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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

Gabinete da Terceira Vice-Presidência

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Recurso Especial Cível nº 0401879-52.2012.8.19.0001


Recorrente: MANGUINHOS DISTRIBUIDORA S.A – EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
Recorrido: ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DECISÃO

Trata-se de recurso especial, fls. 745/772, tempestivo, com fundamento


no artigo 105, III, alínea “a”, da Constituição da República, interposto em face do
acórdão, fls. 412/418, da Sétima Câmara Cível, assim ementado:

“Direito Tributário e Processual Civil. Remessa


necessária. Mandado de Segurança manejado por
contribuinte que atua no ramo de comércio atacadista de
álcool carburante, biodiesel, gasolina e demais derivados
de petróleo, exceto lubrificantes e que, em função das
operações de comercialização de combustíveis, visando à
suspensão da exigibilidade de crédito tributário com base
em requerimento administrativo de compensação com
precatórios cedidos. Sentença de procedência, concedendo
a segurança, determinando o cancelamento da CDA face a
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em
virtude da pendência de julgamento dos processos
administrativos de compensação formulados na esfera
administrativa, extinguindo o processo com julgamento do
mérito, nos termos do artigo 269, inciso I, do CPC/1973.
Como é cediço, o mandado de segurança é o remédio com
previsão na Carta da República nos incisos LXIX e LXX
do artigo 5º que tem por finalidade a proteção de direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus ou por
habeas data, sendo disciplinado pela Lei 12.016/2009.
Nesse sentido, a presença do direito líquido e certo é uma
condição para procedência do pedido formulado no
mandado de segurança e o eventual reconhecimento de sua
inexistência acarreta a extinção do processo. No caso dos
autos, contata-se que a impetrante não logrou êxito em
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demonstrar de plano a existência da liquidez e certeza do


seu direito, o que vem a esbarrar com as regras da garantia
constitucional do mandado de segurança. Pleito de
compensação dos créditos tributários não merece
acolhimento, vez que a medida dependeria de autorização
legal expressa, consoante a previsão do art. 170 do CTN.
Entendimento do STJ no sentido que a compensação de
débitos tributários com precatórios vencidos, não pagos e
adquiridos de terceiro, só é possível, à luz do art. 170 do
CTN, quando houver lei específica autorizadora. Parecer
da Procuradoria de Justiça no mesmo sentido. Precedentes
do STJ e do nosso Tribunal. Sentença reformada em sede
de reexame necessário, para denegar a segurança. Custas
pela impetrante. Sem honorários, à luz dos verbetes 512 e
105, das Súmulas, respectivamente, do STF e do STJ, e do
previsto no art. 25 da Lei nº 12.016/09.”

O recorrente, no recurso de fls. 552/585, alegou violação aos artigos 489,


§1º, IV e V, e 1.022, II, parágrafo único, do CPC e suscitou dissídio jurisprudencial.

Decisão desta Terceira Vice-Presidência, às fls. 641/645, não admitindo


o Recurso Especial interposto às fls. 552/585.

Decisão agravada, às fls. 663/686.

Decisão desta Terceira Vice-Presidência, às fls. 689, no sentido de


manter a decisão agravada, remetendo-a ao E. STJ.

Decisão do E. STJ, às fls. 713/716, remetendo os autos ao Tribunal de


origem para suprir a omissão acerca da suposta suspensão da exigibilidade do
crédito tributário ao tempo da inscrição da CDA.

Novo acórdão da Sétima Câmara Civil, às fls. 727/732, assim ementado:

“Direito processual civil. Embargos de declaração.


Alegação de omissão quanto à alegação da
embargante no sentido da possibilidade de
cancelamento da CDA face à suspensão da
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exigibilidade do crédito tributário diante da


pendência de julgamento dos processos
administrativos de compensação formulados na
esfera administrativa. No caso dos autos, quando do
julgamento por esta Colenda Câmara, em sede de
remessa necessária, foi reformada a sentença para
denegar a segurança, condenando a impetrante em
custas, sem condenação em honorários. De fato, o
julgado quedou-se inerte quanto a alegação da
embargante. Complementação do julgado para sanar
o vício apontado. No que tange à alegação de
possibilidade de cancelamento da CDA em
decorrência da pendência de processos
administrativos, verifica-se que o pleito de
compensação dos créditos tributários não merece
acolhida. Como já anteriormente mencionado no
acórdão de fls. 412/418, consoante a previsão do art.
170 do CTN, a compensação dos créditos tributários
dependeria de autorização legal expressa, a qual não
se verifica no caso dos autos. Entendimento do STJ
no sentido que a compensação de débitos tributários
com precatórios vencidos, não pagos e adquiridos de
terceiro, só é possível, à luz do art. 170 do CTN,
quando houver lei específica autorizadora. Embargos
acolhidos para sanar as omissões apontadas, na
forma do voto do relator, mantendo-se o restante do
acórdão na forma como foi lançado.”

Inconformado, em razões recursais, fls. 745/772, o recorrente alega


violação aos artigos 141 e 492, do Código de Processo Civil e 151, inciso III do Código
Tributário Nacional. Argumenta que, o v. acórdão consignou o entendimento de que
não haveria nulidade da certidão de dívida ativa em decorrência da pendência de
processos administrativos, porquanto a compensação de créditos tributários objeto
de tais processos administrativos dependeria de autorização legal expressa, o que
supostamente não se verifica in casu. Aduz ainda que, ainda que o pedido de
compensação formulado pelo contribuinte seja iminentemente inviável, aplica-se a
disposição do art. 151, III do Código Tributário Nacional, quanto à suspensão da
exigibilidade do crédito, remanescendo incólume o dever de a autoridade tributária
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conduzir o processo administrativo correspondente segundo as regras do devido


processo legal, com respeito ao contraditório e à ampla defesa.

Manifestação Ministerial, fls. 802/808.

Contrarrazões, fls. 809/820.

É o brevíssimo relatório.

O recurso não pode ser admitido quanto à alegação de violação aos


artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil, ante a falta de prequestionamento,
como se verá a seguir. 
 
Da simples leitura do acórdão recorrido, percebe-se que os dispositivos
invocados pela parte recorrente não foram objeto de análise expressa pelo colegiado,
até porque não suscitados em embargos de declaração, de modo que a tese agora
aventada configura indevida inovação recursal, incapaz de preencher o requisito do
prequestionamento. 
 
Demais, ainda que tivesse vislumbrado contrariedade aos dispositivos
de legislação federal apenas no acórdão recorrido, caberia ao recorrente invocar a
contrariedade em seus de embargos de declaração com vistas ao prequestionamento,
mas não o fez. 
 
De acordo com a jurisprudência do STJ, o levantamento do tema em
sede de embargos aclaratórios é indispensável à interposição do recurso especial
quando a questão não tiver sido expressamente enfrentada pelo acórdão vergastado
– admitindo-se, quando muito, que o recurso especial seja oferecido também com
base em violação ao art. 1.022 do CPC nas hipóteses em que a câmara de origem,
mesmo instada a suprir a omissão, não corrigir o vício apontado (pré-
questionamento ficto). 
 
Nesse sentido: 
“TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. APREENSÃO DE MERCADORIAS DE
PROCEDÊNCIA ESTRANGEIRA. AUSÊNCIA DE
NOTAS FISCAIS. DISPOSITIVOS LEGAIS NÃO
PREQUESTIONADOS. FUNDAMENTO
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INATACADO. SÚMULAS 282, 283 e 356 DO STF. 1.


A tese de ofensa aos arts. 112, II, e 136 do Código
Tributário Nacional não foi objeto de análise, nem
sequer implicitamente, pela instância de origem.
Incidência do óbice previsto nos enunciados 282 e
356 da Súmula do STF. 2. O mesmo óbice imposto à
admissão do recurso especial pela alínea "a" do
permissivo constitucional - aplicação das Súmulas
282 e 356 do STF - obsta a análise recursal pela
alínea "c", ficando o dissídio jurisprudencial
prejudicado. 3. Ainda, a recorrente deixou de contestar
fundamento do acórdão impugnado, o que atrai a
incidência da Súmula 283 do STF ao recurso especial
interposto. 4. Agravo interno a que se nega provimento”.
(AgInt no REsp 1401407 / CE, Rel. Ministro OG
FERNANDES, T2 - SEGUNDA TURMA, Data do
Julgamento 06/05/2020, DJe 19/05/2020). 
 
Com efeito, por não ter sido a questão federal invocada em nenhum
momento anterior pelo recorrente, além de não terem sido opostos embargos de
declaração visando o prequestionamento, a admissão do recurso esbarra nos verbetes
282 (“É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
questão federal suscitada”) e 356 (“O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento”) da súmula da jurisprudência do STF, aplicável, por analogia,
pelo STJ, conforme precedentes acima.    
 
Passo à análise da alegação de violação ao art. 151, III do CTN.

Consta do acórdão a seguinte fundamentação:

“(...) No que tange à alegação de possibilidade de


cancelamento da CDA em decorrência da pendência de
processos administrativos, verifica-se que o pleito de
compensação dos créditos tributários não merece acolhida.
Como já anteriormente mencionado no acórdão de fls.
412/418, consoante a previsão do art. 170 do CTN, a
compensação dos créditos tributários dependeria de
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autorização legal expressa, a qual não se verifica no caso


dos autos. A par disso, o STJ posiciona-se no sentido que a
compensação de débitos tributários com precatórios
vencidos, não pagos e adquiridos de terceiro, só é possível,
à luz do art. 170 do CTN, quando houver lei específica
autorizadora (AgRg nos EDcl no RMS 035581/PR, j.
23/06/2016; RMS 048760/PR, j. 01/12/2015; RMS
043617/PR, j.03/10/2013). (...)” (fl. 729/730)

“(...) Nesse mesmo sentido, também é o parecer da


Procuradoria de Justiça, em fls. 398/407, que opinou pela
reforma da sentença devido à falta de lei estadual específica
que autorize a compensação postulada na via
administrativa, sustentando que a jurisprudência tem
considerado que tal circunstância desautoriza a
suspensão de créditos tributários, com base no art.
151, inciso III do CTN. (...)” (fl. 730)- grifei

Verifica-se que o acórdão recorrido está em consonância com a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como se apura dos precedentes a
seguir:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ART.
535, II DO CPC: ALEGAÇÕES GENÉRICAS.
SÚMULA 284/STF. TRIBUTÁRIO. ICMS. O PEDIDO
ADMINISTRATIVO DE COMPENSAÇÃO
FUNDADO EM PRECATÓRIOS NÃO É APTO
PARA A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO, TENDO EM VISTA A
IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO, NO
CASO, ANTE A INEXISTÊNCIA DE LEI QUE
AUTORIZE A OPERAÇÃO, BEM COMO POR NÃO
COMPREENDER-SE NA NORMA DO ART. 151, III
DO CTN. PRECEDENTE. RESSALVA DO PONTO
DE VISTA DO RELATOR. ARTS. 286 E 368 DO CCB,
E ART. 156 DO CTN: INOVAÇÃO RECURSAL.
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PRECLUSÃO CONSUMATIVA.
AGRAVOREGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Trata-se,
na origem, de Mandado de Segurança que objetiva
assegurar a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário em virtude de compensação administrativa
realizada pelo contribuinte entre ICMS e precatório do
IPERGS. 2. De início, acerca da alegada violação ao art.
535, II do CPC, verifica-se que as razões recursais não
indicam de forma percuciente qual seria a omissão
verificada, tampouco a maneira como teria ocorrido a
violação sustentada; ao revés, mostram-se genéricas e
destituídas de concretude, pelo que é inadmissível o
Recurso Especial, no ponto. Súmula 284/STF. Veja-se:
AgRg no AREsp 423.560/RJ, Rel. Min. SÉRGIO
KUKINA, DJe 11.02.2014. 3. Esta Corte já reconheceu em
outras oportunidades a inexistência de lei
autorizativa, no Estado do Rio Grande do Sul, que
permita a compensação pretendida. Nesse sentido: AgRg
no AREsp 125.196/RS, Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN, DJe 15.02.2013. Ora, se a própria
compensação não é possível, tampouco a suspensão da
exigibilidade amparada em pedido administrativo que
busque implementá-la. 4. De acordo com precedente da 1a.
Turma desta Corte, o requerimento avulso que,
reconhecendo embora o crédito tributário, pretenda
compensá-lo com outros créditos oponíveis à Fazenda
Pública é processado sem efeito suspensivo, porque
inalcançável pela norma do art. 151, III do Código
Tributário Nacional. Veja-se: AgRg no AgRg na MC
19.349/RJ, Rel. Min. ARI PARGENDLER, DJe
13.03.2013. Ressalva do ponto de vista do Relator. 5. Por
fim, a alegação de negativa de vigência aos arts. 286 e 368
do CCB, e ao art. 156 do CTN revelam indevida inovação
recursal, de modo que descabe seu exame. Com efeito, é
pacífico nesta Corte o entendimento de que a apresentação
de novas teses em sede de Agravo Regimental configura
inovação das razões recursais, o que é insuscetível de
análise em face da preclusão consumativa. Veja-se: AgRg
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no RMS 44.174/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL


MARQUES, DJe 28.10.2014. 6. Agravo Regimental
desprovido. (AgRg no AREsp 68.600/RS, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014)”

“MEDIDA CAUTELAR. SUSPENSÃO DA


EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (CTN,
ART. 151, III). NORMA QUE SUPÕE PENDÊNCIA
DE IMPUGNAÇÃO OU RECURSOS CONTRA O
LANÇAMENTO FISCAL. O imposto sobre circulação de
mercadorias e prestação de serviços é lançado por
homologação, e - quando prevista em lei - a compensação
ocorre antes da constituição do crédito tributário está
definitivamente constituído independentemente de
qualquer manifestação do Fisco, sem prejuízo do
lançamento ex officio por eventuais diferenças. O
requerimento avulso que, reconhecendo embora o
crédito tributário, pretenda compensá-lo com outros
créditos oponíveis à Fazenda Pública é processado
sem efeito suspensivo, porque inalcançável pela
norma do art. 151, III, do Código Tributário
Nacional. A compensação na via administrativa é
inviável quando já ativada a jurisdição pela propositura da
execução fiscal (L. 6.830/80, art. 16, § 3º). Agravo
regimental provido. (Ag.Rg no AgRg na MC nº 19.349-
RJ - decisão unânime da 1ª Turma do e. STJ – Rel. Min.
ARI PARGENDLER – DJe 13.03.2013 “

Assim, forçoso concluir que o acórdão vergastado se encontra alinhado


à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não sendo admissível recurso
especial, tal como orienta a Súmula n° 83 daquela Corte:

“NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL


PELA DIVERGÊNCIA, QUANDO A ORIENTAÇÃO
DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO
DA DECISÃO RECORRIDA”. (Súmula 83, CORTE

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ESPECIAL, julgado em 18/06/1993, DJ 02/07/1993, p.


13283).

Salienta-se que a referida Súmula não se restringe às hipóteses do artigo


105, III, “c”, da Constituição Federal, mas alcança igualmente os recursos interpostos
pela alínea “a” daquele dispositivo: 

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544


DO CPC) - AÇÃO DE COBRANÇA CUMULADA
COM INDENIZATÓRIA - CONTRATO DE
REPRESENTAÇÃO EMPRESARIAL FIRMADO
ENTRE UMA EMPRESA BRASILEIRA
(REPRESENTANTE) E UMA ITALIANA
(REPRESENTADA). FORO DE ELEIÇÃO -
INDICAÇÃO DA JUSTIÇA ITALIANA PARA
DIRIMIR QUALQUER CONTROVÉRSIA INERENTE
AO CONTRATO - COMPETÊNCIA
INTERNACIONAL CONCORRENTE - SENTENÇA
DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM APRECIAÇÃO
DO MÉRITO FUNDADA NA AUSÊNCIA DE
JURISDIÇÃO BRASILEIRA - ANULAÇÃO -
DELIBERAÇÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU
PROVIMENTO AO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. INSURGÊNCIA DO AGRAVANTE. 1.
Para a jurisprudência do STJ, a cláusula de eleição de foro
existente em contrato de prestação de serviços no exterior,
portanto, não afasta a jurisdição brasileira. Precedentes:
RO 114/DF, Rel. Min. Raul Araújo, Dje de 25/06/2015;
EDcl nos EDcl no REsp 1159796/PE, Rel. Min. Nancy
Andrighi, DJe de 25/03/2011; REsp 1.168.547/RJ, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, DJe de 07/02/2011. 2. A
incidência da Súmula 83/STJ não se restringe aos
recursos especiais interpostos com fundamento na
alínea "c" do permissivo constitucional, sendo
também aplicável nos reclamos fundados na alínea
"a", uma vez que o termo "divergência", a que se
refere a citada súmula, relaciona-se com a
interpretação de norma infraconstitucional. 3.
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Agravo regimental desprovido”. (AgRg no AREsp


679.421/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe 31/03/2016). 

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. PREPARO. AUSÊNCIA DA GUIA DE
RECOLHIMENTO. INADMISSIBILIDADE DE
JUNTADA POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE
CERTIFICAÇÃO ACERCA DA ENTRADA DOS
RECURSOS NOS COFRES PÚBLICOS.
PRECEDENTES. SÚMULA N. 83 DO STJ. RECURSO
ESPECIAL INTERPOSTO COM BASE NAS ALÍNEAS
A E C DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.
APLICAÇÃO DA SÚMULA 83/STJ. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. INTIMAÇÃO PARA
REGULARIZAÇÃO SOMENTE QUANDO
INSUFICIENTE. NÃO CABIMENTO NA HIPÓTESE.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. O princípio da
instrumentalidade das formas não tem o condão de
possibilitar a relativização do não atendimento às
exigências do art. 525 do CPC/1973 no que diz respeito às
peças obrigatórias ou necessárias do agravo de
instrumento. 2. "É insuficiente, para comprovação do
preparo, a apresentação somente do comprovante de
pagamento do porte de retorno e das custas processuais,
pois é indispensável a juntada das respectivas Guias de
Recolhimento [...]" (AgRg no AREsp n. 723.573/SP, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma julgado em
27/10/2015, DJe 12/11/2015). Incidência da Súmula
83/STJ. 3. É pacífico, nesta Casa, que a aplicação da
Súmula 83/STJ abrange os recursos especiais
interpostos com amparo nas alíneas a e/ou c do
permissivo constitucional. Precedentes. 4. A
intimação para a regularização do preparo do recurso
(agravo de instrumento, na espécie) só é devida na
hipótese em que o valor recolhido se mostrar insuficiente,
situação que não se amolda ao caso dos autos.
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Precedente. 5. Agravo regimental a que se nega


provimento”. (AgRg no AREsp 812.679/CE, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017).
 

À vista do exposto, nos termos da fundamentação supra, em estrita


observância ao disposto no art. 1.030, V, do Código de Processo Civil, INADMITO o
recurso interposto, nos termos da fundamentação supra.

Publique-se.

Rio de Janeiro, 4 de abril de 2023.

Desembargador MALDONADO DE CARVALHO


Terceiro Vice-Presidente

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