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COMO INSPIRAR MUDANÇAS PELO EXEMPLO:

UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO
A consultora organizacional Betânia Tanure (2010) criou a metodologia dos 7 Rs
com o objetivo de trabalhar as ações dos líderes nas empresas, por meio dos
traços, para dar suporte à visão de futuro:
1. Retirar (traços que temos e queremos abrir mão);
2. Reforçar (traços que temos e queremos fortalecer);
3. Resgatar (traços que já tivemos e queremos voltar a ter);
4. Ressignificar (traços que temos e precisamos adequar o significado
à nova realidade);
5. Renovar (traços que não temos e queremos incluir);
6. Recusar (traços que não temos e não queremos incluir);
7. Reter (traços que temos e queremos manter)

1- TEXTO – LÍDERES NO PAÍS SÃO AUTORITÁRIOS E CONCENTRAM


O PODER
Por Betânia Tanure.
A cultura da minha empresa é de muita participação. Somos todos iguais. As
minhas portas estão sempre abertas. Esse tipo de discurso acima é muito
presente entre os dirigentes brasileiros. Mas o que encontramos no mercado
nem sempre ratifica o que é dito.
Nossa pesquisa mais recente, ainda em andamento, está ancorada em uma
metodologia que desenvolvemos, a dos 7 Rs, que inclui a análise de traços
culturais, que devem ser: retirados, renovados, resgatados, reforçados,
ressignificados, retidos ou recusados para suportar a construção do futuro.
Trata-se de uma análise do “jeito de ser” e do “jeito de fazer” de uma
organização. Com base nas respostas das centenas de executivos já
entrevistados, analisamos aqui um traço típico da cultura brasileira: autoritarismo
e concentração de poder. Acredito que alguns resultados podem te surpreender:
31% escolheram a resposta “não tenho este traço”. Esse número é composto de
1% de executivos que optaram por “não tenho, mas quero ter”, ou seja, que
desejam incluir o autoritarismo na sua cultura (renovar), e 30% por “não tenho e
não quero ter”, resposta que se caracteriza como recusar, ou seja, 70% admitem
serem autoritários e operarem em um ambiente de concentração de poder. E
apenas 32% desejam retirar esse traço. “Já tive, perdi este traço e quero
resgatar” é a resposta de 3% dos entrevistados. Veja bem, a empresa deixou de
ser autoritária e os executivos querem que volte a ser. O índice parece pequeno,
mas tem significado. 28% admitem ter o traço (jeito de ser) e querem ressignificá-
lo (mudar o jeito de fazer).
Isso significa manter a concentração de poder, mas expressá-la de forma
diferente.
Somando os que querem reter (manter a intensidade atual do autoritarismo) com
os que querem reforçar, chegamos a 6%. Se juntamos os três últimos índices,
observamos que 37% dos executivos brasileiros entrevistados não apenas têm,
mas querem ter, o traço de autoritarismo e concentração de poder na sua
empresa.

Não é espantoso deparar com essas opiniões em pleno ano de


2023?
Tenho discutido em vários fóruns, aqui mesmo no Jornal Valor Econômico, o
tema relações de poder. Vimos em uma de minhas pesquisas concluída em 2002
e, desde então, atualizada ano a ano, que, em uma escala de 0 a 100 – na qual
os países cujas empresas apresentam relações de poder mais igualitárias estão
próximas de 0 e os países cujas empresas têm relações de poder mais
autoritárias estão próximas de 100 –, o Brasil tem índice 75, entre mais de 60
países. Você deve estar pensando:
“Reflexo ainda da ditadura?”. Para você mesmo responder a essa pergunta,
considere o fato de que 30 anos atrás o índice era 69.O fato é que, nas
organizações brasileiras, as relações de poder são permeadas por
características marcantes, como centralização, pouca participação dos
funcionários em processos decisórios, amaciadas pela proximidade pessoal e
pelo baixo grau de conflito com quem detém o poder. Porém, essas
características estão “fora de moda”.
Por isso os executivos não admitem abertamente que são centralizadores.
Afirmam exatamente o contrário em palestras e nas entrevistas para nossos
melhores jornais e revistas. A velha máxima do “discurso diferente da prática”
vale também nesse caso, infelizmente.
Isso nos traz algumas questões: esses executivos líderes acham mesmo que
suas empresas terão melhor performance quanto mais autoritários forem?
Teriam a ilusão de que autoritarismo e falta de autonomia combinam com
comprometimento e empreendedorismo?
Quanto aos que querem ressignificar, é como se desejassem que o chefe “não
bata mais a mão na mesa, não grite”. Acreditariam em um autoritarismo mais
manso ou disfarçado? Nesse aspecto, cabem as mesmas questões colocadas
acima.
De forma neutra, a avaliação acadêmica mostra que a coerência entre os valores
(jeito de ser e jeito de fazer) e a estratégia empresarial é fundamental para o
sucesso empresarial. Se a escolha das nossas empresas é ser autoritárias, elas
têm de saber que não criarão empreendedores, gente que arrisca e assume
riscos. À dúvida é se dessa forma elas serão verdadeiramente competitivas. Não
creio que sejam. Mas fica a questão para sua avaliação, para o seu discurso e
para a sua ação.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Escolha situações em sua empresa que o desafiem a promover melhoria em sua


ATUAÇÃO COMO LÍDER. Com base nelas, aplique, em relação a seu
COMPORTAMENTO ATUAL, o modelo 7 Rs, conforme as questões que
seguem:

REFLITA:

A tomada de decisão para promover mudanças na empresa com base em


qualquer um dos Rs compete ao líder, pois ele atua como modelo, no qual a
equipe se inspira. Que benefícios minha empresa, minha equipe e eu, como
líder, teremos com a implantação dessas mudanças?
A técnica dos 7Rs é uma abordagem de resolução de problemas - Os 7Rs
incluem:

Reconhecer o problema: o líder deve estar ciente do problema e reconhecê-lo


como tal.
Registrar o problema: o líder deve documentar o problema de maneira clara e
concisa para que possa ser comunicado de forma eficaz a outras pessoas que
possam estar envolvidas na resolução do problema.
Relatar o problema: o líder deve relatar o problema a outras pessoas envolvidas
na resolução do problema, como membros da equipe ou superiores.
Responsabilizar-se pelo problema: o líder deve assumir a responsabilidade pelo
problema e liderar a equipe na resolução do problema.
Resolver o problema: o líder deve trabalhar com a equipe para desenvolver e
implementar soluções para o problema.
Realizar o acompanhamento do problema: o líder deve monitorar a
implementação das soluções e garantir que o problema tenha sido totalmente
resolvido.
Reconhecer a resolução do problema: o líder deve reconhecer e celebrar a
resolução bem-sucedida do problema com a equipe e/ou outras partes
envolvidas.
Esses sete passos podem ser aplicados a uma variedade de problemas e
situações, e a técnica dos 7Rs pode ser uma ferramenta valiosa para líderes que
buscam resolver problemas de forma eficaz.

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