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Amigossãoantídottí

contraresfriados,
depressão,perdade
mem6riae cardiopatias
ESPECüAL
36 44
O PODERTËRAPÊUTICO DOSCRUPOS REDES SOClAlS: O UNIVERSO
Jolandafetten, CatherineHaslam,S. DO ENCONTRO VIRTUAL
AlexanderHaslame Nyla R. Branscombe David Disalvo
A convivênciacom pessoas nostorna mais Cai por terraa visãode que sitescomo
felizese saudáveis
e ajudaa vivermais,alémde o Facebook,o Orkut e o Twittercriam
proporcionartrocasafetivase intelectuais ilusões
de relacionamento e eütam
contatosefetivos

50
AMTZADEE RETNVENçAO DA VIDA
Maria ConsuêloPassos
A sociedadecontemporânea nosimpõeum paradoxo:somos
seduzidospor um mundosemfronteiras e, ao mesmotempo,
limitadospelaimpossibilidade de seguirao encontrodo
outro semtantasdefesas - talveza alternaüvaoarasuperaras
ameaçassejainvestirno afeto

32 ã>*a,
ed*cËíqxï{35s,&* ,sPstcoLoctA
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5 rNYË{-tü
n*{ïn5?
66 VEneBru'.co
Dc e,{,NcER

JosHun K. HnnrsHonrln Como a psico-oncologia pode favorecer


Estudos apontaram que o trabalho multiprofissionale o apoio
o lugar ocupado na emocional. ranto ao paciente quanto à
família pode interferir famflia, valorizando a assistênciaintegral
na personalidade

72 A ÉÏcADocAcHoRRo
O TEMpONC CEREBRO MancBcroneJessrcn
Pmncr
56
I'ASCAL ìíALLISCH Quandoeles
secomportam
O compasso da vida mal ou acidentalmente
é determinado pelos machucamum companheirode
acontecimentos e pela logo procuramse
brincadeiras,
duração deles; psicólogos e desculpar,
exatamente como
neurocientistasinvestigam fariaum serhumanobem-educado
como organrzamosa
compreensão temporal
STNFONTAS
DO PENSAMENTO
78
TRANEPALADINO
62 pti*svis*ns Freud,Foucaulte Morin participam
VrLqvANunS. RcMIcUANDRAN EDmNaRocrns-fuyaçss5ppl5 da "constnrção"de uma formamais
Quandosetratade discernira profundiúde dosobjetos,o amplae sofisticadade compreendero
processamento peloolho direito
cerebralde imagenscaptadas serhumano;sobesseolhar,o eïToe o
e esquerdo
é ligeiramentediferenteemcadacaso imponderávelsãofundamentais

MENTE&CEREBRO
..r.iì:ar:iì:tì::,::ì:t:a::

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e ajuda
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porcionar trocas
afetivase intelect
o hábitofuncionacom
,Vacinapara
Saúdefísicae
ainda
Os menossociáveis
têm duasvezes
maisriscode
contrairresfriadoem
comparaçao
que
comaqueles
travam contato
com marspessoas

E ssa roti na não é co m um em


PERICOSDA SOLIDÃO:evitar a proximidade e os vínculos pode ter influências consultasmédicas. Mas deveria ser'
negativassobre o sistemaimunológico, principalmente para idosos pesquisasmostram que pertencer
a grupos e redes sociais é um fator
faz seu ou adolescênciacom quem marca fundamental de saúde - tão impor-
I magine a situaçào:você
mede e n c o ntros peri ódi cos (raros, mas tante quanto dieta e exercícios.Um
I check-up anual, o médico
I sua pressãosanguíneae lhe faz sempremuito divertidos); os colegas estudo realizado com 655 pessoas
perguntas sobre hábitos, dieta e pa- de trabalho; as meninas do grupo de que haviam sofrido derrame, pu-
drão de exercíciosfísicos.Surgemen- estudos; os "conhecidos" virtuais, e blicado em 2005 pela pesquisadora
tão questõespouco colrÌuÍìS:quantos aquelesdois ou três amigosqueridos BernadetteBoden-Albala,professora
amigosvocê teml Qual a importância que percebemcomo você se sentesó de ciências sociomédicase neurolo-
deles em sua vida? Costuma passar pela entonaçãoda suavoz ao atender gia da Universidade Colúmbia, nos
momentos agradáveis com eles? A o telefone . Seumédico o parabeniza Estados Unidos, chamou a atenção
quais grupos sociais você pertence? pelas interaçõessaudáveisque vem de profissionais da saúde para essa
cultivando, e você sai do consultório questão ao mostrar que pacientes
Qual a diversidade delesr Diante
das per gunt a s i n e s p e ra d a s ,v o c ê sabendo quer como você pertence a socialmenteisoladostinham quaseo
considera' seus irmãos e primos; o tantos grupos,não há necessidadede dobro de possibilidade de ter outra
pessoaldo time de vôlei e da aula de se preocupar se negligenciar a ativi- manifestaçãoda patologia em cinco
inglês;os companheirosde infância dade físicauma vez ou outra. anos, quando comparados aos que
têm relações sociais intensas que
proporcronem não apenascompa-
CONCEITOS.CHAVE nhia, mas situaçõesde troca afetiva
e prazer.Foi constatadotambém que
I Fazerparte de variadosgrupos é benéfico:essaé a conclusãode inúmeros ter relacionamentosinterrompidos
estudosi-ecentes.E asvaníaqènsnão são apenasmentais:o hábito estii associado
com a melhora do estadoqelal de saúdee o bem-estarfísico.Ao diversificar com pessoasqueridas parece con-
os relacionamentostemosã possibilidadede nos identificar com vários papéis, correr mais para outro derrame que
estabelecendotrocas mais riias. Se nos frustramosem um âmbitq temos outros para
nos amparar. os fatorestradicionais,como doença
I Especialistastambém observaramque interromper relacionamentoscom pessoas
coronari ana ou i nati vi d ade f í sica
ouerìdasem razãode desentendimeritosé mais determinante para outro derrame em (que aumentamo risco de uma nova
iacientes que já tiveram um primeiro episódiodo que os fatores tradicionais,como incidênciaem 307o).
doença corônárianaou inatividadefísica.
O curioso é que tais efeitos não
I Por alqum tempo pesquisadoreslevantarama possibilidadede que paÉicipar
P de um qiande núheio dè grupos pudessecausarestresse,iá que nessasituaçãoé se restrigem àqueles que têm Pro-
F necessá?odar conta de váãas'demandat muitas vezessimultâneas.o que pesquisas blemas de saúdemais graves.Em um
5
t desenvoMdasem vários centros mostram, porém, é que fazer parte de uma rede
socialaumenta nossograu de satiíação com a vida, iá que os-investimentos(e as estudo de 2008, as epidemiologistas
expectativas)não se cõncentramem um único espaço.Éssadiversidadede contatos Karen Ertel, Maria Clymour e Lisa
5 pe'rmitelidai com menossofrimento e de forma mais leve com alteraçõesdifíceisna
o vida, como a morte de um ente querido, perda de emprego ou outra mudança. Berkman,da Escola.deSaúdePública

38 MENTE&CEREBRO MA|O 2010


da Universidade Harvard, acompa- ra, penseem uma pessoaque trabalha investimentos(espalharnossosovos
n har am 16. 638 i d o s o s a m e ri c a n o s por anos a fio até mesmo nos fins metafóricos) para que a perda de
por um per í od o d e ma i s d e s e i s de semana,reservandopouquíssimo um ainda deixe outras opções. Tiês
anos. Os resultados,publicadosno tempo paraa famíia e os amigos Para de nós (Haslam, Haslam e Jetten)
AmericanJournalof PublicHealtb (Re- ela, a adaptaçãoà aposentadoriaserá examinaramessaideia em um estudo
vista Americana de SaúdePública), particularmentedifícil. conduzido pelos psicólogos clínicos
revelaramque a perda de memória é Ou seja, o antigo provérbio se e sociaisAbigail Holmes, \W. Huw
consideravelmente menor em pesso- confirma:é melhor não colocar todos Wllliams e Aarti lyer, da Universidade
as socialmentemais ativas os ovos em uma única cesta- neste de Exeter,na Inglaterra. Nesseestudo,
Usando um indicador de saúde caso,trata-sede não restringir demais publicadoem 2008 na N europsycbology
ainda m ais pr o s a i c o , u m e s tu d o asidentidadessociais.Pesquisas suge- Rebdbilrtation,
observamosas circuns-
de 2003, r ealiz a d op e l o p s i c ó l o g o rem que é melhor diversificarnossos tânciasem que 53 pacientessofreram
S heldon Cohen d a U n i v e rs i d a d e
CarnegieNlellon mostrou que uma
rede social dìr'ersiúcadatornava as
pes s oasm enos s u s c e tír-e rs à g ri p e
PROTEçAO
DURANTE
AS MUDANçAS
comum Seu trabalho publicadono As transiçõesserãomaisfáceissetivermosidentidadessociaismúltiplas.
periódico Ps;'cr:.,.c;:;.ii Soerrce, indi- Por exemplo, se alguém foi despedido do emprego, provavelmente
cava que as pessoasretraídase com perderá também o grupo de colegasde trabalho que foi importante
poucosamigoscos:Jmavamcontrair para ele durante anos. lssotende a comprometer sua autoestima.Mas
resfriadosduas ,.'e:esmais, quando ele ainda pode convivercom colegasdo clube ou continuar como vo-
comparadasàs nars sociár.eis - mes- luntário numa ONG que cuida de questõesambientais- e manter tais
mo considerario o iato de que,estas identidadesprovavelmenteajudarána transição.
ú l t im as , pr or . av em e n re ,e s tã oma i s l. 1..C. H., S.
S .A
A..H
H..eN.
e N. R.B.
B.
e x pos t asà c o. ; a n rn a c à o T â i s d e s -
cobertasnos le.,.ana rever o antigo
debatesobreo iualÌsmocorpo e men-
te, que exploraa raiurezada ligação
entre saúdeÉísrca e mental,Há cada
vez m ais er iCen c :a sd e q u e o ri s c o
para saúdeca,rsaiopeÌo isolamento
socialé comparárel aos do fumo, da
hipertensàoe da obesidade

CESTADEOVOS
Per t enc e- a r ' árro qg ru p o s s o c i a i s
- ainda que nem to d o s o fe re ç a m
o p or t unidade de re l a c i o n a me n to s
mais profundos- é particularmente
crítico paÍa a proteção das pessoas
em sifuaçõesde grande estresse, em Tempo
especialquando somos obrìgadosa Adaptado de Mointoining group memberchip:social idenüty conünuity predicts
suportarperdase mudançasdoloro- well-beingafter strokelMantendoa participaçãoem grupos: identidade social
sas.Considereum maratonistaque se continuada prevê o bem-estar após derrame], por Catherine Haslam et oí.
machuca e nào pode voltar a coÍïer. em NeuropsychologicalRehobilitqtion,vol.18, 20O8,e Themore (ond the more
compotible)the merrier:multiple group membershipond identity compoübility as
Qualquer um poderia ser devastado
p or um a les ão c o m o e s s a /m a s a s predictorsof odjustmentofter lffe tronsitions[Quanto mais (e mais compatível),
melhor: paÉicipaçãoem grupose compatibilidadede identidadecomo fatores
consequêncras são mars gÍavespara
preditivos para ajustamentoapós transiçõesna vidal, por Aarti lyer et ol., em
alguémque sedefine,exclusivamente, Britishlournol of SociolPsychology(em impressão).
como um corredor Da mesmamaner-

WWW.MENTEC
EREBRO.COM,
BR MENTE&CEREBRO 39
E IDENTIDADE
GUARDAS
PRISIONEIROS,
O estudoda prisãoda BBCmostracomo mudançasna identidadesocialcompartilhadade prisioneirose guardas
(esquerdo) estão associadasàs alteraçõescorrespondentesno estresse,indicado por uma auto-avaliação(cen-
fro) e medidasfisiológicas(direito).Como a identificaçãosocialaumenta entre os prisioneiros(barroslaronjo),
eles estão socialmentemais protegidos. Da mesma maneira, para os guardas (borroscinzo),a diminuição na
identidadesociallevaao aumentodo estresse. - J.J', C. H.; S.A. H. e N. R. B.

ESTRESSE NIVEISDE CORTISOL


2,5

1
0,5
0
dta I ota z 3 dia4 dia5 dia6
Fase

Legendadosgráficos: ffi Prisioneiros WGuardas

derramesrecentes Constatamosque, Em outro estudo, publicado re- haviam feito parte de maior número
apesarde todos os ìnconvenientes centementepor Jetten e S. A. Has- de grupos no passadoapresentavam
inerentesà situaçãoe até de eventuais lam no Journalof SocialPsychology, menoresíndicesde depressão, mesmo
sequelas,a satisfaçào com a vida era com os psicólogossociaisAarti lyer, sendolevadosem conta outrosfatores
muito maisevidentenos que haviam Dimitrios Tsivrikos e Tom Postmes, que poderiam influenciara transição,
pertencidoa maisgrupossociaisantes a c o mpanhamosuni versi tári ospor incluindo incertezassobre a escolha
do problema Voluntáriosque haviam quatro meses,começando 60 dias da faculdade,disponlbilidadede apoio
pertencido a diversosgrupos tinham antes do início da faculdade.Uma social e obstáculosacadêmicos
uma rede de apoio emocional muito questão-chavepara nós foi analisar
maior e maisconsistente. A constata- sepoderíamosprever quaisindivíduos PODEFAZERMAL?
ção dessa situação era mais evidente estariam mais propensos a aceitarFazerparte de gtupos semprenos torna
no c as o dos q u e ti v e ra m Pe rd a s maissaudáveis?
s u a nova i denti dade soci al como Ou seráque pode tra-
cognitivas (problemas com direção, zer influêncianegativa,por exemplo,
universitário Assim como no estudo
esquecimentode nomes, dificuldade com pacientescom derrame,um dos quando há conflitos internosintensos
para tomar decisões),eram também ou o grupo é estigmatizado e margi-
fatores preditivos mais eficazesde
essesos que maisseempenhavamem ajustamento saudávelera o número nalizadopelasociedade2 Descobriu-se
exercíciosde reabilitaçãoparaserea- que essetipo de "fracasso"pode levar a
de grupos a que cada aluno pertencia
proximar da vida que tinham tido. antes de iniciar a faculdade Os que
dois resultados:algumasvezesas pes-
soasse distanciamdo grupo e relatam
um nível mais baixo de identificação,
OS AUTORES mas, frequentemente,sua relação se
IOLANDAIETTENé professora de psicologia de Queensland,
socialda Universidade na fortalecee elassãomaissolìdáriasumas
de Exeter,
e da Universidade
Austrália, alémde editorada publicação
na Inglaterra, Brlttsh com as outras.E em geral as dificulda-
CATHERINE
Journolof SocíolPsychology. HASLAMé professora-associada de neuropsi-
des são explicadasde maneirasmuito
cologiada Universidade de Exeter.S.ALEXANDER HASLAMé professor de psicologia
que não acontecequando
socialda Universidadede Exetere fazparteda equipede consultores Ame- criativas,o
da Scientific
riconMind.NYLAR. BRANSCOMBE é professora socialda Universidade arcamoscom o peso dos erros ou da
de psicologia
do Kansas, nosEstados Unidos. rejeiçãode maneira.solitária.

& MENTE&CÉREBRO MA|O 2010


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o
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NO ESTUDODA PRISAOda BBC,os guardasse tornaram ENTREOS PRISIONEIROS, um aumento na identidade


mais estressadose deprimidoscom a diminuiçãodo seu socialcompartilhada,também chamadade "sentido de
sensode identificaçãopartilhada pertença", melhorou o humor e a autoestimacoletiva

Fontes:Jtresslng thegrcups:sociolidentítyond the unfoldingdynomicsof responses


to sfress[Estressandoos grupos: ldentidade
sociafe dinâmicados desdobramentosde respostasao estresse],por S.AlexanderHaslame StephenD. Reicher,no lournal
ofApplied Prychology,vol. 9'1,nq5; setembro 2OO6,eRethínkingthepsychologyoftyranny: theBBCPrbonStudy[Repensando
a psicologiada tirania: o estudo da prisão da BBCI,por Stephen D. Reichere S. Alexander Haslam,em Britishlournol of
SociolPsychology, vol. 45, nq 1, março de 2006; veja também em www.bbcPrisionstudy.org.

Um de r , s 3 := rs c o mb e ),j u n to soas negras que se sentiam alvo de também costumamofereceramparo


c om os ps r . : . . g t: D a n i e l L Wa n n , discriminaçãorelatavamníveismais e meios de hdar com o ataque
da Unir,ersrc::. F!:acuaÌde Murray, baixos de bem-estar- mas, ao mes- O psicólogo social Stephen D
observoutàs :. be:sebole basquete mo tempo, quanto mais se sentiam R ei cher, da U ni versi dade de St .
nos EstadosLr,:c:s r descobriuque discriminadas,mais vaionzavam sua A ndrew s,naE scóci a,eS A Haslam
o gr aude : ; : : . . : ::c l o c o m a e q u tp e identidaderacial e cultural. Era parti- chegaram a uma conclusão similar
n ão t inha r - . . . :- c o m a s v i tó rìa s cularmenteinteressanteque os que se em seu clássicoestudo da prisão da
ou derrola! F.r. s :oÍcedoresque identificavammais como afro-ame- B B C N essa pesqui sa,vol unt ár ios
cons ider a'i:. . - - : f re i e re n c i au m a ricanosconseguiamse sentir menos do sexo masculino eram aleatoria-
car ac t er í (-:j i= .-a p e rs o n a l i d a d e , aviltadose humilhados em situações mente designadoscomo "guardas"
determinar:si. :*n eram,não havia d i s c ri mi natóri as, em comparaçào ou "prisioneiros",em uma "deten-
OU t f a O p c r i : - . : ;f' r IIn Ua f a a p Oia f àquelesque eram menos ligados a ção-laboratório" Por oito dias os
seutlme t:s ìa:-:s f oasou rutns. suaidentidadesocial. presos,que eram indivíduos apátìcos,
' O ut r a : . r ' : , - r.a fo i l e v a n ta d a ' L o g o, embora i negavel mente transformam-seem uma coletividade
com o s e c a: 1lo ri s m me mb ro s d e s e r v íti ma de preconcei to tenha animada.O processooposto ocor-
g r upos qu- r als a n p o r d i s c ri mi n a - efeito direto sobre o bem-estardos reu entre os guardas. Seu senso de
'
ção ou dc r ' ., . : :rc ã o N o v a m e n te , indivíduos, eles em geral lidam com identidadecompartilhadacaiu com
e s s aspes i- : : r' )d e m s e g u i r d o i s o racismo e resistem melhor a ele o tempo, associadoao aumento da
cam inhos ir s : an c i a r-s e o u e n fa ti z a r se estiverem vinculados ao grupo sensação de impotênciae depressão.
s euc om p: or eir m e n to c o m e l e Es s e de sua identidade, em vez de negá- Como as condições da "prisão" os
pont o apà: ec ecl a ra m e n tee m u m l a . E m estudos mai s recentes de deixavammaisisoladossocialmente,
es t udo que B r a n s c o m b ec o n d u z i u Branscombee seus colegas, foram os guardasapresentaramníveis mais
na Unir e- . ' dad e d e K a n s a s ,j u ó to encontradosresultadossemelhantes altos de exaustão(oerquadroacima)
com os ps r c ó1o g osso c i a i sM i c h a e l para mulheres, idosos e grupos cul- Ao longo do tempo, essasmu-
T. S c him jr e R l c h a rd D . H a rv e y , turais minoritários. Tâis conclusões danças na i denti fi cação social de
publr c ado em | 9 9 9 n o J o u rn a lo f confirmam que grupos sociaispodem membros de um grupo se refleti-
Personaltf,- .;i,.J-Çol,rIPsychology,pes- atraire catalisara discriminação,mas ram nos indutores fisiolósicos de

\A^,vW
MENTÉC BR
EREBRO,COM. MENTE&CÉREBRO4'I
QUANTOMA|STAREFAS,
MA|SENERGTA
Por muito tempo, estudiososforam contra a participa- isso acontecia porque trabalhar fora lhes dava energia
ção em muitos grupos, argumentando que a quantidade extra e estimulo para ser mais criativa e aproveitar com
de grupos de que uma pessoaparticipa é proporcional a família o tempo livre de maneira intensa. Esse empe-
ao quanto ela é ocupada e estressada.Mas estudos re- nho aparecia frequentemente associado a melhoras na
centessugeremque a questãonão é o número de grupos saúde física, avaliada por meio de exames de colesterol
e sim as relaçõesentre eles.Por exemplo, pesquisadores e massa corporal. - t. 1.,C.H., S. A. H. e N. R. B.
perceberamque, além dos problemas trabalho-família,
as pessoaspodem ter facilidadesfundamentais nesses Fonte: ls manoging the work-fomily interface worthwhile? Employ-
dois ambientes.As psicólogasElianneF.van Steenberg ees' work-fomily focilitotions ond conflict experiencesreloted to
e Naomi Ellemers,da Universidadede Leiden,na Holan- objectiveheolth ond pertormonce Indicotors[Conciliar a relação
da, descobriram que mulheres mais ativas, enérgicase trabalho-família vale a pena? Facilidadestrabalho-família de
envolvidascom a profissãoacreditavamque conciliavam empregados e experiênciasconflituosasrelacionadascom
o trabalho tão bem porque tinham uma vida familior indicadoresobjetivos de saúde e desempenhol, por ElianneF.
intensa.O padrão inversotambém foi encontrado - mu- van Steenberg e Naomi Ellemers, em lournol of Orgonizationol
lheres que eram mais presentesem casadisseramque Behovior,(em impressão).

estresse- mais especificamenteno é prejudicada.Um estudorecente têm menos capacidadede lembrar


nível de cortisol dos participantes (que serápublicadoem breve no detalhes de sua rotina antes da pa-
Novamente, existem evidênciasde oJClinical
Journal anáExperimental
Neu- tologia (o que costumavam fazer,
que identidades e participaçãoem realizadopor Jetten,
ropsycbology), como interagiam),o que leva a uma
grupos sociais se tornam parte do Haslame Haslam,na Universidade redução da qualidade de vida e da
indivíduo, levando a mudanças no de Exeter,emparceriacom ospsicó- saúdegeral.
funcionamentoautonômico básico logosclínicosCaraPugliesee James De fato, o que foi observadocon-
Para compreender por que identi- Tonks,examinouessaquestãoem firmou que pessoas com sinaispreco-
dadestêm efeito positivo na saúde, um grupode pessoas com demência. ces de demência apresentavammais
é fundamental avaliar o que acon- Começamos presumindo quepessoas problemasde saúdeque asque tinham
tece ouando uma identidade social com comprometimento maissevero a memória intacta. Surpreendente-
mente, nào encontramosdiferenças
entre a saúde dos participantesda
pesqui saque estavamem est ágios
iniciais de demência e a daqueles
com sintomasmaispronunciadosAo
contrário, pacientescom demência
avançada- sem noção de tempo,
que não se lembravam do dia da
semanaou do ano em que estavam
- se senti ammai s saudáveis que os
com demênciamoderada.
A princípio, essepadrão parece
incompreensível,mas análisesmais
aprofundadasmostraramque pessoas
com demênciaavançadatendiam a
indicar que pertenciama mais grupos

IOGODAMEMóRIA: aquelesqueem
razãode patologiasconfundempassado
e presentesebeneficiamda presença
imagináriade amigoscomquemiá não
convivem

42 MENTE&CEREBRO MA|O2010
Cortarrelaçõescom
pessoas queridas
em razãode
desentend imentos
podesermais
paraa saúde
perigoso
quesedentarismo
ou cardiopatia

do que os c om a d o e n ç amo d e ra d a .
Além disso sruDosdo passado(sua
com unidade r r l :g ro s a c o l e g a s d e
trabalho ou c . ' ; 5 r d e b a ra l h o , p o r
exemplo €s:a\.airÌrienraÌmente no
presente ao c':ril::no do que acon-
tec ia àqueÌ esc r :r i e m è n c i a mo d e -
I--r - u5 l-Ì6t.[.. -tr: tutÌ r o d i s ú rb i o
dud/

av anç ador : . . c ::r:a v a m q u e n ã o VIDA LONGA:cultivar relacionamentosproporciona chancesde pensarsobre si mesmo


faz iam m ar s iar:- d e s s e sn ú c l e o s e trocar experiências,enriquecendo,assim,a própria história
E s s aper c epç àcc e re -e n c e r a v á ri o s
"e s paç os s ! ' : r a :l :i d o e m a n te r tidade socialtem influênciaprofunda práticas e sugere que gïupos podem
trocas socìarsle '"rrados níveis de em nossasaúdegeral e na sensação funcionar como curadores sociais
E
profundidade.r: :es:onsár'elpor seu de bem-estar. Essa descoberta tem Como escreveuo cientista político
f

s ur pr eendenrlÊn e -e s l a r por base um ponto exaustivamente Robert D Putnamem seulivroBowling


proclamado da natureza humana' alone(Simon t Schuster,2000, sem f

COMOUMA VACINA s o m o s ani nai s soci ai se evol uímos traduçãopara o português),"Sevocê o


Essadescobe-ae consistenrecom as para viver em grupos. Isso, para os não pertence a nenhum grupo, mas
observaçòesdc, ne-rrologistaOliver humanos, é indispensávelpara defi- decide fazê-\o,diminui pela metade
S ac k s ,do Cen::: \1 é d rc o d a U n i - nir tanto quem somos quanto o que seurisco de morrer no ano seguinte".
v er s idadeColjn b ra q u e fre q u e n - precisamos para desfrutar de uma Exagerosà parte, a convivênciapode
temente esc:e\.esobre pessoasque vida mais rica e completa. funci onar como vaci na cont r a as
mantêm a r rda noiaveÌmenteintacta R e conhecer a i mportânci a da ameaçasà saúdefísicae mental,o que
m es m o quando s o tre m p re l u íz o s identidade social abre as portas para é muito mais barato que os métodos
neurológicosse\e:os Em seu livro novaspossibilidadesde reflexão,não farmacêuticos- e com muito menos
O bomenr ar^t;c,:i'rt:,i:rr
suLlftulbercom apenasna psicologia,mas na socio- efeitos colaterais.E com a vantagem
um c hapí u Cor n p a n h i a d a s L e tra s , logia, economia,medicina e neuroci- de a convi vênci a ser al go , quase
1997), ele obsen-a oue para avaliar ência. Tâl trabalho tem ramificações sempre,bastantedivertido.
a qualidadede vrda de um paciente
não é, necessariamente, a severidade MAIS
PARACONHECER
do transtornoque importa, mas sim
Depressionand generalized anxiety disorder: cumulative and sequential
a capacidadeque a pessoatem de se
comorbidity in a birth cohort followed to age 32. T. E. Moffitt et ol., em
mantercoerenteconslgomesma. Archivesof GenerolPsychiatry64, pâgs.651-660,2OO7.
Uma conclusãopareceinevitável' Depression ln long-term Gourse of schizophrenia. W an der Heiden ef
participarde váriosgruposao longo ol., em EuropeonArchivesof Psychiatryqnd Clinicol Neuroscience
255(3), págs.
da vida e preservaro sensode iden- '174-184,2005.

\AM/WMENTECEREBRO.CO
M.BR MENTE&CEREBRO 43

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