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Processo: 0431891-80.2023.8.04.0001
Réplica à Contestação
No p ont o 3.1 , pede o indeferim ento da O au tor n ão fez soment e u ma mera aleg aç ão
c onc essão da justiça g ratuita sob o d e h ip ossu fiên cia. Pelo contrário, anexou à
argu men t o d e que “ a mera aleg aç ão d e inc ial o seu contrac heque (fl. 26 )
h ip ossu fic iênc ia d o aut or e c on sid eran do c omp rovan do su a sit u aç ão fin anc eira, motivo
sequ er foi ap resen tad o u ma docu men t aç ão p elo qu al p ed e -se a manu t enç ão d a
d emon st rand o a sua sit u aç ão de g ratu id ad e c onc ed id a.
h ip ossu fic iênc ia ...” (fl. 182).
No p ont o 3.2, requer a form ação e C on forme ju risp ru dênc ia d o Sup erior T ribunal
“c itação dos litisc onsortes passivos d e J ust iç a (ST J ), n as aç ões em qu e se d iscute
nec essários, p ara qu e os c an did at os c on cu rso púb lico, é desnec essária a
afet ados d efen d am seu s in teresses, q ue form aç ão de litisc onsórc io passivo
serão, in equ ivoc amen t e, afetad os por u ma nec essário entre os c andidatos aprovados .
event u al procedênc ia do pedido do au t or.”
(fl. 183)
No p ont o 4.1, in forma qu e “ não pode o T od a a ju risp rud ên cia trazid a c omo
Judiciário substituir a banca fu nd amen t o pela requ erid a versa somente
examinadora quantoaos critérios de sob re a imp ossib ilid ad e de exame em se
seleção e avaliação , por se t rat ar de t rat and o d e qu est ões d e p rova, o que não é o
mérit o ad min ist rat ivo ” (fl. 190 ). c aso em tela . Ad emais, é c ediço o
entendim ento de que é possív el o reexam e
quando há ileg alidade na av aliaçã o.
Nos iten s 4.3 e 4.4, argu men t a qu e “ o Não se q uestiona a ac eitação do autor,
autor teve garantido o direito de q uando da inscrição no conc urso, como
inscrição e de participação no concurso c andidato neg ro (preto ou pa rdo), mas sim
para concorrer às vagas reservadas em a su a exc lu são b aseado em c rit érios
razão de ter se autodeclarada preto ou su bjetivos n ão p revist os em ed it al,
pardo ”. (fl. 196). c on figu ran do -se abu siva e ilegal su a
elimin aç ão .
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No item 4.7, in forma q ue “os crit érios O autor , c omo se vê n as imag en s anexad as ao
u t ilizad os p ara a verificaç ão da c ondiç ão p roc esso e n a inc luíd a pela req u erida, possui
rac ial d os ca nd id atos foram baseados nas c arac trísti cas de pessoa parda . Oc orre qu e
características fenotípicas consideradas não foram a dotados os m esmos critérios
e utilizadas pelo IBGE ”, qu e “ as para todos os c a ndidatos, u ma vez q ue
características fenotípicas avalia das algu mas b anc as aprovar am c ad id atos c om o
aludem aos tons de pele, às texturas de mesmo fenót ip o d o aut or e ou t ras n ão.
cabelos e aos traços fisionômicos ”, e qu e Ad emais, a jurisprudênc ia é pac ífica no
“a avaliaç ão foi feit a ap en as c om b ase n o sentido de que é nulo o ato adm inis trativ o
fen ótip o do au t or” (fls. 202 – 204). de v erificação da dec laraç ão rac ial
esc orado em critérios puram ente
arbitrários.
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4 Sobre o tema:
Por fim, impugna o valor atribuído à causa, pedindo-se que seja fi-
xado em R$ 12.229,43, equivalente ao valor relativo à fase do certame em
debate (fl. 189).
No entanto, é pacífico o entendimento de que o valor da causa deve
ser equivalente a 12 (doze) vencimentos do cargo pretendido pelo can-
didato, aplicando-se, por analogia, o art. 292, III e § 2º do CPC. Nesse
sentido é a jurisprudência a seguir:
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5 corresponda à prática de um ato administrativo, é inegável que a
procedência da demanda proporcionará à demandante o benefício do
recebimento de remuneração pela nomeação em cargo público, por
prazo indeterminado. 4. Reparo no r. decisum para fixar o valor da
causa na importância correspondente ao somatório de 12 (doze)
meses de remuneração do cargo nomeado. Quantia indicada pelo
Réu/impugnante que se mostrou adequada. Aplicação, por
analogia, do § 2º do artigo 292 do CPC. Precedentes
jurisprudenciais. 5. Uma vez alterado o valor da causa, torna-se
descabida a manutenção da verba honorária arbitrada de forma
equitativa (artigo 85, § 8º do CPC). Acolhimento do apelo para fixar
os honorários advocatícios em 12% (doze por cento) sobre o valor
atualizado da causa, em consonância com o artigo 85, § 2º e § 3º, I
do CPC. 6. Recurso a que se dá parcial provimento. (TJ-RJ - APL:
XXXXX20188190001, Relator: Des(a). SERGIO RICARDO DE
ARRUDA FERNANDES, Data de Julgamento: 26/08/2021,
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 10/09/2021)
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6 o valor do vencimento do cargo pretendido, à época de R$
4.367,68. Entende-se, portanto, que o valor da causa deveria ser
a soma do valor de 12 meses do vencimento. Muito além do valor
atribuído à causa: R$ 1.200,00. 6. Cabe ressaltar ainda que contra a
decisão que determinou o ajuste do valor da causa, o autor interpôs
agravo de instrumento, o qual ratificou a primeira decisão. Ou seja,
o apelante vem, reiteradamente, tanto em agravo, quanto agora em
apelação, buscar guarida no Tribunal, para deixar de cumprir
decisão judicial anteriormente determinada. 7. Apelação desprovida.
2 MÉRITO
Da alegação de impossibilidade de o poder judiciário substituir a banca e de
que o edital é a lei do concurso
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7 “Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade,
substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas
pelos candidatos e notas a elas atribuídas.”
Ademais, no ponto 4.2, informa que a ação não pode ser admitida
uma vez que o edital é a lei do concurso, sujeitando aqueles que se
inscreveram às suas exigências. (fl. 193).
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8 há vícios ou irregularidades no processo seletivo, buscando assegurar a ob-
servância dos princípios constitucionais e a proteção dos direitos dos can-
didatos.
3.1 MÉRITO
Quanto à alegação de que o procedimento adotado foi legítimo
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9 Ademais, se filtrarmos os dados do IBGE para o estado do Amazo-
nas, vemos que, segundo os dados das Características Étnico-raciais da
População, em 2008, 67,3% (sessenta e sete vírgula três por cento) e
80,1% (oitenta vírgula um por cento), em 2021, da população do estado
se considerava parda.
Assim, é evidente que as bancas de heteroidentificação devem se
pautar pela razoabilidade quando da aferição das aparências dos candi-
datos autodeclarados pardos, considerando que estes, em sua maioria,
não terão os fenótipos estritamente condizentes com as pessoas pretas
ou com os de qualquer outra categoria do IBGE, afinal, fazem parte de
uma categoria residual.
Nesse sentido, em caso análogo recente, o Tribunal de Justiça do Mato
Grosso do Sul deu razão a candidato autodeclarado pardo que teve sua
condição não verificada por banca de heteroidentificação em concurso pú-
blico, in verbis:
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10 a previsão de que somente aqueles que possuíssem determinado tipo de
cabe-lo, boca ou nariz.
Assim, não poderia a banca de avaliação ter em mente características
físicas fixas e esperar que todos se enquadrassem nesse modelo pré-defi-
nido. A principal característica que deveria ser analisada era a cor de pele,
já que as demais características são extremamente variáveis, uma vez que
a etnia parda é residual.
Ademais, cumpre salientar que, conforme jurisprudência pátria, a atu-
ação das bancas de heteroidentificação se destina a coibir fraudes e
abusos. Nesse sentido:
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11 prevalecerá em caso de dúvida razoável a respeito de seu
fenótipo, motivada no parecer da comissão de
heteroidentificação.
Assim, diante dos fatos trazidos na peça inicial, bem pelas fotos do autor, tanto as
que foram anexadas na inicial quanto a apresentada pela requerida, além das imagens
dos outros candidatos aprovados que possuem o mesmo fenótipo do autor, todo o con-
junto probatório demonstra a plausibilidade do direito do autor. Por este mo-
tivo, pede-se a manutenção da tutela já concedida.
4 PEDIDOS
Requer, então, o autor:
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