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Doenças do Estômago

Gastrite de Estresse Fisiopatologia


Por definição, ocorre após trauma físico, - Ainda não está completamente elucidada
choque, sepse, hemorragia ou insuficiência - Etiologia multifatorial
respiratória, podendo resultar em sangramento - Entre os fatores que podem predispor à
gástrico com risco de vida. gastrite de estresse, destacam-se os que
tornam o estômago mais suscetível ao
Também pode ocorrer no contexto de uma
dano proveniente do ácido luminar, com
doença do sistema nervoso central (úlcera de
resultante gastrite hemorrágica:
Cushing) ou como resultado de uma
o comprometimento dos
queimadura térmica envolvendo mais de 30% da
mecanismos de defesa da mucosa,
superfície corporal (úlcera de Curling)
que atuam contra ácidos luminais
Clinicamente caraterizada por múltiplas erosões o redução do fluxo de sangue
superficiais (não ulcerantes), que se iniciam na o muco
porção proximal ou secretora de ácido do o secreção de bicarbonato pelas
estômago e progridem distalmente. células mucosas
o endógenos
Lesões Típicas Se modificam com o decorrer do
- Especificamente no caso da gastrite por
tempo, podendo ser precoces ou tardias.
estresse, ou seja, quando ocorre hipóxia,
Ambas podem ser visualizadas
sepse ou falência de órgãos:
endoscopicamente.
o acredita-se que a isquemia da
Lesões Precoces mucosa seja o principal fator
responsável pela degradação dos
- Ocorrem nas primeiras 24 horas mecanismos normais de defesa
- Caracterizadas por pequenas erosões o presença de ácido luminal é um
múltiplas, rasas e com áreas discretas de
pré-requisito para que essa forma
eritema, associadas a uma hemorragia
de gastrite se desenvolva
focal e/ou presença de um coagulo
o pode ser impedida por
aderente
neutralização completa do ácido
- Se a erosão envolver a submucosa (rica em
luminar ou com uso de terapia
suprimento vascular sanguíneo), pode
antissecretora
haver sangramento generoso associado
- Na microscopia, tem-se hemorragias Manifestação Clinica
provenientes de mucosas alteradas em seu
formato de cunha, com aspecto necrótico, - 1 ou 2 dias após o evento traumático
além da coagulação das células superficiais o em mais de 50% dos pacientes
da mucosa - Sangramento gastrointestinal
- Mais comumente observadas no fundo do o alto, tardio e indolor
estomago e, mais raramente, na porção o único sinal clinico
gástrica distal o lento e intermitente
o detectado apenas por discreto
Lesões Tardias
sinal de sangue na sonda
- Se houver reação tecidual, com nasogástrica e/ou queda
organização ao redor de um coagulo, ou se inexplicável da hemoglobina
um exsudato inflamatório estiver presente - Hemorragia gastrointestinal
- Visualizadas pela microscopia 24 a 72 o alta
horas após o trauma o achado ocasional
- Parecem idênticas à mucosa em o acompanhada por hipotensão e
regeneração em torno de uma úlcera hematêmese
gástrica em cicatrização - Fezes
o positivas pro teste de guáiaco
o raramente, apresentam melena e
hematoquezia
para reduzir a secreção
ácida
Diagnóstico Endoscopia  reincidência menor que 5%
- Fundamental o gastrectomia parcial
- Confirma o diagnóstico  realizada menos
- Diferencia a gastrite de estresse de outras comumente
fontes de hemorragia gastrointestinal  combinada com vagotomia
o gastrectomia total
Tratamento do Sangramento  realizada raramente
- Reposição de líquidos  apenas em pacientes com
- Correção imediata de qualquer hemorragia ameaçadora à
anormalidade da coagulação e/ou vida e refratária a outras
plaquetária formas de terapia
- Tratamento da sepse subjacente Profilaxia
o papel importante no tratamento
das erosões gástricas - Indicada para pacientes de alto risco
- Cuidados de suporte - Importante devido à alta mortalidade dos
o responsáveis por parada de pacientes com gastrite de estresse aguda,
sangramento em até 80% dos devido ao desenvolvimento de hemorragia
pacientes com hemorragia gastrointestinal alta volumosa
gastrointestinal alta - Inclui o emprego de todos os esforços para
- Vasopressina corrigir qualquer déficit de perfusão
o infusão seletiva na circulação proveniente do choque
esplâncnica via artéria gástrica - Podem ser usados:
esquerda o bloqueadores H2
o controle do sangramento  aproximadamente, 97% de
o infusão continua através de cateter eficácia
o antiácidos
o velocidade de 0,2 a 0,4 UI/min
 facilidade em manter o pH
o período máximo de 48 a 72 horas
maior do que 5
o contraindicado em pacientes com
o sucralfato
doença cardíaca ou hepática
 1 grama a cada 6 horas
subjacente
 eficácia entre 90 e 97%
- Técnicas endoscópicas
 efeito adicional - permite
o endoscopia com eletrocautério
que o estômago mantenha
o coagulação por sonda de
seu pH normal e, portanto,
aquecimento (heater probe) evita o hipercrescimento
o poucas evidências bacteriano e subsequente
- Técnica angiográfica pneumonia nosocomial
o embolização da artéria gástrica o prostaglandinas exógenas
esquerda, se o sangramento for  eficácia muito menor que a
identificado na angiografia dos demais agentes
o menos usada e não tão bem-
sucedida
- Cirurgia
o indicada em sangramentos que Doença Ulcerosa Péptica
recorrem ou persistem,
necessitando de mais de 6 Epidemiologia
unidades de sangue (3000ml)
o gastrotomia anterior ampla - Prevalência entre 5 e 15%, em populações
 na parte proximal ou no ocidentais
fundo do estomago (locais - Incidência de quase 10% em toda a vida
onde estão a maioria das - Uma das doenças gastrointestinais mais
lesões) prevalentes e onerosas
 seguida de vagotomia - Mortalidade global baixa
troncular e piloroplastia
- Cerca de 7% dos pacientes internados - Aumenta o numero de hospitalizações por
necessitam de cirurgia de emergência lesões gastrointestinais superiores
- Associada com infecção por Helicobacter - Fator importante na patogênese da úlcera,
pylori e uso crônico de AINEs especialmente em relação ao
desenvolvimento de complicações e óbito
Patogênese das Úlceras Pépticas - Aumento de 2 a 10 vezes do risco de
complicações gastrointestinais
Aumento dos fatores agressivos (secreção de - Risco de sangramento e ulceração
ácido clorídrico, pepsinas, ingestão de etanol, aumenta de forma proporcional:
tabagismo, refluxo duodenal de bile, isquemia, o à dosagem diária do medicamento
AINEs, hipóxia e Helicobacter pylori) e/ou o idade acima de 60 anos
redução dos fatores defensivos (secreção mucosa o problemas gastrointestinais
de bicarbonato, produção de muco, fluxo anteriores
sanguíneo, fatores de crescimento, renovação o uso concomitante de esteroides ou
celular e prostaglandinas endógenas), que levam a anticoagulantes
um dano mucoso e a uma subsequente ulceração
- Úlceras mais encontradas no estômago,
tendo pouca relação com gastrite
Fatores Agressivos de Destaque
- Quando o uso do AINE é descontinuado,
as úlceras geralmente não recidivam
Infecção pelo Helicobacter pylori
Ácido
- Associa-se a 90% das úlceras duodenais e
75% das úlceras gástricas
- Desempenha papel importante, mas não
- Erradicação da bactéria é um dos pontos
determinante, na formação de úlceras
importantes do tratamento da úlcera
- No caso das úlceras duodenais:
o reduz a chance de recidiva
o quase sempre o débito ácido é
- Essas úlceras pépticas estão fortemente
considerado normal
associadas à gastrite antral
o teste de secreção ácida tem pouco
o a maioria dos casos de gastrite
valor no estabelecimento desse
histológica é causada por infecção
diagnóstico
por Helicobacter pylori
- Já nas úlceras gástricas, a relação
o infecção tende a ser confinada
dependerá do tipo de ulceração:
inicialmente no antro e resulta em o Tipos I e IV
inflamação antral
Não estão associados à secreção
- Geralmente, ocorre na infância
excessiva de ácido, este atua como
o resultado de condições
um cofator importante,
socioeconômicas precárias exacerbando o dano ulceroso
o condições sanitárias ruins, subjacente e diminuindo a
agrupamento familiar e capacidade de cicatrização
aglomeração o Tipos II ou III
- Raramente, possui remissão espontânea Mais comumente se associação
- Associa-se com uma série de distúrbios com hipersecreção ácida, se
gastrointestinais superiores comuns comportando mais como úlceras
o quase sempre presente em casos de duodenais
gastrite crônica ativa e na maioria
dos pacientes com úlcera duodenal -----------------------------------------------------------
e gástrica
o também se relaciona com câncer Úlcera Duodenal
gástrico, linfoma e metaplasia
intestinal Doença de inúmeras causas, tendo como únicos
- Maioria dos indivíduos infectados é requisitos a secreção de ácido e pepsina em
assintomática combinação com infecção por
- Úlceras mais encontradas no duodeno, Helicobacter pylori ou ingestão de AINEs.
associadas à gastrite crônica ativa

Uso crônico de AINEs Manifestação Clinica


- Variada Endoscopia Fibroscópica
- Dor abdominal
Modalidade de diagnóstico das úlceras pépticas
o sintoma mais associado
o queimação mesoepigástrica - Método mais confiável de se diagnosticar
o bem-localizada uma úlcera gástrica
o tolerável - Menos dispendiosa
o aliviada com a alimentação - Diagnostica com precisão a maioria das
o episódica, sazonal na primavera e úlceras pépticas, cerca de 90%
no outono - Fornece diagnóstico visual e a
o exacerbada durante períodos de possibilidade de biópsia tecidual com teste
estresse emocional de Helicobacter pylori
- Evolução: - Também pode ser usada para fins
o dor constante sugere úlcera terapêuticos, em casos de obstrução ou
terebrante para órgão vizinho sangramento gastrointestinal
o dor com irradiação para as costas Teste para Helicobacter pylori
sugere terebração para o pâncreas
o irritação peritoneal difusa costuma - Deve ser realizado em todos os pacientes
ser sinal de perfuração em com suspeita de doença ulcerosa péptica
peritônio livre - Pode ser feito por:
o biópsia da mucosa gástrica obtida
Diagnóstico por endoscopia
Anamnese e Exame Físico  permite avaliar a gravidade
da gastrite e confirmar a
- Valor limitado para distinção entre a presença ou ausência do
ulceração gástrica e a duodenal organismo
o sorologia
Exames Laboratoriais de Rotina
 teste de escolha para
- Hemograma completo diagnóstico inicial
- Bioquímica hepática o teste respiratório da ureia
- Creatinina sérica  método de escolha para
- Amilase sérica documentar erradicação
- Níveis de cálcio  realizado 4 semanas após a
- Nível de gastrina sérica suspensão da terapia
o obtida para pacientes com úlceras antimicrobiana
que sejam refratárias à terapia o ensaio rápido da urease
clinica ou necessitem de cirurgia  detecta a uréase em
espécimes de biópsia
Radiografia de Tórax gástrica obtidos por
- Paciente na posição ereta endoscopia
- Indicada para pesquisa de  resultado fica disponível
pneumoperitônio e descarte de perfuração em horas
o cultura da mucosa gástrica
Radiografia do Trato Gastrointestinal Superior  obtida por endoscopia
 permite a realização de
Modalidade de diagnóstico das úlceras pépticas
testes de sensibilidade
- Aproximadamente 5% das úlceras que antibiótica, se necessário
radiologicamente parecem benignas são
malignas Tratamento Clínico e/ou Cirúrgico
- Requer depósito de bário na cratera da Tratamento Clinico
úlcera, que geralmente é redonda ou oval e
que não pode estar circundada por edema Baseado no uso de drogas antiulcerosas, que são
- Útil para determinar a localização e a disponibilizadas em três categorias:
profundidade de terebração da úlcera e a
- direcionadas contra Helicobacter pylori
extensão da deformidade pela fibrose
- redutoras dos níveis de ácido, diminuindo
crônica
a neutralização da secreção química
- elevadoras da barreira protetora da - Agentes antissecretores mais potente
mucosa - Anulam a secreção ácida de todos os tipos
de secretagogos, promovendo uma
Inclui também alterações no estilo de vida, que
inibição mais completa e prolongada da
ajudam a promover a cicatrização da ferida,
secreção ácida
como:
- Mais eficazes durante o dia
- cessação do tabagismo - Taxa de cura de 85% em 4 semanas
- interrupção do uso de aspirina e AINEs - Produz cicatrização mais rápida das
- diminuição do consumo de café e álcool úlceras em comparação com os
antagonistas de H2
Paradigma Central do Tratamento - Necessitam do ambiente ácido para serem
ativados, não devendo ser usados em
Combinação de antibióticos contra a Helicobacter
associação com antiácidos ou antagonistas
pylori com medicamentos antiácidos.
do receptor de H2
Os antiácidos têm como objetivo promover a cicatrização de curto prazo, reduzindo os

níveis de acidez patológica e melhorando os sintomas. Enquanto a erradicação da Sucralfato


Helicobacter pylori complementa a cura inicial, tendo eficácia primária na prevenção
- Bastante eficaz no tratamento da doença
da recorrência.
ulcerosa
- Gera um revestimento protetor da mucosa
Antiácidos
gástrica que pode durar até 6 horas
- Terapia mais tradicional - Promove cicatrização da úlcera duodenal
- Reduzem a acidez gástrica após 4 a 6 semanas
- Principais representantes
Tratamento da Infecção por Helicobacter pylori
o Antiácidos com magnésio
 melhores neutralizantes - Indicado para paciente ulceroso com
 causam diarreia Helicobacter pylori positivo
significativa - Baseado na terapia tripla com supressão
o Ácidos precipitados com fósforo de secreção gástrica a longo prazo com:
 podem resultar em o um agente antissecretor
hipofosfatemia e  geralmente, IBP
constipação  antagonistas da histamina
- Mais eficazes quando ingeridos uma hora também podem ser usados
após a refeição, ficando retidos no o juntamente com dois antibióticos
estômago e exercendo sua ação tampão  geralmente, amoxicilina
por períodos mais longos com claritromicina ou
- Dosagem mais tolerada metronidazol
o 200 a 1000 mmol/dia  administrados por um
- Promovem cicatrização das úlceras curso de duas semanas
duodenais em um mês  os efeitos colaterais são
leves e desaparecem com a
Antagonistas do Receptor H2 interrupção do tratamento
- Sofrem metabolismo hepático e são - Em pacientes refratários, pode-se
excretados pelos rins recomendar terapia quadrupla com a
- Representantes: adição de bismuto
o famotidina
 mais potente
o cimetidina
 mais fraca
- Infusão intravenosa contínua produz
inibição mais uniforme dos ácidos do que
a administração intermitente
- Promovem cicatrização das úlceras
duodenais em 4 a 8 semanas de terapia
Tratamento Cirúrgico
- Eficazes durante à noite
Inibidores da Bomba de Prótons
- Preconizado para os casos de doença ii. pacientes sem sangramento
ulcerosa complicada ativo, sem vaso visível e
- As principais complicações da doença são: com base limpa da úlcera,
o hemorragia, perfuração e são de baixo risco e não
obstrução necessitam de intervenção
o ocorrem em 20% dos pacientes b. procede também a pesquisa para
- Para pacientes com H. pylori negativo, o H. pylori
procedimento de redução de ácido 2. Acesso intravenoso
(vagotomia troncular e/ou de células 3. Restauração do volume intravascular com
parietais) também deve ser realizado liquido e produtos sanguíneos, de acordo
com a situação clinica
4. Monitoramento de sinais de
ressangramento
5. Lavagem por sonda nasogástrica
a. papel questionável
b. útil como preditor de pacientes de
Hemorragia Na maior parte dos casos, cessa alto risco e como auxílio para
espontaneamente; mas pode ser persistente intervenção endoscópica posterior
(associada com mortalidade de 6 a 8%) ou levar a i. pacientes com sangue vivo
ressangramento. no aspirado são
considerados de risco
Os critérios clínicos primários que predizem
maior para ressangramento
hemorragia persistente ou ressangramento após
ou sangramento
a interrupção inicial e, portanto, aumento da
persistente, justificando
mortalidade associada a patologia, caracterizando
intervenção endoscópica
os pacientes como de alto risco, são:
ii. ao contrário, pacientes com
- idade avançada
lavagem clara ou tipo borra
- redução da taxa de hemoglobina (<10g/dl)
de café são considerados de
na internação
baixo risco
- choque
c. o tubo nasogástrico também pode
- melena
ser usado para lavagem do
- necessidade de transfusão de sangue
estômago e do duodeno antes da
Uma vez identificado um sangramento agudo do endoscopia, removendo os
trato gastrointestinal, deve-se realizar: coágulos e sangue antigo que
poderiam prejudicar a visualização
1. Endoscopia nas primeiras 24hrs da atual fonte de sangramento
a. importante para separar os
pacientes de alto e baixo risco Pacientes de alto risco devem ser manejados em
i. pacientes de alto risco ambiente monitorado, preferivelmente uma UTI,
apresentam sangramento até que todos os sangramento cessem por 24hrs.
ativo por jato arterial ou Devem também ser infundidos com um IBP IV,
gotejamento, coagulo com um bólus inicial seguido por infusão
aderente ou vaso visível contínua ou dosagem intermitente por até 72hrs.
dentro da ulcera, sendo
Em casos de refratariedade ao uso de IBP e do
necessária intervenção
controle endoscópico, pacientes com sangramento
(controle endoscópico por
persistente necessitarão de intervenção cirúrgica.
injeção de um
Já que o vaso mais suscetível de apresentar
vasoconstritor – epinefrina
sangramento é a arterial gastroduodenal por
– no local do sangramento,
erosão de uma úlcera péptica posterior, o
ou ainda uso de um
procedimento preconizado é a duodenotomia ou
segundo vasoconstritor ou
piloroplastia de Heineke-Mikulicz.
esclerosante, coagulação
térmica e colocação de Perfuração Os pacientes se queixam de dor
grampos ou clipes epigástrica aguda repentina, frequentemente
mecânicos no local do grave. Usualmente, mostrarão ar livre na cavidade
sangramento) abdominal, detectada na radiografia de tórax e, ao
exame físico, terão sinais de peritonite localizada
ou difusa (se derrame mais acentuado). Se associa vômitos de volume indolores e anormalidades
com a maior taxa de mortalidade, cerca de 15%. metabólicas semelhantes às da obstrução aguda).
A perda acentuada de peso e desnutrição também
Para um pequeno grupo de pacientes, a são comuns, assim como a perda de tônus
perfuração pode selar espontaneamente; mas a muscular do estômago volumosamente dilatado.
maioria dos casos requer intervenção cirúrgica de
emergência na primeira porção do duodeno, via Tratada por dilatação endoscópica e erradicação
aberta com incisão na linha média da porção de H. pylori. Em pacientes refratários, preconiza-
superior do abdome ou via laparoscópica. Em se vagotomia e antrectomia com reconstituição
pacientes com exames negativos para H. pylori e gastrojejunal do trânsito.
usuários crônicos de AINEs, que não conseguem
Pode ser uma complicação da doença ulcerosa,
interromper o uso ou fracassaram na terapia
mas é mais comumente associada a obstrução por
médica para doença ulcerosa no passado, podem
câncer e, portanto, deve-se realizar um exame
ter adicionada a cirurgia um procedimento
endoscópico para descartar presença de doença
redutor de ácido. Após a cirurgia, o paciente
maligna.
permanece entubado com sonda nasogástrica até
que a atividade intestinal seja retomada. Os Doença Ulcerosa Péptica Intratável Definida
drenos são mantidos até que o paciente se como a incapacidade de uma úlcera cicatrizar
alimente sem alteração na quantidade e/ou após um ensaio inicial de terapia durante 8 a 12
qualidade da drenagem. E, em casos de H. pylori semanas, ou ainda se o paciente apresenta recaída
positivo, a infecção deve ser erradicada com após a interrupção da terapêutica. É uma
esquemas de terapia tripla apropriados. condição incomum e rara, mas que pode ser
tratada com operação de redução de ácido
(vagotomia troncular e/ou vagotomia
- Perfurações menores que 1cm superseletiva, com ou sem antrectomia)
o fechadas primariamente e Nesses pacientes, é necessário confirmar a
reforçadas com retalho de omento condição de intratabilidade, por meio de:
vascularizado
- afastar a possibilidade de malignidade
- Perfurações maiores
- confirmar a duração adequada da terapia,
o requerem retalho de omento do a erradicação de H. pylori e a eliminação
tipo Graham do uso de AINE
- Perfurações muito grandes (acima de - excluir gastrinoma, por meio da obtenção
3cm) de um nível sérico de gastrina
o apresentam maior dificuldade no
Procedimentos Cirúrgicos para Úlcera Péptica
fechamento da perfuração
duodenal Indicados na impossibilidade de erradicação da
o colocação de retalho saudável, H. pylori, ou impossibilidade de suspensão do uso
como omento ou serosa jejunal crônico de AINE, ou refratariedade ao tratamento
o duodenostomia com cateter medicamentoso. Objetivam reduzir a secreção
tubular para drenagem gástrica ácida, o que pode ser feito por meio de:
o antrectomia com reconstrução à Vagotomia
Billroth II
- Bloqueia a estimulação vagal
- Vagotomia troncular
Obstrução Gástrica Distal Pode ser causada pela - Vagotomia superseletiva ou vagotomia de
inflamação aguda do duodeno (manifestada por células parietais ou vagotomia proximal
obstrução mecânica e funcional da saída do Antrectomia
conteúdo gástrico, levando a retardo do
esvaziamento gástrico, anorexia, náuseas e - Inibe a secreção de gastrina
vômitos, com desenvolvimento de uma alcalose - Mais usada para úlceras gástricas
metabólica hipoclorêmica hipocalêmica) ou
Vagotomia troncular associada a antrectomia
inflamação crônica (com episódios recorrentes de
cicatrização seguidos de cura e recorrência da -----------------------------------------------------------
ulceração, levando à fibrose e estenose do lúmen
duodenal, com obstrução acompanhada por
Úlcera Gástrica - Rara antes dos 40 anos
- Pico de incidência ocorre entre os 55 e os
Pode ocorrer em qualquer local do estômago, mas
65 anos
é mais comum na curvatura menor, perto das
- Mais prováveis em pacientes com classe
incisuras angulares (úlceras gástricas do tipo I).
socioeconômica baixa
- Levemente mais comuns em população
não branca
Patogênese
- Ainda não foi totalmente elucidada
- Existem condições que podem predispor à
ulceração gástrica, incluindo:
o idade acima dos 40 anos
o gênero feminino (2:1)
Tipo 1 o ingestão de fármacos que rompem
- Mais comuns (60%) a barreira de muco, como aspirina
- Não estão associadas à secreção excessiva ou AINE
de ácido, podendo ocorrer com baixo o anormalidades na secreção de
débito de ácido ácido ou de pepsina
- Maior parte ocorre em até 1,5cm da zona  a presença de ácido parece
de transição histológica entre a mucosa ser essencial à produção de
fúndica e a antral uma úlcera gástrica, apesar
- Não está associada a anormalidades das de o débito secretor total
mucosas duodenais, pilóricas ou pré- não ser tão importante
pilóricas  cicatrização rápida se segue
à terapia com antiácido,
Tipo 2 terapia antissecretora ou
vagotomia
- Quase 15%
 na presença de lesão da
- Localizadas no corpo do estômago, em
mucosa gástrica, o ácido
combinação com uma úlcera duodenal
pode ser ulcerogênico
- Geralmente, se associa com uma elevada
mesmo em quantidade
secreção de ácido
normais ou abaixo do
Tipo 3 normal
o estase gástrica por retardo do
- Úlceras pré-pilóricas esvaziamento gástrico
- Responsáveis por cerca de 20% das lesões o ulcera duodenal coexistente
- Também se comportam como úlceras o refluxo gastroduodenal de bile
duodeanis
o gastrite
- Se associam à hipersecreção de ácido
o infecção por H. pylori
gástrico
o ingestão crônica de álcool
Tipo 4 o tabagismo
o terapia com corticosteroides de
- Ocorrem em uma parte alta da curvatura
longa duração
menor, próxima à junção gastroesofágica
o infecção
- Incide em menos de 10% das lesões
- Não estão associadas a uma secreção o terapia intra-arterial
elevada de ácido Apresentação Clínica Assim como as úlceras
Tipo 5 duodenais, as úlceras gástricas se caracterizam
por episódios recorrentes de quiescência e
- Podem ocorrer em qualquer local recidiva. Também causam dor, sangramento e
- Associadas ao uso continuo de AINEs obstrução, podendo perfurar. Em alguns casos,
- As que aparecem na curvatura maior do uma ulceração benigna pode evoluir e apresentar
estômago têm incidência menor que 5% complicações, como fístulas gastrocólicas
espontâneas, necessitando de intervenção
Epidemiologia
cirúrgica.
Hemorragia ou Sangramento Significativo
- Ocorre com mais frequência em pacientes
de faixa etária avançada, com menor
probabilidade de cessação espontânea e,
portanto, maior morbimortalidade
- Mais frequente em úlceras gástricas tipos
II e III, sendo ameaçadora à vida no tipo
IV
Perfuração
- Complicação mais comum
- Maioria ao longo da face anterior da
curvatura menor do estômago
- Maior taxa em pacientes idosos
- Maior morbimortalidade em úlceras de
maior tamanho
Obstrução Distal do Estômago
Úlceras Não-Cicatrizantes e/ou Intratáveis
- Em pacientes com úlcera gástrica tipos II
ou III - Cada vez menos comuns
- Deve se diferenciar cuidadosamente a - Deve se assegurar o uso de terapia
obstrução benigna por uma úlcera gástrica apropriada pelo tempo adequado,
da obstrução secundária ao carcinoma de incluindo a confirmação da erradicação de
antro H. pylori e a eliminação do uso de AINEs
- Sua apresentação deve levantar suspeitas
Diagnóstico de malignidade subjacente, e os pacientes
- Semelhante ao da úlcera duodenal devem ser submetidos a uma avaliação
- Como há uma possibilidade significativa segura com múltiplas biópsias, para
de malignidade em uma úlcera gástrica, excluir a malignidade antes de qualquer
deve-se fazer o diagnóstico diferencial intervenção cirúrgica
preciso entre um câncer e uma úlcera - Abordagem varia com o tipo de úlcera e
sua associação a níveis de ácido
Tratamento fisiopatológicos:
o tipo I e IV
- Semelhante ao da úlcera duodenal
- Dois aspectos mais importantes são:  não associadas a níveis
o supressão de ácido elevados de ácidos
 não necessitam de
o erradicação de H. pylori
vagotomia ácido-redutora
- O desafio do tratamento clinico da úlcera
gástrica é a diferenciação entre carcinoma
gástrico e ulcera benigna

Úlcera Gástrica Intervenção


Tipo 1 Ressecção da úlcera isolada
ou gastrectomia distal sem
vagotomia
Tipo 2 ou 3 Cirurgia baseada na ácido-
redução, por gastrectomia
distal em associação à positivo
vagotomia troncular Gigantes
Pode ser feita também, Úlceras com diâmetro de pelo menos 2cm ou
mas com menos sucesso, mais, localizadas na curvatura menor e com
uma vagotomia de células maior incidência de processos malignos (10%).
parietais por intervenção Podem ser terebrantes para estruturas
laparoscópica contíguas (baço, pâncreas, fígado e cólon
Tipo 4 Ressecada, sempre que transverso).
possível, preferencialmente
sem gastrectomia Muitas vezes, erroneamente diagnosticada
Gastrectomia total seria como lesão maligna irressecável, mesmo com
uma abordagem mais biópsia normal
agressiva Incidência de malignidade aumenta com o
Gastrectomia distal pode tamanho da úlcera, indo de 6 a 30%
ser realizada para aquelas Têm grande probabilidade de desenvolver
localizadas de 2 a 5 cm da complicações (perfuração e sangramento)
junção gastroesofágica Curada, em 80% dos casos, por terapia clínica.
Hemorrágicas Abordagem semelhante à Indicado repetição da endoscopia em 6 a 8
úlcera duodenal: reposição semanas.
hidroeletrolítica e Em casos de complicações ou insucesso da
sanguínea, monitorização e cicatrização, a operação de escolha é a
investigação endoscópica gastrectomia incluindo o leito da úlcera, com
(controle do sangramento, vagotomia reservada para úlceras gástricas dos
biópsia para afastar tipos II e III. Em pacientes de alto risco com
malignidade e pesquisa de comorbidades significativas, pode-se considerar
infecção por H.pylori) uma ressecção local com vagotomia e
Controle medicamentoso piloroplastia.
do sangramento e Síndrome de Zollinger-Ellisson
erradicação da bactéria ou Tríade clinica (hipersecreção ácida do suco
intervenção cirúrgica em gástrico, doença ulcerosa péptica grave e tumor
sangramentos persistentes de células não-beta das ilhotas pancreáticas)
Ressecção da úlcera
associada a vagotomia nos O tumor das células das ilhotas (gastrinoma)
tipos II, III ou IV ou em produz hipergastrinemia, o que gera a doença
pacientes que não ulcerosa péptica e se associa com a maioria, se
conseguem interromper o não todos, os sintomas clínicos da doença:
uso de AINEs - dor abdominal
Perfuradas Tipo 1 e Paciente Estável - perda de peso
Gastrectomia distal com - diarreia
anastomose de Billroth I - esteatorreia
Pacientes Instáveis - esofagite
Sutura simples da úlcera A endoscopia revela pregas gástricas
gástrica associada à biópsia proeminentes (resultado do efeito trófico da
e tratamento de H.pylori, hipergastrinemia sobre o corpo e o fundo
se positivo gástrico) e evidência de doença ulcerosa
Mesmo com biópsia péptica.
negativa, deve-se afastar Testes de excitação gástrica, em geral, não são
malignidade com repetição necessários, mas níveis de gastrina sérica em
da endoscopia e da biópsia jejum acima de 1000 pg/ml são diagnósticos do
nos quatro quadrantes da gastrinoma, sendo sugerido com elevações
úlcera gástrica acima de 200 pg/ml.
Tipos 2 e 3 Uma vez diagnosticado o gastrinoma, deve-se
Se comportam como úlcera iniciar terapia de supressão ácida com IBP.
duodenal, podendo ser Esse tratamento clinico é indicado no período
tratadas com fechamento pré-operatório e em pacientes com gastrinoma
da perfuração associada a metastático e/ou irressecável. Gastrinoma
um patch, com ou sem localizado deve ser ressecado cirurgicamente.
vagotomia troncular e
piloroplastia, com
posterior tratamento dos
pacientes com H. pylori
Neoplasias Malignas Gástricas ou Fatores Dietéticos

Câncer Gástrico - Alimentos ricos em sal


o salgados e carnes defumadas com
Câncer biologicamente agressivo, com altas taxas altos níveis de nitrato
de recorrência e mortalidade - Baixo consumo de frutas e vegetais
- Mecanismo primário de desenvolvimento
Epidemiologia do câncer gástrico é a conversão de
- 4º câncer mais comum nitratos presentes nos alimentos em
- 2ª principal causa de morte por câncer compostos N-nitrosos por bactérias no
- Mais prevalente no leste da Ásia e na estômago, que é um importante
América do Sul, aumentando em países carcinógeno
em desenvolvimento - Frutas frescas e vegetais contêm ácido
- O câncer gástrico distal é o mais comum ascórbico, que pode remover compostos
- Afeta com mais frequência os homens N-nitrosos carcinogênicos e radicais livres
o responsáveis por mais de 60% dos de oxigênio
novos casos Fatores de Risco Hereditário e Genética do
- Mais comum em idosos Câncer
o pico de incidência na 7ª década de
vida - Vários distúrbios hereditários raros se
- Mais comum e com maior mortalidade em associam com câncer gástrico:
afro-americanos, asiáticos americanos e o câncer gástrico difuso hereditário
hispânicos (forma herdade de carcinoma
gástrico)
Fatores de Risco Incluem fatores ambientais e o polipose adenomatosa familiar
genéticos. (presença de pólipos das glândulas
fúndicas e duodenais
potencialmente malignos)
o síndrome de Li-Fraumeni (risco
aumentado de câncer gástrico)
o síndrome de Lynch ou câncer
colorretal hereditário sem polipose
(risco aumentado de câncer
gástrico e ovariano)
- Várias alterações genéticas são associadas
ao adenocarcinoma gástrico:
o ativação de oncogenes (proto-
oncogenes)
 c-met, k-sam e c-erbB2
o inativação de genes supressores de
tumor
 p53 e p16 e APC
Infecção pelo Helicobater pylori o redução da adesão celular
- Considerada um carcinógeno definitivo  molécula E-caderina
- Mais comum em áreas carentes com o reativação da telomerase
deficiência de saneamento básico, o presença de instabilidade
sobretudo países em desenvolvimento microssatélite
o maiores taxas de infecção
Outros Fatores de Risco
o maior incidência de câncer gástrico
- Mecanismo primário de desenvolvimento Anemia perniciosa
de câncer gástrico é a inflamação crônica:
Aumenta o risco de desenvolvimento de câncer
infecção a longo prazo  gastrite
gástrico em 2,1 a 5,6 vezes.
(primariamente no corpo gástrico) 
atrofia gástrica  metaplasia intestinal 1. Destruição das células principais e
com alterações moleculares  displasia  parietais por reação autoimune
adenocarcinoma tipo intestinal 2. Acloridria
3. Atrofia da mucosa - Mais útil e mais amplamente utilizado
4. Desenvolvimento de metaplasia antral e - Separa o adenocarcinoma gástrico em
intestinal tipos intestinais ou difusos, com base na
histologia
Pólipos Adenomatosos
- Ambos os tipos têm patologia,
Alto risco para desenvolvimento de malignidade epidemiologia e prognóstico distintos
do pólipo, de aproximadamente 10 a 20%,
aumentando com o tamanho do pólipo
1. Atipia mucosa
2. Displasia
a. comum em pacientes cujos pólipos
resultam de polipose adenomatosa
familiar
3. Progressão de displasia para carcinoma in
situ
Ressecção endoscópica – Lesões pedunculadas
com remoção completa do pólipo e ausência de
focos de câncer invasivo no exame histopatológico
Ressecção cirúrgica – Pólipo maior que 2cm ou
séssil ou apresentar foco comprovado de Variante Intestinal
carcinoma invasivo - Cresce no contexto de uma condição
pré-cancerosa reconhecível, como
Pólipos de Glândulas Fúndicas – Lesões benignas atrofia gástrica ou metaplasia intestinal
resultantes de hiperplasia glandular e diminuição - Homens mais afetados que as mulheres
do fluxo luminal, associadas ao uso de inibidor de - Incidência aumentada com o
bomba de prótons. Possuem baixo risco de envelhecimento
malignização e, portanto, não exigem ressecção, - Lesões bem diferenciadas, com
acompanhamento regular ou cessação da terapia tendência à formação de glândulas
com o IBP. - Disseminação metastática
hematogênica para os órgãos distantes
Classificação Patológica do Câncer - Histologia dominante em áreas com
Gástrico câncer gástrico endêmico, sugerindo
etiologia ambiental
Classificação de Borrmann Variante Difusa
- Descreve os achados endoscópicos - Consiste em pequenos agrupamentos de
- Divide o carcinoma gástrico em cinco células em anel de sinete pequeno,
uniforme, pouco diferenciado e sem
tipos, a depender da aparência
glândulas
macroscópica da lesão
- Disseminação submucosa, com menos
- O tipo linite plástica descreve uma lesão infiltração inflamatória
difusamente infiltrante envolvendo todo o - Disseminação metastática precoce via
estômago extensão transmural e linfática
- Metástases intraperitoneais são
frequentes, tornando o prognostico
menos favorável
- Associa-se com gastrite crônica e com o
tipo sanguíneo A
- Mais comum em mulheres
- Afeta grupo de idade ligeiramente mais
jovem
- Apresenta ocorrências familiares,
sugerindo etiologia genética

Classificação da OMS

Sistema de Lauren - Se baseia nas características morfológicas


- Divide o câncer gástrico em cinco  detectada no exame pélvico
categorias principais: o metástases peritoneais
o adenocarcinoma  sentidas como prateleira
 papilar firme (de Blummer) ao
 tubular exame retal
 mucinoso - Hemograma completo
 anel de sinete o incluindo testes de função hepática
o carcinoma de células e estudos da coagulação
adenoescamosas
Estadiamento
o carcinoma de células escamosas
o carcinoma indiferenciado Sistema TNM AJCC
o carcinoma não classificado
Baseado na profundidade da invasão do tumor
Sinais e Sintomas (T), número de linfonodos envolvidos (N) e
presença ou ausência de doença metastática (M)
- Inespecíficos
o contribuindo para o diagnóstico do Deve-se avaliar um mínimo de 15 linfonodos para
câncer já em estádio avançado o estadiamento acurado.
- Incluem:
o dor epigástrica
 constante
 não irradia
 não alivia com a
alimentação
o saciedade precoce
o perda de peso
- Frequentemente, são confundidos com
causas benignas mais comuns de
dispepsia, como doença ulcerosa péptica e
gastrite
- Lesões mais avançadas podem apresentar:
o obstrução ou disfagia, dependendo
da localização do tumor
- Algum grau de sangramento
gastrointestinal é comum:
o 40% dos pacientes com anemia
o 15% dos pacientes com
hematêmese franca
Diagnóstico
- Anamnese completa
- Exame físico minucioso com atenção
especial a qualquer evidência de doença
avançada, que inclui:
o doença metastática linfonodal
 supraclavicular (nódulo de
Virchow)
 periumbilical (nódulo de
irmã Maria José)
o metástase intra-abdominais
 hepatomegalia
 icterícia
 ascite
o metástases de deslocamento de
células malignas para os ovários
 tumor de Krukenberg
pode tratar pacientes com
obstrução ou sangramento
o geralmente, combinada com
ultrassom
- ultrassonografia endoscópica
o papel limitado na avaliação de
doença metastática
o útil na diferencial de pacientes de
alto e baixo risco, o que se
correlaciona com o prognóstico
- tomografia computadorizada
o papel importante na avaliação de
doença metastática
o principal método para detecção de
metástase intra-abdominal
o usada no estadiamento
locorregional
- ressonância magnética
- tomografia por emissão de pósitrons
o não é modalidade primaria de
estadiamento do câncer gástrico
o aplicação limitada, devido ao fato
de apenas 50% dos carcinomas
gástricos serem PET captadores
o quando positiva, sugere doença
avançada
o mais útil em casos considerados
O estadiamento é completado pela inclusão do candidatos para terapia
estado R, para descrever o estado do tumor após a neoadjuvante, sendo uma
ressecção, determinando a adequação da modalidade eficaz para monitorar
operação a resposta a essas terapias
R0 – ressecção com margens microscopicamente negativas, onde não permanece
- laparoscopia diagnóstica
nenhum tumor macro ou microscópico no leito do tumor  única capaz de permitir
o atraente, devido à alta taxa de
sobrevida à longo prazo
doença metastática oculta
o parte da avaliação de câncer
R1 – remoção de todas a doença macroscópica, mas com margens microscópicas gástrico
positivas para o tumor o segura e de baixo risco
R2 – doença macroscópica residual
o pode ser procedimento único de
estadiamento com ressecção

O estadiamento pré-operatório é importante para:


Tratamento
- obtenção de informações sobre o
Pode seguir três caminhos principais, sendo eles:
prognostico para orientação do paciente e
da família 1. ressecção (com ou sem terapia adjuvante
- determinação da extensão da doença, subsequente)
permitindo estabelecer o curso mais 2. terapia neoadjuvante seguida de ressecção
apropriado do tratamento 3. tratamento da doença sistêmica sem
ressecção
As principais modalidades de estadiamento são:
- endoscopia
o do tipo flexível
o ferramenta essencial para o
diagnóstico do câncer gástrico
o permite visualização do tumor,
fornece material para biópsia e
- Na ausência de sintomas, foca na melhora
a sobrevida mediana
- Em casos de doença irressecável com
sintomas debilitantes, pode ser
considerada terapia cirúrgica
- Quimioterapia
o melhora a sobrevida de pacientes
com tumor irressecável
o terapia tripla
 5-fluorouracil
 cisplatina
 epirrubicina
Recorrência ou Recidiva

Tratamento Cirúrgico Ressecção completa do - Altas taxas (40 a 80%)


tumor gástrico com ampla margem livre de lesão - Geralmente, ocorre nos primeiros três
anos
- Intenção curativa - A maioria dos pacientes apresenta recidiva
- Técnica padrão: gastrectomia por locorregional associada a
laparotomia com exérese dos linfonodos comprometimento metastático distante
(linfadenectomia) - Locais mais comuns de recidiva
- Pode ser feita também por técnicas locorregional são coto gástrico
minimamente invasivas, como remanescente, área da anastomose, leito
laparoscopia e ressecção endoscópica gástrico e linfonodos regionais
completa para tumores iniciais - Disseminação hematogênica ocorre para
fígado, pulmão e osso
- Gastrectomia distal
o carcinomas de estômago distal, Vigilância
incluindo corpo e antro
- Acompanhamento sistemático dos
- Gastrectomia total com
pacientes
esofagojejunostomia em Y de Roux ou
- Exames de controle frequentes nos três
gastrectomia proximal
primeiros anos
o carcinomas proximais
o primeiro ano – consultas a cada 4
- Ressecção mucosa endoscópica
meses
o câncer gástrico precoce ou inicial
o segundo e terceiro ano – consultas
com invasão limitada da parede
a cada 6 meses
gástrica e sem evidências de
o a partir do quarto ano – consultas
metástases linfonodais
anuais
o tumor limitado a mucosa, com
- Pacientes submetidos a gastrectomia
nenhuma invasão linfovascular,
subtotal, devem ser submetidos a
menor que 2cm e sem ulceração
endoscopia anula
Terapia Neoadjuvante e Adjuvante Pacientes com - Conforme indicação clinica devem ser
câncer gástrico devem ser avaliados para realizados exames:
quimioterapia pré-operatória. o hemograma completo e testes de
função hepática
Cerca de 50% pacientes com câncer gástrico o radiografias de tórax
apresentam doença irressecável ou metastática,
o tomografia de abdome e pelve
devendo ser submetidos à terapia paliativa e
sistêmica, que aumenta a sobrevida em apenas
uma média de 3 a 5 meses.
Terapia Paliativa e Sistêmica
Câncer gástrico complicado
- Câncer avançado
- Envolve tentativas de melhorar a
sobrevida e o controle dos sintomas da - Constitui um desafio difícil para o
doença avançada cirurgião
- Cuidados de suporte - Caracterizado por sintomas graves
o dor, obstrução ou sangramento
- Quando a doença avançada é considerada
irressecável, devido ao envolvimento de
órgãos adjacentes (pâncreas ou baço) ou a
doença linfonodal extensa (incluindo
linfonodos para-aórticos), é ainda mais
desafiadora. Nesse sentido, pode-se
proceder uma ressecção cirúrgica Ro ou
uma ressecção paliativa.
- O tratamento das complicações deve focar
na paliação máxima e morbidade mínima:
o abordagens endoscópicas para
sangramento (cautério, clipagem
ou injeção de vasoconstritor) e, se
refratário, angiografia com
embolização
o paciente instável tem como única
alternativa de tratamento a
intervenção cirúrgica, com a
ressecção adaptada às suas
condições clinicas
o dilatação endoscópica, colocação
de stent, quimiorradioterapia e
derivação com gastrectomia e
gastrojejunostomia positiva são
opções disponíveis para o
tratamento de obstrução distal do
trânsito gástrico
o intervenção cirúrgica é requerida
para tratamento de perfuração do
câncer gástrico, com fechamento
por omento saudável
- Em caso de linite plástica, forma
particularmente agressiva da doença (com
mais dores, obstruções e má função
gástrica), o controle dos sintomas e a
quimiorradioterapia paliativa devem ser
considerados como tratamento primários
Em pacientes com sintomas intratáveis, que não
responder a outras medidas, pode ser realizada
um gastrectomia total

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