos estatutos (c/limite
legal de 4 Anos) – se nã o disserem nada, entã o vale o que diz a lei, sã o designados por 4
anos. Exemplo: faltava 1 ano para cessar à quele periodo e ia receber durante mais um
anoa remuneraçã o: tem direito a esse ano.

S.Q: gerentes sã o nomeados por tempo indeterminado – a nã o ser que os


estatutos/deliberaçã o disserem coisa diversa. Por isso é que na lei se diz que haverá
indemnizaçã o dos prejuízos causados, por um periodo de 4 anos (4 x 12 meses).

Indemnizaçõ es nã o devem exceder a remuneraçã o anual fixa nã o superior a 2 anos:


recomendaçã o – nã o tem fora de lei.

A lei, quer no 257, quer no 403, diz que a fixaçã o da indemnizaçã o, o valor pode ser
calculado contratualmente (que a indemnizaçã o esteja fixada no contrato, celebrado
entre a sociedade e o administrador, )ou então nos termos gerais de direito.

Regra: livre destituiçã o mesmo sem justa causa. É licito. Nã o se anula uma destituiçã o
porque foi feita sem justa causa. Indemnizaçã o facto licito.

Foi destituído no 2 ano, sem justa causa. Tinha sido contratado por 3. Recebia 5.000 € -
entã o multiplica-se 5 mil por 12. Ele deixou de ganhar: 60.000,00 € - lucro cessante é
deste valor. Ele nã o precisa de alegar e provar mais nada, só tem de alegar: - compete ao
destituído.

a) Quanto ganhava (o que nem sempre é fá cil porque há remuneraçã o fixa e variá vel);

Todavia, esta é a primeira operaçã o. Este é o ó nus que impende sobre o administrador
destituído, Porem, a coisa pode nã o ficar por aqui:
b) 0 administrador porque foi destituído e so porque foi destituído teve a
oportunidade de ocupar um outro cargo numa outra sociedade – logo passado 3
meses apos a destituiçã o – a ganhar a mesma coisa. Aqui há que contabilizar so
10.000,00 € - foi o que ele perdeu – 2 meses – mas esta última parte tem de ser
provada pela sociedade. – compete a sociedade.

Porém a jurisprudência nã o tem decidido assim. O que é que o STJ vem dizer? Em
29/04/2021 – recai sobre o gerente destituio o ó nus de demonstrar que a perda das
remuneraçõ es constitui um verdadeiro dano, em virtude de nã o ter recebido a
remuneraçã o. Sendo neste caso o valor indemnizaçã o equivalente à diferença entre o valor
que auferia e o valor que passou a receber: tem de demonstrar que a perda de
remuneraçã o é um verdadeiro dano: Prof. Nã o concorda com esta posiçã o, porque o lucro
cessante é um dano e quem tem de comprovar a situaçã o real é a empresa: mas o STJ
entende que tem de provar que houve efectivamente um dano – e se for para uma outra
empresa tem de demonstrar que nã o lhe pagavam tanto como revceberia na antiga
empresa, como administrador.
Posição minoritária: 05/11/2020 do TRG: diz que compete ao destituído, em funçã o da
perda da remuneraçã o devida, cabendo à sociedade, por facto impeditivo do direito
indemnizaçã o demonstrar que aquele começou a receber o mesmo € na nova empresa –
segue a posiçã o do prof.
Gestor publico for destituído por justa causa: e nã o é qualquer sujeito – tem de ter pelo
menos 12 meses seguidos do exercício funçõ es, tem direito a uma indemnizaçã o que auferia
até ao final do mandato: Aqui nã o há quaisquer duvidas, vai receber como indemnizaçã o a
receber o que receberia até um ano: o sujeito só tem de provar quanto é que ganha, mais
nada – mas – no caso de regresso de funçã o ao cargo – a indemnizaçã o eventualmente
divida é reduzida nos termos da norma - devendo ser devolvida a parte da indemnizaçã o
que eventuaklmente havia sido paga. Exemoplo:
a) Recebeu indemnizaçã o correspondente a 12 meses;
b) Mas 3 meses depois foi metido num cargo publico, a exercer outra funçõ es.
c) O que diz a lei? Que tem de restituir o que recebeu a mais.
E depois há varias teses.
Estamos a falar até agora, dos danos patrimoniais, lucro cessante. E os danos não
patrimoniais?
a) Têm recebido resposta afirmativa, por parte da jurisprudência mas o prof. Nã o
concorda, com a atribuiçã o de determinado valor por danos nã o patrimoniais, isto
é pelo sofrimento psíquico/desgosto provocado pela destituiçã o por justa causa.
b) Prof. Coutinho Abreu pensa que isto é errado, pelos seguintes motivos:

 O có digo Civil diz que os danos patrimoniais sã o ressarciveis quando tiverem


gravidade suficiente para merecerem a tutela do direito;
 Causa algum desgosto, a destituiçã o, porém, o administrador criterioso e ordenado
deve saber que por melhores que sejam, por melhor trabalho que realizem, estã o sujeitos
de serem destituídos, que sã o coisas que fazem parte do estatuto do administrador e que
por isso, sabem que pode acontecer – pelo que nã o tem gravidade suficiente para merecer
a tutela do direito.
 Mas pode haver outra causa, coelctanea com a destituiçã o que leve a danos morais
pelo destituiso? – casos, sobretudo nas grandes sociedades, em que nos considerandos da
deliberaçã o ou naquilo que foi publicitado acerca da deliberaçã o a sociedade comete
inverdades e ilicitudes, designadamente de a) violaçã o de direitos de personalidade b)
violaçã o ao bom nome do administrador – exemplo – que o sujeito nã o cumpra
determinadas normas/que nã o tem as qualificaçõ es mínimas para ser
gerente/incompetente – nestes casos – há danos não patrimoniais provocad por
factos ilícitos o que é diferente da indemnização moral por destituição sem justa
causa – que é um facto licito. ATENÇÃ O!
 257: nã o faz distinçã o entre danos patrimoniais ou nã o patrimoniais, pelo que nã o
há motivo para a destituiçã o - ac. 2021 – nã o esquecer do choradinho*****

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Sociedade que tem de provar que destituiu com justa causa – se não quiser
indemnizar.

Destituição Vs deliberação e reeleição:

 As deliberaçõ es de destituiçã o quando se caracterizem pelas notas


caracterizadoras das chamadas deliberaçõ es abusivas (aquelas em que se beneficia um
socio em detrimento dos outros só cios ou da sociedade) previstas no art.º 58..º, n.º 1, al b),
podem ser anuladas pelo tribunal?
 Mas há normas que admitem sem limite a destituiçã o por justa causa –
contrariando o art.º 58.º, n.º 1, al b) – e neste ultimo io que está em causa é o prejuízo da
sociedade/só cios maioritá rios.
 Há jurisprudência que diz que o art.º 58.º, n.º 1, al b) que este artigo nã o se aplica
à s deliberaçõ es destituiçã o. Que nã o sã o anulá veis por serem abusivas 05/01/2021.
 Situaçõ es em que o administrador é destituído mas depois tenta convocar
assembleia para ser nomeado gerente: art.º 75.º/n.º 2: QUAIS NÃ O PODEM VOLTAR A SER
CONVOCADOS POR PENDÊ NCIA DAQUELA ACÇÃ O – enquanto a acçã o nã o transitar em
julgado.
 Assim: se o sujeito for destituído com justa causa objectiva – nã o por ter violado
gravemente os seus deveres ou porque ficou doente ou porque ainda nã o tinha a formaçã o
devida – nã o ve problema na reeleiçã o.
 Justa causa subjectiva: entende que nã o pode ser reeleito logo a seguir – neste caso
esta deliberaçã o de reeleiçã o será anulá vel. Qualquer só cio que terá votado contra a
reeleiçã o pode pedir a a ulaçã o por força do disposto no art.º 58.º, n.º 1, al a) ou b) do CSC
– porque nestes casos há violaçã o dever de lealdade de quem vota a favor da reeleiçã o
porque se o destituído se mostrou uma raposa na sociedade, voltar a meter la a raposa,
prejudicando o patrimó nio da sociedade, estã o a votar deslealmente, violando este dever
para com a sociedade.
 23/02/2021: ac. do STJ.

Passado 5 anos – já nã o há problema da reeleiçã o

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