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XI-A - Efeitos da suspensão do vínculo nas férias do/a trabalhador/a do RPSC

» 1. O impedimento temporário por facto não imputável ao/à trabalhador/a abrangido/a pelo regime
de proteção social convergente (RPSC), designadamente doença, pode determinar a suspensão do
vínculo de emprego público?
Não. A disposição do artigo 15.º do diploma preambular da LTFP é uma norma especial, constituindo-se
como um regime jurídico específico que regula os efeitos das faltas por doença aos trabalhadores
abrangidos pelo RPSC, a qual prevalece sobre as normas da lei geral que disponham sobre a mesma
matéria, não sendo assim aplicável a estes trabalhadores o disposto nos artigos 278.º (suspensão do
vínculo de emprego público), artigo 129.º (efeitos da suspensão) e do artigo 127.º (direito ao gozo de férias
após a cessação da suspensão) da LTFP;
Deste modo, as faltas por doença, superiores a 30 dias, dadas pelos trabalhadores que se encontrem
integrados no RPSC, não implicam a suspensão do vínculo de emprego público, nem determinam
quaisquer efeitos sobre as férias.
Ver:
Artigo 14.º e artigo 15.º da Lei n.º 35/2014, de 20 de junho

» 2. Quais os efeitos das faltas por doença dadas por trabalhadores abrangidos pelo RPSC?
As faltas por motivo de doença dadas pelos trabalhadores integrados no RPSC não afeta qualquer direito
do trabalhador, salvo o disposto no n.º 2 do artigo 15.º da Lei n.º 35/2014, de 20 de junho.

XI-B - Efeitos da suspensão do vínculo nas férias do/a trabalhador/a do RGSS


» 1. O impedimento temporário por facto não imputável ao/à trabalhador/a abrangido/ pelo regime
geral de segurança social (RGSS), designadamente doença, pode determinar a suspensão do
vínculo de emprego público?
Sim. O impedimento temporário por facto não imputável ao/à trabalhador/a integrado/a no RGSS,
designadamente doença, determina a suspensão do vínculo de emprego público quando o impedimento
tenha uma duração superior a um mês. O vínculo considera-se suspenso mesmo antes de decorrido este
prazo a partir do momento em que se preveja uma duração do impedimento superior a 30 dias.
Ver:
LTFP, artigo 278.º (n.ºs 1 e 2)

» 2. Se o/a trabalhador/a integrado/a no regime geral de segurança social (RGSS), não estiver ao
serviço no dia 1 de janeiro por motivo que não lhe é imputável, não tem direito a férias?
Se o/a trabalhador/a se encontrar com o vínculo de emprego suspenso em 1 de janeiro, não adquire direito
ao período normal de férias.
Se o vínculo não se encontrar suspenso em 1 de janeiro, o/a trabalhador/a adquire direito a férias, nos
termos normais.
Exemplo 1:
O/A trabalhador/a começa a faltar, por motivos não imputáveis, no dia 20 de dezembro de 2019, não sendo
possível determinar, naquela data, se o impedimento se prolonga por mais de 30 dias. Retomando o
exercício de funções no dia 6 de janeiro de 2020, adquire (em 1 de janeiro) direito ao período normal de
férias, uma vez que o seu vínculo ainda não se encontrava suspenso.
Exemplo 2:
O/A trabalhador/a começa a faltar, por motivos não imputáveis, no dia 21 de novembro de 2019,
suspendendo-se o vínculo em 21 de dezembro. Retomando o exercício de funções no dia 6 de janeiro de

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2020 não adquire, em 1 de janeiro, direito ao período normal de férias uma vez que o seu vínculo de
emprego se encontrava suspenso a esta data.
Ver:
LTFP, artigos 126.º e 278.º

» 3. Quais os efeitos da suspensão do vínculo de emprego público no direito a férias dos/as


trabalhadores/as integrado no RGSS?
Os efeitos são distintos consoante ocorra uma das seguintes situações:

3.1 A suspensão do vínculo tem início após 1 de janeiro e termina no mesmo ano civil
No ano de início da suspensão, o/a trabalhador/a tem direito às férias vencidas em 1 de janeiro.
Se à data da cessação da suspensão do vínculo o/a trabalhador/a ainda tem a possibilidade de gozar as
férias vencidas, deve sempre fazê-lo, sem prejuízo da possibilidade de acumulação de férias.
Caso ocorra a impossibilidade total ou parcial do gozo de férias vencidas, o/a trabalhador/a tem direito à
remuneração correspondente ao período de férias não gozado e ao respetivo subsídio, sem prejuízo da
possibilidade de acumulação de férias.
No dia 1 de janeiro seguinte, encontrando-se o/a trabalhador/a em exercício efetivo de funções, terá direito
a um novo período de 22 dias úteis de férias, pois o direito a férias não é afetado nem no próprio ano nem
no ano seguinte.

Exemplo 1:
O/A trabalhador/a começa a faltar por motivo não imputável em 22 de maio de 2019 e regressa ao serviço
em 24 de julho de 2019.
A suspensão do vínculo ocorre 30 dias após 22 de maio (21 de junho), não afetando o direito a férias já
vencido em 1 de janeiro desse ano. Regressando o/a trabalhador/a em julho poderá ainda gozar as férias
até final do ano.
Caso a suspensão decorra de situação de doença, o/a trabalhador/a recebe o subsídio de férias por inteiro
no mês de junho.
No dia 1 de janeiro de 2020, o trabalhador adquire direito ao período normal de férias (22 dias).

Exemplo 2:
O/A trabalhador/a começa a faltar por motivo não imputável em 22 de maio de 2019 e regressa ao serviço
em 22 de dezembro de 2019.
A suspensão do vínculo ocorre 30 dias após 22 de maio (21 de junho), não afetando o direito a férias já
vencido em 1 de janeiro desse ano.
Pressupondo que o/a trabalhador/a não gozou qualquer dia de férias antes do início da suspensão, e
regressa em 22 de dezembro pode ainda parte dos dias de férias até final do ano. Relativamente aos
restantes, por impossibilidade de gozo, o/a trabalhador/a tem direito à remuneração correspondente e
respetivo subsídio (caso a suspensão decorra de situação de doença, o/a trabalhador/a já recebeu o
subsídio de férias por inteiro no mês de junho).
Não obstante o referido, por acordo entre o/a trabalhador/a e a entidade empregadora, podem os dias de
férias não gozados ser acumulados com o período normal de férias que se vence a 1 de janeiro de 2020.
No dia 1 de janeiro de 2020, o/a trabalhador/a adquire direito ao período normal de férias (22 dias), caso
se encontre em efetividade de funções.
Ver:
LTFP, artigo 129.º (n.º 1), artigo 152.º (n.º 2) e artigo 278.º (n.ºs 1 e 2)

2
Código do Trabalho, artigo 240.º (n.ºs 2 e 3)

3.2. A suspensão do vínculo inicia-se num determinado ano e termina em ano civil diferente
Encontrando-se o vínculo suspenso no dia 1 de janeiro, o/a trabalhador/a inscrito/a no RGSS não adquire
direito ao período normal de férias.
Com o regresso à atividade, o/a trabalhador/a tem direito a gozar dois dias úteis de férias por cada mês
completo de serviço, contando-se, para o efeito, todos os dias, seguidos ou interpolados, em que foi
prestado trabalho.
O gozo deste direito não está condicionado à prestação de trabalho por um período mínimo de 6 meses.
Ocorrendo a impossibilidade total ou parcial do gozo de férias vencidas, o/a trabalhador/a tem direito à
remuneração correspondente ao período de férias não gozado, respeitante ao ano da suspensão e ao
respetivo subsídio, caso ainda não o tenha recebido.
No dia 1 de janeiro seguinte, encontrando-se em exercício efetivo de funções, adquire direito ao período
normal de férias.

Exemplo:
O/A trabalhador/a começa a faltar por motivo não imputável em 21 de novembro de 2019 e regressa ao
serviço em 2 de maio de 2020. A suspensão do vínculo ocorre em princípio 30 dias após 21 de novembro
(21 de dezembro).
Em 1 de janeiro de 2017, encontrando-se o vínculo suspenso, o/a trabalhador/a não adquire direito ao
período normal de férias.
Caso o/a trabalhador/a tenha, ainda, férias por gozar relativas ao ano da suspensão (2019), as mesmas
deverão ser pagas pelo órgão ou serviço, considerando a impossibilidade do respetivo gozo, no todo ou
em parte, nesse ano.
Regressando em 2 de maio de 2020, o/a trabalhador/a tem direito a gozar 2 dias de férias por cada mês
de serviço prestado, à medida que os mesmos se forem vencendo (num total de 14 dias até ao final do
ano).
No dia 1 de janeiro de 2021, o/a trabalhador/a volta a adquirir direito ao período normal de férias, caso se
encontre em exercício efetivo de funções.
Ver:
LTFP, artigo 127.º (n.ºs 1 e 2) artigo 129.º (n.ºs 1 e 2) e artigo 278.º (n.ºs 1 e 2)

3.3. Na sequência da suspensão verifica-se a cessação do vínculo sem que o/a trabalhador/a
regresse ao serviço.
Se o/a trabalhador/a se encontra com o vínculo de emprego público suspenso e este vier a cessar na
sequência da suspensão (por exemplo, por aposentação ou reforma), este tem, ainda, direito à
remuneração e ao subsídio de férias correspondentes ao tempo de serviço prestado no ano de início da
suspensão do vínculo.

Exemplo:
O/A trabalhador/a começa a faltar por motivo não imputável em 11 de setembro 2019. Suspende o vínculo
após os trinta dias de ausência (11 de outubro) e no dia 1 de dezembro passa à situação de aposentação,
cessando a suspensão.
Caso ainda tenha férias por gozar vencidas em 1 de janeiro desse mesmo ano, tem direito a que as mesmas
lhe sejam pagas, uma vez que já não tem possibilidade de as gozar. No exemplo apresentado, o/a

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trabalhador/a, à data da cessação do vínculo já teria recebido o respetivo subsídio de férias (mês de junho),
pelo que o cálculo proporcional iria incidir apenas sobre a remuneração das férias.
Uma vez que o/a trabalhador/a esteve ao serviço de 1 de janeiro a 11 de setembro, a lei determina que lhe
seja ainda paga a remuneração e o subsídio de férias correspondentes ao tempo de serviço prestado no
ano em que ocorreu a suspensão (2019), ou seja, as férias vincendas a que iria adquirir direito no dia 1 de
janeiro de 2020.
Ver:
LTFP, artigo 129.º (n.º 4) e artigo 152.º

» 4. Em que momento poderá um trabalhador/a integrado/a no regime geral de segurança social


(RGSS), que se tenha encontrado com o vínculo de emprego público suspenso e regressado ao
serviço no ano seguinte ao da suspensão, gozar os dias de férias que tenha adquirido em função
do tempo de serviço efetivamente prestado (módulos de 10 anos)?
O trabalhador/a que já tenha completado um ou mais módulos de 10 anos de serviço, poderá gozar estes
dias de férias a partir do momento em que tenha cessado a suspensão do vínculo de emprego público.

Exemplo:
Um trabalhador completou 10 anos de serviço em 1 de fevereiro de um determinado ano.
Em 9 de novembro do ano seguinte entra em situação de doença, que se prolonga até 15 de janeiro. A
partir de 9 de dezembro, o vínculo encontra-se suspenso.
A partir de 15 de janeiro, verificando-se o regresso ao serviço, o trabalhador poderá gozar o dia de férias
que tinha adquirido, adquirindo ainda dois dias de férias por cada mês trabalhado.
Ver:
LTFP, 126.º (n.º 4), artigo 127.º (n.ºs 1 e 2), artigo 129.º (n.ºs 1 e 2) e artigo 278.º

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