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Doenças do Sistema Biliar

Anatomia e Fisiologia do Sistema Biliar


Vesícula Biliar A anatomia biliar é extremamente variável,
sobretudo na vascularização, sendo crucial para
 Faz parte do sistema gastrointestinal intervenções cirúrgicas nas vias biliares o
 Tem função de armazenar e concentrar a conhecimento preciso das variantes normal e
bile, secretada pelos hepatócitos no fígado anatômicas.
Trajetória da Bile Anatomia Normal
Hepatócitos Secreção da bile  Canalículos (ou  7 a 10 cm de comprimento
capilares) biliares  Ductos biliares  Situada na fossa da vesícula biliar, uma
intralobulares  Ductos biliares interlobulares  pequena depressão na face visceral (ou
Grandes ductos biliares coletores da tríade portal interna) do fígado, na junção das suas
intra-hepática  Ductos hepáticos direito e partes direita e esquerda
esquerdo  Ducto hepático comum  Ducto o Funciona também como marco
cistico  Vesícula biliar Armazenamento e concentração 
divisório dos lóbulos esquerdo e
Estimulação (eferentes vagais e colecistoquinina
direito do fígado
– CCK)  Ducto cistico  Ducto colédoco 
 Dividida em três partes
Ampola hepatopancreática Local de contato entre o ducto colédoco
o Fundo
e o ducto pancreático  Liberação na parte descendente
o Corpo
do duodeno
 Situado anterior à porção
superior do duodeno
o Colo, infundíbulo ou bolsa de
Hartmann
 Juntamente com o ducto
cístico, situa-se
imediatamente superior ao
duodeno
 Formato piriforme (ou forma de saco)
 O peritônio circunda completamente o
fundo da vesícula e une o seu corpo e colo
ao fígado, enquanto a face hepática da
vesícula é unida ao fígado por tecido
conjuntivo da cápsula fibrosa hepática

 O fígado produz, por dia, cerca de 900ml


de bile, a qual, entre as refeições é
armazenada na vesícula biliar (capacidade
de 30-50ml), onde é também concentrada,
por meio da mucosa da vesícula que é
capaz de absorver água e eletrólitos.
 A bile é liberada intermitentemente
quando a gordura entra no duodeno
o Sua função é a de emulsificar a
gordura para que possa ser
absorvida na parte distal do
intestino
 A bile é uma mistura de várias
substâncias, como sais biliares, lipídeos
(em especial, o colesterol – responsável
pela maior parte dos cálculos biliares),
proteínas e pigmentos Irrigação Arterial  Artéria Cística
 Irriga a vesícula biliar e o ducto cístico
 Originada da artéria hepática direita o após uma hora ou mais
no triângulo entre o ducto hepático o causada pela contração da vesícula
comum, o ducto cístico e a face induzida pela secreção de CCK e a
visceral do fígado, chamado de: ausência do seu esvaziamento pela
presença de um cálculo no colo
Trígono cisto-hepático ou Trígono de Calot)
vesical

Quando além da obstrução luminal da cólica biliar


(colelitíase), há infecção com processo
inflamatório associado (colecistite aguda), a dor
Grande importância para a cirurgia de
será associada à hipersensibilidade localizada na
colecistectomia (retirada da vesícula biliar). Já
palpação do quadrante superior direito.
que se trata de uma região que necessita de
Especificamente, a interrupção da respiração na
dissecção cuidadosa, no início da cirurgia, para
inspiração profunda quando o examinador exerce
proteger suas estruturas em caso de variações
uma pressão constante sob a borda costal direita,
anatômicas
conhecida como sinal de Murphy. Esse sinal
sugere inflamação das superficieis peritoneal
parietal e visceral, e pode ser percebida em
doenças como colecistite aguda e hepatite.
Alternativamente, a cólica biliar na ausência de
infecção e/ou inflamação não apresenta nenhum
sinal no exame físico.
Em resumo,
Cólica biliar + Sinal de Murphy positivo 
Inflamação
Cólica biliar sem achado no exame físico 
Obstrução

Febre
Doenças da Árvore Biliar  Sugestiva de processo infeccioso ou
inflamatório da vesícula e/ou da arvore
Sintomatologia Dor em cólica, febre e icterícia
biliar
Possíveis Causas  Causada pela secreção de citocinas pelo
parênquima hepático metabolicamente
 Obstrução dos ductos com pressão ativo
intraluminal aumentada
 Infecção com processo inflamatório Icterícia Cirúrgica
associado  Causada pela elevação do nível sérico de
 Ou ambos bilirrubina pela impossibilidade de
o em geral, a obstrução precede a excreção de bile do fígado para os
infecção, por causar estase biliar intestinos, devido a alguma obstrução
(fator estimulante da infecção  Presente na colangite ascendente, mas não
biliar) é vista na colecistite aguda
Cólica Biliar Tríade de Charcot Febre + Dor em quadrante
 Dor originária do trato biliar superior direito + Icterícia
 Em geral, não está associada a outras - Sugestivo de bloqueio da secreção biliar do
manifestações sistêmicas fígado, não apenas da vesícula biliar
 Denominação errônea
o não se trata de uma cólica típica Pêntade de Reynold Tríade de Charcot +
 Normalmente constante Hipotensão + Alteração do status mental
 Localizada no quadrante superior direito - Manifestações sistêmicas de choque de
ou episgástrio origem biliar
 Pode estar associada às refeições
Exames Complementares o fornece definição anatômica do
pâncreas e da arvore biliar intra e
Exames de Laboratório extra-hepática
 Provas de função hepática  Colangiopancreatografia retrograda
 Bilirrubina total e frações endoscópica (CPRE)
 Fosfatase alcalina o diagnóstica e terapêutica
o aumentada em qualquer processo o taxa de complicação de cerca de
colestático 10%
 Transaminase sérica  Colangiografia trans-hepática percutânea
o Sugere lesão hepatocelular o invasivo
o pode ser terapêutico
Exames de Imagem  Colangiogradia intraoperatória
 Radiografias  Ultrassonografia endoscópica
o uso limitado  Tomografia com emissão de pósitrons com
fluorodeoxiglicose
o cálculos não são visíveis
o limita-se a exclusão de outros
diagnósticos
 Ultrassom Transabdominal Cálculos Biliares ou Litíase Biliar
o padrão ouro  A maioria dos cálculos (ou pedras) na
o capaz de detectar cálculos maiores vesícula e nos canais biliares são formados
do que 2 mm, descritos como: a partir de colesterol, um dos
 imagem ecogênica componentes da bile
produtora de sombra  Esses cálculos podem impedir o fluxo da
acústica posterior bile para o intestino e causar uma
 habitualmente móvel com inflamação, chamada de colecistite
as variações de decúbito  Os cálculos são formados, principalmente
o caso haja espessamento da parede na vesícula biliar e, quando migram, são
da vesícula biliar, apesar de ser um capazes de gerar litíase dos canais biliares
sinal inespecífico, na maioria das o menos frequentemente, essas
vezes há relação com presença de pedras podem ser formadas nos
litíase biliar próprios canais, em casos de
o indicada também em situações de infecção e estase biliar
emergência e em pacientes (coledocolitíase primária)
grávidas
o suas imagens podem ser Epidemiologia
prejudicadas em pacientes obesos e  Condição altamente prevalente nos países
na presença de ar sobre a área ocidentais
vesicular o 10 a 15% da população
 Cintilografia hepática por ácido  Elevada prevalência familiar
iminodiácetico (HIDA) o provável influência genética
o escaneamento hepático e do trato o também há influência de fatores
biliar ambientais
o avalia a secreção fisiológica de bile  Prevalência aumenta progressivamente
o pode identificar obstrução da com a idade
arvore biliar, bem como o rara em crianças e adolescentes
extravasamento de bile e discinesia o mais comum em mulheres a partir
biliar (esvaziamento lento e dos 50 anos de idade
doloroso da vesícula)  Existem fatores de risco, como
 Tomografia computadorizada o gravidez – efeito hormonal sobre a
o identifica a causa e o local da composição da bile,
obstrução hiperlipoproteinemia relativa e
o fundamental para planejamento alterações motoras da vesícula
pré-operatório o obesidade – excesso de colesterol
 Colangiopancreatografia por ressonância ou insuficiência de sais biliares
magnética
acarretando em supersaturação da Nucleação dos cristais: os cristais de colesterol
bile monoidrato começam a se aglomerar. Esse
o Diabetes Mellitus – distúrbio do processo é facilitado por desidratação, estase
metabolismo lipídico ao nível biliar e fatores prónucleares (glicoproteínas e
hepático e neuropatia autônomica imunoglobulinas). O cálcio desempenha papel
instalada importante nesse processo, na medida em que
Lama Biliar - Considerada precursora da litíase biliar,
o hiperlipoproteinemia do tipo IV ou promove a fusão e o aumento dos cristais de
apesar de nem sempre levar a formação de cálculos
colesterol.
hipergliceridemia – redução de
macroscópicos. É visível na ultrassonografia. Trata-se
sais biliares e síntese deficiente de
lecitina, substâncias responsáveis de uma mistura de muco, bilirrubinato de cálcio e
por solubilizar o colesterol cristais de colesterol monoidratado.
o exclusão anatômica ou funcional
do íleo terminal – menor
(re)absorção e disponibilidade de
sais biliares
o uso de medicamentos Crescimento do cálculo: aposição dos cristais para
sequestradores de sais biliares formar o cálculo, muito dependente da estase
o fistula biliar externa biliar na vesícula, que confere mais tempo para
o cirrose hepática e pacientes que os solutos se precipitem e também entrem em
contato com o gel de mucina (que age como um
hemolíticos – deficiência de
cimento aderindo os cristais)
conjugação da bilirrubina no
hepatócito, levando a formação de 2. Cálculos Pigmentares
cálculos pigmentares
o pancreatite crônica e estenose do - Mais raros (apenas cerca de 10% dos casos)
colédoco terminal – estease biliar - Subdivididos em:
Os Cálculos Biliares Cálculos pretos Associados a doenças hemolíticas,
1. Cálculos de Colesterol cirrose, alimentação parenteral prolongada e pós-
ressecção ileal. São encontrados quase
- Representam cerca de 90% dos casos de litíase exclusivamente dentro da vesícula, já que são
formados em condições hemolíticas da
- Podem ser formados pela precipitação isolada de
concentração de bilirrubina
colesterol puro (minoria) ou de colesterol e cálcio
(maioria) Cálculos marrons Maciços e sem forma definida,
tem coloração acastanhada em razão da
- O fígado exerce um papel fundamental na
incorporação de colesterol. São os únicos
formação desse tipo de cálculo, ao secretar uma
formados fora da vesícula biliar, dentro dos canais
bile com alta concentração de colesterol, o qual se
biliares. Contêm sais de bilirrubina e outras
precipita na forma de cristais. Mas a motilidade
substâncias. É mais comum na vigência distúrbio
anormal da vesícula, principalmente por
da motilidade biliar e infecção associada,
condições que promovem o seu esvaziamento
sobretudo na bile cronicamente infectada por
prejudicado (como, longos períodos de jejum,
bactérias (E. coli e Klebsiella sp.) produtoras de
nutrição parenteral total, pós-vagotomia e uso de
betaglucuronidase, enzima que desconjuga a
análogos da somatostatina), também exerce
bilirrubina direta (solúvel) em indireta
influência, na medida em que promove estase
(insolúvel), que se precipita na forma de cálculo.
biliar.
- A formação desses cálculos acontece em três
fases principais: Em resumo, alta concentração de colesterol e de
lipídeos na secreção biliar do fígado constitui
Supersaturação da bile secretada: responsável por
condição de predisposição à formação de cálculos
formar uma bile com excesso de colesterol em
de colesterol, enquanto o aumento no
relação aos sais biliares e fosfolipídios,
processamento da hemoglobina é visto na maioria
denominada de bile litogênica. Nessa condição, a
dos pacientes com cálculos pigmentares.
bile, antes homogênea, muda de estado, passando
para um sistema bifásico pela cristalização do
colesterol (concetração > grau de solubilidade)
o íleo biliar

Não-Cirúrgico
Quadro Clinico - Normalmente malsucedido
- Raramente utilizado
Assintomáticos ou Oligossintomáticos
o geralmente, em pacientes que tem
Maioria (80%)
risco proibitivo a anestesia geral
x - Incluem:
o terapia de dissolução oral
Plenamente Sintomáticos
o dissolução de contato
Minoria (20%)
o litotripsia extracorpórea por ondas
de choque em pacientes com um
único cálculo de 0,5 a 2cm de
Para se tornar sintomático, o cálculo deve
tamanho
obstruir uma estrutura visceral, tal como o ducto
cístico. O paciente apresenta cólica biliar típica, Diagnóstico
associada a outros sintomas gastrointestinais,
como distensão, náuseas e até vômito.  Clínica de doença do trato biliar
 Ultrassonografia abdominal com presença
Tratamento de colelitiase
Colecistectomia Profilática Indicada em pacientes
assintomáticos de alto risco
Colecistite Aguda Litiasiaca
- Anemias hemolíticas
- Vesícula em porcelana É a inflamação continua da vesícula biliar
o Vesícula com parede calcificada causada pela obstrução, prolongada e não
- Cálculos volumosos (>2,5cm) resolvida, do ducto cístico pela impactação
- Longo canal do ducto comum biliar e eventual de um cálculo. Como fenômeno
pancreático secundário, pode haver a infecção da bile
o risco maior de carcinoma represada. Caso a obstrução não seja resolvida,
- Antes de cirurgia bariátrica e de a vesícula evoluirá com isquemia e necrose,
transplantes de órgão chamada de colecistite gangrenosa aguda, a
qual quando complicada com organismos de
Colecistectomia Terapêutica formação gasosa, constitui a colecistite
enfisematosa aguda.
- Indicada em pacientes sintomáticos
o evitar o desenvolvimento de Quadro Clinico
complicações, como a colecistite
crônica (inflamação e estenose do  Febre
colo da vesícula e do ducto cístico  Dor, hipersensibilidade e defesa no
em decorrência de crises quadrante superior direito
recorrentes de cólicas biliares, que  Sinal de Murphy positivo
apenas obstruem temporariamente Diagnóstico
o ducto cístico e não causam
colecistite aguda)  Elevações moderadas de:
- Para sua realização é necessária a o fosfatase alcalina
presença de sintomas e a comprovação dos o bilirrubina
cálculos o transaminases
- Pode ser:  Leucocitose
o Aberta ou convencional  Ultrassonografia transabdominal
o Videolaparoscópica (padrão) o cálculos biliares
- Possíveis complicações: o liquido pericolecístico
o lesão do ducto biliar o espessamento da parede da
o cálculos perdidos vesícula
o dor similar a cólica biliar o sinal de Murphy ultrassonográfico
o cálculos biliares residuais
Tratamento
o fistula biliar
 Suspensão da ingesta oral  Colangiopancreatografia Endoscópica
 Reposição hídrica e eletrolítica parenteral Retrograda (CPRE) ou Esfincterotomia
 Antibioticoterapia parenteral endoscópica com extração de cálculos
o antibióticos de amplo espectro  Colecistectomia
 Colecistectomia o impede a recorrência dos sintomas
o total ou parcial (técnica de Thorek,  Exploração laparoscópica do ducto biliar
em pacientes com inflamação comum
substancial)  Exploração aberta do colédoco
o aberta ou laparoscópica o menos usada
 Drenagem percutânea da vesícula
o considerada em pacientes com
risco cirúrgico proibitivo Colangite
o drena a bile infectada
o melhora os sintomas e posterga a Inflamação da árvore biliar. Causada por uma
infecção bacteriana aguda e ascendente da
cirurgia em 3 a 6 meses
árvore biliar, devido a uma obstrução (cálculos,
neoplasias ou outro fenômeno obstrutivo).

Coledocolitiase É uma condição clinica grave que pode progredir


rapidamente para choque séptico e óbito.
 Cálculo no ducto biliar comum
 Pode ser classificado em: Patógenos Comuns  Klebsiella, E. coli,
o primário – quando o cálculo surge Enterobacter, Pseudomonas e Citrobacter spp.
no ducto biliar comum, geralmente
sendo um cálculo pigmentar Quadro Clinico
marrom  Tríade de Charcot
o secundário (maioria) – cálculo  Febre
passa da vesícula para o colédoco  Dor em quadrante superior direito
Quadro Clinico o pode ser intensa
o não está associada a sensibilidade
 Geralmente, assintomática abdominal
o identificada por uma  Ictericia
colangiografia intra-operatória ou  Pode haver evolução para a Pêntade de
após colecistectomia Reynouds
 Quando sintomático, o cálculo no colédoco
pode se apresentar com: Diagnóstico
o cólica biliar  Sinais de infecção intra-abdominal grave
o clinica de icterícia obstrutiva o taquicardia
 coluria o manifestações de choque
 acolia fecal  Elevação significativa de transaminases e
 icterícia esclerótica fosfatase alcalina sérica
 dor  Ultrassonografia
o febre o dilatação da arvore biliar
Tríade de Charcot  Sugere colangite ascendente, Tratamento
com risco de evolução para choque séptico 
Pêntade de Reynouds  URGENTE E IMEDIATO
 Hidratação adequada
Diagnóstico  Antibióticos intravenosos
 Descompressão emergencial da arvore
 Alterações das funções hepáticas
biliar, em pacientes que evoluem para
 Leucocite
choque
 Ultrassonografia
 Remoção dos cálculos
o calculo no ducto colédoco ou
o via endoscópica
o dilatação do ducto biliar (>8mm)
o via percutânea
Tratamento o drenagem cirúrgica
origina no fundo ou no corpo da
vesícula (90%)
o comum a identificação em estádio
avançado
o abordagem cirúrgica mais
Tumores Biliares Benignos Incomuns agressiva só se justifica em
pacientes com a doença em estádio
Proliferação intraluminais benignas da árvore
inicial
biliar
Incidência
Adenomas
 Geralmente, se apresenta entre a sexta e a
 Proliferações gelatinosas sétima década de vida (60-70 anos)
 Ocorrem, principalmente, no ducto  Duas a três vezes mais comum em
periambular, tendo origem no epitélio mulheres do que em homens
glandular  Maior incidência entre mulheres da Índia,
 Obstrução biliar com icterícia e, às vezes, Paquistão e América Latina
dor no quadrante superior direito são seus
principais sintomas Causa Acredita-se que seja a inflamação crônica
 Ressecção completa com uma margem de da vesícula com proliferação epitelial
epitélio normal é o tratamento indicado subsequente. Por esse motivo, entidades que
o ressecção incompleta do epitélio podem causar inflamação da parede da vesícula
comprometido traz alto risco de são consideradas fatores de risco:
recorrência - Colelitíase (especialmente, com cálculos
o abordagem é transduodenal maiores acima de 3 cm)
Pseudotumores ou Doença Benigna - Atresia das vias biliares (doença fibro-
Fibrosante obliterativa progressiva e idiopática da
arvore biliar extra-hepática, que se
 Podem ser confundidos com apresenta com obstrução biliar
colangiocarcinoma exclusivamente no período neonatal)
 Ocorrem após intervenção cirúrgica na - Cistos de colédoco
árvore biliar, causando estenose tumor- - Células estreladas pancreáticas
símile como resultado de isquemia do - Vesícula em porcelana (calcificação
ducto, com inflamação e fibrose extensa da parede da vesícula, que pode
subsequentes fragiliza-la)
 Podem ocorrer de novo - Pólipos de vesícula maiores que 10mm
 Comumente afetam a árvore biliar extra- Patologia
hepática acima da bifurcação
Carcinoma da vesícula, geralmente é um
adenocarcinoma, com a seguinte evolução:
Doença Biliar Maligna displasia  carcinoma in situ  carcinoma
Câncer da Vesícula Biliar (Carcinoma) invasivo
Câncer do Ducto Biliar (Colangiocarcinoma intra- Estadiamento Sistema de estadiamento standart TNM
hepático, peri-hilar ou distal)
Metástases
Outros Tumores

Câncer da Vesícula Biliar


 Carcinoma
 Neoplasia agressiva
 Prognóstico sombrio
o não tem sintomas específicos de
apresentação, pois a maioria se
o sintomas de colecistite crônica com
alteração da dor recentemente em
qualidade ou frequência
o dor epigástrica crônica
o saciedade precoce
o plenitude

Diagnóstico
Ultrassonografia
- Primeiro exame realizado na investigação
de dor no quadrante superior direito
- Seus achados incluem:
o lesão de forma irregular no espaço
sub-hepático
o massa heterogênea no lúmen da
vesícula
o espessamento assimétrico da
OBS.: Um pequeno de carcinoma da vesícula
biliar não é do tipo adenocarcinoma, mas sim do parede vesicular
subtipo papilar, o qual apresenta um - Achado de pólipo maior que 10mm
prognostico significativamente melhor. Com aumenta a suspeita de câncer de vesícula
lesões de evolução indolente e limitadas a parede Tomografia Computadorizada
da vesícula no momento do diagnóstico.
- Útil no estadiamento e no tratamento
No entanto, a maioria dos carcinomas de vesícula, - Pode mostrar metástase peritoneal,
têm doença sistêmica no momento do metástases hepáticas parenquimatosas,
diagnóstico: doença nodal (35%) ou metástase à linfadenopatia e envolvimento vascular
distância (40%). adjacente
- Não tem boa sensibilidade para detecção
Disseminação do Carcinoma
extensão direta no fígado
Nodal - TC TRIFÁSICA
o tridimensional
Ligamento hepatoduodenal  Linfonodos para-
o identifica envolvimento arterial
aórticos próximos ao tronco celíaco e linfonodos
hepático ou venoso portal
pancreatoduodenais ao redor da artéria
mesentérica superior Colangiografia
Veias tributárias diretas para o parênquima - Auxilia a delinear a localização da
hepático  Disseminação direta para o segmento obstrução em pacientes com câncer de
IV do fígado vesícula
- Mas a maior parte desses pacientes são
Transperitoneal Evolução para carcinomatose
incuráveis
(câncer disseminado no peritônio)
Metódos Percutâneos
Apresentação Clinica
 Usados para diagnóstico tecidual
 Geralmente, não apresenta sintomas até
comprobatório em casos de
que a doença esteja avançada
irresecabilidade (envolvimento da veia
 Estádios precoces:
porta ou hepático extenso) ou
o sintomas de colecistite aguda com
incurabilidade (metástases hepáticas ou
obstrução do colo da vesícula
peritoneais)
o melhor prognóstico
 Estádios avançados: Tratamento Ressecção do câncer é o único
o perda de peso tratamento com potencial de cura.
o icterícia
o massa abdominal O tratamento mais indicado vai depender do
subgrupo especifico de apresentação do câncer:
 Alguns pacientes podem relatar também:
1. Pacientes com um pólipo incidental Nesse caso, o objetivo da terapia é o tratamento
nos exames de imagem paliativo dos sintomas (ictéricia, dor e obstrução
intestinal).
Pólipos maiores que 10mm acarretam elevado
risco de malignidade, sendo indicado a realização Icterícia: colocação endoscópica de stents biliares
de colecistectomia por abordagem convencional, e próteses metálicas endobiliares autoexpansiveis
para se evitar o risco de perfuração laparoscópica.
Dor: inicialmente, com sedativos orais, mas pode
2. Pacientes com um achado incidental haver evolução para a necessidade de sedação
de câncer de vesícula biliar no com opiaceos parenterais em ambiente hospitalar.
momento ou logo após uma Pode se ainda tentar a neurólise percutânea do
colecistectomia glânglio celíaco.
Nesse caso, o tratamento subsequente dependerá Oclusão intestinal: stents endoscópicos na parede
do estádio do câncer, ou seja, do grau de duodenal
penetração na parede da vesícula e das margens
cirúrgicas: Quimioterapia e radioterapia não tem benefícios
comprovados, não sendo usados em geral.
T1a (carcinoma envolvendo a lamina própria, mas
não invade a camada muscular): colecistectomia Sobrevida
convencional Depende do estádio da doença na apresentação
T1b (carcinoma penetra na camada muscular, mas (status T, status N, diferenciação histológica e
não no tecido conectivo profundo ou serosa): envolvimento do ducto biliar comum) e de se a
colecistectomia com margens de ressecção ressecção cirúrgica é realizada.
negativas A sobrevida global dos pacientes com câncer de
T1b + Invasão perineural, linfática ou vascular: vesícula, haja vista que a maioria é diagnosticada
colecistectomia alargada (para diminuir o risco em estádios já avançados, é menor que 15%.
de doença linfonodal, ou seja, de disseminação) -----------------------------------------------------------
T2 (carcinoma que se estende além da muscular,
Câncer do Ducto Biliar
mas não além da serosa): colecistectomia radical
 Colangiocarcinoma
3. Pacientes com suspeita pré-
 Doença rara
operatória de câncer de vesícula
 Prognóstico sombrio
Tem sobrevida menor quando comparados com
Didadicamente, divide-se o ducto biliar em terços
os pacientes achados incidentalmente, haja vista
para poder localizar a obstrução maligna:
que tendem a apresentar-se com doença
locorregional avançada, mas caso tenha sido Lesões proximais
descoberta uma lesão sugestiva possivelmente de
câncer ressecável sem doença metastática deve - Lesões peri-hilares e intra-hepáticas
ser oferecida uma tentativa de ressecção radical - Mais de 2/3 de todos os
completa, geralmente a ressecção hepática colangiocarcinomas
extensa. - Envolvem a arvore biliar proximal acima
da bifurcação (tumores de Klatskin –
T3 ou T4 sem metástase hepática ou peritoneal de intra-hepáticos)
pequeno tamanho comprovado por laparoscopia
diagnóstica: ressecção radical incluindo, pelo Lesões distais
menos, segmentos IVb e V, mas mais - Lesões periampulares
frequentemente, hepatectomia central incluindo - Lesões do terço médio
os segmentos IV, V e VIII. - Decididamente raras
Em alguns casos, para atingir um status de Causa Parece ser uma inflamação crônica na
margens R0, pode ser usada uma árvore biliar com proliferação celular
trissegmentectomia direita. compensatória.
4. Pacientes com doença avançada no Fatores de Risco São doenças predisponentes
diagnóstico que acarretam um risco aumentado de
desenvolvimento de colangiocarcinomas, são elas:
 lesões congênitas (como cistos
coledocianos)
 infecção biliar crônica por parasitas
hepáticos
 colangite piogênica recorrente
 células estreladas pancreáticas
 medicações e carcinogénos químicos
o contraceptivos orais
o asbestos
o tabagismo

Classificação
Existem três subtipos patológicos distintos:
1. Colangiocarcinoma esclerosante
Tende a ocorrer nos ductos biliares proximais,
causando fibrose periductal em um padrão
concêntrico e uma oclusão ductal circunferencial
2. Colangiocarcinoma papilar Obs.: invasão local direta e disseminação
linfonodal regional são comuns e predizem pior
Ocorre em colangiocarcinomas distais, prognóstico. Ressecção completa até margens
apresentando-se como crescimento intraluminal. livres (R0) e ausência de metástases linfonodais
É o subtipo mais comum e aparece como uma são o que mais influência no progóstico
lesão polipoide de consistência mole, com menos subsequente.
fibrose periductal e melhor prognóstico.
3. Colangiocarcinoma nodal
Ocorre em colangiocarcinomas distais,
apresentando-se como crescimento intraluminal. Apresentação Clinica
Trata-se de uma tumoração firme baseada na
 Depende do local de origem
parede do ducto vista crescendo no interior do
 Manifestações de obstrução biliar na
lumen ductal.
topografia especifica do
Estadiamento Sistema TNM + Localização colangiocarcinoma
Anatômica  Obstrução unilobular
o atrofia lobar unilateral e
hipertrofia lobar contralateral
subsequente
 Pode haver compensação hepática, que
posterga o diagnóstico até estádios tardios
da doença
o colangiocarcinoma que causa
obstrução biliar na bifurcação
hepática ou abaixo dela se
apresenta em estádios mais
precoces que os
colangiocarcinomas intra-
hepáticos
 Manifestações de obstrução biliar:
o hiperbilirrubinemia direta
 prurido, colúria e
esteatorreia
 Doenças mais avançadas:
o dor
o disseminação em uma via introdução de bactérias entéricas
submucosa com invasão perineural no interior de uma porção não
associada drenada da arvore biliar
 Auxilia a determinar a extensão proximal
Diagnóstico da ressecção, além de demonstrar a
Exames Laboratoriais viabilidade e a adequação do
procedimento
 Manifestações de icterícia obstrutiva
o hiperbilirubinemia, às custas de Contraindicações para a Ressecção
bilirrubina conjugada ou direta
 Aumento de fosfatase alcalina - Metástases intra-hepáticas bilobares
 Outros marcadores de função hepática - Qualquer doença extra-hepática
o inalterados - Envolvimento de ramos ductais biliares
 tempo de protrombina secundários bilaterais
 dosagem de albumina - Envolvimento do ramo principal da veia
o só são afetados tardiamente na porta
doença ou na obstrução de - Comprometimento lobar arterial hepático
evolução longa bilateral
 Marcadores tumorais - Atrofia lobar com envolvimento da veia
o CEA e CA 19-9 porta ou de ramos biliares contralaterais
o não são confiáveis para o - Metástases peritoneais ou hepática
diagnóstico - Lesões localmente avançadas
o usados somente no pós-operatório
para vigilância de recorrência Em resumo,
tudo que afetar o fígado ou as estruturas
Exames de Imagem vasculares bilateralmente é considerado uma
contraindicação a realização da exérese completa
 Ultrassonografia
(RO), que é a única estratégica de tratamento que
o quadrante superior direito
permite possibilidade de cura. Caso o
o mostra dilatação ductal intra- envolvimento seja unilateral, pode se tratar com
hepática ressecção primária do lobo afetado em
o não identifica o local da obstrução continuidade a estrutura vascular em questão,
o colangiocarcinomas hilares  não sendo um contraindicação a cirurgia.
vesícula e arvore biliar visualizadas
descomprimidas
o colargiocarcinomas distais 
dilatação biliar ductal extra- Tratamento
hepática e distensão da vesícula
1. Drenagem Biliar Pré-Operatória
 Tomografia Computadorizada
o cortes transversais Útil em casos selecionados:
o avaliação de doença metastática
- colangiocarcinoma distal com
o identifica a localização do tumor e
hiperbilirrubinemia pré-operatória (>
avaliar a sua relação com
10mg/dl)
estruturas vasculares
o risco aumentado de complicações
infecciosas da ressecção
Não é necessária a realização de biópsia
- intervalo prolongado entre a internação e
(diagnóstico por amostra tecidual prévia à
a resseção
ressecção), porque a citologia biliar é pouco
- obstrução biliar completa
confiável.
o ressecção tem risco adicional de
Avaliação de Ressecabilidade sangramento, sepse e
insuficiência hepática
 Colangiografia por MRCP, PTC ou CPRE o drenagem dos segmentos
o lembrar que a colangiografia obstruídos mas não
endoscópica envolve o risco comprometidos pode aumentar a
adicional de colangite pela
hipertrofia pós-ressecção do - Usada como adjuvante
fígado remanescente - Limitada a pacientes com doença
linfonodal, com ressecção R1 ou em
2. Tratamento Cirúrgico ensaios clínicos

Escolha em todo paciente sob suspeita de Radioterapia


colangiocarcinoma que não tenha contraindicação
à ressecção, mesmo na ausência de um - Não é utilizada
diagnóstico por biópsia tecidual confirmada. - Não mostrou afetar a sobrevida

Colangiocarcinoma Distal Sobrevida

- Duodenopancreatectomia Altamente dependente de:

Colangiocarcinoma Proximal  estágio da doença na internação


 exérese cirúrgica com margens livres da
- Ressecção do tecido linfonodal regional doença
- Ressecção em bloco do colédoco com
parênquima hepático necessário para Após a resseção, as taxas de mortalidade são
obter margens livres da doença geralmente baixas (<10%). Mas em a sobrevida
- Requer a esqueletização da artéria média de pacientes não ressecados varia de cinco
hepática e da veia porta a oito meses.
- Reconstituição com alça de jejumo em Y
de Roux -----------------------------------------------------------
Metástases e Outros Tumores que causam obstrução
3. Paliação biliar.
Indicada para pacientes com doença irressecável Qualquer umor primário e/ou metastático do
ou incurável, devendo ser utilizadas todas as fígado pode causar obstrução biliar
tentativas de minorar os seus sintomas de forma
 Doença linfonodal portal de
não-cirurgica.
adenocarcinoma
Alivio da Icterícia o carcinoma hepatocelular
o adenocarcinoma pancreático
- Drenagem por acessos percutâneos ou o carcinoma colorretal
endoscópicos  Cistoadenomas ou cistoadenocarcinomas
o CPRE – tumor distal biliares intra-hepáticos
o PTC – tumor proximal
- Colocação de stent metálico
autoexpansivel

Controle da Dor

- Sedativos opiáceos orais


- Opioides intravenosos
- Infiltrações percutâneas do plexo celíaco

Atenuação da Obstrução Duodenal em Tumores


Distais

- Colocação de próteses duodenais por via


endoscópica

4. Tratamento Clinico

Quimioterapia

- Promove certo aumento de sobrevida

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