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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ECONOMIA

Licenciatura em Contabilidade e Finanças


Auditoria Externa II - 4º ano 2º Semestre
2º Exame de Frequência – 24 Novembro 2009

Parte I (6,00)

1. Com relação a auditoria das demonstrações financeiras da Flowmeter, Icn referentes ao ano
de 20X8, Kossa, Auditor Independente, está ciente de que certos eventos e transacções que
aconteceram após 31 de Dezembro de 20X8, mas antes da data da Opinião, 8 de Fevereiro
de 20X9, podem afectar as demonstrações financeiras da empresa. Os eventos seguintes ou
transacções relevantes foram trazidos a seu conhecimento:

i. Em 3 de Janeiro de 20X9, a empresa recebeu matérias-primas que tinha


encomendando em Outubro de 20X8 a um Fornecedor do Canadá e que tinham sido
embarcadas em regime FOB do Porto de embarque, em Novembro do mesmo ano.

ii. Em 15 de Janeiro de 20X9, a empresa entrou em acordo com ex-empregado que


tinha accionado judicialmente por danos pessoais decorrentes de acidente que tinha
acontecido em Março de 20X8. A Companhia não tinha aprovisionado nenhum
passivo, em conexão com a acção judicial.

iii. Em 25 de Janeiro de 20X9, a empresa concordou em adquirir Mirimbique Electrical


Lda a vista. É provável que a aquisição duplique o volume de vendas da Flowmeter,
Inc.

iv. Em 1 de Fevereiro de 20X9, uma fábrica de Flowmeter, Icn foi inundado e Existências
não seguradas foram perdidas;

Indique os procedimentos de auditoria que teriam trazido cada evento ou transacção à atenção
do Auditor Independente e a forma e o motivo de revelação nas demonstrações financeiras:

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Nº Procedimento Forma revelação Motivo de revelação
Questão
I Análise de corte de operações Notas ás contas de Demonstra a relação
vulgo cut-off em que se certifica se Fornecedores, prevalecente entre as
as matérias-primas teriam sido revelando que responsabilidades
registados nas competentes contas existem mercadorias assumidas e os
de mercadorias em trânsito em em trânsito que valores em activos
contrapartida da conta de contrapõe o passivo
fornecedores, considerando o registado na conta de
regime de expedição acordado com Fornecedores
o Fornecedor
II Inquirição ao Advogado da Reforço de provisões Obediência ao
Empresa sobre assuntos em litígios princípio de
ou que estejam a ser dirimidos em prudência
tribunais
III Leitura das últimas actas do Notas às contas em Aquisição duma outra
Conselho de Administração sede de eventos unidade produtiva
subsequentes altera valor futuro da
Empresa
IV Indagação aos órgão de gestão Notas às contas em O facto subtrai o valor
sobre eventos subsequentes sede de eventos futuro da empresa
subsequentes

2. O auditor independente conclui que algumas informações relevantes que constam do relatório
anual do Cliente não são coerentes com as demonstrações financeiras que examinou e que
fazem parte do relatório em questão. Se o auditor concluir que não há necessidade de que as
demonstrações sejam revistas, mas o cliente recusar-se a revisar ou eliminar a incoerência, o
auditor pode:

a) Emitir opinião com reserva após discutir a questão com o Conselho de Administração
do Cliente;
b) Considerar encerrada a questão, pois as informações em questão não se encontram
nas demonstrações financeiras examinadas;
c) Emitir uma impossibilidade do qual consta explicação sobre a incoerência relevante,
em paragrafo de ênfase específico, antes do de opinião;
d) Rever a Opinião, incluindo um paragrafo de ênfase específico que descreva a
incoerência relevante

3. O Auditor, ao expressar sua opinião, assume responsabilidades, inclusive de ordem pública.


Com base nesta afirmação, indique a alínea que não é essencial para a Opinião

a) Indicação das demonstrações financeiras examinadas e períodos pertinentes;


b) Data da opinião, correspondente ao dia da conclusão dos trabalhos na empresa;
c) Data da Opinião, correspondente ao dia efectivo de sua emissão e assinatura;
d) Assinatura do auditor e número de registo na Ordem dos Auditores;
e) Destinatários, que podem ser accionistas ou membros do conselho de administração

4. O auditor externo, na avaliação de um trabalho específico da auditoria interna com pretensão


de sua utilização, deve considerar:

a) Se o alcance do trabalho e seus programas são adequados, e se avaliação


preliminar da auditoria interna permanece apropriada;
b) Se a economia de horas e dos Assistentes é compensadora uma vez a auditoria
interna já executou diversos testes da mesma natureza;
c) Se o alcance dos trabalhos efectuados pela auditoria pode ser satisfatoriamente
adequadas às necessidades do Auditor externo;
d) A qualidade dos trabalhos de auditoria interna, sendo que conhecem melhor as
actividades da empresa, os seus resultados são confiáveis;
e) O conhecimento dos auditores internos principalmente as áreas de maior risco de
auditoria, uma vez que a responsabilidade é partilhada

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5. Se, após a emissão da Opinião, o auditor tomar conhecimento de um facto que poderia
modificar a sua Opinião e, no entanto, a administração não tomou medidas necessárias para
assegurar que os utentes sejam informados do facto, o auditor deve:

a) Informar à administração da empresa auditada que tomará medidas para


impedir que a sua Opinião seja utilizada por terceiros para tomada de decisões;
b) Publicar, nos mesmos jornais onde foram publicadas as demonstrações financeiras
da empresa auditada, que o auditor abstém se da Opinião publicada;
c) Informar órgão regulador competente que irá tomar medidas para informar aos
utentes das demonstrações financeiras publicadas quanto ao risco identificado;
d) Enviar uma carta aos administradores da empresa auditada, informar que o trabalho
de auditoria foi prejudicado, num momento futuro, oportuno, manifestará se a respeito
do facto;
e) Informar os principais accionistas da empresa que as demonstrações financeiras
publicadas podem apresentar vícios para fim de tomada de decisões

Parte III (6,00)


Caso A

No exercício de 2007, os Accionistas da empresa reunidos em Sessão Extraordinária da Assembleia


Geral, deliberaram aumentar o Capital Social através da transferência de suprimentos avaliados em 47
500 000 Meticais para as competentes contas de Fundos Próprios. Embora o facto tenha sido
reconhecido nas demonstrações financeiras, não tivemos evidências de devida publicação deste acto
jurídico por parte da Sociedade. Por outro lado, no exercício de 2008, de acordo com os registos da
contabilidade, o Capital Social foi reduzido em 47 500 000 Meticais, e não tivemos igualmente
evidências de que Assembleia Geral dos Accionistas tenha deliberado nesse sentido nos precisos
termos do Código Comercial artigo 118 e seguintes.

Adicionalmente, os capitais próprios são inferiores ao limite definido pelo artigo 119 do Código
Comercial, sendo negativos em cerca de 167 110 553 Meticais. Por outro lado, as responsabilidades da
empresa excedem significativamente os seus activos e a futura continuidade de operações está
dependente do contínuo suporte financeiro dos Accionistas e/ou aumento de volume de negócios
suficientes para suprir os prejuízos. Estas Demonstrações Financeiras foram preparadas na base do
princípio da continuidade de operações, a partir da qual se presume que o normal fluxo de fundos da
empresa será suficiente para financiar futuras operações e que a realização de activos e pagamento de
passivos, obrigações contingentes e compromissos assumidos ocorrerão no decurso normal do
desenvolvimento da sua actividade. Por conseguinte, estas demonstrações financeiras não incluem os
ajustamentos e reclassificações de activos e passivos que seriam necessários na eventualidade duma
descontinuidade de operações.

Opinião

Em nossa opinião, as referidas demonstrações financeiras, contidas nas páginas de xx a xx,


apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspectos materialmente relevantes,
a posição financeira da ABC, LDA em 31 de Dezembro de 2008, e do seu desempenho financeiro
e de fluxos de caixa do ano findo nessa data, em conformidade com as Normas Internacionais
de Relato Financeiro (ou normas de contabilidade geralmente aceites em Moçambique).

Ênfase

Sem alteramos a nossa Opinião, chamamos atenção para o facto de os Capitais Próprios serem
inferiores aos limites definidos pelo artigo 119 do CC e as responsabilidades da empresa
excedem os activos, situação que condiciona a continuidade da empresa que depende do
aumento do seu volume de negócios e/ou financiamento dos accionistas e estas demonstrações
financeiras não incluem os ajustamentos e reclassificações dos valores activos e passivos que
seriam necessários na eventualidade duma descontinuidade.

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Caso B

A empresa Saúde e bem estar, Lda. tem como objecto social a prestação de serviços com os
clientes por períodos de um ano, os quais são imediatamente facturados e reconhecidos como
réditos. As consultas médicas são prestadas de acordo com planos estabelecidos com os
pacientes, os quais nem sempre são rigorosamente cumpridos por razões a eles imputáveis.
No final de 20X8 encontravam-se por realizar cerca de 7 500 consultas, cujo preço médio foi
determinado em 1 750 meticais. De notar que aquele número, por força dos contractos celebrados
no 2º semestre de 20X8 é superior ao que se verifica em 31 de Dezembro de 20X7, o qual,
segundo o relatório de Gestão, era de 5 000 consultas, sendo então o preço médio de 1 663
meticais.
Na apreciação ao desempenho da Empresa é feita uma referência ao bom crescimento das
prestações de serviços dos resultados obtidos, situação que conduziu, em 20X8, ao apuramento
de um imposto sobre rendimento na ordem de 1 400 000 meticais.
De referir ainda que em Janeiro de 20X8 a Empresa adquiriu, em regime de locação financeira,
duas unidades móveis para prestação dos referidos serviços de saúde, as quais contabilizou os
respectivos 3,500,00 meticais de acordo com os critérios definidos na normalização contabilísticas.
Porém, como só 20% do IVA suportado nas rendas é objecto de dedução, a empresa apresenta na
conta de IVA não dedutível 262 500 meticais dos quais apenas 157 500 meticais respeitam à parte
de amortização do Capital. A vida útil de tais Viaturas é de 5 anos.
Comentários de Auditoria
O critério de reconhecer imediatamente como proveitos serviços por prestar, com agravante
de os indicadores estatísticos revelarem que as previsões iniciais de pacientes a assistirem
não se verificam, gera resultados de exercício não produzidos e consequentemente o
pagamento indevido de impostos, além de que o procedimento põe em causa o princípio
contabilístico de balanceamento entre custos e proveitos gerados. Adicionalmente, a conta
de IVA Dedutível e de Empréstimo, encontra-se sobrevalorizado pelo justo valor de 157 000
meticais, referentes à parte de amortização do capital
Reserva por desacordo
Em nossa opinião, excepto quanto ao efeito da limitação acima referida, se a houver, as
referidas demonstrações financeiras, contidas nas páginas 5 a 21, apresentam de forma
verdadeira e apropriada, em todos os aspectos materialmente relevantes, a posição
financeira da Saúde Bem Estar, Lda. em 31 de Dezembro de 2008, e do seu desempenho
financeiro e de fluxos de caixa do ano findo nessa data, em conformidade com normas de
contabilidade geralmente aceites em Moçambique.

Boa sorte

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