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VESÍCULA BILIAR Prof.

Fernanda Osso
fernandaosso@nutmed.com.br

A Vesícula biliar está localizada sobre a superfície do lobo


direito do fígado e tem a função principal de concentrar,
armazenar e excretar a bile produzida no fígado. A bile
apresenta 3 principais constituintes:

Principal pigmento da bile. A destruição


das hemácias libera a hemoglobina a
BILIRRUBINA partir da qual se forma a bilirrubina não
conjugada. Esta é transportada para o
fígado onde é conjugada e excretada
na bile.

Formados a partir do colesterol são Fig2:


essenciais para digestão e absorção de Observa-se a migração de um cálculo da vesícula até o
SAIS BILIARES gorduras, vitaminas lipossolúveis e esfíncter de Oddi, passando pelo colédoco.
alguns minerais. São excretados no
intestino delgado através da bile, e Colelitíase
posteriormente reabsorvidos no sistema
porta
A colelitíase é definida pela formação de cálculos biliares
SEM infecção da vesícula. Na maioria dos casos esses
COLESTEROL Importante constituinte dos sais biliares cálculos são assintomáticos. Eles podem permanecer na
vesícula ou migrar para o colédoco permanecendo nele ou
ainda migrar para o duodeno causando ou não sintomas.
Trajeto da bile: Do Fígado ao Intestino Delgado Existem 2 tipos mais comuns de cálculos biliares:

 Cálculos de colesterol não pigmentados – SÃO A


Fígado
MAIORIA DOS CASOS e são compostos de colesterol
+ bilirrubina + sais de cálcio
Ducto hepático comum
Ducto cístico

Ducto biliar comum FATORES DE RISCO


Vesícula

Pancreas

Ducto pancreático
Esfíncter de
Oddi

Figura 1: A bile produzida deixa o fígado pelo ducto


hepático comum e chega à vesícula pelo ducto cístico
onde é armazenada. Mediante estímulo (colecistoquinina)
a vesícula se contrai e libera a bile que segue seu curso
pelo ducto biliar comum ou colédoco (união do hepático
comum com cístico) que se une ao ducto pancreático para
desembocarem no duodeno.

 Cálculos pigmentados – são polímeros de bilirrubina


ou sais de cálcio. Estão associados à hemólise
A bile é a via excretória primária de cobre e manganês e crônica, pois a hemólise gera bilirrubina. Representam
tem imunoglobulinas para manter integridade de mucosa. a minoria dos casos de cálculos.

FATORES DE RISCO
DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR
- Idade -Cirrose

As doenças biliares mais comuns são colelitíase, - Anemia Falciforme - Alcoolismo


coledocolitíase e colecistite
- Talassemia - Nutrição Parenteral
Cole = vesícula prolongada
-Infecção no trato biliar
Litíase = presença de “cálculos”

Ite = inflamação, não tem “cálculos”

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Tratamento médico da colelitíase - Deve-se iniciar com dieta líquida até evoluir para
consistência normal.
Em geral é realizada a cirurgia de remoção da vesícula - Se no pós operatório o paciente ficar com dreno em
(colecistectomia) que pode ser por laparotomia ou intestino para retirada de secreção biliar (dreno de Kher),
laparoscopia que é menos invasiva. Outros métodos deve-se fazer dieta hipolipídica durante permanência do
menos comuns são a abordagem não cirúrgica e incluem dreno (em geral 10 a 15 dias).
dissolução química, terapia litolítica com ácido - a adaptação do organismo para digestão de gorduras na
ursodeoxicólico ou quenodesoxicólico ou litotripsia (choque ausência de vesícula se dá em 2 meses de pós operatorio,
extracorpóreo). A CPRE pode ser usada para retirada de sendo portanto arriscado preparações hiperlipídicas nesse
cálculos que migraram para as vias biliares. período, pois podem gerar esteatorréia. Contudo, refeições
normolipídicas não estão contra-indicadas, desde que haja
tolerância.
Tratamento Nutricional preventivo da colelitíase
Embora ainda não seja 100% aceito no meio Após a colecistectomia a bile é secretada diretamente pelo
acadêmico e com respaldo científico sólido, há quem fígado no intestino.
defenda que a adoção de uma dieta mediterrânea seja
vantajosa no sentido de prevenir a colelitíase em Colecistite
indivíduos susceptíveis.

 Dieta pobre em CHO simples É caracterizada pela inflamação da vesícula biliar podendo ser
 Aumento de proteínas vegetais em detrimento de classificada como aguda ou crônica e quanto à presença ou
animal não de cálculos (calculosa e acalculosa). A forma mais comum
 Aumento de oleaginosos é a colecistite calculosa cujos cálculos levam à obstrução dos
 Aumento de gordura vegetal (azeite e outras ductos biliares. Esta obstrução faz com que a bile fique
mono) em detrimento de animal estagnada na vesícula levando à inflamação de suas paredes
 Aumento do consumo de fontes de W-3 (avaliar além de icterícia, pois já que a bile não flui normalmente acaba
suplementação) extravasando para a corrente sanguínea. A colecistite
 Aumento do consumo de mix de fibras acalculosa pode ocorrer em condições graves como trauma,
 Aumento do aporte de vitamina C (avaliar sepse, queimaduras e choque onde há tendência à estagnação
suplementação)* de bile na vesícula.
 Consumo moderado de álcool
 Probióticos Colangite
 Atingir/manter Eutrofia
Pode ser classificada como colangite aguda e colangite
* A vitamina C regula a conversão de colesterol em esclerosante.
ácidos biliares e baixos níveis estão relacionados com
aumento da incidência de cálculo somente em  Colangite aguda: Ocorre APENAS Inflamação nos ductos
mulheres. A associação não foi vista em homens. biliares e o paciente necessita de ressuscitação com
fluidos + antibióticos de amplo espectro.
Tratamento Nutricional Pós operatório
- A alimentação é retomada normalmente por via oral  Colangite esclerosante: Ocorre além da inflamação,
assim que houver o retorno da peristalse e a retirada da cicatrização e obstrução dos canais biliares dentro e fora
sonda nasogástrica de drenagem, caso esteja presente do fígado. É uma condição grave que pode gerar sepse e
insuficiência hepática. Assim como na colangite aguda o
tratamento é antibiótico de amplo espectro e , em caso de
sepse recorrente a antibioticoterapia se torna crônica.

Colestase

É a diminuição ou interrupção do fluxo de bile, fazendo com


que a bile fique estagnada. Uma das causas é a ausência de
alimentação pelo trato gastrointestinal por longo período, como
ocorre na NPT prolongada, que gera a colestase acalculosa, ou
seja a bile deixa de fluir normalmente não devido à obstrução
por cálculo, mas sim por falta de estímulo.

PREVENÇÃO: alimentação enteral mínima. Quando não for


possível alimentação, utilizam-se drogas.

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Coledocolitíase
Ocorre quando há o deslocamento de algum cálculo da
vesícula para o colédoco, podendo causar obstrução, dor e
cólicas.
coledocolitíase

Obstrução da passagem da bile

colecistite ↓Abs lip

Acolia fecal*

*Acolia fecal: fezes esbranquiçadas devido à ausência de pigmentos


biliares nas fezes.
Fig 3: Possíveis conseqüências da coledocolitíase

Tab. 1: Considerações Nutricionais na Colecistite aguda e Crônica


Classificação da colecistite Considerações Nutricionais

 Via oral ZERO durante fase aguda – Pode-se indicar NPT em caso de desnutrição ou previsão de VO zero
prolongada
AGUDA
 Retorno da VO: dieta com 30 a 45g de gordura/dia

 Pode haver necessidade de dieta hipolipídica por longo prazo

 25 a 30% do VET de lipídeos. Não se recomenda restrição maior pois o lipídio é importante para o
escoamento da bile
CRÔNICA
 Flatulência é queixa freqüente. Deve-se avaliar caso a caso para identificar o alimento envolvido

 Nos casos de suspeita de má absorção de gordura, é benéfico reposição de vitaminas lipossolúveis na forma
líquida ou sublingual.

Fitoterapia nas doenças da vesícula


É comum a busca por fitoterápicos por parte dos pacientes,
entretanto, nenhum ensaio clínico com metodologia bem
desenhada, realizado em humanos demonstrou qualquer
benefício até o momento.

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