Os temperos, as ervas e as especiarias dão vida e sabor ao alimento,
definem a personalidade do prato e de quem o preparou. As especiarias e as ervas eram inicialmente usadas para preparar medicamentos e também para mascarar o sabor de azedo de alimentos estragados, a pimenta era a mais importante devido seu aroma e ao sabor que disfarçavam o mau cheiro, o açafrão era outra já utilizada para temperar carnes, após algum tempo as especiarias se tornaram algo utilizado para estimular o apetite e enriquecer a alimentação, trazendo uma sofisticação aos pratos. A busca por novos odores e sabores trouxe o processo de ocupação pelos europeus á América, em busca de metais preciosos e especiarias a partir do século XVI, especiaria foi um termo utilizado para identificar mercadorias de valor alto, difíceis de ser encontradas e algo para realçar sabor aos alimentos, também eram utilizadas como moeda de troca. As mais valorizadas na época eram a pimenta-do-reino, noz moscada e canela, estas eram usadas como moedas de troca, para dotes, heranças, eram pagos serviços, impostos, dívidas, acordos e obrigações religiosas, as especiarias tinham um grande valor comercial na época, comumente utilizada como formas de pagamento por mercadorias ou algum tipo de serviço (NEPOMUCENO, 2005). As ervas aguçam a novas descobertas ao paladar, ressaltam o aroma dos pratos, e podem ser algo que marca a diferença entre um cozinheiro e outro. Estas também foram usadas medicinalmente para preparar chás, fitoquímicos, entre outros. Na antiguidade o louro e o manjericão eram tidos como sagrado. Não se tem conhecimento de quando exatamente as ervas passaram a fazer parte de preparações culinárias, hoje são comumente encontradas em preparados para realçar o sabor e transformar positivamente as receitas tanto ao paladar quanto á decoração e acabamento do prato (TONNON, 2009). Erva na culinária, é designado para tratar de folhas, como o orégano, salsa, manjericão, alecrim sálvia entre outras, já as especiarias são obtidos de cascas, raízes e frutos, como a canela, anis estrelado, gengibre, pimenta do reino, colorau entre outros. Uma planta pode produzir tanto erva como especiaria, e os temperos são elaborados a partir de uma mistura de especiarias e outros ingredientes (ANVISA, 2005). A utilização de especiarias na culinária veio a partir do conhecimento de suas propriedades, como estimular o apetite, promover aromas e reduzir o uso de sal no preparo dos pratos. A presença de óleos essenciais nas especiarias apresenta-se de forma eficaz no combate e desenvolvimento de microorganismos, além de funcionar como antioxidante, porém até estes óleos serrem consumidos, as especiarias devem passar por processos de esterilização após a colheita, como lavagem, secagem, entre outras práticas para se conseguir um ingrediente saudável (GERMANO, GERMANO, 1998). Cada região do mundo tem suas especiarias características, e cada uma as utiliza e aproveita delas de formas distintas, encantando com os sabores e aromas especiais. A história do Brasil começou com a produção e exportação de especiarias, surgiu a denominação “Rota das Cores”, como era chamadas as viagens dos europeus ás terras brasileiras, a cana de açúcar, vinda da Europa, foi uma das primeiras trazidas ao Brasil já que em território europeu o açúcar era considerado de grande valor, depois da adaptação das mudas de cana de açúcar outras especiarias foram trazidas, como canela, pimenta e cravo. A pimenta é originária da Índia é concentrada em basicamente três estados brasileiros, Pará, Espírito Santo e Bahia. A pimenta é a especiaria mais utilizada no mundo inteiro. Os pimentões são cultivados em todas as regiões do país, principalmente nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. O gengibre foi tão popular na Europa quanto á pimenta do reino, sua produção concentra-se em regiões litorâneas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Os cravos já foi uma das especiarias mais caras do mundo, seu valor comparava-se ao do ouro. No Brasil a produção concentra-se na Bahia. A canela é um dos mais antigos alimentos conhecidos, os Jesuítas trouxeram a canela para o Brasil e é encontrada desde a Bahia até o Rio Grande do Sul. A noz Moscada, originária da Indonésia, no Brasil sua produção ainda é pouca apesar das boas condições para o cultivo, a produção concentra-se no estado da Bahia. O açafrão ou cúrcuma é uma especiaria da Índia, no Brasil sua produção vinda com os bandeirantes, localiza-se na região Centro Oeste, principalmente em Goiás, e na região Norte é onde se dá um grande uso na gastronomia. O açafrão é a especiaria mais cara que existe, devido ao trabalho de sua produção. Outras especiarias e temperos utilizados em diversas regiões do Brasil são a baunilha que é encontrada em fava ou em infusão, o anis estrelado que pode ser usado inteiro ou em pó, o cominho também muito usado, este é encontrado em pó ou em grãos, as sementes de erva doce muito conhecidas no país são normalmente usadas inteiras, mas também podem ser em pó, o urucum, conhecido no Brasil como colorau, este dá uma coloração avermelhada aos pratos. Dentre algumas das ervas mais utilizadas estão a cebolinha que é uma das mais usadas na cozinha brasileira, o coentro, qual apresenta um cheiro marcante e é a mais usada no mundo todo. A hortelã, muito encontrada no para temperar canja de galinha, o louro, que possui um gosto forte e libera seu sabor aos poucos. O curry o qual é uma mistura de especiarias, encontrado em pó, apresenta coloração amarela devida á presença de cúrcuma. As ervas finas também são bastante utilizadas, estas é um conjunto de ervas da cozinha francesa, as ervas finas podem ser utilizadas secas ou frescas. A salsa, a qual deve ser adicionada ao final do cozimento, a salsa pode ser utilizada em praticamente todos os pratos salgados. Diante da grande variedade de ervas, temperos e especiarias, deve-se tomar cuidado com o uso destes, para que combinem com o ingrediente principal do prato, como a hortelã que pode ser usada com chás, molhos, grelhados. O alecrim com pães, legumes, sopas e carnes. O coentro pode ser utilizado no preparo de peixes, frutos do mar e camarão. O orégano muito encontrado em pizzas, saladas, e pratos á parmegiana. O manjericão pode ser utilizado em carnes e molhos em geral. O louro, comumente encontrado no feijão, também pode ser utilizado em sopas, legumes e peixes. As ervas frescas devem ser preferencialmente utilizadas em vez das secas e ou desidratadas, pois estas trazem maiores benefícios á saúde, do que as industrializadas. A gastronomia está cada vez mais presente no turismo brasileiro, os gastos com a alimentação representam um dos principais números em despesas com a atividade. Esta pode ser um atrativo a mais para o turista, já que todos têm a necessidade de se alimentar, uma culinária diferente desperta o interesse de provar um alimento típico. Quando se conhece sobre a culinária de algum lugar, se tem um pouco do conhecimento da cultura deste lugar, sobre sua identidade que é claramente identificada através dela. O Brasil possui vários ingredientes especiais, vindos das culturas indígenas, europeia e africana, o que forma uma cultura miscigenada e bem característica de cada região do país. Nos hábitos da região norte, é utilizado o azeite de oliva, vindo com a influência portuguesa além de carnes, os pratos influência indígena apresentam milho, mandioca e pimentas em abundância, estes são alguns dos alimentos e temperos que caracterizam a região norte. A região Nordeste é marcada por temperos fortes, tendo como base o azeite de dendê, leite de coco, gengibre, coentro e pimenta em abundância. A diversidade étnica encontrada na região sul do Brasil, resultou em uma gastronomia bastante diversificada, comparada as outras regiões do país, leva uma mistura de um monte de especiarias, como a mistura de sálvia, alecrim, tomilho, pimenta preta e noz-moscada, ainda outras como a páprica, que é um tempero vermelho, feito de pimentões secos e pimentas. A região Centro-Oeste possui uma rica diversidade, apresenta uma mistura das cozinhas indígena, portuguesa, paulista, mineira, nordestina e paraguaia, dentro dos temperos e especiarias utilizadas na gastronomia está o pequi, coentro, erva-mate e a pimenta, que ressaltam o sabor dos alimentos da região. (BRASIL, 2014). A região sudeste traz uma mistura de receitas europeias e africanas, nos temperos usados na culinária está a jurubeba, pequi, açafrão, variedade de pimentas e gengibre. Dos temperos utilizados praticamente no Brasil todo está o cheiro verde este é uma mistura de ervas de cheiro, que são a salsinha e a cebolinha, no Norte e no Nordeste o cheiro verde inclui coentro, o qual possui um aroma marcante, em alguns lugares também se acrescenta manjerona. Os temperos, ervas e especiarias são uma importante presença na gastronomia, através destas se ressalta o sabor dos alimentos, além do tratamento estético dos pratos. Extraídos de folhas, cascas nozes ou raízes de plantas, estes aguçam os cinco sentidos, estas salientam o sabor e odor dos alimentos. As especiarias mudam a fisionomia do alimento, realçam a cor, e a textura, além de serem utilizadas como conservantes. As especiarias, ervas e temperos não são apenas prezadas pelo sabor, aparência e aroma, também por seu valor nutricional.
REFERÊNCIAS
ANVISA. Regulamento técnico para especiarias, temperos e molhos.
Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B8997-1- 0%5D.PDF>. Acesso em 05 mai. 2014.
BRASIL. Ministério do Turismo. Gastronomia do centro o este. Disponível em:
<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/brasilecopa/cultura/centrooeste>. Acesso em 08 mai. 2014.
NEPOMUCENO, R. O Brasil na rota das especiarias: o leva-e-traz de
cheiros, as surpresas da nova terra. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.
TONNON, R. Planeta sustentável. O segredo das ervas. Disponível em:
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/ervas-paladar-tempero- cozinha-culinaria-492544.shtml>. Acesso em 05 mai. 2014.
GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Importância e riscos das
especiarias. Higiene Alimentar, v. 12, n. 57, p. 23 – 31, 1998.