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Moral

1. Conceito
Moral é o conjunto de normas, princípios e costumes que orientam o comportamento humano,
tendo como base os valores próprios a uma dada comunidade ou grupo social1.

No entanto, na abordagem do Professor Cordi, a moral é tanto um conjunto de normas que


determinam como deve ser o comportamento quanto ações realizadas de acordo ou não com tais
normas2.

Segundo o autor desde a infância a pessoa está sujeita à influência do meio social por intermédio
da família, da escola, dos amigos e dos meios de comunicação de massa (principalmente a
televisão). Assim, ela vai adquirindo aos poucos princípios morais. Portanto, ao nascer o sujeito
se depara com um conjunto de normas já estabelecidas e aceitas pelo meio social.

Hegel distingue a moral subjetiva (cumprimento do dever, pelo acto de vontade) da moral
objetiva (obediência à lei moral enquanto fixada pelas normas, leis e costumes da sociedade, a
qual representa ao mesmo tempo o espírito objetivo)3.

Hegel considera que seja insuficiente a mera boa vontade subjetiva, é preciso que a boa vontade
subjetiva não se perca em si mesma ou se mantenha simplesmente como aspiração ao bem,
dentro de um subjetivismo meramente abstrato. Para que se torne concreto, é preciso que se
integre com o objetivo, que se manifesta moralmente como moral objetiva. É a racionalidade da
moral universal concreta que pode dar um conteúdo à moral subjectiva da mera consciência
moral.

2. Origem

A moral humana sempre foi alvo de curiosidade e investigação. Foram vários os filósofos que
propuseram origens e desdobramentos dela. Há quem acredite que a moral do homem tem
origens biológicas, empíricas ou é inserida no momento do nascimento. Dentre tais divergências,
em seu texto “A Marcha dos Pinguins’ e a origem da moral” diz que a moral não surge de forma
natural, como na benevolência dos animais sugerida por muitos pensadores, mas da capacidade
do ser humano de se colocar no lugar do semelhante, e fazer com que as experiências do outro
enriqueçam as suas.

1
COTRIM, Gilberto (2013), Fundamentos de filosofia: história e grandes temas. 15ª ed, São Paulo, págs. 46
2
CORDI, Cassiano (2003), Para filosofar, 4ª ed. São Paulo, págs. 64
3
GUSMÃO, Paulo Dourado (2007) Introdução ao estudo do direito, 39º Edição, págs. 78
2.1. Adam Smith

Para Adam Smith, os princípios morais derivam das experiências históricas. Segundo ele, os
sentimentos que determinaram a Revolução Industrial e seus processos produtivos foram:
paixões sensíveis particulares (apetite sexual, raiva, inveja, simpatia), amor próprio ou egoísmo,
benevolência, que se relaciona à inclinação direcionada para o social e a consciência, ou razão,
que orienta o cálculo racional4. As regras estabelecidas pela sociedade foram aplicadas à medida
que se tornaram eficientes e úteis.

2.2. David Hume

David Hume observou a moral de forma empírica. Demonstrou que a moral está intimamente
ligada à paixão e não à razão5. Diferentemente do que supunham seus precedentes, não haveria
um bem superior pelo qual a humanidade se pautasse. Para Hume, o impulso básico para as
ações humanas consiste em obter prazer e impedir a dor.

No que consiste a moral, o filósofo defende que a experiência (empírica) promove o


entendimento humano. O desejo sugere impressão, ideia e, portanto, é provocada pela
necessidade induzindo à liberdade.

2.3. Immanuel Kant

Diferentemente do que afirmava Hume, Kant defendia a razão como base da moral. Partindo do
princípio de identidade, o comportamento humano está relacionado com a identificação no outro,
ou seja, a ação das pessoas influencia no comportamento do indivíduo, tornando-se dessa forma
o comportamento uma lei universal6.

Neste caso, moral é parte da vida concreta, que trata da prática real das pessoas que se expressam
por costumes, hábitos e valores culturalmente estabelecidos. Uma pessoa é moral quando age em
conformidade com os costumes e valores estabelecidos.

Portanto, a moral é normativa a partir de um conjunto de regras, valores, proibições e tabus que
provêm de fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou impostos pela política, costumes
sociais, religiões ou ideologias.

4
Adam Smith apud CERQUEIRA, H. (2008), Sobre a filosofia moral de Adam Smith. Síntese - Revista de Filosofia,
v. 35, págs. 57-86.
5
HUME, David (1751), Uma investigação sobre os princípios da moral. Apêndice IV De algumas disputas verbais,
Tradução: José Oscar de Almeida Marques, págs.45.
6
KANT, Immanuel (1790), Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valério Rohden e António Marques. Rio de
Janeiro, RJ: Forense Universitária, págs. 15.
Como as comunidades ou grupos sociais são distintos entre si, tanto no espaço (região
geográfica) quanto no tempo (época), os valores também podem ser distintos dando origem a
códigos morais diferentes. Assim, a moral é mutável e está diretamente relacionada com práticas
culturais. Exemplo: o homem ter mais de uma esposa é moral em algumas sociedades, mas em
outras não.

Assim sendo, moral refere-se ao conjunto de regras, padrões e normas adquiridos em uma
sociedade por meio da cultura, educação, cotidiano e costumes adquiridos no âmbito social e
familiar.
Referências bibliográficas

Adam Smith apud CERQUEIRA, H. (2008), Sobre a filosofia moral de Adam Smith. Síntese -
Revista de Filosofia;

COTRIM, Gilberto (2013), Fundamentos de filosofia: história e grandes temas. 15ª ed, São
Paulo;

CORDI, Cassiano (2003), Para filosofar, 4ª ed. São Paulo;

GUSMÃO, Paulo Dourado (2007) Introdução ao estudo do direito, 39º Edição;

HUME, David (1751), Uma investigação sobre os princípios da moral. Apêndice IV De


algumas disputas verbais, Tradução: José Oscar de Almeida Marques;

KANT, Immanuel (1790), Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valério Rohden e António
Marques. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária

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