Você está na página 1de 3

ANÁLISE DE JULGADO

Aluno: Maria Clara Pereira de Oliveira – 5° P – Matutino.

Trata-se de ação de Habeas Corpus, com processo de número 1.0000.20.064178-5/000,


decidida em primeira instância pela Vara Única da Comarca de Abaeté/MG, em segunda
instância pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

1. CASO CONCRETO

O paciente do Writ, Anderson Socorro da Cunha foi preso em flagrante após perseguição
policial na rodovia BR-352, advinda de ordem de parada para dois veículos, que desobedeceram
à ordem e evadiram em alta velocidade, em direção à cidade de Abaeté. Acionado o cerco de
bloqueio nas cidades vizinhas, o condutor de um dos veículos desceu do carro e efetuou dois
disparos de arma de fogo na direção dos policiais, empreendendo fuga na sequência. No veículo
Palio Weekend foram encontrados 765 tabletes de maconha, pesando aproximadamente 730kg,
além de R$12,00 em dinheiro. O paciente, que era condutor do outro veículo, um Fiat Siena foi
abordado afirmando que ele e o outro coautor, receberam a quantia de R$5.000,00 (cinco mil
reais) em dinheiro para levar as drogas de Uberlândia até Abaeté.

2. ENTENDIMENTO DA INSTÃNCIA INFERIOR

O MM juiz de direito, fundamentado no art. 312 do código processual penal, e no art. 313,
inciso 1, do CPP, converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva.

Tendo em vista, a garantia de ordem pública presente a possibilidade da reiteração do crime,


do grande número de drogas apreendidas em posse dos acusados, na repercussão e
periculosidade da conduta, e também, presente à disposição do art. 313 que prevê a prisão
preventiva em face de conduta dolosa punidos com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 (quatro) anos, do qual o paciente foi preso em flagrante em razão da suposta prática dos
delitos tipificados nos artigos 33 e 35 da lei 11.343/06, ambos com pena mínima de 3/ 5 anos e
máxima de 10/15 anos.

3. O PEDIDO DA AÇÃO

Por meio do habeas corpus, foi pedido de forma liminar, a revogação da prisão
preventiva, pela expedição de respectivo alvará de soltura em favor do paciente, já no mérito,
foi pugnada a concessão definitiva da ordem.
A defesa do paciente alega que a prisão preventiva não foi fundamentada, constituindo-se de
constrangimento ilegal do Juiz do Direito em face do paciente, que possui condições
favoráveis, tais como primariedade, domicilio certo e ensino médio, sendo que além dessas
características, a Portaria Conjunta de n.º 19/PR-TJMG/2020 sugeriu que as prisões preventivas
devem ser adotadas em caráter de máxima excepcionalidade, sendo necessário, no caso em tela,
a aplicação das medidas cautelares do artigo 319 do CPP.

4. ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL

Acordaram em Turma, em denegar a ordem, presente os requisitos de manutenção da medida


excepcional, nos termos dos artigos 312 e 313 do CPP, e ausente o alegado constrangimento
ilegal passível de justificar a concessão do writ.

5. FUNDAMENTAÇÃO

Funda-se a decisão de mérito nos artigos 312 e 313 do CPP, em conjunto com uma
análise apurada dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva aplicada no caso concreto,
que o Tribunal tratou de forma articulada e gradual, de destacar em sua fundamentação.

Do que tange ao pressuposto de fumus boni iuris, foi demonstrado nos autos, não
somente a presença de prova material do crime, tratando-se de apreensão de 730 KG de drogas
e entorpecentes, mas também de indicio de autoria, presente a flagrância da conduta do paciente
em posse das drogas, além de perigo gerado pela liberdade do acusado demonstrado nos
requisitos.

Do que se refere aos requisitos de periculum in mora, presentes no artigo 312 do CPP,
foi destacado a garantia da ordem pública, presente o risco considerável de reiteração de ações
delituosas por parte do acusado, caso permaneça em liberdade, em face do entendimento do
STF de que montante expressivo de drogas aprendido constitui fundamento idôneo a embasar
a decretação da prisão preventiva do agente, considerando a gravidade in concreto da conduta.

Em relação a previsão do art. 313 inciso 1° do CPP, as condutas delitivas do paciente


superam a previsão de 4 (quatro) anos, alinhando a prisão preventiva. Tendo assim, por fim, em
resposta ao argumento do paciente, apresentado entendimento jurisprudencial que
independentemente da primariedade, bons antecedentes e domicilio, poderá haver a prisão
preventiva em face da ocorrência concorrente de motivos demonstrados que a legitimam.
6. OPINIÃO

O julgado apresentou vasta gama jurisprudencial e doutrinária para fundamentar a decisão


tomada, trilhando o os requisitos, pressupostos, entendimento em relação a prisão preventiva,
de forma explicar a aplicabilidade desta em razão da manutenção da ordem pública, com
conceitos e entendimentos do que se entende como abalo a ordem pública, em destaque, a figura
trazida pelo Tribunal da garantia da ordem pública, visualizada também pelo binômio gravidade
da infração + repercussão social.

Você também pode gostar