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18/02/15

Neuropsicologia  Funcional  
Renata  Alves  Paes  

Caso  de  Phineas  Gage(1868),    


 
  Um   funcionário   de   uma   ferrovia   americana   que   teve   seu   córtex   pré-­‐frontal  
destruído   por   uma   barra   de   ferro,   durante   uma   explosão.   Ele   conseguiu  
sobreviver   ao   acidente,   mas   sua   personalidade,   antes   caracterizada   pela  
responsabilidade  e  seriedade,  mudou  drasNcamente.  Embora  com  suas  funções  
cogniNvas   basicamente   normais,   ele   perdeu   totalmente   o   senso   de   suas  
responsabilidades   sociais   e   passou   a   vaguear   de   um   emprego   para   outro,  
dizendo   as   mais   grosseiras   profanidades   e   exibindo   a   barra   de   ferro   que   o  
viNmara.  Sua  mente  estava  tão  radicalmente  mudada  que  seus  amigos  diziam  
que  ele  não  era  o  mesmo  Gage...  
•  Caso   onde   foi   evidenciado   uma   ligação   entre   uma   lesão   específica   e   uma  
limitação  da  racionalidade.  
O  ERRO  DE  DESCARTES  
ANTONIO  DAMÁSIO,  1996  

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U*lizando  técnicas  da  neuroimagem  do  


crânio  de  Gage,  no  século  XX,  Antonio  
Damásio  e  colegas,  reconstruíram  o  
caminho  da  barra  de  ferro  e  concluíram  
que  ela  lesionou  áreas  do  lobo  frontal  
esquerdo  e  direito,  em  par*cular  as  
áreas  órbito-­‐frontal  e  anterior-­‐medial,  e  
que  estas  regiões  estão  relacionadas  ao  
comportamento  socialmente  adequado.  

Damásio(1996)  

Caso  clássico:  Phineas  Gage  


•  Em  1848  era  capataz  de  construção  de  ferrovia  nos  EUA  
•  Socava   dinamite   em   um   buraco   com   um   soquete   (*po   de  
pilão)  de  ferro  
•  Por   uma   explosão   acidental,   o   soquete   se   alojou   no   lado  
esquerdo  da  parte  frontal  do  crânio  
•  Após   breve   desmaio,   recobrou   consciência   normal,   com  
sen*dos  e  movimentos  preservados  
•  Alterações   na   conduta:   indeciso,   arrogante,   obs*nado,  
“não  era  mais  ele  mesmo”    
•  Lesão   no   córtex   pré-­‐frontal   (CPF)   esquerdo   relacionada   a  
reações  que  caracterizam  “mente”  e    “personalidade  

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INDICAÇÕES  DA  AVALIAÇÃO  NEUROPSICOLÓGICA  
3  GRUPOS  
1.  D i s t ú r b i o s   C e r e b r a i   s   C o n h e c i d o s :   D o e n ç a s  
cerebrovasculares,   D.A.,   Transtornos   do   Desenvolvimento,  
E.M.,  D.Parkinson,Tumores,  Esquizofrenia,  Depressão,  TOC.  

2.  Fatores   de   Risco   Conhecido:   após   TCE,   Depressão   com  


↓memória,   condições   clínicas   como:   endocrinopaNas,  
distúrbios   metabólicos,   deficiências   nutricionais,  
complicações   de   anestesia   e   cirurgia,   d.   cardíaca,   d.  
vasculares  e  uso  de  medicamentos.  

3.  Suspeita  em  base  da  Alteração  do  Comportamento  e  


sem  causa  idenNficável:  diagnósNco  é  por  exclusão,  AVCs  
silenciosos,  infecção.  

INTRODUÇÃO  
   

NEUROPSICOLOGIA  
Definição  
 
É  o  estudo  da  relação  entre  mente  e  cérebro,  
influenciada  especialmente  pela  cognição  
(LURIA,  1973).  

INTRODUÇÃO  

NEUROPSICOLOGIA  
ObjeNvo  
 Busca  a  compreensão  da  relação  entre  danos  
cerebrais  e  os  efeitos  na  cognição  e  
comportamento    
(LEZAK,  1995).  

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NEUROPSICOLOGIA  
GIL,R.  (2002)  

§  Tem  por  objeto  o  estudo  dos  distúrbios  cogni*vos  e  


emocionais,   bem   como   o   estudo   dos   distúrbios   de  
personalidade   provocados   por   lesões   do   cérebro,  
que  é  o  orgão  do  pensamento,  e  portanto  a  sede  da  
consciência.  
§  Chamada  de  neurologia  comportamental.  
§  Três   obje*vos:   diagnós*cos,   terapêu*cos   e  
cogni*vos.    

NEUROPSICOLOGIA
subárea das Neurociências

NEUROLOGIA  

PSIQUIATRIA   PSICOLOGIA  

           NEUROPSICOLOGIA  

•   1996-­‐  Neuropsicologia  Clínica  reconhecida  como  área  


de   especialidade   do   psicólogo   pela   Associação   de  
Psicologia  Americana  (APA).  

•  BRASIL  2004-­‐  CRP  e  CFP  oficializaram  na  Resolução  n°  


0 2 / 0 4   ( 5 / 3 / 2 0 0 4 )   a   e s p e c i a l i z a ç ã o   e m  
Neuropsicologia.  

•  Neuropsicólogo   -­‐   atua   no   diagnós*co,   no  


acompanhamento,   tratamento   e   na   pesquisa   da  
cognição,   das   emoções,   da   personalidade   e   do  
comportamento   sob   enfoque   da   relação   entre  
aspectos  e  o  funcionamento  cerebral.  

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           NEUROPSICOLOGIA  

•    U N l i z a   c o n h e c i m e n t o s   t e ó r i c o s   d a s  
neurociências,   práNca   clínica,   com   metodologia  
estabelecida  experimental  ou  clinicamente.  

•  UNliza   instrumentos   padronizados   para  


avaliação   das   funções   neuropsicológicas   como  
atenção,   percepção,   linguagem,   raciocínio,  
abstração,  memória,  aprendizagem,  habilidades  
acadêmicas,   processamento   da   informação,  
visuoconstrução,   afeto,   funções   motoras   e  
execuNvas  (CRP-­‐SP).  

             EXAME  NEUROPSICOLÓGICO  

 
Procedimento  uNlizado  para  avaliar  as  funções  
cogniNvas  através  da  aplicação    de    testes  
neuropsicológicos  agrupados  em  baterias.  

     EXAME  NEUROPSICOLÓGICO  

 
FORMAS  DE  BATERIAS  
 
 
             BATERIA  FIXA                                            BATERIA  FLEXÍVEL  

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O  que  é  a  Avaliação  Neuropsicológica?  
 
 
§  É  um  Npo  de  invesNgação  complementar  .  

§  Envolve  a  integração  da  análise  dos  dados  


da   Anamnese,   registros   médicos,   exames  
de  imagem,  laboratoriais,      

§  E  dados  da  Testagem  Neuropsicológica.  

O  que  é  a  Testagem  Neuropsicológica?  


§  Utiliza instrumentos padronizados e sistematizados
para avaliação das funções cognitivas:

Atenção,  Percepção,  Linguagem,    

Raciocínio  Abstrato,  Memória,  Aprendizagem,  


Habilidades  Acadêmicas,  Processamento  de  
informações,    Habilidades  Visuoespaciais  e  Práxicas.  

INSTRUMENTOS  UTILIZADOS  NA  


AVALIAÇÃO  NEUROPSICOLÓGICA  
Na  escolha  dos  instrumentos  deve-­‐se  considerar:    
§  Fins  

§  Ordem  dos  testes  

§  Validação  (sensibilidade  e  especificidade)  

§  Pontos  de  corte  

§  “Reserva  CogniNva”  

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           A  ESCOLHA  DO  INSTRUMENTO  


 
•   Formação  de  base  profissional;  

•   Local  de  treinamento;  

•   Facilidade  de  acesso  ao  material;  

•   Testes  validados  e  adaptados;  

•   Experiência  e  habilidade  pessoal;  

•   Adaptabilidade,  viabilidade  e  uNlidade,  (Lezak  1995).  

1.  Estabelecer a presença ou não de


disfunção cognitiva.
2.  Auxiliar no diagnóstico diferencial.
3.  Contribuir para o planejamento do tratamento
4.  Acompanhar a evolução do quadro em
relação ao tratamento medicamentoso e
cirúrgico.
5.  Acompanhar a evolução da reabilitação.
6.  Documentar o déficit cognitivo

                 
§     PROBLEMAS  NA  TESTAGEM    
       
§   Os  testes  nem  sempre  se  correlacionam  com  a  queixa.  
§    Limitações   do   próprio   sujeito   (analfabeNsmo,   perdas  
sensoriais,  etc).  
§    Tendência   ao   uso   de   baterias   fixas   para   examinar  
diferentes  patologias.  
§    Alguns  escores  ignoram  aspectos  como  idade,  sexo,  e  
aNvidade  profissional.    
§    Algumas   funções   permitem   melhor   avaliação   que  
outras.  
§    Não   levam   em   consideração   os   aspectos   qualitaNvos  
das  incapacidades.  

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VANTAGENS  DA  UTILIZAÇÃO  DE  TESTES  


NEUROPSICOLÓGICOS  
 
• Podem  ser  uNlizados  como  medidas  
padronizadas.  

• São  uNlizados  como  medidas  quanNtaNvas  


comparáveis  ao  longo  da  evolução  do  quadro.  

• Alguns  testes  claramente  se  correlacionam  com  


estruturas  cerebrais.

   INTERPRETAÇÃO  DOS  RESULTADOS  


 
§     Escolaridade  (pacientes  com  alta  escolaridade  correm  o  risco  de  
obter  resultado  falso    negaNvo,  ele  é  portador  da  doença  e  é  
diagnosNcado  como  negaNvo  e  pacientes  com  baixa  escolaridade  
correm  o  risco  de  obter  resultado  falso    posiNvo,  o  paciente  não  é  
portador  e  é  diagnosNcado  como  posiNvo).  

§   Idade  

§   MoNvação,  interesse  e  cooperação.  

§   Interferências  externas...  


 

O  SISTEMA  NERVOSO  
 e  o    
 COMPORTAMENTO  

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Perspec*vas  sobre  Cérebro  e  


Comportamento  
Aristóteles

   Mentalismo  
Hipótese   de   que   a  
MENTE,   ALMA   OU  
PSIQUE   é   responsável  
pelo  comportamento.  

Perspec*vas  sobre  Cérebro  e  


Comportamento  
Descartes (1637)

   Dualismo  
Hipótese   de   que   o  
COMPORTAMENTO   é  
controlado   por   duas  
en*dades   –     MENTE   E  
CORPO.  

Perspec*vas  sobre  Cérebro  e  


Comportamento  
Charles Darwin (1859)
     Materialismo  
O   c o m p o r t a m e n t o  
p o d e   s e r  
c o m p l e t a m e n t e  
atribuído   à   FUNÇÃO  
C E R E B R A L   E   A O  
R E S T A N T E   D O  
SISTEMA  NERVOSO.  

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Perspec*vas  sobre  Cérebro  e  


Comportamento  
Franz Joseph Gall (1800)

   Frenologia  
O s   t r a ç o s   d e  
personalidade   e   as  
capacidades   mentais  
h a b i t a m   á r e a s  
D I S T I N T A S   D O  
CÉREBRO.  

Perspec*vas  sobre  Cérebro  e  


Comportamento  
Franz Joseph Gall (1800)

   Frenologia  
Podem   ser   avaliados  
m e d i n d o -­‐ s e   a s  
dimensões   externas   do  
crânio.  
1  º  esforço  em  localizar  as  
funções  mentais  no  cérebro.  

•   
1861-­‐     o   antropólogo   e  
neurocirurgião   Pierre   Paul  
Broca,   descreveu   o   caso   de   um  
paciente   que   era   capaz   de  
entender  o  que  ouvia,  mas  era  
incapaz  de  falar.  

•    Centro   para   as   imagens  


motoras  das  palavras.  

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Cérebro  lesado  

§  Lesão   cerebral   localizada  


próxima   a   área   motora  
(terço   posterior   do   giro  
f r o n t a l   i n f e r i o r  
esquerdo).  

§  Controla   movimentos   da  


boca   e   da   língua   e   forma  
palavras.  

•  1 8 7 6 - o
neurologista Karl
Wernicke descreveu
um caso de lesão
próxima ao córtex
auditório primário e
ao giro angular
(Área 22).

•  Causando distúrbio
de COMPREENSÃO
DA FALA.

•  A e x e c u ç ã o d a
mesma estava
preservada.

Localização  das  Áreas  da  Linguagem  

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