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1ª QUESTÃO ​Sujeito ativo - é aquele que pratica o fato descrito como crime na

norma penal incriminadora. O crime é uma ação humana sendo assim somente o
ser vivo humano pode ser autor de um crime executando total ou parcialmente o
que é descrito na norma e assim ser considerado sujeito ativo. Eis o que diz Cezar
Roberto Bitencourt em sua doutrina: "Conduta (ação ou omissão), pedra angular da
Teoria do Crime, é produto exclusivo do Homem. A capacidade de ação, e de
culpabilidade, exige a presença de uma vontade, entendida como faculdade
psíquica da pessoa individual, que somente o ser humano pode ter." (Tratado de
Direito Penal, parte geral, vol. 1, ed. 17, p. 114) São utilizados vários termos para se
referir ao sujeito ativo do crime como, agente, réu, condenado e entre outros.

Sujeito passivo- É aquilo ou aquele que sofre o crime, é o titular do bem jurídico
lesado pela ação criminosa do sujeito ativo. Podendo ser denominado de vítima ou
ofendido o sujeito passivo se divide em passivo formal e material. No formal, o
Estado é sempre o sujeito passivo do crime, podendo ser denominado de sujeito
passivo mediato, e no material sujeito passivo direto é o titular do bem ou interesse
lesado. Dessa maneira o sujeito passivo material pode ser: " o ser humano
(ex.:crimes contra a pessoa); o Estado (ex.: crimes contra a Administração Pública);
a coletividade (ex.: crimes contra a saúde pública); e, inclusive, pode ser a pessoa
jurídica (ex.: crimes contra o patrimônio)." (Tratado de Direito Penal, parte geral, vol.
1, ed. 17, p. 114)

Objeto ​jurídico- É o bem ou interesse protegido pela lei penal. Se considera bem
como: ​"​tudo aquilo que satisfaz a necessidade humana como tudo aquilo que
satisfaz a uma necessidade humana, inclusive as de natureza moral, espiritual, etc.,
e interesse como o liame psicológico em torno desse bem, ou seja, o valor que tem
para seu titular.​" ​( NUVOLONE​, Pietro. Ob.cir. ​JTACrSP 32/11 e ​justitiu 86/70)
Como exemplo de bens jurídicos temos a vida, o patrimônio, a integridade física,
entre outros.

Objeto ​material- É a pessoa ou coisa que a conduta criminosa recai, aquilo que o
delito atinge. Dessa maneira o ser humano pode ser objeto material no crime de
homicídio, e coisa alheia móvel do furto. Existem casos no qual o sujeito passivo e o
objeto material podem ser a mesma pessoa, exemplo: ​"​Nas lesões corporais a
pessoa que sofre a ofensa à integridade corporal é, ao mesmo tempo, sujeito
passivo e objeto material do crime previsto no art. 129 ​do CP (a ação exercida sobre
seu corpo).​" Porém, também existem, crimes sem objeto material, como ocorre no
crime de ato obsceno (art. 233), no de falso testemunho (art. 342), etc.

Natureza Jurídica-A natureza jurídica é um conceito que busca explicar o princípio


ou a essência de um instituto jurídico,quais são os seus princípios básicos e quais
são os elementos que os formam. Por exemplo: os conceitos de propriedade,
casamento, bens, tutela e processo são institutos do Direito. Na concepção de
Maria Helena Diniz, a natureza jurídica é o “significado último dos institutos
jurídicos”, podendo ser tida como a “afinidade que um instituto jurídico tem em
diversos pontos, com uma grande categoria jurídica, podendo nela ser incluído a
título de classificação".

Resultado- ​sobre resultado temos duas interpretações, a normativa e a naturalista.


Na primeira a interpretação normativa se expressa no ​Código Penal art. 13 ​de que
para que um crime exista não basta a conduta e deve haver um resultado que pode
ser jurídico (imaterial) ou material, pois para essa teoria o resultado é lesão ou
perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal, sendo assim só é
crime se há resultado se não existe o resultado não há crime. Segundo Damásio, o
resultado pode ser físico (dano, por exemplo), fisiológico (lesão, morte) ou
psicológico (o temor no crime de ameaça, o sentimento do ofendido na injúria, etc.)
(JESUS, Damásio E. de. Ob. Cit. p. 229.)
Na teoria naturalista o resultado é a modificação no mundo exterior, causada ​por
um comportamento humano voluntário. Dessa maneira somente teriam resultado os
crimes materiais que a ação ao se realizar, sempre modifica alguma coisa,
produzindo um resultado que está separado no tempo e no espaço da ação que o
precede. E a teoria acredita na existência de crimes sem resultado baseado nas
condutas típicas que se consumam, sem a necessidade de um resultado natural
como no arts. ​130 a 135 do Código Penal.
Exemplo: Caio atira em João e o mata, Caio é o sujeito ativo da conduta do
homicídio simples art. 121 do Código Penal, João é o sujeito passivo pois é o titular
do bem jurídico lesado e objeto material do crime pois é aquele sobre qual a
conduta recai e o objeto jurídico é a vida de João pois a vida é o bem que é
protegido pela lei que foi lesado.

2a QUESTÃO ​Conceito formal de crime é a conduta definida em lei como tal, isto é,
a conformidade do fato ao tipo penal, a adequação do ato praticado pelo agente
àquilo que está previsto anteriormente na norma. Que é justamente a visão da
teoria causalista, segundo Julio Fabbrini Mirabete :"Para a teoria causalista
(naturalista, tradicional, clássica, causal-naturalista), a conduta é um
comportamento humano voluntário no mundo exterior, que consiste em fazer ou não
fazer. É um processo mecânico, muscular e voluntário (porque não é um ato
reflexo); em que se prescinde do fim a que essa vontade se dirige."(Manual de
Direito Penal, Vol. 1 Parte Geral by Julio Fabbrini Mirabete Renato N. p.88)
A conduta, ação é a manifestação externa da vontade, pouco importando qual seja
o conteúdo ou alcance dessa vontade, importando somente é o resultado da ação.
Essa visão se diferencia da visão da teoria finalista, pois essa teoria visualiza o
crime pelo conceito material, que é a valoração da conduta e do resultado.
Atentando para o porquê do fato ser crime e verifica-se se o agente ofendeu, ou
expôs à ameaça, de forma significativa, o bem jurídico tutelado. Presente na teoria
finalista da ação porque a mesma visa que toda conduta humana tem uma
finalidade, importando muito a vontade presente na ação e sua finalidade. "Em
suma, a vontade constitui elemento indispensável à ação típica de qualquer crime,
sendo seu próprio cerne. Isso, entretanto, não tem o condão de deslocar para o
âmbito da ação típica, igualmente, o exame do conteúdo de formação dessa
vontade, estudo que há de se reservar à culpabilidade." (Manual de Direito Penal,
Vol. 1 Parte Geral by Julio Fabbrini Mirabete Renato N. p.89)

3ª QUESTÃO ​Causa relativamente independente ​preexistente- acontece quando a


conduta do sujeito ativo combinada com uma condição preexistente gera o
resultado. Por exemplo: Caio é hemofílico (condição preexistente) e leva uma
facada em uma localização não morta​l ( conduta criminal) e vem a morrer por
hemorragia, dessa maneira pode se dizer que sua condição preexistente se somou
à condut​a ​para a formação do resultado. Na​s ​causas relativament​e ​independentes
preexistentes há nexo de causalidade.

Causa relativamente independente ​concomitante- ocorre quando a causa efetiva


para a produção do resultado e gerada ao mesmo tempo que outra causa, como no
exemplo : Eduardo aponta uma arma para Caio e lhe dá um tiro, Caio tem uma
parada cardíaca devido ao susto de ver a arma apontada para ele e morreu por
conta dessa parada. A parada cardíaca é a causa efetiva do resultado que se gera
juntamente a outra causa que foi a do tiro assim havendo nexo de causalidade.

Causa superveniente relativamente ​independente- acontece quando ​após uma


conduta ocorra uma segunda causa que determine o resultado e essa segunda
causa irá produzir o resultado por si só, porém a segunda causa não é
independente da primeira. ​"​Mas ainda se poderá perguntar​:se uma causa é
relativamente independente, como poderá causar, por si só, o resultado?​A Situação
deve ser interpretada da seguinte forma: quando alguém coloca em andamento
determinado processo causal pode ocorrer que sobrevenha, no decurso deste, uma
nova condição — produzida por uma atividade humana ou por um acontecer
natural— que,em vez de inserir no fulcro aberto pela conduta anterior, provoca um
novo nexo de causalidade. Embora se possa estabelecer uma conexão entre
conduta primitiva e o resultado final, a segunda causa, a causa superveniente, é de
tal ordem que determina a ocorrência do resultado​,como se tivesse agido sozinha,
pela anormalidade, pelo inusitado, pela imprevisibilidade da sua ocorrência.​" ​(
BITENCOURT, ​CEZAR Tratado de Direito Penal ​- Vol. 1, p.123) Dessa maneira a
causa superveniente relativamente independente se diferencia das demais, pois não
há nexo de causalidade. Exemplo: Júlio sofre uma lesão e vai ao hospital, no
hospital tem um ataque cardíaco provocado pela anestesia e morre por conta do
ataque cardíaco e não de sua lesão.

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