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Índice

1.Introdução.....................................................................................................................................4
2. Objectivos....................................................................................................................................5
2.1. Geral.........................................................................................................................................5
2.2. Específicos................................................................................................................................5
3. Metodologia.................................................................................................................................5
4.Apresentação do texto (mancha gráfica)......................................................................................6
5. Estrutura/Organização textual.....................................................................................................6
6. Características linguísticas………………………..……….
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6.1. Uso de um registo de língua corrente e de uma linguagem clara, denotativa e objectiva........9
.6.2. Conceitos técnicos e científicos...............................................................................................9
6.3. Emprego de verbos nos modos indicativo, conjuntivo (presente/futuro) e infinitivo impessoal
.........................................................................................................................................................9
6.5. Uso de verbos na terceira pessoa............................................................................................11
6.6. Uso de nomes abstractos para referir atitudes e comportamentos..........................................11
6.7. Recurso ao uso de numerais cardinais e ordinais...................................................................11
6.8. A função de linguagem...........................................................................................................11
7.Conclusão...................................................................................................................................12
8.Referências bibliográficas..........................................................................................................13
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1.Introdução

Em Direito, tem-se dito Ubi societas, ibi jus, ou seja, onde há sociedade, há lei, regras. Isso
significa que não pode haver uma convivência social pacífica e harmoniosa sem lei, sem regras.
As regras são, portanto, a possibilidade de existência de qualquer sociedade, família, grupo,
instituição, etc. Neste contexto, o presente trabalho debruça-se sobre o Regulamento, que é um
conjunto de regras cujo objectivo é facilitar a organização e o funcionamento de instituições,
entidades colectivas ou corpos associativos.

De acordo com o Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa Porto Editora (2020), o


regulamento é um texto de carácter normativo, cujo objectivo é facilitar a organização e o
funcionamento de instituições, entidades colectivas ou corpos associativos. São considerados
regulamentos: o estatuto, o regimento, a lei, o decreto, a norma, o preceito, o guia, entre outros
textos.

Mendes (2007) afirma que os regulamentos podem ser parciais ou gerais. São parciais quando
têm efeitos jurídicos apenas dentro de uma dada instituição ou secção. O regulamento da
Biblioteca da Universidade Pedagógica, por exemplo, é um regulamento parcial, pois apenas tem
efeitos dentro desse espaço académico. Os regulamentos são gerais quando têm efeitos jurídicos
em todo o território nacional ou em todas as secções de uma dada instituição. O Regulamento
Académico da Universidade Pedagógica de Maputo é um regulamento geral, pois tem efeitos em
todo o seu espaço.

Em resumo, pode-se afirmar que o regulamento tem como objectivos: i) regulamentar o


funcionamento de uma instituição, associação ou colectividade; ii) criar um ambiente de ordem,
harmonia e unidade em cada instituição; iii) mostrar as possíveis penalizações em caso de
transgressão das normas prescritas.
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2. Objectivos

2.1. Geral

 Analisar o regulamento enquanto uma tipologia dos textos normativos;


2.2. Específicos

 Apresentar a mancha gráfica do regulamento;

 Explicar a estrutura ou organização textual do regulamento;

 Descrever as características linguísticas do regulmento.

3. Metodologia

Para a realização do presente trabalho, recorreu-se ao método de pesquisa bibliográfica, método


que consiste no levantamento e busca de material bibliográfico (livros, artigos, revistas, teses,
etc.) referente ao tema que se está a investigar. Além disso, recorreu-se ao Regulamento
Académico da Universidade Pedagógica, a fim de se ilustrar os assuntos discutidos ao longo do
trabalho.
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4.Apresentação do texto (mancha gráfica)

Falar de mancha gráfica ou apresentação gráfica de um texto significa procurar saber se o texto está
organizado em forma de poema ou prosa. Significa, também, saber qual é o espaçamento que o texto deve
apresentar nas suas margens, entre parágrafos e entre linhas. De acordo com Bernardo (2020), o regulamento
é um tipo de texto que se apresenta em prosa, dado que é constituído por orações, períodos e parágrafos.

Na óptica do mesmo autor, o regulamento deve apresentar um bom espaçamento entre linhas (no mínimo 1,5
cm) e entre os parágrafos, para que ele seja percebido facilmente. Um texto que não apresenta um bom
espaçamento entre linhas e entre os próprios parágrafos pode ser cansativo e de difícil leitura. Contudo, vale
sublinhar que, quanto ao espaçamento, não há uma estrutura padrão e rígida, o espaçamento depende do
modelo escolhido por cada instituição.

5. Estrutura/Organização textual

A estrutura e organização do regulamento depende do tipo e da sua finalidade. Por isso, os regulamentos não
têm uma estrutura homogénea ou uniforme. Contudo, Bernardo (2020) afirma que o regulamento apresenta,
geralmente, a seguinte estrutura: Preâmbulo; Capítulos; Secções; Subsecções; artigos, parágrafos, números
e alíneas. O preâmbulo é, de acordo com o autor, a parte introdutória do regulamento e apresenta os seus
respectivos objectivos.
Os capítulos são, na visão de Mendes (2007), o agrupamento de secções, estas, por sua vez, são o conjunto
de artigos que se debruçam sobre o mesmo assunto. Os artigos, entende o mesmo autor, são a unidade
básica, através da qual se dividem os assuntos num regulamento. O parágrafo é a divisão de um artigo, as
alíneas, por último, são os desdobramentos dos parágrafos. Veja-se, como exemplo, uma parte do
Regulamento Académico da Universidade Pedagógica.
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Fonte: Regulamento Académico da Universidade Pedagógica


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Fonte: Regulamento Académico da Universidade Pedagógica

6. Características linguísticas (marcas da linguagem)

O regulamento apresenta as seguintes características linguísticas ou marcas da linguagem, respectivamente:


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6.1. Uso de um registo de língua corrente e de uma linguagem clara, denotativa e objectiva

De acordo com Bernardo (2020), para que o regulamento seja entendido por todos, sem originar
ambiguidades ou dúvidas, é necessário que ele apresente uma linguagem corrente. Quando se afirma que um
regulamento deve ser elaborado por meio de uma linguagem corrente, pretende-se dizer que ele não pode ser
elaborado por meio de uma linguagem que apenas é compreendida por indivíduos com um nível académico
avançado. Se o objectivo do regulamento é ditar o funcionamento de uma dada instituição, a sua linguagem
deve ser clara, para que todos os membros dessa instituição possam compreendê-lo de forma adequada.

Quando se afirma que um regulamento deve privilegiar uma linguagem denotativa e objectiva, tenciona-se
dizer que no regulamento as palavras devem ser usadas no seu sentido dicionarizado. Um regulamento não
pode usar uma linguagem figurada, metafórica, ou seja, uma linguagem que pode gerar ambiguidades ou, tal
como se diz na gíria popular, um “duplo sentido”. A ambiguidade tem como consequência o surgimento de
um conflito de interpretações, o que pode colocar em causa o funcionamento de uma determinada instituição
ou organização.

.6.2. Conceitos técnicos e científicos

Na perspectiva de Bernardo (2020), os conceitos técnicos devem ser usados em casos de extrema
necessidade, pelo que se deve evitar o seu uso exagerado, pois o regulamento é um texto que se dirige a uma
colectividade, a um dado povo ou comunidade. Neste contexto, nem todo o povo tem uma percepção clara
sobre os conceitos técnicos. Por isso, é necessário que se paute por uma linguagem corrente.

6.3. Emprego de verbos nos modos indicativo, conjuntivo (presente/futuro) e infinitivo impessoal

De acordo com Cunha (2017), o modo indicativo exprime verdades, realidades ou certezas. No regulamento,
este modo é usado para exprimir comportamentos ou condutas fixas de uma determinada instituição ou
organização.

EXEMPLO
“O estudante matricula-se apenas uma vez para a obtenção de um determinado grau académico e
formaliza semestralmente o seu vínculo com a Instituição” (número 1 do artigo 6 do Regulamento
Académico da Universidade Pedagógica). Neste artigo, as formas matricula-se e formaliza encontram-
se no presente do modo indicativo.

Já o modo conjuntivo, um modo que, de acordo com Cunha (2017), expressa possibilidades, ocorre em casos
em que o regulamento expressa as possíveis consequências de transgressão de uma dada norma.
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EXEMPLO
“Para efeitos do presente regulamento, comete fraude o estudante que[...]:
[...]
b) Durante as provas de avaliação ou exame se encontre a copiar ou a trocar indevidamente
informações com os colegas;
c) Durante as provas de avaliação ou exame seja substituído por uma outra pessoa” (artigo 47 do
Regulamento da Universidade Pedagógica. Neste artigo, as formas encontre e seja encontram-se no
presente do modo indicativo.

O infinitivo impessoal, por último, é o verbo não conjugado (Ex. amar, estudar, falar, brincar, reflectir), é o
verbo não associado a nenhum sujeito ou pessoa gramatical, o verbo no seu aspecto primitivo, original, tal
como nos esclarecem Bergstrom e Reis (2003). No regulamento, o infinitivo é geralmente usado para
enunciar procedimentos, etapas ou objectivos:

EXEMPLO
“A avaliação da aprendizagem tem como objectivos principais:
a) Determinar o grau de aquisição de um conjunto de competências;
b) Estimular o estudo sistemático individual e colectivo;
c) Comprovar a adequação e eficiência das estratégias de ensino/aprendizagem usadas;” (artigo
19 do Regulamento Pedagógico da Universidade Pedagógica).

6.4. Orações e períodos

Na óptica de Bernardo (2020), cada período deve apresentar o menor número possível de orações. O excesso
de orações pode provocar problemas de compreensão do conteúdo do regulamento. O autor afirma que os
termos da oração devem obedecer à sua ordem natural: sujeito, predicado, objectos/ complementos.

EXEMPLO
“1. Os resultados das avaliações e o respectivo guião de correcção devem ser divulgados no prazo
máximo de dez (10) dias úteis após a sua realização”(número 1 do artigo 45 do Regulamento
Académico da UP).
“Os resultados das avaliações e o respectivo guião de correcção” (sujeito); “devem ser divulgados
(predicado); “no prazo máximo de dez dias úteis após a sua realização”( complemento circunstancial
de tempo).

6.5. Uso de verbos na terceira pessoa


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EXEMPLO
“2. A acta e a pauta são os únicos documentos fidedignos para efeitos de Registo Académico” (número
2 do artigo 45 do Regulamento Académico da Universidade Pedagógica de Moçambique). Neste
artigo, a forma são encontra-se na terceira pessoa.

6.6. Uso de nomes abstractos para referir atitudes e comportamentos.

Os nomes abstractos são, de acordo com Cunha (2017), aqueles que se referem a realidades não tangíveis,
tocáveis ou visíveis. Referem-se, geralmente, a acções, sentimentos, estados ou comportamentos.

EXEMPLO
“ Abandono é o acto pelo qual o estudante desiste de frequentar um curso sem interromper
formalmente ou cancelar a frequência do mesmo” (alínea a do artigo 3 do Regulamento Académico da
Universidade Pedagógica). Neste artigo, o nome abstracto é abandono.

6.7. Recurso ao uso de numerais cardinais e ordinais

Os numerais cardinais, de acordo com Cunha (2017), expressam a quantidade exacta dos seres ou coisas
(um/1, dois/2, três/3, quatro/4, cinco/5, etc.). Na visão de Bernardo (2020), no regulamento esses numerais
são usados para numerar os artigos e as suas respectivas partes (artigo 1, artigo 2...). Os números ordinais
são aqueles usados para expressar a ordem das coisas (primeiro/I, segundo/II, terceiro/III, quarto/IV). No
regulamento, os numerais ordinais são usados para a numeração dos capítulos (capítulo I, capítulo II...).

6.8. A função de linguagem

A função de linguagem predominante no regulamento é informativa. Entretanto, há, também, ocorrência da


função apelativa. De acordo com Cunha (2017), a função informativa é aquela que visa transmitir uma
determinada informação ou conteúdo. A função apelativa é aquela que visa conduzir o indivíduo a adoptar
um dado comportamento ou a acatar ou aceitar uma determinada ideia. No regulamento, tal como se disse,
há predominância da função informativa, função usada para transmitir as regras de funcionamento de uma
dada instituição.
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7.Conclusão

Em virtude dos aspectos mencionados no presente trabalho, pode-se afirmar que o regulamento é um texto
de natureza normativa, cujo objectivo é, tal como foi visto, regular o funcionamento de uma determinada
instituição ou organização, com vista a garantir uma harmonia e convivência pacífica entre os seus
membros.

Quanto à mancha gráfica, o regulamento é um texto que se apresenta em prosa e deve ter um bom
espaçamento entre linhas, parágrafos e alíneas (no mínimo 1,5 cm). O bom espaçamento entre a informação
apresentada dá, ao próprio texto, uma boa estrutura e aspecto, o que faz com que ele seja de fácil leitura,
compreensão e interpretação.

O regulamento apresenta, tal como foi visto, a seguinte estrutura: Preâmbulo; Capítulos; Secções;
Subsecções; artigos, parágrafos, números e alíneas. Contudo, essa estrutura não é rígida e geral, pois a
estrutura do regulamento, tal como se viu, depende da sua finalidade e do seu tipo, pelo que os regulamentos
gerais não apresentam uma estrutura similar à dos regulamentos parciais.

Por ser um texto que visa regular o funcionamento de uma instituição, associação ou organização, o
regulamento deve ser escrito em uma linguagem corrente, para que todos os seus membros possam
compreender o conteúdo nele apresentado. Além disso, o regulamento deve ser redigido numa linguagem
clara e objectiva, evitando, assim, ambiguidades e conflitos de interpretação.
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8.Referências bibliográficas

BERGSTROM, M.; REIS, N. Prontuário Ortográfico e guia da língua portuguesa.45.ed. Lisboa, Notícias,
2003.
BERNARDO, N. Guia de Legística para a Elaboração de Atos Normativos. Lisboa, 2020.

Cunha, C. Nova gramática do português contemporâneo. 7.ed. Rio de Janeiro, Lexikon, 2017.

MENDES, G. Questões Fundamentais de Técnica Legislativa. Revista Eletrônica sobre a Formação do


Estado, n.11, p.1-32, set./out/nov., 2007.
Porto Editora – regulamento na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2021-11-21 05:29:44].
Disponível em https://www.infopedia.pt/$regulamento

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