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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO

Discente: Ana Maria Elias, Código: 708208493

Turma: “A”

Nampula, Abril, 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância

APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO

Discente: Ana Maria Elias, Código: 708208493

Curso: Licenciatura em Administração Pública

Cadeira: Direito Administrativo

Ano de Frequência: 3º Ano

Docente: Calton dos Santos Ricardo

Nampula, Abril, 2022

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FOLHA DE FEEDBACK

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota /
Máxima tutor Subtotal
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Estrutura Aspectos  Introdução 0.5
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5

 Bibliografia 0.5
Contextualização (indicação
clara do problema) 1.0
Introdução Descrição dos objectivos 1.0
Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho
Conteúdo Articulação e domínio do
Análise discurso académico (expressão 2.0
discussão escrita cuidada, coerência/coesão
textual).
Revisão bibliográfica nacional e
internacional revelantes na área 2.0
de estudo.
Exploração dos dados 2.0
Conclusão Contributos teóricos práticos 2.0
Aspectos Formatação Paginação, tipo e tamanho de 1.0
gerais letra, paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
6a ed. e citações Rigor e coerência das citações/ 4.0
e bibliografia referências bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchido pelo tutor
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Índice
1.Introdução................................................................................................................................5

2.APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO.............................................................6

2.1.Aplicação da Lei no Tempo..................................................................................................6

2.1.1.Problema da Aplicação da Lei no Tempo..........................................................................6

2.1.2.O princípio geral da Aplicação da Lei no Tempo..............................................................7

3.A Sucessão no tempo de leis sobre prazos...............................................................................7

4.APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO......................................................................................7

4.1.Princípios da Aplicação da Lei no Espaço............................................................................7

4.1.1.Exemplo da Aplicação da Lei no Espaço vigente no Estado Moçambicano.....................8

5.Conclusão...............................................................................................................................10

6.Referências Bibliográficas.....................................................................................................11

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1.Introdução
O presente trabalho é pertinente a cadeira de Direito Administrativo, destina-se na abordagem
da Aplicação da Lei no Tempo e no Espaço, antes de mais longa, importa referir que, o
problema da aplicação da lei no tempo e no Espaço é antigo. Já o Direito Romano
contemplava este problema, consagrando-se no Código Justinianeu o princípio da
irretroactividade, porem, o que está em causa, quando se fala de aplicação da lei no tempo não
é saber qual é a lei em vigor, mas sim saber qual a lei que se aplica a certa situação jurídica,
quando esta esteve em contacto com diferentes leis, no decurso do tempo. Assim, o problema
da aplicação da lei no tempo convoca-nos para o difícil exercício de compatibilizar as regras
de aplicação das leis com os direitos e expectativas das pessoas, de acordo com um princípio
de justiça. A elaboração do presente trabalho foi baseada na consulta de parte da legislação
Moçambicana e de diversas obras de autores de direito. Dentro deste, falaremos dos princípios
da aplicação da lei no tempo e no espaço, bem como, as suas excepções dos graus da
retroactividade, das doutrinas existentes na aplicação da lei no tempo, bem como da doutrina
dos prazos. Assim, o presente trabalho debruça sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço
e tem como objectivo trazer um estudo sintetizado em relação a aplicação da lei no tempo e
no espaço aos estudantes de Direito.

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2.APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO
 Conceito de Lei

Segundo ROHLING, (2009, p: 416), “Lei (do verbo latino ligare, que significa "aquilo que
liga", ou legere, que significa "aquilo que se lê") é uma norma ou conjunto de normas
jurídicas criadas através dos processos próprios do acto normativo e estabelecidas pelas
autoridades competentes para o efeito”.

Para NOÉ, (s/m. ed., p: 102), “lei é uma norma jurídica, normalmente, sob a forma escrita,
proveniente de órgão competente. A lei abrange todos os modos de formação das normas
jurídicas que não sejam reconduzíveis à noção do costume. A forma declarativa distingue a lei
do costume, pois este não é declarado, mas conhecido pelo seu cumprimento”.

A palavra lei pode ser empregada em três sentidos diferentes, conforme a


abrangência que se pretenda dar a ela. Numa acepção amplíssima, lei é toda a
regra jurídica, escrita ou não; aqui ela abrange os costumes e todas as normas
formalmente produzidas pelo Estado, representadas, por exemplo, pela
Constituição federal, medida provisória, decreto, lei ordinária e lei
complementar. Já num sentido amplo, lei é somente a regra jurídica escrita,
excluindo-se dessa aceção, portanto, o costume jurídico. Por fim, numa aceção
técnica e específica, a palavra lei designa uma modalidade de regra escrita,
que apresenta determinadas características; no direito brasileiro, são técnicas
apenas a lei complementar e a lei ordinária, ROHLING, (2009, p: 416).

2.1.Aplicação da Lei no Tempo


Segundo FONTES (2009, p: 25), “A sociedade evolui dia pós dia e deste modo, há uma
necessidade do Direito acompanhar essa evolução, através de normas que se enquadram a
cada realidade, facto este que faz com que as leis não sejam estáticas”.

2.1.1.Problema da Aplicação da Lei no Tempo


As leis iniciam a sua existência pública no dia da sua publicação, e iniciam a sua vigência no
prazo por elas determinado. Estas cessam a sua vigência, nos termos legais por caducidade ou
por revogação. Por vezes existe a dúvida qual a lei a utilizar se a antiga ou a nova. A questão
é: as leis são feitas para vigorar somente no futuro ou podem agir em relação a situações
passadas, ou seja situações que se consumaram quando a nova lei ainda não existia, no
entanto, a aplicação das leis no tempo consiste em determinar qual a lei aplicável a uma
determinada situação: se é a lei antiga ou é a lei nova.

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2.1.2.O princípio geral da Aplicação da Lei no Tempo

1. A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva, presume-se
que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.
2. Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de quaisquer
factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida, que só visa os factos
novos, mas, quando dispuser directamente sobre o conteúdo de certas relações jurídicas,
abstraindo dos factos que lhes deram origem, entender-se-á que a lei abrange as próprias
relações já constituídas, que subsistam à data da sua entrada em vigor.

3.A Sucessão no tempo de leis sobre prazos

O decurso de um prazo pode ter o valor de facto constitutivo ou extintivo de um direito e pode
suceder que uma lei nova altere, aumentando ou diminuindo, um prazo que, estando em curso,
ainda não permitiu que o direito se constituísse ou extinguisse. Por isso é necessário saber
qual das leis a aplicar, se é a lei antiga ou a nova.

 A solução para este problema encontra-se plasmada no artigo 297 do Código


Civil, assim:
1. Se a lei nova estabelecer um prazo mais curto em relação a lei antiga, aplicar-se-á
também aos prazos ainda em curso, mas o tempo só se conta a partir da data da sua
entrada em vigor. Todavia se faltar menos tempo para o prazo se completar segundo a
lei antiga, aplicar-se-á esta.
2. Se a lei nova fixar um prazo mais longo, aplicar-se-á igualmente aos prazos em curso,
mas computar-se-á o tempo decorrido antes.

4.APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

Segundo NOÉ, (s/m. ed., p: 104), “A lei é, por razões relativas ao espaço físico onde vigora,
aplicável ou não a certa situação. Pode desde já adiantar-se que a solução para este problema é
dada pelas regras de um ramo específico do Direito o Direito Internacional Privado.

A aplicação da lei no espaço procura responder às várias questões que se podem suscitar a
propósito das formas de compatibilidade entre vários ordenamentos jurídicos.

4.1.Princípios da Aplicação da Lei no Espaço

i. Princípio da Territorialidade – Princípio Geral


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O princípio da territorialidade, também referido o Principio Geral, defende que em razão do
conceito jurídico de soberania Estatal, a norma deve ser aplicada dentro dos limites territoriais
do Estado que a criou. Portanto, na República de Moçambique, “o território é uno, indivisível
e inalienável, abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo
delimitados pelas fronteiras nacionais. A extensão, o limite e o regime das águas territoriais
são fixados por lei.

O princípio da territorialidade encontramos o Princípio da territorialidade e consanguinidade


ou princípio da nacionalidade, no qual a lei é aplicada no território nacional e aos cidadãos
nacionais. No caso de Moçambique, a questão de territorialidade e consanguinidade,
encontra-se regulada na constituição.

Segundo NOÉ, (s/m. ed., p: 105), “Uma vez que num Estado existem diversos ordenamentos
jurídicos, a relação da aplicação das leis no espaço são reguladas nos termos das normas do
Direito Internacional Privado dos artigos 14º a 65º do Código Civil”.

4.1.1.Exemplo da Aplicação da Lei no Espaço vigente no Estado Moçambicano


ARTIGO 4

(Princípio da Territorialidade)

1. Salvo disposição em contrário constante de convenção internacional ou de acordo no


domínio da cooperação judiciária, a lei penal moçambicana é aplicável a factos praticados:
a) em Moçambique, seja qual for a nacionalidade do agente; ou
b) a bordo de navio ou aeronave matriculado em Moçambique.

ARTIGO 5

(Factos praticados fora do território nacional)

1. Salvo tratado, convenção internacional ou acordo de cooperação judiciária internacional


em contrário, a lei penal moçambicana é aplicável por factos cometidos fora do território
nacional por moçambicano quando constituírem crimes contra a vida, segurança interior
ou exterior do Estado, violação do segredo de Estado, falsificação de moeda, notas de
banco e títulos do Estado, passagem de moeda falsa, escravidão, tráfico de pessoas, rapto,
prostituição, abuso sexual e pornografia de menores, tráfico de produtos de espécies de
fauna e flora proíbidos, danos contra o meio ambiente e poluição, branqueamento de
capitais, corrupção e crimes conexos, caso o infractor não tenha sido julgado no país onde

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delinquiu ou se houver subtraído ao cumprimento total ou parcial da condenação proferida
nesse país.
2. É também aplicável a lei penal moçambicana ao estrangeiro que cometer qualquer dos
crimes referidos no número anterior, desde que esteja ou compareça em território
moçambicano, ou se possa obter a sua entrega.
3. A lei penal moçambicana é aplicável a qualquer outro crime cometido por moçambicano
num país estrangeiro, verificando-se os seguintes requisitos:
a) sendo o infractor encontrado em Moçambique;
b) sendo o facto qualificado de crime também pela legislação do país onde foi
praticado;
c) não tendo o agente sido julgado no país em que cometeu o crime.
4. Aplica-se ainda a lei penal moçambicana aos crimes cometidos por ou contra pessoa
colectiva ou equiparada que tenha sede em território nacional.
5. Quando ao crime cometido fora do território nacional for aplicável pena de prisão não
superior a 2 anos, o Ministério Público não exerce a acção penal sem que haja queixa da
parte ofendida ou participação oficial da autoridade do país onde se cometeu o aludido
crime.
6. Se o agente, havendo sido condenado no lugar do crime, se tiver subtraído ao
cumprimento de toda a pena ou de parte dela, forma-se novo processo perante os tribunais
moçambicanos que, se julgarem provado o crime, aplicam a pena correspondente prevista
na legislação moçambicana, descontando-se o tempo de pena efectivamente cumprido.
7. Embora seja aplicável a lei moçambicana, nos termos dos números anteriores, o facto é
julgado segundo a lei do país em que tiver sido praticado sempre que esta seja
concretamente mais favorável ao agente. A pena aplicável é convertida naquela que lhe
corresponder no sistema moçambicano, ou, não havendo correspondência directa, naquela
que a lei moçambicana previr para o facto.
ARTIGO 6
(Lugar da prática do facto)
O facto considera-se praticado no lugar em que, total ou parcialmente, e sob qualquer forma
de comparticipação, o agente actuou, ou, no caso de omissão, devia ter actuado, como naquele
em que o resultado típico se tiver produzido.

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5.Conclusão
Ao longo da pesquisa e estudo sintetizado em relação a aplicação da lei no tempo e no espaço,
compreendeu-se que as leis são feitas para regular a convivência humana na sociedade e uma
vez que a sociedade está em constante evolução, as leis acompanham essa evolução
sucedendo-se assim no tempo e no espaço para melhor eficácia do próprio direito. Portanto,
para que o Direito seja um Direito realmente eficaz, tem de se manter num espaço constante
de modernização, para conseguir acompanhar as mudanças dos tempos, assim, há medida que
a sociedade vai evoluindo, o direito tende a evoluir com ela, as leis transformam-se, renovam-
se, adaptam-se e evoluem ao longo do tempo, daí poder afirmar-se que as leis se sucedem no
tempo e no espaço. O princípio geral da aplicação da lei no tempo é o da não retroactividade,
segundo o qual, as leis apenas regulam factos novos, ou seja, factos que emergirem a partir da
data de entrada em vigor dessa lei, salvaguardando assim, os efeitos já produzidos pelas leis
anteriores. O princípio da não retroactividade, apresenta excepções, podendo assim a lei
retroagir em certas circunstâncias, sendo, quando definidas por própria lei e ou quando
beneficie os visados. A aplicação da lei no espaço tem como princípio geral, o da
territorialidade, no qual a lei se aplica em todo território de um Estado. Este princípio
exceptua-se dando origem ao princípio da extraterritorialidade, pois os Estados encontram-se
vinculados por vários sistemas normativos que concretizam a boa relação entre Estados e
cidadãos.

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6.Referências Bibliográficas
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

FONTES, José. Teoria geral do Estado e do Direito. Coimbra Editora. 2006

JUSTOS, A. Santos. Introdução ao Estudo do Direito. 4ª Edição. Coimbra Editora. 2009

PEREIRA, Manuel das Neves. Introdução ao Direito e às Obrigações. 3ª Edição. Almedina

ROCHA, Isabel, BATALHÃO, Carlos José, ARAGÃO, Luís. Introdução ao direito. 12º Ano.
Porto Editora.

NOÉ, Fernando Gil, Manual de Gestão e Administração de Autárquica, UCM, Beira, 2010.

ROHLING, Marcos, O conceito de Lei, lei legítima e desobediência civil na teoria da justiça
como equidade de John Rawls, Brasil, 2009.

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