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Material Teórico
Conceituação de Comunicação Comunitária
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar sobre o conceito da comunicação comunitária;
• Conhecer o seu surgimento e seus principais instrumentos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Conceituação de Comunicação Comunitária
Figura 1
Fonte: Getty Images
Figura 2
#ParaTodosVerem: Organograma composto por três símbolos. Da esquerda para
a direita, há uma seta grande apontando para a direita, dentro da seta está escrito
“emissor”. Ao lado há um quadrado em que está escrito “mensagem”. Ao lado desse
quadrado há outra seta apontando para direita, dentro dela está escrito “receptor”.
Fim da descrição.
Muito bem, na comunicação comunitária a situação muda. A comunicação co-
munitária ou comunicação popular e alternativa como também é chamada surgiu
durante o regime militar como uma alternativa aos movimentos sociais interessa-
dos na democratização da comunicação. Isso mesmo, já que os meios de comu-
nicação estavam censurados e nem sempre podiam declarar a real situação pela
qual o país enfrentava; inúmeras comunidades encontraram formas diferenciadas
de se comunicar. Seus principais instrumentos são: o boletim, o jornal de bairro,
o “jornal poste”, a rádio comunitária, a TV comunitária, o vídeo-documentário e,
mais recentemente, a internet e suas redes sociais.
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A comunicação comunitária conta com a participação direta do povo na produ-
ção de produtos midiáticos, na divulgação de notícias, informações, serviços e na
valorização da cultura local.
Segundo a Prof.ª Cecília Peruzzo, uma das maiores estudiosas da área, “O par-
ticipante, além de contribuir formulando conteúdos, tem o poder de atuar no pro-
cesso de decisões relativas aos conteúdos dos meios e à sua gestão” (PERUZZO,
2003, p. 248).
Por ser comunitária, este tipo de comunicação tem alcance limitado e procura
identificação com o público ao qual se destina. Isso não significa que um movimen-
to social mundial não possa se utilizar de redes sociais como Orkut, Facebook e
Youtube para se manifestar, ok?!
Tabela 1
COMUNIDADE SOCIEDADE
Característica social Confraternização Troca
Relação social dominante Parentesco e boa vizinhança Cálculo racional
Instituições fundamentais Família, amizade, ideal Estado Capitalista
O indivíduo na ordem social Parte do coletivo Indivíduo
Forma de riqueza
Terra Dinheiro
característica
Tipo de Direito Familiar, de amizade etc Contratual
Vida de cidade, racional
Ordenação das instituições Vida familiar, rural e urbana
e cosmopolita
Concórdia ou harmonia,
Convênio, legislação
Tipo de controle social morais e costumes populares
e opinião pública
e da religião
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Para alguns autores, a comunicação popular não pode ser identificada pela clas-
se social daquele que a realiza, na medida em que qualquer indivíduo de classe so-
cial adversa pode estar comprometido com os ideais das classes populares. Carlos
Eduardo Lins da Silva ressalta:
(...) podemos dizer que alguns jornais defendem os interesses das classes
populares, mas não são feitos por elas nem a elas se destinam. Outros,
embora tenham as classes populares como destinatárias principais, defen-
dem os seus interesses, não são feitos por elas. Outros, ainda defendem
os interesses das classes populares, são por elas produzidos e a elas diri-
gidos. (GOMES, 1987, p. 46)
Não podemos negar, contudo, que a comunicação popular tem a ver com o
povo e seus próprios códigos e que seu principal objetivo deve ser a promoção da
justiça social.
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A linguagem também não serve como parâmetro na definição do que é comu-
nicação popular, tendo em vista que a linguagem pode ser lexicalmente popular
e não servir aos ideais das classes populares, como era o caso do jornal Notícias
Populares, marcado na história da imprensa como um jornal sensacionalista.
Figura 3
#ParaTodosVerem: Foto de duas pessoas em uma rádio popular. Há uma mesa posi
cionada na transversal da foto, em cima da mesa há um aparelho com um disco de vinil
em cima e um aparelho de som pequeno, de cor azulada, ao lado. Em frente à mesa há
um pedestal para microfone. A mulher que está atrás da mesa usa roupa despojada,
calça jeans, blusa amarela e jaqueta jeans, uma touca de cor vermelho e branco na
cabeça e sobre a touca está usando um fone de ouvido circumaural de cor preta, usa
também óculos escuros, está com a mão esquerda apoiada no tampo da mesa. A outra
mão está segurando um microfone apontado para a boca. Há um homem ao lado da
mulher, usa calça jeans cor branca, camisa azul e um boné azul virada para trás na
cabeça, usa também um crachá pregado no bolso da camisa. Ao fundo, na parede, está
escrito em letras grandes e verdes: “No ar”. Na linha de baixo, em letras menores está
escrito: “Rádio Popular Beira Rio”. Fim da descrição.
E a mensagem? Bom, autores como Gomes acreditam na importância de se
vincular a mensagem à realidade social. Para o autor, a comunicação popular não
anda sozinha, sempre está aliada a um movimento organizado e interessado em
enfrentar a manipulação e a opressão de classes dominantes: “Sozinha, a comuni-
cação não vai modificar a sociedade, por melhor que se realize; ela pertence
à instância superestrutural”. (ibidem, p. 51)
A condição histórica na qual a prática comunicativa está inserida também diz
muito. Para Regina Festa - outra autora significativa em Comunicação Comunitária
- o Brasil carrega, marcadamente, esta característica:
No campo da comunicação (alternativa e popular) no Brasil, e ao contrá-
rio do que ocorre na Europa ou Estados Unidos, a principal característica
da produção cultural é a identidade com as formas de opressão social.
(FESTA, 1986, p. 29)
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E você em qual comunidade está inserido? Com qual veículo comunitário você se identifica
Explor
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de massa se apropria da cultura popular, de sua linguagem e de outras característi-
cas em busca de altos índices de audiência. Exemplo: o carnaval. Como foi citado
anteriormente, o jornal Notícias Populares também é um exemplo notório. Por
fim, a terceira corrente refere-se ao popular-alternativo. Como é o caso do jornal
abaixo (GRITA POVO, nº 4, nov. 1982. p. 8):
Figura 4
#ParaTodosVerem: Foto de uma página de um jornal antigo. A página está amarelada
devido ao tempo. A divisão dos textos na página está organizada em quatro colunas.
Há alguns desenhos simples entre as manchetes. O texto é ilegível, mas destacamse
algumas manchetes em letras maiores em que se lê: “Disco Santo Dias: tributo e pro
testo” Santo você está presente; Faça o seu jornal mural. Fim da descrição.
Os estudos de comunicação popular também suscitaram questões pertinentes
à Teoria da Comunicação, a começar pela valorização do receptor (Ver esquema
do processo da comunicação anteriormente), por muito tempo, ele foi des-
prezado pelos pesquisadores em comunicação, uma vez que não era considerado
como sujeito de atitudes autônomas e imprevisíveis. Antes, acreditavam que o
receptor era incapaz de escapar às imposições da Indústria Cultural.
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Figura 5
#ParaTodosVerem: Imagem de uma página de uma página de revista. Na parte supe
rior ao centro escrito em letras grandes e brancas sob fundo preto há o texto: CMI na rua
– Centro de mídia independente. Com letras pequenas, abaixo está escrito: número 5,
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17 de outubro de 2003. www.midiaindependente.org. Abaixo em letras médias há um
subtítulo que diz: Na contramão da democracia. Há um texto longo e crítico acerca
do tema democracia e concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas
empresas. Analisa em dado momento a emissora Rede Globo de Televisão. No canto
inferior direito da página há um subtítulo escrito: “De água para Marinho”, manchete
que encabeça a notícia de que a prefeita de São Paulo da época, Marta Suplicy queria
alterar o nome da avenida Água Espraida para Avenida Roberto Marinho, fato que o
texto critica. Fim da descrição.
Alguns estudiosos acreditam que a comunicação comunitária atingiu seu ápice
em períodos críticos como o regime militar. Há uma sensação de apatia no ar,
inclusive no que diz respeito à formação de novos líderes populares. Hoje, apa-
rentemente, o ambiente democrático forja uma liberdade de expressão no setor da
comunicação, entretanto isso não se confirma, quando pensamos na natureza da
comunicação de massa no Brasil.
Vale dizer que, em pleno século XXI, a concessão de veículos de comunica-
ção tornou-se “barganha eleitoral” na mão do governo. Oligopólios formam-se no
país, a fim de impor à população uma visão de mundo manipulada.1
Em última instância, iniciativas de comunicação popular que têm tido ressonân-
cia em comunidades por todo o país são combatidas severamente pelo Estado com
proibições e regulamentações. Um bom exemplo estaria no constante conflito entre
rádios comunitárias e a Anatel.
Obviamente, há muitos exemplos que expõem a distorção do objetivo das necessi-
dades locais e se maquiam sob outros interesses. É o caso de rádios ditas comunitárias,
mas que na verdade transmitem mensagens de uma única vertente religiosa ou política.
“(...) por exemplo, a existência de meios de comunicação que se dizem comunitários,
mas que de fato servem a outros interesses - políticos eleitorais, religiosos, financeiros
e personalísticos.” (PERUZZO, 2003, p. 249).
Mas, dificilmente encontrase uma saída para esses problemas. Sabe por quê?
A fiscalização É FALHA! Portanto, precisamos ser CRÍTICOS!
1 “Presente em todos os estados, a maioria dos principais grupos regionais de mídia são afiliados à Globo, o que não
impede que 86% dos seus veículos estejam concentrados na região de maior circulação de verba publicitária, o Su-
deste. Do total da verba publicitária, abocanha US$ 1,5 milhão, deixando US$ 600 milhões para o SBT e 300 para
a BanDom O resultado é uma audiência de 54% , contra 23% dos índices alcançados pelo SBT, sua concorrente
mais próxima. Subordinados às cabeças-de-rede, que dominam os principais mercados, os grupos afiliados à Re-
cord, Band, SBT e Globo também reproduzem a concentração do mercado, ficando restritos a pequenos mercados
regionais.”(WANDELLI, R. Pesquisa mostra cartelização da mídia brasileira. São Paulo: INSTITUTO GUTEMBERG
- CENTRO DE ESTUDOS DA IMPRENSA, 2002)
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Figura 6
#ParaTodosVerem: Imagem de uma charge. Nome do autor não consta na imagem.
No centro da figura, há um desenho de um homem enfaixado com faixas brancas,
como uma múmia, deitado no chão em cima de uma grande poça de sangue verme
lho, indicando que está morto. Em pé, ao lado do cadáver, e virada de costas, há uma
mulher seminua, com as nádegas descobertas, usa salto alto, blusa e bolsa cor de rosa,
os cabelos são loiros e o batom nos lábios é vermelho. Está segurando um microfone
que aponta para o rosto do homem morto no chão. Ao lado aparecem outras três mãos
também com microfones apontando para o rosto do morto. Ao fundo há uma imagem
de três morcegos voando. No balão de fala apontado para a mulher está escrito: O que
é acha que aconteceu? Acha que podia haver uma solução, que pudesse evitar esta
catástrofe? Como é que se sente? Como é que vê o seu futuro neste momento? Fim
da descrição.
Neste caso, cabe ao público ter o discernimento e perceber quando as informa-
ções estão sendo tendenciosas e se escondem atrás do espaço comunitário para
tentar impor ideologias e opiniões que não refletem, em momento algum, os inte-
resses de determinada comunidade.
Já sei... Você deve estar se perguntando: Por que uma disciplina como essa faz
parte de um curso dito profissional? Então, não estou me formando para atuar na
comunicação de massa?
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como profissionais da comunicação. Afinal, você não será um mero “apertador de
botões” no mercado de trabalho e sim um verdadeiro “agente histórico”; capaz de
interferir no curso da história do seu país, da sua cidade, do seu bairro, da sua rua...
Como disse, Paulo Freire, “É impossível tocar a realidade de luvas”. É como se em
comunicação comunitária, tirássemos as luvas.
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Referências
BELTRÃO, L. Comunicação popular e religião no Brasil. In: MELO, José Marques
de (org). Comunicação/Incomunicação no Brasil. São Paulo: Loyola, 1976.
FILHO, P. C. No olho do furacão: América Latina nos anos 60/70. São Paulo:
Cortez, 2003.
HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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HOLFELDT, A.; MARTINO, L.; FRANÇA, V. Teorias da Comunicação. Petró-
polis: Vozes, 2001.
WOLF, M. Teorias das Comunicações de Massa. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
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