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MÓDULO I II: SAÚDE MENTAL
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Problema 02 ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2

Transtornos de Personalidade
Ex: antissocial (psicopatia e sociopatia não são
OBJETIVOS mais usados), borderline, histriônica e narcisista.

1. Identificar as características dos transtornos de GRUPO C: personalidade medrosa ou ansiosa


personalidade.
2. Diferenciar caráter, personalidade e Ex: evitativa, dependente e obsessivo-compulsivo.
temperamento
3. Analisar a presença ou não de insight nos ETIOLOGIAS
transtornos de personalidade
4. Relacionar a teoria de defesa do Ego com os FATORES GENÉTICOS
princípios de transtornos de personalidade
5. Identificar o tratamento para os transtornos de Há concordância desses transtornos entre
personalidade gêmeos, sendo muito maior em monozigóticos do
que entre dizigóticos. Ademais, segundo um
REFERÊNCIAS estudo, gêmeos monozigóticos criados separados
têm praticamente a mesma semelhança que
SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virgínia A.; RUIZ, gêmeos monozigóticos criados juntos.
Pedro. Compêndio de Psiquiatria: ciência do
comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto FATORES BIOLÓGICOS
Alegre: Artmed, 2017.
HORMÔNIOS. Indivíduos que exibem traços
(APA), American Psychiatric Association. Manual impulsivos frequentemente também apresentam
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: níveis elevados de testosterona, 17-es-tradiol e
DSM-5. 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2015. estrona.

INTRODUÇÃO Resultados do TSD são anormais em alguns


pacientes com transtorno da personalidade
PERSONALIDADE: união do temperamento (base borderline que também apresentam sintomas
biológica) com caráter (base ambiental). Assim, é depressivos.
o conjunto de traços psíquicos formados pelas
MONOAMINOXIDASE PLAQUETÁRIA. estudantes
características individuais, fatores físicos,
universitários com baixos níveis plaquetários de
biológicos e culturais, que pode ser modificado
MAO relatam passar mais tempo em atividades
conforme as experiências.
sociais do que aqueles com níveis plaquetários
TEMPERAMENTO: resultado da herança genética, elevados de MAO.
mas é difícil determinar, visto que sofre influência
Identificaram-se também baixos níveis
do meio.
plaquetários de MAO em alguns pacientes com
CARÁTER: é como a pessoa reage as situações, ou transtornos esquizotípicos.
seja, é consequência da experiência vivida que
MOVIMENTOS OCULARES DE SEGUIMENTO SUAVE:
influencia na maneira de ser, modulando o
são sacádicos (i.e., irregulares) em pessoas
temperamento.
introvertidas, que têm baixa autoestima e
Os transtornos de personalidade são divididos em tendência ao retraimento e que apresentam
03 grupos ou clusters: transtorno da personalidade esquizotípica. Esses
achados não têm aplicação clínica, mas indicam
GRUPO A: personalidade excêntrica ou esquisita o papel da hereditariedade.

Ex: paranoide, esquizoide e esquizotípica NEUROTRANSMISSORES. Endorfinas apresentam


efeitos semelhantes aos da morfina exógena,
GRUPO B: personalidade dramática, emotiva e como analgesia e a supressão de excitação.
errática
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Níveis elevados de endorfinas endógenas podem Com frequência, esses pacientes reagem bem a
estar associados a indivíduos apáticos. explicações precisas, sistemáticas e racionais e
valorizam eficiência, limpeza e pontualidade
Níveis de ácido 5-hidróxi-indolacético (5-HIAA), tanto quanto valorizam a agilidade de resposta do
um metabólito de serotonina, são baixos em clínico.
indivíduos que tentam suicídio e naqueles que são
impulsivos e agressivos. PROJEÇÃO: o paciente atribui seus próprios
sentimentos inconfessos a outros.
Em muitas pessoas, a serotonina diminui
depressão, impulsividade e ruminação e pode CISÃO: Na cisão, as pessoas que são alvo de
produzir uma sensação geral de bem-estar. sentimentos ambivalentes do paciente são
divididas em boas e más. Por exemplo, em um
Aumento das concentrações de dopamina no contexto de internação, um paciente pode
sistema nervoso central produzido por idealizar alguns membros da equipe e desmerecer
determinados psicoestimulantes (p. ex., outros.
anfetaminas) pode induzir euforia.
AGRESSIVIDADE PASSIVA. Pessoas com defesa
ELETROFISIOLOGIA: Mudanças na condução passivo-agressiva voltam sua raiva contra si
elétrica no eletrencefalograma (EEG) ocorrem em mesmas.
alguns pacientes com transtornos da per-
sonalidade, com maior frequência dos tipos Em termos psicanalíticos, esse fenômeno é
antissocial e borderline; essas mudanças denominado masoquismo e inclui fracasso,
aparecem como atividade de ondas lentas em procrastinação, comportamento tolo ou
EEGs. provocativo, ridicularização autodegradante e
atos de autodestruição manifestos.
MECANISMOS DE DEFESA
A melhor maneira de o terapeuta lidar com a
Está relacionado aos processos mentais agressividade passiva é ajudar os pacientes a
inconscientes que o ego usa para resolver conflitos desafogar sua raiva.

FANTASIA: muitas pessoas classificadas como ATUAÇÃO: durante a atuação, os pacientes


esquizoides – pessoas excêntricas, solitárias ou expressam diretamente desejos inconscientes ou
assustadas – buscam conforto e satisfação dentro conflitos por meio de ações para evitar tanto a
de si mesmas criando vidas imaginárias, consciência da ideia quanto do afeto que os
especialmente amigos imaginários. acompanham.

DISSOCIAÇÃO. Dissociação, ou negação, é uma Ataques de raiva, agressões aparentemente sem


substituição de afetos desagradáveis por motivo, abuso infantil e promiscuidade sem prazer
agradáveis. são exemplos comuns.

Pessoas que fazem uso de dissociação com IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA. O mecanismo de


frequência são vistas como dramáticas e defesa de identificação projetiva surge
emocionalmente superficiais; elas podem ser principalmente no transtorno da personalidade
caracterizadas como tendo uma personalidade borderline e consiste em três passos.
histriônica.
Primeiro, um aspecto do self é projetado sobre
ISOLAMENTO: é característico de pessoas outra pessoa. O indivíduo que o projetou tenta,
controladas e metódicas que costumam ser então, coagir a outra pessoa a se identificar com
caracterizadas como tendo personalidade o que foi projetado. Por fim, é criado um
obsessivo-compulsiva. sentimento de unidade ou união entre a pessoa
que foi o alvo da projeção e a pessoa que a
Lembram-se da verdade em detalhes, mas sem realizou.
afeto. Em uma crise, o paciente pode demonstrar
maior autocontrole, comportamento social TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE
excessivamente formal e teimosia.
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Epidemiologia

Prevalência do transtorno da personalidade


paranoide é de 2 a 4% da população em geral.

Indivíduos com o transtorno raramente buscam


terapia por si mesmos.

incidência mais elevada desse transtorno em


pacientes que possuem parentes com
esquizofrenia.

Diagnosticado com maior frequência em homens


do que em mulheres.

Acredita-se que a prevalência seja mais elevada


entre grupos de minorias, imigrantes e surdos do
que na população em geral.

DIAGNÓSTICO

Durante o exame psiquiátrico, pacientes com


transtorno da personalidade paranoide podem
apresentar modos formais e agir perplexos por
terem que buscar ajuda psiquiátrica.

Tensão muscular, incapacidade de relaxar e


necessidade de vasculhar o ambiente por pistas Características clínicas
podem ser sinais evidentes, e seus modos são com
frequência sérios e sem humor. Geralmente inicia-se no início da vida adulta e
surge em diversos contextos
Embora algumas bases de seus argumentos
Suspeita e desconfiança excessivas em relação a
possam ser falsas, sua fala é dirigida a objetivos e
lógica. outras pessoas (interpreta os atos dos outros como
deliberadamente aviltantes, malévolos,
Seu conteúdo de pensamento demonstra ameaçadores, exploradores ou enganadores),
evidências de projeção, preconceito e, recusando a responsabilidade por seus próprios
eventualmente, ideias de referência. sentimentos e a atribui a outros.

Esperam ser explorados ou lesados pelos outros de


alguma forma.

Questionam, sem qualquer justificativa, a lealdade


ou integridade de caráter de amigos ou sócios.

Essas pessoas costumam ser patologicamente


ciumentas e, sem algum motivo, questionam a
fidelidade de seus cônjuges ou parceiros sexuais.

Exteriorizam suas próprias emoções e usam o


mecanismo de defesa de projeção; atribuem a
outros os impulsos e pensamentos que não podem
aceitar em si mesmos.

Ideias de referência e ilusões defendidas com


argumentos lógicos são comuns.
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Têm afeto restrito e parecem frias, sem emoção. para assumir o controle a menos que esteja
disposto e seja capaz de fazê-lo.
Orgulham-se de sua racionalidade e objetividade,
mas isso não corresponde à realidade. FARMACOTERAPIA: é útil para lidar com agitação
e ansiedade.
Demonstram ausência de afeição e
impressionam-se e prestam bastante atenção a Na maioria dos casos, um agente ansiolítico
poder e nível hierárquico. (Diazepam) é o suficiente.

Expressam desdém em relação a indivíduos que Pode ser necessário, no entanto, usar um
percebam como fracos, doentios, debilitados ou antipsicótico (haloperidol) em pequenas doses e
deficientes de alguma forma. durante períodos curtos de tempo para o manejo
de agitação grave ou pensamento quase
Em situações sociais, essas pessoas podem delirante.
transmitir uma ideia de profissionalismo e
eficiência, mas costumam gerar medo e conflito
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOIDE
em outras pessoas.

Epidemiologia
Tratamento
Não está bem estabelecida, mas acredita-se que
PSICOTERAPIA: é o tratamento recomendado para
pode afetar 5% da população em geral.
indivíduos com transtorno da personalidade
paranoide. A proporção de gênero do transtorno é
desconhecida; alguns estudos apontam uma
Terapeutas devem tratar esses pacientes sempre
proporção de homens para mulheres de 2:1.
de forma direta.
Indivíduos afetados tendem a se direcionar para
Caso um terapeuta seja acusado de incoerência
trabalhos solitários que envolvam pouco ou
ou de alguma falha, como estar atrasado para
nenhum contato com os outros. Muitos preferem
uma consulta, sinceridade e desculpas são
trabalhar à noite, ao invés de turnos diurnos, para
preferíveis a uma explicação defensiva.
que não precisem lidar com muitas pessoas.
O terapeuta deve se lembrar de que confiança e
tolerância a intimidade são áreas problemáticas DIAGNÓSTICO
para pessoas com esse transtorno. Portanto,
Em um exame psiquiátrico inicial, o paciente com
psicoterapia individual exige um estilo profissional
e não muito afetuoso do terapeuta. transtorno da personalidade esquizoide pode
parecer pouco à vontade.
Indivíduos paranoides não se saem bem em
Ele raramente tolera contato visual, e o
psicoterapia de grupo, embora ela possa ser útil
entrevistador pode supor que esse tipo de
para melhorar habilidades sociais e reduzir
paciente esteja ansioso para que a entrevista
suspeitas por meio de psicodrama.
termine.
Muitos não conseguem tolerar a intromissão da
terapia comportamental, também usada para Seu afeto pode ser constrito, distante ou
treinamento de habilidades sociais. inadequadamente sério, mas, por trás da
indiferença, o clínico sensível pode identificar
Por vezes, pacientes com transtorno da medo.
personalidade paranoide se comportam de forma
Esses indivíduos acham difícil não levar as coisas a
tão ameaçadora que o terapeuta precisa
sério: seus esforços para serem engraçados
controlar seus atos ou impor limites.
podem parecer adolescentes e fora de contexto.
O indivíduo paranoide fica profundamente
assustado quando sente que as pessoas que Sua fala é dirigida a objetivos, mas são propensos
a fornecer respostas curtas às perguntas e evitar
tentam ajudá-lo são fracas e desamparadas;
conversas espontâneas.
portanto, o terapeuta nunca deve se oferecer
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Seu conteúdo mental pode revelar um senso Sua vida sexual pode existir apenas na fantasia, e
injustificado de intimidade com pessoas que não podem adiar indefinidamente o amadurecimento
conhecem bem ou que passaram um longo da sexualidade. Homens podem não se casar
tempo sem encontrar. porque são incapazes de atingir intimidade.

Seu sensório é intacto, a memória funciona bem, Revelam uma incapacidade vitalícia de expressar
e suas interpretações de provérbios são abstratas. diretamente a raiva.

Uma vez que atos agressivos raras vezes são


incluídos em seu repertório de reações habituais,
elas lidam com a maioria das ameaças, reais ou
imaginadas, por meio de fantasias de onipotência
ou resignação.

Eles podem investir quantidades enormes de


energia afetiva a interesses não humanos, como
matemática e astronomia, e podem ser muito
ligados a animais.

Apresentam capacidade normal de reconhecer a


realidade.

Costumam ser vistas como indiferentes, mas às


vezes conseguem conceber, desenvolver e
proporcionar ao mundo ideias genuinamente
originais e criativas.

Assim como todos os transtornos da


personalidade, este tem longa duração, mas não
é necessariamente vitalício.

TRATAMENTO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
PSICOTERAPIA: é semelhante àquele para
Em geral ocorre no começo da infância ou na indivíduos com transtorno da personalidade
adolescência e é caracterizado por um padrão paranoide.
de retraimento social.
Pessoas esquizoides têm tendência a
Parecem caladas, distantes, isoladas e introspecção (analise reflexiva a si próprio) ;
insociáveis. contudo, essas tendências são consistentes com
as expectativas do psicoterapeuta, e esses
Parecem frias e indiferentes; exibem um pacientes podem se tornar devotados, ainda que
retraimento distante e demonstram falta de distantes.
envolvimento com eventos diários e com as
preocupações de terceiros. Com o desenvolvimento de confiança, o
paciente esquizoide pode, com bastante
Podem viver suas vidas com extraordinariamente apreensão, revelar uma abundância de fantasias,
pouca necessidade ou vontade de formar laços amigos imaginários e temores de dependência
afetivos e são as últimas a perceber mudanças na insuportáveis – até mesmo de se fundir ao
moda popular. terapeuta.

As histórias de vida dessas pessoas refletem No contexto de terapia grupal, podem ficar
interesses solitários e sucesso em empregos calados durante longos períodos; ainda assim,
solitários e não competitivos que outras pessoas ficam envolvidos.
acham difíceis de tolerar.
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Esses pacientes devem ser protegidos contra


ataques agressivos de outros membros do grupo
devido a sua inclinação a permanecerem quietos.

Com o tempo, os membros do grupo assumem


importância para o indivíduo com o transtorno e
podem proporcionar o único contato social em
sua existência, que, de outra forma, é isolada.

FARMACOTERAPIA: pequenas doses de


antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes
beneficia alguns pacientes.

Agentes serotonérgicos podem deixar o paciente


menos sensível a rejeição.

Benzodiazepínicos podem ajudar a diminuir a


ansiedade interpessoal.

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA

EPIDEMIOLOGIA

Ocorre em cerca de 3% da população.

A proporção entre gêneros é desconhecida (DSM-


5 sugere que o transtorno possa ser ligeiramente
mais comum no sexo masculino)

Diagnosticado com frequência em mulheres com


síndrome do X frágil. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Existe uma maior associação de casos entre Exibem características estranhas ou excêntricas
parentes biológicos de pacientes com com perturbação de pensamento e
esquizofrenia do que entre controles e uma comunicação.
incidência maior entre gêmeos monozigóticos do
Embora não haja transtorno do pensamento
que entre dizigóticos (33% em contrapartida a 4%,
totalmente manifesto, sua fala pode ser distinta ou
em um estudo).
peculiar, pode fazer sentido apenas para eles
mesmos e com frequência necessita de
Diagnóstico
interpretação.
Diagnostica-se transtorno da personalidade
Podem desconhecer seus próprios sentimentos e
esquizotípica com base nas peculiaridades de
ainda assim ter extrema sensibilidade e
pensamento, comportamento e aparência do
consciência a respeito dos sentimentos dos outros,
paciente.
sobretudo os negativos, como de raiva.
Obter a história pode ser uma tarefa difícil devido
Esses indivíduos podem ser supersticiosos ou
a sua forma incomum de comunicação.
alegar poderes de clarividência e acreditar ser
dotados de poderes especiais de pensamento e
insight.

Seu mundo interior pode estar cheio de


relacionamentos imaginários vívidos e temores e
fantasias infantis.
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Eles podem admitir ilusões da percepção ou É 5x mais comum entre parentes em primeiro grau
macropsia e confessar que outras pessoas de homens com o transtorno do que entre
parecem ser feitas de madeira e todas iguais. participantes do grupo-controle.

Visto terem poucos relacionamentos interpessoais DIAGNÓSTICO


e poderem agir de forma inadequada, são
isolados e têm poucos ou nenhum amigo. Pacientes com transtorno da personalidade
antissocial podem enganar até o clínico mais
O paciente pode exibir características de
experiente.
transtorno da personalidade borderline, e, de fato,
ambos os diagnósticos podem ser estabelecidos. Durante a entrevista, podem parecer calmos e
confiáveis, mas, sob o verniz (ou, para usar a
Sob estresse, podem sofrer descompensação e
expressão de Hervey Cleckley, a máscara de
apresentar sintomas psicóticos, mas que
sanidade), escondem-se tensão, hostilidade,
costumam ser breves. Aqueles com casos graves
irritabilidade e fúria.
do transtorno podem apresentar anedonia e
depressão grave. Uma entrevista de estresse, na qual o paciente
seja confrontado vigorosamente com
TRATAMENTO incoerências em sua história, pode ser necessária
para revelar a patologia.
PSICOTERAPIA. Esses pacientes apresentam
padrões de pensamento peculiares, e alguns Uma bateria de exames diagnósticos deve incluir
estão envolvidos em cultos, estranhas práticas testes neurológicos. Uma vez que os pacientes
religiosas e o ocultismo. O terapeuta não deve costumam demonstrar resultados de EEG anormais
ridicularizar essas peculiaridades nem criticar e leves sinais neurológicos que sugerem dano
essas crenças ou atividades. cerebral mínimo na infância, esses achados
podem ser usados para confirmar a impressão
FARMACOTERAPIA: Medicamentos antipsicóticos clínica.
podem ser úteis para lidar com ideias de
referência, ilusões e outros sintomas do transtorno
e ser usados em conjunto com psicoterapia.

Antidepressivos são válidos quando houver um


componente depressivo da personalidade.

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL

EPIDEMIOLOGIA

Os índices de prevalência de 12 meses


encontram-se entre 0,2 e 3% de acordo com o
DSM-5.

Ele é mais comum em áreas urbanas pobres e


entre residentes eventuais dessas áreas.

A prevalência mais elevada é encontrada entre


homens com transtorno por uso de álcool (acima
de 70%) e na população carcerária (75%).

É muito mais comum em homens do que em


mulheres.

O início do transtorno ocorre antes dos 15 anos de


CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
idade.
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Geralmente estão relacionados à incapacidade TRATAMENTO


de se adequar às regras sociais e embora se
caracterize por atos contínuos de natureza PSICOTERAPIA. Caso sejam confinados (p. ex.,
antissocial ou criminosa, o transtorno não é internados em um hospital), pacientes com
sinônimo de criminalidade. transtorno da personalidade antissocial
frequentemente se tornam receptivos a
Frequentemente podem parecer normais e até
psicoterapia.
mesmo simpáticos e lisonjeiro. Suas histórias, no
entanto, revelam perturbação do funcionamento Quando o indivíduo sente que está entre pares,
ou várias áreas da vida. sua falta de motivação para mudança
desaparece. Talvez, por esse motivo, grupos de
Mentiras, vadiagem, fuga de casa, roubos, brigas,
mútua ajuda são mais úteis do que o cárcere para
abuso de substância e atividades ilegais são
atenuar o transtorno.
experiências típicas que os pacientes relatam ter
início já na infância. Antes que o tratamento possa ter início, o
terapeuta deve encontrar formas de lidar com o
Eles costumam impressionar clínicos do sexo
comportamento autodestrutivo do paciente. Para
oposto com os aspectos sedutores e pitorescos de
superar seu medo de intimidade, o terapeuta
sua personalidade, mas clínicos do mesmo sexo
deve frustrar o desejo do indivíduo de se esquivar
podem vê-los como manipuladores e exigentes.
de encontros humanos sinceros.
Indivíduos com transtorno da personalidade
Ao fazê-lo, o terapeuta encara o desafio de
antissocial não exibem ansiedade nem depressão.
separar controle de castigo e de separar auxílio e
Seu conteúdo mental revela a completa ausência confrontação de isolamento social e represália.
de delírios e de outros sinais de pensamento
FARMACOTERAPIA. A farmacoterapia é usada
irracional.
para lidar com sintomas incapacitantes como
Na realidade, eles com frequência têm um senso ansiedade, raiva e depressão, mas, como os
de realidade aguçado e costumam impressionar pacientes com frequência abusam de
observadores com sua boa inteligência verbal. substâncias, os fármacos devem ser usados de
forma criteriosa.
Pessoas com esse transtorno são autênticas
representantes dos vigaristas, sendo Caso um paciente mostre evidências de
extremamente manipuladoras e com frequência transtorno de déficit de atenção/hiperatividade,
podem convencer os outros a participar de psicoestimulantes (metilfenidato) podem ser úteis.
esquemas para obter dinheiro fácil ou para
Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos
alcançar fama ou notoriedade.
foram usados para reduzir agressividade.
Esses esquemas podem, no fim, levar o incauto a
ruína financeira ou constrangimento social, ou a TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE
ambos.
EPIDEMIOLOGIA
Indivíduos com esse transtorno não falam a
verdade, e não se pode confiar neles para Acredita-se que esteja presente em 1 a 2% da
executar qualquer tipo de tarefa ou aderir a população e seja 2x mais comum em mulheres do
qualquer padrão convencional de moralidade. que em homens.

Promiscuidade, abuso conjugal, abuso infantil e Um aumento de prevalência do transtorno


condução de veículos em estado de embriaguez depressivo maior, de transtornos por uso de álcool
são eventos comuns em suas vidas. e de abuso de substância é encontrado em
parentes em primeiro grau de indivíduos com
Um achado de destaque é a ausência de remorso
transtorno da personalidade borderline.
por tais atos; ou seja, eles parecem não ter uma
consciência.
Diagnóstico
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De acordo como DSM-5, o diagnóstico de O comportamento do paciente com transtorno


transtorno da personalidade borderline pode ser da personalidade borderline é de extrema
estabelecido no início da idade adulta quando o imprevisibilidade, e é raro suas realizações
paciente exibe pelo menos 5 dos critérios listados estarem no mesmo nível de suas capacidades.
abaixo.
A natureza dolorosa de sua vida reflete-se em atos
autodestrutivos repetidos. Esse tipo de paciente
pode cortar os pulsos e executar outras formas de
automutilação para obter ajuda dos outros, para
exprimir raiva ou para se anestesiar do afeto que
o consome.

Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto


hostis, as pessoas com esse transtorno têm
relacionamentos interpessoais tumultuosos.

Elas podem ser dependentes das pessoas com


quem têm intimidade e, quando se frustram,
expressar uma grande raiva dirigida aos amigos
mais íntimos.

Essas pessoas não conseguem tolerar a ideia de


ficar sozinhas e preferem uma busca frenética por
companhia, sem importar o quanto ela lhe seja
insatisfatória.

Para mitigar a solidão, mesmo que por breves


períodos, aceitam um estranho como amigo ou se
comportam de forma promíscua.

Costumam se queixar de sentimentos crônicos de


vazio e tédio e da falta de um senso de identidade
Alguns pacientes mostram redução da latência coerente (difusão de identidade); quando
REM e perturbações na continuidade do sono, pressionadas, frequentemente reclamam de
resultados anormais no TSD e no teste de hormônio como se sentem sempre deprimidas, apesar do
turbilhão de outros afetos.
liberador de tireotrofina. Essas alterações, no
entanto, também são observadas em algumas Do ponto de vista funcional, distorcem seus
pessoas com transtornos depressivos. relacionamentos caracterizando cada pessoa
como totalmente boa ou totalmente má. Eles
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
enxergam as pessoas ou como figuras de ligação
afetuosas, ou como figuras sádicas odiosas que os
Indivíduos com transtorno da personalidade
privam de suas necessidades de segurança e
borderline quase sempre parecem estar em crise.
ameaçam abandoná-los sempre que se sentem
Mudanças de humor são comuns. dependentes.

A pessoa pode estar inclinada a discussões em TRATAMENTO


um momento, deprimida no momento seguinte e,
mais tarde, se queixar de não ter sentimentos. PSICOTERAPIA. se tornou o tratamento
Pode apresentar episódios psicóticos de curta recomendado.
duração (denominados episódios micropsicóticos)
A psicoterapia é difícil tanto para o paciente
em vez de crises psicóticas totalmente manifestas,
e seus sintomas psicóticos quase sempre são quanto para o terapeuta. O paciente regride com
limitados, fugazes ou questionáveis. facilidade, age por impulso e demonstra
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transferências positivas ou negativas lábeis ou tradicional, de modo que o paciente se torne


fixas, as quais são difíceis de analisar. rapidamente consciente de suas distorções com
relação ao terapeuta. O segundo é a
O mecanismo de defesa de cisão faz o paciente confrontação, na qual o terapeuta indica como
amar ou odiar o terapeuta de forma alternada, essas distorções de transferência interferem nas
assim como as outras pessoas em seu ambiente. relações interpessoais com outros (objetos).
Uma abordagem voltada para a realidade é mais FARMACOTERAPIA: antipsicóticos para controlar
eficaz do que interpretações profundas do raiva, hostilidade e episódios psicóticos breves.
inconsciente. Terapeutas usaram terapia
comportamental para controlar os impulsos e as Antidepressivos melhoram o humor deprimido
explosões de raiva dos pacientes e para reduzir comum em indivíduos com transtorno da
sua sensibilidade a críticas e rejeição. personalidade borderline.

O treinamento de habilidades sociais, sobretudo Inibidores da MAO (IMAOs) modularam com


com reprodução de gravações em vídeo, permite sucesso o comportamento impulsivo em alguns
ao paciente ver como suas ações afetam outras pacientes.
pessoas e, assim, melhorar seu comportamento
interpessoal. Benzodiazepínicos, especialmente alprazolam,
ajudam com ansiedade e depressão, mas alguns
Indivíduos com transtorno da personalidade pacientes exibem desinibição com essa classe de
borderline costumam se sair bem em instalações fármacos.
hospitalares, onde recebem psicoterapia
intensiva tanto individual quanto em grupo. Anticonvulsivantes, como carbamazepina,
podem melhorar o funcionamento global de
Tais programas são particularmente úteis quando algumas pessoas.
o ambiente em casa prejudica a reabilitação do
paciente devido a conflitos intrafamiliares ou a Agentes serotonérgicos, como inibidores seletivos
outros estressores, como abuso dos pais. da recaptação de serotonina (ISRSs), foram úteis
em alguns casos.
No ambiente protegido do hospital, pacientes que
são impulsivos, autodestrutivos ou automutiladores
em excesso podem receber limites, e seus atos TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA
podem ser observados.
EPIDEMIOLOGIA
TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA. Usada
especialmente nos casos de comportamento prevalência de cerca de 1 a 3%.
parassuicida, como cortes frequentes.
diagnosticado com maior frequência em
TRATAMENTO BASEADO NA MENTALIZAÇÃO:
mulheres do que em homens.
baseia em uma teoria de que os sintomas da
personalidade borderline, como dificuldade de Alguns estudos revelaram uma associação com
regular emoções e de lidar com impulsividade, transtorno de sintomas somáticos e transtornos por
são resultado das capacidades reduzidas de uso de álcool.
mentalização do paciente.
DIAGNÓSTICO
Portanto, acredita-se que a recuperação da
mentalização o ajude a construir habilidades de Em entrevistas, costumam ser cooperativos e
relacionamento ao aprender a regular melhor ávidos por fornecer uma história detalhada.
seus pensamentos e sentimentos.
Gesticulações e exclamações dramáticas em seu
PSICOTERAPIA FOCADA NA TRANSFERÊNCIA. O discurso são comuns; eles cometem deslizes
terapeuta vale-se de dois processos principais ao frequentes, e sua linguagem é pitoresca.
trabalhar com o paciente: o primeiro é
clarificação, na qual a transferência é analisada Exibição afetiva é comum, mas, quando
de forma mais direta do que na psicoterapia pressionados a reconhecer determinados

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