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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ª VARA DO

TRABALHO DE SÃO PAULO/SP


LEONARDO HENRIQUE DA SILVA, brasileiro, solteiro,
Operador de Cobrança I, nascido aos 11 de Janeiro de 1993, filho de JOSIMEIRE
SANTOS DA SILVA, portador da Cédula de Identidade RG nº 39.815.421.-1 SSP/SP,
inscrito no CPF sob nº 415.904.728-96, do PIS Nº 200.53277.78-8 e da CTPS nº
073053 série 00344 SP, residente e domiciliado na Rua Ipê Amarelo nº 79 - Jardim
Santa Maria - Guarulhos - SP, CEP 07273-000, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados infra assinados (instrumento de
procuração anexo), propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, pelo rito Ordinário,

em face de do BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 90.400.888/0001-42, com endereço na
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2.235, Vila Olímpia, CEP 04543-
011, São Paulo - SP, e de ATENTO BRASIL S/A, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº 02.879.250/0028-99, com endereço na Rua
Padre Adelino, 550, Belenzinho, CEP 03303-902, São Paulo - SP, pelos
argumentos de fato e de direito adiante aduzidos:

1. DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi admitido aos préstimos da segunda reclamada em 19/07/2012, para


exercer a função de "operador de cobrança I" (DOC), com salário de R$ 922,91
(novecentos e vinte e dois reais e noventa e um centavos).

Trabalhava de segunda a sábado, das 14h40m às


21h00m, prorrogando por três vezes na semana até as
00h40m, respeitado o intervalo intrajornada.

Aos Domingos e feriados das 08h00m ás 14h20m


2. DO VÍNCULO COM A PRIMEIRA RECLAMADA. ELEMENTOS
CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CONDIÇÃO DE
BANCÁRIO DO RECLAMANTE.

O reclamante sempre trabalhou em caráter de exclusividade à primeira reclamada,


muito embora formalmente figurasse como empregado da segunda reclamada. Para
comprovar, junta instruções, por escrito, realizadas pelo banco Santander,
direcionando as atividades do autor (DOC).

As atividades do reclamante consistiam no atendimento telefônico aos clientes da


primeira reclamada, trabalhando com parcelamento de faturas, transferência de valores
para conta corrente dos clientes do banco, realizando cobranças em cartão de crédito e
em conta corrente, bem como realizando acordos para pagamento de dívida dos
clientes Santander, acessando diretamente o sistema do banco para o seu trabalho
diário.

Verifica-se que o reclamante exerceu suas funções preenchendo todos os requisitos dos
artigos 2º e 3º da CLT, com relação à primeira reclamada.

Quanto à subordinação, muito embora os superiores hierárquicos imediatos da


reclamante fossem da segunda reclamada, estes, por sua vez, estavam subordinados aos
gerentes da primeira reclamada, que, inclusive, ficavam lotados no local de trabalho do
reclamante para dar orientações e fiscalizar o trabalho do reclamante. Ainda, conforme
já se demonstrou (DOC), a primeira reclamada orientava, por escrito, o reclamante, no
tocante às suas atividades.

Ressalte-se, ainda, que as atividades exercidas pelo reclamante coincidiam com as


diretrizes da primeira reclamada, caracterizando, na pior das hipóteses, a subordinação
estrutural.
Por subordinação estrutural entende-se como a inclusão do trabalhador na estrutura
econômica do tomador de serviços, pouco importando se este receba ou não ordens
diretas do tomador. Ou seja, significa que o trabalhador contratado por empresa
interposta, mesmo que esteja subordinado diretamente a seus prepostos, é subordinado
indiretamente do tomador de, pois desenvolvendo sua atividade fim.

No presente caso, é inegável que as atividades do reclamante, acima descritas,


enquadram-se na atividade-fim do banco, ou seja, o reclamante era inegavelmente
subordinado, de forma direta ou de forma estrutural, à primeira reclamada.

Por todo o exposto, considerando os elementos fáticos relatados, e em atendimento ao


art. 9º da CLT e À Súmula 331 do TST, impõe-se, primeiramente o reconhecimento da
relação de trabalho fraudulenta com a segunda reclamada e, por conseguinte, o
reconhecimento do vínculo empregatício com a primeira reclamada, com a condenação
solidária das reclamadas nos pedidos a serem debatidos nos próximos tópicos.

Conforme se demonstra, a segunda reclamada já foi condenada inúmeras vezes por


terceirização fraudulenta, com o consequente reconhecimento de alguns de seus
"operadores" na condição de bancários, por este TRT 2:

Terceirização. Atendente de telemarketing que analisa


propostas de crédito do banco tomador de serviços.
Prestação de serviços ligados à atividade-fim do banco.
O operador de telemarketing que analisa propostas
de crédito do banco tomador de serviços presta
serviços ligados à atividade-fim deste, em contexto de
terceirização ilícita e em atividade típica de bancário.
Vínculo de emprego entre trabalhador e banco
tomador de serviços configurado. (TRT-2 - RO:
00013602320135020037 SP A28, Relator:
RAFAEL
EDSON PUGLIESE RIBEIRO, Data de Julgamento:
26/08/2014, 6ª TURMA, Data de Publicação:
03/09/2014, RECORRENTE(S): Atento Brasil S/A

Monique de Castro Almeida, grifos nossos)

O reclamante traz outros acórdãos do TRT 2 (DOC) sobre a mesma situação,


figurando no polo passivo, sempre, um banco e a ATENTO BRASIL S/A.
Portanto, requer-se o reconhecimento da terceirização fraudulenta entre as reclamadas,
para que o reclamante seja enquadrado como empregado do Banco Santander, sendo
ambas as reclamadas responsáveis solidárias pelo pagamento das verbas trabalhistas do
reclamante.

Sucessivamente, caso não seja reconhecido o vínculo empregatício com a


primeira reclamada, o que não se espera, requer-se a condenação subsidiária do
Banco Santander pelas verbas trabalhistas do reclamante.

3. ENQUADRAMENTO OU EQUIPARAÇÃO DO
RECLAMANTE À CATEGORIA BANCÁRIA

Conforme contrato de trabalho do reclamante, este foi contratado como


"teleoperador" e, por isso, estaria sujeito a uma duração semanal de trabalho de 36h.

De acordo com o código 4222 do CBO, o MTE descreve que os


"teleoperadores" são os que

operam equipamentos, atendem, transferem, cadastram e


completam chamadas telefônicas locais, nacionais e
internacionais, comunicando-se formalmente
em português e/ou línguas estrangeiras.
Auxiliam o cliente, fornecendo informações e prestando
serviços gerais. Podem reinar funcionários e avaliar a
qualidade de atendimento do operador, identificando pontos de
melhoria

Contudo, esta descrição em nada se coaduna com as atividades


do reclamante. Conforme já se disse, as atividades do reclamante consistiam no
atendimento telefônico aos clientes do Banco Santander, trabalhando com
parcelamento de faturas, transferência de valores para conta corrente dos clientes
do banco, realizando cobranças em cartão de crédito e em conta corrente, bem
como realizando acordos para pagamento de dívida dos clientes Santander,
acessando diretamente o sistema do banco para o seu trabalho diário
conforme demonstra os documentos de tela de sistema da primeira
Reclamada (anexos). (ver se tinha algum CBO da época de teleoperador)

Portanto, por mais que a segunda reclamada diga que o reclamante era "teleoperador",
conforme se vê, suas atividades em nada se relacionam com a atividade. Na verdade, e
invocando-se o princípio da primazia da realidade, o reclamante desenvolvia funções
típicas de bancário, devendo ser enquadrado ou equiparado a tal.

Corroborando esta tese, jurisprudência do próprio TRT 2, e de outros Tribunais,


reconhecendo condição de bancário de "teleoperador", novamente constando a
Atento Brasil S/A como recorrente:

Bancário. Enquadramento. Prestação de serviços por


empresa interposta. É bancário o trabalhador que
exerce tarefas ligadas à atividade-fim de um banco,
dentro de suas instalações físicas, tendo como superiores
empregados do banco. O conceito de atividade-meio
deve ser aplicado com um mínimo de critério. Não é
possível conceber que atendimento de reclamações,
realização de cobranças, solução de problemas vários,
tudo ligado a um produto colocado à disposição de
clientes pela instituição bancária, para auferimento
de lucro, estejam dissociados de sua
atividade-fim. A terceirização é atividade
que esgarça o tecido social em uma de suas áreas mais
importantes, que é a organização do trabalho, e portanto
deve ser permitida com as devidas reservas. Recurso
Ordinário patronal não provido.
(ACÓRDÃO Nº: 20100119632. Nº de
Pauta:278. PROCESSO TRT/SP Nº:
02170200701602008, Relator: MARCELO FREIRE
GONÇALVES, 12ª TURMA, RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTE: 1. Unibanco- União de Bancos
Brasileiros SA 2. Susana Trindade Araújo 3. Atento
Brasil S/A, grifos nossos)

TERCEIRIZAÇÃO. OPERADOR DE
TELEMARKETING EM FAVOR DE INSTITUIÇÃO
BANCÁRIA. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS.
ATIVIDADE-FIM.
ILICITUDE. Uma vez constatado que a demandante
atuava em operações de cobranças e financiamento e
refinanciamento para clientes do Banco-demandado,
por meio de telemarketing, há que se reconhecer que a
terceirização envolve atividade-fim da instituição
financeira, porque essencial à "coleta, intermediação ou
aplicação de recursos financeiros próprios ou de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia
de valor de propriedade de terceiros" (art. 17 da Lei
4.595/64). Trata-se, portanto, de terceirização ilícita,
formando-se o vínculo empregatício diretamente com o
Banco-réu.(TRT-3

- RO: 01627201001303008 0001627-45.2010.5.03.0013,

Relator: Marcelo Lamego Pertence, Sétima Turma, Data


de Publicação: 29/09/2011 28/09/2011. DEJT. Página
151)

Evidenciado, pois, que o reclamante desenvolvia atividades típicas de bancário,


em benefício do Banco Santander e sob subordinação (direta ou estrutural) deste.
Então, considerando a terceirização ilícita, não houve o correto enquadramento
sindical do reclamante.

Porém, nunca foram pagos ao reclamante os direitos previstos e garantidos à categoria


dos bancário, nem ao menos os garantidos aos financiários.

A toda evidência, constata-se que os reclamados se utilizaram dos serviços do


reclamante como se fosse este um bancário ou, na pior das hipóteses, financiário,
pagando-lhe, porém, os direitos inferiores aos devidos às ditas categorias.

Em tal situação, por força do princípio da primazia da realidade, isonomia, da


valorização do trabalho humano e do repúdio legal às fraudes em sede trabalhista
(CLT, art. 9º), é impositivo o enquadramento ou equiparação da reclamante a condição
de bancária, assegurando-lhe os direitos da categoria profissional dos bancários, os
quais nunca lhe foram concedidos, tanto os legais (jornada de trabalho idêntica a dos
bancários - art. 224 e Súmula 55 do TST), como os convencionais, adiante
mencionados:
a) salário de ingresso, conforme cláusula 2ª, alínea
"c" (caixas) ou, sucessivamente, alínea "b" (pessoal
de escritório) das CCT´s, 2012/2013 em diante;

b) salário após 90 dias da admissão, conforme


cláusula 3ª, alínea "c", além dos parágrafos 1º e 2º
da mencionada cláusula, todos das CCT´s de
2012/2013 em diante;

c) Reajustes salariais, conforme a cláusula 1ª das


CCT´s 2012/2013 em diante;

d) jornada de trabalho de 6 horas, considerando-se


horas extras as excedentes da 6ª diária e/ou 30ª
semanal, além do adicional de horas extras e
reflexos, conforme Súmula 55 do TST, art. 224 da
CLT e cláusula 8ª das CCT´s 2012/2013 em diante;

e) auxílio refeição por dia trabalhado, inclusive no


período de férias, sem descontos para o empregado,
conforme cláusula 14ª das CCT´s 2012/2013 em
diante;

f) auxílio cesta-alimentação, por mês, conforme


cláusula 15ª das CCT´s de 2012/2013 em diante;

g) décima terceira cesta alimentação, conforme


cláusula 16ª das CCT´s 2012/2013 em diante;

h) indenização adicional equivalente a um valor


do aviso prévio, conforme cláusula 54ª da CCT,
2012/2013 em diante;

i) valor de R$ 893,63 a título de Requalificação


Profissional, conforme cláusula 55ª da CCT,
2012/2013 em diante;

j) "participação nos lucros e resultados - PLR" e


"parcela adicional de participação nos lucros e
resultados", conforme cláusula 1ª das CCT´s sobre
PLR de 2012/2013 em diante;

É o que se requer.

Sucessivamente,

Caso haja o entendimento de que o reclamante não pertence ou possa ser


equiparado à categoria dos bancários (o que não se espera), o mesmo faz jus, em
caráter sucessivo, ao enquadramento ou equiparação à categoria dos
financiários, bem como que lhe sejam assegurados os direitos da respectiva
categoria profissional, tanto os legais (jornada de trabalho idêntica a dos
bancários - art. 224 e Súmula 55 do TST), como os convencionais, adiante
mencionados:

a) Salários mensais não inferiores aos estipulados


nas convenções coletivas aos "empregados de
caixa", conforme cláusula II, alínea "c", das CCT´s
2012/2013 em diante, ou, sucessivamente, aos
estipulados para os "empregados de escritório",
conforme cláusula II, alínea "b" das citadas CCTs;

b) Reajustes salariais, conforme a cláusula I das


CCT´s de 2012/2013 em diante;

c) Anuênios, com incorporação aos salários,


conforme cláusula III das CCTs de 2012/2013 em
diante;

d) auxílio refeição, por dia trabalhado, conforme


cláusula IV, sub- item 4.4.1 das CCT´s 2012/2013
em diante;

e) ajuda alimentação, de forma mensal, conforme


cláusula IV, sub-item 4.4.2 das CCT´s 2012/2013
em diante;

f) décima terceira cesta alimentação, conforme


cláusula IV, sub- item 4.4.2.1 das CCT´s
2012/2013 em diante;
g) jornada de trabalho de 6 horas, considerando-
se horas extras as excedentes da 6ª diária e/ou 30ª
semanal, conforme Súmula 55 do TST, art. 224 da
CLT e cláusula IV, sub-item 4.7.1 das CCT´s
2012/2013 em diante;

h) adicional de horas extras e reflexos, em


conformidade com a cláusula IV, sub-item 4.7.3
das CCTs 2012/2013 em diante;

i) valor de R$ 838,47 a título de Requalificação


Profissional, conforme cláusula IV, sub-item
4.7.13 da CCT 2012/2013 em diante;

j) "participação nos lucros e resultados - PLR",


conforme cláusula I das CCTs sobre PLR de
2012/2013 em diante.

É o que se requer.

4. DAS HORAS EXTRAS

O reclamante laborou além da 6ª hora diária e 30ª semanal em função do labor


aos sábados e domingos, em flagrante desrespeito ao artigo 224 da CLT.

O reclamante batia ponto no PA (Posto de Atendimento). Contudo, apesar da


reclamada cobrar estrita correição na jornada, não havia PA's suficientes para
todos empregados. Com isso, o reclamante, mesmo chegando no horário,
demorava muito para conseguir registrar sua jornada.

Além disso, mencione-se o fato de que a reclamante durante todo o pacto de


trabalho desempenhou atividades meramente burocráticas e técnicas,
desprovidas de qualquer autonomia gerencial ou funcional, não se enquadrando
na exceção prevista no § 2º, do artigo 224, da CLT para o labor de mais de 6
horas diárias.

Conforme o exposto, existem horas extras, excedentes à 6ª diária e 30ª semanal


trabalhadas e não remuneradas pela reclamada, que deverá fazê-lo observando-se o
adicional de 100%, quando o labor se deu em sábados e domingos e, nos demais casos,
os previstos no inciso XVI, artigo 7º, da Constituição Federal e §1º do artigo 59 da
CLT, bem como, nas Convenções, acordos coletivos, na cláusula 8a, das CCT
colacionadas.

As horas extraordinárias também deverão integrar as demais verbas contratuais, tais


como: repercussão nos D.S.R.´s, incluindo sábados e feriados, férias vencidas
acrescidas do terço constitucional, 13º salários vencidos, FGTS e verbas rescisórias, a
saber: férias vencidas e proporcionais, 13º salário proporcional e FGTS acrescido da
multa de 40% de todo o período laboral, sendo calculadas com divisor 150, conforme
parágrafo primeiro da cláusula 8ª das CCT´s anexas, que estabelece o sábado como
repouso semanal remunerado para os bancários.

É o que se requer.

5. DAS DIFERENÇAS E REAJUSTES SALARIAIS

No transcurso do contrato com a segunda reclamada, houve contraprestação salarial


inferior ao piso da categoria dos bancários, estabelecido em norma coletiva dos
empregados em estabelecimentos bancários, não sendo respeitadas as suas
porcentagens de reajustes salariais anuais.

Apenas a título elucidativo, a Convenção Coletiva de 2011/2012 foi de 9%,


sendo que tal norma nunca foi observada pela segunda reclamada.

Assim, as reclamadas deverão ser condenadas ao pagamento das diferenças salariais


apontadas em razão da inobservância do piso salarial e dos reajustes salariais
convencionais, a teor da cláusula 1ª, 2ª e 3ª, (CCT de 2012 a 2015 anexas), bem como
seus reflexos nos DSR's, 13º salários vencidos e proporcionais, férias vencidas e
proporcionais acrescidas do terço constitucional, horas extras já pagas no curso do
contrato de trabalho, nos depósitos do FGTS e respectiva multa de 40%.
É o que se requer.

6. DO AUXÍLIO REFEIÇÃO

A cláusula 14ª da norma coletiva anexa estabelece que os bancos concederão aos seus
empregados auxílio refeição, sem descontos, por dia de trabalho, sob a forma de
tíquetes refeição ou tíquetes alimentação. O parágrafo 2º do mesmo dispositivo fixa o
fornecimento de 22 tíquetes por mês, inclusive nos períodos de férias.

Portanto, requer a concessão de auxílio-refeição por todo o período de trabalho.

7. DA CESTA ALIMENTAÇÃO - DA 13ª CESTA ALIMENTAÇÃO

A cláusula 15ª da convenção coletiva vigente durante o contrato de trabalho da


reclamante estabelece que os bancos devem conceder aos seus empregados,
cumulativamente com o benefício da cláusula anterior, o auxílio cesta alimentação
bem como a cláusula 16ª (CCT's anexas) determina que seja concedida a 13ª cesta
alimentação.

Contudo, as Reclamadas jamais forneceram tal auxílio ao reclamante, razão pela qual
deverão ser condenadas ao pagamento de importância equivalente às parcelas sonegadas a
este título na vigência do contrato de trabalho, corrigidas monetariamente.

É o que se requer.

8. DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS


Reconhecida a condição de bancário da reclamante, como se espera, faz jus à
Participação nos Lucros e Resultados das reclamadas, conforme previsão convencional
(CCT´s sobre PLR aplicáveis a todo o período contratual do reclamante), devendo ser
aplicada a OJ 390 do TST, se houver parcelas proporcionais.

Requer-se a concessão de PLR de todo o período.

9. ASSÉDIO MORAL. RESTRIÇÃO E CONTROLE NO USO DO BANHEIRO.

Dessa forma está decidindo o TST:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. RESTRIÇÃO E CONTROLE NO
USO
DO BANHEIRO. Caracterizada possível violação do art.
1º, III, da Constituição Federal, cabível o processamento
do recurso de revista. Agravo de instrumento provido.
RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. RESTRIÇÃO E CONTROLE
NO USO DO
BANHEIRO. A restrição ao uso de banheiros pela
empresa não pode ser considerada conduta razoável, pois
configura afronta à dignidade da pessoa humana e à
privacidade, aliada ao abuso do poder diretivo do
empregador. A conduta patronal, caracterizada pela
restrição e fiscalização do uso dos toaletes, expõe o
trabalhador a constrangimento desnecessário, ensejando
a condenação ao pagamento da indenização por dano
moral. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e
provido. (TST
- RR: 1295005620135130009 , Data de Julgamento:
24/09/2014, Data de Publicação: DEJT 10/10/2014)
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. DANO
MORAL. CONTROLE DO TEMPO DE USO
DOS
BANHEIROS. A utilização de banheiros é assunto afeto
à intimidade e à fisiologia de cada indivíduo, sendo que o
tempo e a frequência de uso variam de pessoa para
pessoa, não sendo razoável impor-se um padrão de tempo
(in casu, cinco minutos) indistintamente a todos os
empregados, como faziam as reclamadas, sem respeitar
as respectivas particularidades. Não bastasse, consta do
acórdão regional que, caso houvesse a extrapolação do
tempo imposto, o supervisor batia à porta do banheiro,
causando incômodo e constrangimento à empregada . O
controle e restrição de uso dos banheiros refoge do poder
diretivo do empregador, exceto quando houver abuso de
direito por parte do empregado, o que não ocorreu no
presente caso, no qual o tempo exigido para utilização
dos banheiros era padronizado e extremamente reduzido.
Violação dos arts. 186 e 927 do Código Civil
configurada. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST - RR: 1614620125070009 , Relator: Augusto César
Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 12/02/2014, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 07/03/2014)

E, contribuindo para o sistema parecido ao escravocrata da segunda reclamada, a


gestora de cobrança Santander, Thaís Patrício da Silva constantemente supervisionava
os "operadores" (bancários disfarçados) em suas baias. Os trabalhadores não podiam
olhar para o lado, espirrar ou mesmo se coçar, que eram imediatamente repreendidos
em voz alta.

Todos os fatos alegados foram presenciados por testemunhas.

10. DA JUSTIÇA GRATUITA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Encontrando-se a reclamante impossibilitada de arcar com as custas e despesas


processuais, sem prejuízo de seu sustento e de seus dependentes, requer a concessão
dos benefícios da justiça gratuita, em razão do preenchimento dos requisitos previstos
na Lei nº 1.060/50, sob as penas da lei.

Outros sim, diante da assistência sindical prestada à reclamante, com o consequente


preenchimento das condições previstas no artigo 14 da Lei nº 5.584/70, deverá o
reclamado ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios em favor da
entidade sindical, a serem arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre a totalidade da
condenação.

11. JUROS DE MORA E COMPENSATORIOS

Os juros de mora devem ser calculados desde a propositura da ação, nos termos da lei.

De igual sorte, são devidos também juros compensatórios, de forma capitalizada, a


serem calculados com a média de mercado praticada aos empréstimos de crédito
pessoal, a qual é mensalmente divulgada pelo Banco Central, tudo liquidado na fase de
execução.

Vale lembrar que, sendo o reclamado instituição bancária, nada mais razoável, para
manter igualdade entre as partes, que este compense o litigante visto que utilizará do
período da condenação para concessão empréstimos.

12. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS:

Diante do exposto, pleiteia o Reclamante:

A) Nulidade do contrato com a segunda reclamada,


reconhecendo-se o vínculo empregatício com a primeira reclamada
(empregadora de fato), na condição de bancário, condenando as reclamadas
solidariamente ao pagamento dos benefícios das normas presentes nas
convenções coletivas da categoria (convenções anexas), nos termos do art. 9º da
CLT c/c art. 942 do Código Civil, com a respectiva anotação na CTPS;
B) Sucessivamente, caso não reconhecido o vínculo
empregatício, requer-se o reconhecimento da condição de bancário, bem como a
condenação subsidiária da primeira reclamada ao pagamento dos benefícios
das normas presentes nas convenções coletivas da categoria (convenções
anexas), nos termos do artigo 9º da CLT c/c artigo 942 C.C e Súmula 331, IV do
C. TST;

C) Pagamento das horas extras de todo o pacto laboral


decorrentes da jornada realizada além da 6ª diária e 30ª semanal na forma da
fundamentação, com reflexos nos DSR´s, incluindo sábados e feriados,
calculadas com base na globalidade da remuneração, com adicional de 50%, nos
termos supra, com o divisor de 150;

D) Pagamento dos reflexos do pleiteado no ítem "C" em


relação ao 13º salário, férias, abono de férias, ..................................................a
apurar;

E) Pagamento das diferenças salariais apontadas em razão do


desrespeito ao piso da categoria, bem como dos reajustes salariais convencionais
na forma da fundamentação.....................................a apurar;

F) Pagamento dos valores referentes ao FGTS em relação aos


itens "D" a "F........................a apurar;

G) Pagamento da indenização correspondente ao auxílio


refeição.................................a apurar;

H) Pagamento da indenização correspondente ao auxílio cesta


alimentação e 13ª cesta alimentação.......................................a apurar;

I) Pagamento dos valores correspondentes a Participação nos


Lucros e Resultados de forma proporcional, nos termos da fundamentação
supra................a apurar;
J) Pagamento das multas convencionais por descumprimento
das cláusulas referentes ao piso salarial, auxílio refeição, auxílio cesta
alimentação e reajuste salarial..........................................a apurar;

K) Indenização por dano moral decorrente de assédio moral, na


forma da fundamentação.

L) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita;

M) A condenação das reclamadas ao pagamento dos honorários


assistenciais em favor da entidade sindical;

N) Que seja oficiado o Ministério Público do Trabalho, a


Delegacia Regional do Trabalho para apreciação das irregularidades praticadas
pelas reclamadas;

Ante o exposto, requer-se, ainda, digne-se Vossa Excelência, determinar a


notificação da reclamada para comparecer à audiência a ser designada e,
querendo, conteste a presente reclamatória, sob pena de confesso, caso revel (art.
844, CLT).

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial pelo depoimento pessoal do representante legal da reclamada, oitiva de
testemunhas e o que mais se fizer necessário na busca da verdade e efetivação da
justiça, requerendo-se, desde já, seja determinado ao reclamado a juntada de
todos os documentos relacionados aos pedidos supra, sob as penas do art. 359 do
CPC.

Espera, por fim, seja julgada PROCEDENTE a presente Reclamação


Trabalhista, para condenar o Reclamado no pedido e demais cominações, sem
exceção.

Dá a presente ação o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais),


para fins de custas e alçada, devendo ser considerado que o pedido não é feito de
forma líquida, pois não é possível precisar o valor exato a ser reclamado, mas
certamente o mesmo é superior ao limite de 40 salários mínimos.

Termos em que,

Pede Deferimento.

São Paulo, 22 de Novembro de 2015.

Kassem Ahmad Mourad Neto.

OAB /SP Nº 192.762

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence


a: 151216135504783000000
22620228
[KASSEM AHMAD MOURAD NETO]

https://pje.trtsp.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocu
mento/listView.seam

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