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Unidade III
7 MONTAGEM DOS PROGRAMAS E DA PERIODIZAÇÃO DO TF PARA
INICIANTES, INTERMEDIÁRIOS, AVANÇADOS E PARA POPULAÇÕES ESPECIAIS
A forma utilizada para a classificação do nível de treinamento é pelo tempo de experiência no TF.
Obviamente, uma vez que o tempo por si só não determina as adaptações do TF, é importante que
seja considerado em conjunto com as adaptações obtidas nesse mesmo período. Em outras palavras,
somente podemos considerar os níveis de treinamento do indivíduo pelo tempo quando os ganhos
obtidos pelo TF correspondem ao período em que esse aluno está envolvido no programa de TF.
• Avançados: indivíduos treinados há pelo menos um ano no TF sistemático e que obtiveram ganhos
significantes de força e hipertrofia muscular.
Na sequência, vamos discutir os direcionamentos das variáveis do TF para cada nível de treinamento
dos alunos. Nesse momento, vale destacar que os argumentos para utilização de cada variável já foram
apresentados neste livro‑texto; portanto, qualquer dúvida que tenha sobre isso, é sugerido retornar à
leitura dos tópicos anteriores antes de avançar com o estudo.
O TF para iniciantes deve considerar um aspecto fundamental do aluno: o dano muscular causado
nas primeiras semanas de treino (DAMAS; LIBARDI; UGRINOWITSCH, 2018). No momento em que o aluno
inicia o TF, ele está mais suscetível às microlesões causadas pelas contrações musculares, resultando no
aumento dos indicadores de dano muscular (por exemplo: diminuição da força, aumento da dor e inchaço
muscular) (DAMAS et al., 2016a; 2016b). Tais alterações implicam na aderência do aluno, haja visto que a
acentuação do dano pode elevar os níveis de dor e ocasionar uma percepção ruim do programa de TF. Em
outras palavras, se o programa de TF estabelecido inicialmente para o aluno causar um aumento exagerado
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
de dano muscular, fatalmente isso resultará na acentuação da dor e possivelmente em uma percepção
negativa do aluno ao programa de TF. Dessa forma, é importante que o professor tenha cuidado ao
prescrever as variáveis do TF nas primeiras semanas, especialmente a intensidade e volume de treinamento.
Além disso, como discutido anteriormente, o dano muscular, além de não ser responsável pela hipertrofia,
pode prejudicá‑la, sendo desnecessário programar o TF para que ocorra o dano muscular.
Para que isso seja evitado inicialmente, algumas maneiras de organizar as variáveis do TF possibilitam
que o aluno passe por esse período inicial do TF sem apresentar o dano muscular ou, caso apresente,
apenas mudanças mínimas devem ser feitas.
Além disso, a manipulação do TF deve considerar as adaptações neurais do TF ocorridas nesse período
inicial (GABRIEL; KAMEN; FROST, 2006), que implica diretamente na maneira em que serão manipuladas
a intensidade e o volume de treinamento para o iniciante. Dessa forma, as sugestões de manipulação
das variáveis e montagens dos programas de treinamento para iniciantes, bem como os motivos pelos
quais são sugeridos tais direcionamentos, são apresentadas a seguir.
7.2.1 Prescrição do treinamento de força (TF) para iniciantes para ganhos de força e
hipertrofia muscular
Intensidade
Séries
São recomendáveis 1 a 3 séries por exercício. Cabe ressaltar que essa quantidade pode ser diferente
de acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF
(ACSM, 2009).
São recomendáveis 1 a 2 minutos de intervalo entre as séries. Nesse momento, já seria interessante
introduzir para o aluno a compreensão da escala PR a fim de que, posteriormente, o intervalo seja
individualizado (DE SALLES et al., 2016).
Frequência semanal
São recomendáveis 2 a 3 vezes por semana para o corpo todo, utilizando a montagem AST ou ASP.
Essa frequência já seria suficiente para promover as adaptações do TF, mas, cabe ao profissional de
Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno possa
treinar (ACSM, 2009).
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Unidade III
Ações musculares
Utilizar as ações concêntrica e excêntrica. Nesse momento, é importante não enfatizar apenas uma
ação muscular, principalmente porque o aluno ainda está se adaptando ao TF. Fazer isso evita dores
musculares causadas pelo dano muscular, devido à acentuação de carga quando acontecer uma ação
muscular isolada (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade do movimento deve ser de lenta a moderada. A velocidade é sugerida para que seja
controlada a técnica de movimento, de crucial importância nesse momento inicial (SCHOENFELD;
OGBORN; KRIEGER, 2015).
Amplitude de movimento
A amplitude do movimento deve ser total e, para evitar acentuar o dano muscular, a intensidade é
reduzida (FOCHI et al., 2016).
Intensidade
São recomendáveis 3 a 6 repetições (30 a 60% 1 RM) sem atingir a falha muscular ou a fadiga
voluntária. O número baixo de repetições é para que seja possível enfatizar a alta velocidade de
movimento, a ausência da falha ou fadiga é para garantir o desenvolvimento da potência (ACSM, 2009).
Séries
São recomendáveis 1 a 3 séries por exercício. Cabe ressaltar que esse número pode ser diferente
de acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF
(ACSM, 2009).
São recomendáveis 1 a 2 minutos de intervalo para treinos com menor intensidade, e 2 a 3 minutos
de intervalo quando utilizadas maiores intensidades. Nesse momento, já seria interessante utilizar a
escala de PR para, posteriormente, tornar o intervalo individualizado (DE SALLES et al., 2016).
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Frequência semanal
A frequência recomendável é de 2 a 3 vezes por semana para o corpo todo, utilizando a montagem AST
ou ASP. Essa frequência já seria suficiente para promover as adaptações do TF, mas cabe ao profissional
de Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno
pode treinar (ACSM, 2009).
Ações musculares
Utilizar as ações concêntrica e excêntrica. A ação muscular pode ser enfatizada de acordo com o
componente específico que se deseja melhorar. Caso seja a melhora do componente elástico, as duas
ações são trabalhadas simultaneamente, caso seja a melhora da potência sem o componente elástico,
utiliza‑se apenas a ação muscular concêntrica (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
Amplitude de movimento
A amplitude deve ser específica de acordo com a necessidade de melhora de potência (ACSM, 2009).
Intensidade
São recomendáveis 10 a 15 repetições sem atingir a falha muscular, utilizando, portanto, a fadiga
voluntária pelas RSMs (NÓBREGA et al., 2018b). Isso é importante para que seja evitado acentuar o dano
muscular e, também, devido aos ganhos iniciais de resistência não necessitarem de um elevado nível de
fadiga muscular.
Séries
São recomendáveis 1 a 3 séries por exercício. Cabe ressaltar que esse número pode ser diferente
de acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF
(ACSM, 2009).
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Unidade III
O intervalo entre a séries deve ser menos de 1 minuto devido à utilização de menor intensidade
e pela recuperação parcial entre as séries ser importante para melhora da resistência muscular. Nesse
momento, já seria interessante introduzir no aluno a compreensão da escala de PR para, posteriormente,
individualizar o intervalo para ele (DE SALLES et al., 2016).
Frequência semanal
A frequência deve ser de 2 a 3 vezes por semana para o corpo todo, utilizando a montagem AST ou
ASP. Essa frequência já seria suficiente para promover as adaptações do TF, mas, cabe ao profissional de
Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno pode
treinar (ACSM, 2009).
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica e excêntrica. Nesse momento, é importante não enfatizar
apenas uma ação muscular, principalmente porque o aluno ainda está se adaptando ao TF. Fazer isso
evitará dores musculares causada pelo dano muscular em resposta à maior carga utilizada quando
isolada uma ação muscular (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade do movimento deve ser de lenta a moderada. A velocidade é sugerida para que seja
controlada a técnica de movimento, de crucial importância nesse momento (SCHOENFELD; OGBORN;
KRIEGER, 2015).
Amplitude de movimento
A amplitude do movimento deve ser total e, para evitar acentuar o dano muscular, a carga é reduzida
(FOCHI et al., 2016).
O aluno intermediário já obteve ganhos iniciais de força e hipertrofia e já atenuou o dano muscular,
bem como as adaptações neurais são menores nesse momento. Portanto, o TF deve ser prescrito
de maneira diferente do de iniciante, considerando tais diferenças. É de fundamental importância
que, nesse momento, o aluno seja estimulado pelo profissional de Educação Física, uma vez que
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
a tendência é ocorrer menor magnitude de ganhos a partir da redução das adaptações neurais, o
que pode desmotivá‑lo. As sugestões de manipulação das variáveis e montagens de treinamento
para intermediários, bem como os motivos pelos quais são sugeridos tais direcionamentos, são
apresentadas a seguir.
7.3.1 Prescrição do treinamento de força (TF) para intermediários para ganhos de força
Intensidade
São recomendáveis 8 a 12 repetições (60‑70% 1 RM), sem atingir a falha muscular, utilizando,
portanto, a fadiga voluntária pelas RSM. Isso é importante para que o peso levantado seja alto, o que
proporciona melhores resultados na força muscular (BUCKNER et al., 2017). Aqui já vale a pena inserir o
uso da escala de PSE, para melhor controle dessa variável de treino.
Séries
As séries podem ser múltiplas. Uma possibilidade é utilizar de 15 a 20 séries por grupo muscular por
semana de acordo com a sugestão demonstrada na tabela 6 (SCHOENFELD; GRGIC, 2018).
Frequência semanal
A frequência deve ser de 2 vezes por semana para cada grupo muscular com parcelamento dos
grupos musculares em 4 dias na semana, ou utilizando a montagem ASP ou DGM. Essa frequência já é
recomendada para possibilitar a aplicação de maior sobrecarga para o mesmo grupo muscular durante
a semana (GRGIC et al., 2018), mas, de qualquer forma, cabe ao profissional de Educação Física ajustar
essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno pode treinar.
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica, excêntrica ou isométrica. A ação muscular pode ser enfatizada
de acordo com o que se pretende exatamente melhorar. Em outras palavras, se o objetivo for aumentar
a força em uma determinada ação muscular, esta ação deverá ser enfatizada (SCHOENFELD et al., 2017).
Além disso, seria interessante introduzir, em alguns momentos do programa de TF, o treino separado da
ação excêntrica, uma vez que isso possibilitaria maior aplicação de intensidade e, consequentemente,
maiores ganhos de força muscular.
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Unidade III
Velocidade de movimento
A velocidade deve ser moderada devido à intensidade utilizada. Cabe ressaltar que a velocidade,
nesse treino, deve ser consequência da intensidade utilizada e não estipulada pelo profissional que está
prescrevendo o TF (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015). Simplificando, o aluno realiza o exercício
tentando atingir a velocidade máxima, mas devido a intensidade estar elevada, resultará em velocidade
moderada de execução do movimento.
Amplitude de movimento
Intensidade
A intensidade deve ser de 8 a 12 repetições (70‑85% 1 RM) sem atingir a falha muscular, utilizando,
portanto, a fadiga voluntária pelas RSMs. Ou, intensidades de 30‑50% 1 RM realizada até a falha
muscular (MITCHELL et al., 2012; LASEVICIUS et al., 2018).
Dessa forma, se o foco do treino for alta intensidade, a fadiga voluntária é sugerida e se for em
baixa intensidade, é necessário atingir a falha muscular. Aqui seria importante considerar se o objetivo
é também melhorar a força, pois isso determinará se deve ser utilizada a alta ou a baixa intensidade do
TF. Já é importante inserir o uso da escala de PSE para melhor controle dessa variável de treino.
Séries
As séries são múltiplas. Uma possibilidade é utilizar de 15 a 20 séries por grupo muscular por semana
de acordo com a sugestão demonstrada na tabela 6 (SCHOENFELD; GRGIC, 2018).
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Os intervalos devem ser de 1 a 2 minutos para treinos com menor intensidade (30‑50% 1 RM), e 2 a
3 minutos de intervalo quando utilizadas maiores intensidades (70‑85% 1 RM). Para ajustes específicos
do intervalo, sugere‑se o controle do intervalo pela escala de PR (EDWARDS et al., 2011) a fim de
determinar o intervalo de forma individualizada.
Frequência semanal
A frequência deve ser de 2 vezes por semana para cada grupo muscular com parcelamento dos
grupos musculares em 4 dias na semana, utilizando a montagem ASP ou DGM. Essa frequência já é
recomendada para possibilitar a aplicação de maior volume para o mesmo grupo muscular durante a
semana, é importante variável para hipertrofia muscular (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2017). De
qualquer forma, cabe ao profissional de Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a
disponibilidade de dias que o aluno pode treinar.
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica e excêntrica. Elas resultam em maiores ganhos de massa
muscular em comparação à ação muscular isométrica (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade deve ser lenta se utilizada alta intensidade, e moderada se aplicada baixa intensidade.
Cabe ressaltar que a velocidade nesse treino deve ser consequência da intensidade utilizada e não a
escolhida pelo aluno (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015). Simplificando, o aluno realiza o exercício
tentando atingir a velocidade máxima, mas devido a intensidade estar elevada, resultará em velocidade
lenta ou moderada na execução do movimento.
Amplitude de movimento
A amplitude é elevada caso, além da hipertrofia, aumentar a força em determinadas angulações faça
parte do objetivo. Por outro lado, amplitude é reduzida quando escolhida em uma angulação em que o
músculo permanece sob tensão em toda faixa de movimento (torque muscular constante), isso resulta
em significante hipertrofia (GOTO et al., 2017). Portanto, é possível, em alguns momentos, aumentar a
amplitude e, em outros, reduzi‑la, buscando das duas formas aumentar o estresse sobre o músculo para
resultar em aumento de massa muscular.
7.3.3 Prescrição do treinamento de força (TF) para intermediários para ganhos de força
explosiva (potência)
Intensidade
São recomendáveis 3 a 6 repetições (30 a 60% 1 RM para MMII e 0 a 60% para MMSS) sem atingir
a falha muscular ou a fadiga voluntária. O número baixo de repetições é para que seja possível enfatizar
a alta velocidade de movimento, a ausência da falha ou fadiga é para garantir o desenvolvimento da
potência (ACSM, 2009). Aqui já vale a pena inserir o uso da escala de PSE, para melhor controle dessa
variável de treino.
Séries
São recomendáveis de 1 a 3 séries por exercício. Cabe ressaltar que essa quantidade pode ser
diferente de acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana
de TF (ACSM, 2009).
Frequência semanal
São recomendáveis 3 vezes por semana para o corpo todo (montagem ASP) ou 4 vezes quando forem
parcelados os grupos musculares (2 vezes, pelo menos, por grupo muscular) (montagem ASP ou DGM).
Essa frequência é recomendada para promover melhora da potência no TF, mas, cabe ao profissional de
Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno pode
treinar (ACSM, 2009).
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica e excêntrica. A ação muscular pode ser enfatizada de acordo
com o componente específico que se deseja melhorar. Caso a melhora seja do componente elástico,
as duas ações são trabalhadas simultaneamente, caso a melhora seja da potência sem o componente
elástico, utiliza‑se apenas a ação muscular concêntrica (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade deve ser rápida para a melhora da velocidade de movimento. Tenha cuidado em
manter a técnica de execução do exercício ao aumentar a velocidade de movimento (SCHOENFELD;
OGBORN; KRIEGER, 2015).
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Amplitude de movimento
Intensidade
São recomendados de 15 a 25 RM, ou seja, até a falha muscular (CAMPOS et al., 2002). O número de
repetições pode ser em uma faixa maior que a previamente sugerida para iniciantes, devido à condição
do indivíduo intermediário resultar em maior resistência à fadiga (CAMPOS et al., 2002). Utiliza‑se a
escala de PSE para melhor controle dessa variável de treino.
Séries
São recomendadas de 1 a 3 séries por exercício. Cabe ressaltar que essa quantidade pode ser diferente
de acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF
(ACSM, 2009).
O intervalo entre as séries deve ser menor ou igual a 1 minuto devido a utilização de menor intensidade
e pela recuperação parcial entre as séries ser importante para melhora da resistência muscular. Utilize a
escala de PR a fim de tornar individualizado o intervalo para o aluno (DE SALLES et al., 2016).
Frequência semanal
A frequência deve ser de 3 vezes por semana para o corpo todo (montagem ASP) ou 4 vezes quando
os grupos musculares forem parcelados (2 vezes, pelo menos, por grupo muscular) (montagem ASP
ou DGM). Essa frequência é recomendada para promover melhora da potência no TF, mas cabe ao
profissional de Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias
que o aluno pode treinar (ACSM, 2009).
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Unidade III
Ações musculares
As ações musculares devem ser concêntrica e excêntrica. Priorizar a fadiga muscular independente
da ação muscular envolvida (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade do movimento deve ser de lenta a moderada. A velocidade lenta na ação muscular
concêntrica permite manter maior tempo o músculo sob tensão, causando fadiga (SCHOENFELD;
OGBORN; KRIEGER, 2015). Nessa mesma ação muscular, a velocidade moderada permite realizar
mais repetições, resultando também em fadiga acentuada. Portanto, se o objetivo é atingir a falha
muscular com menos repetições, sugere‑se manter velocidade lenta de movimento, por outro lado, se
o objetivo é realizar muitas repetições, aplica‑se velocidade moderada de movimento (SCHOENFELD;
OGBORN; KRIEGER, 2015).
Amplitude de movimento
Como já mencionado, o aluno avançado é caracterizado por possuir experiência de pelo menos um ano
no TF, portanto, já apresentou ganhos significantes de força e massa muscular. Desse modo, diferentemente
do indivíduo intermediário, indivíduos com esse nível de treinamento necessitam de uma maior variação
do TF para continuar obtendo resultados positivos no TF, e tais variações são importantes para que o aluno
não desanime e queira desistir do programa de TF devido à estabilização dos resultados. Portanto, além das
variáveis e montagens do TF, os sistemas de treinamento são sugeridos nesse momento para garantir resultados
progressivos do aluno. As sugestões de manipulação das variáveis, montagens e sistemas de treinamento para
avançados, bem como os motivos pelos quais são sugeridos tais direcionamentos são apresentados a seguir.
7.4.1 Prescrição do treinamento de força (TF) para avançados para ganhos de força
Intensidade
São recomendáveis de 1 a 6 repetições (80‑100% 1 RM), podendo atingir ou não a falha muscular.
É importante, para maximizar os ganhos de força, que o peso levantado seja o mais próximo possível do
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
máximo, o que proporciona melhores resultados na força muscular de indivíduos treinados (BUCKNER
et al., 2017; MATTOCKS et al., 2017).
Séries
Frequência semanal
A frequência deve ser de 4 a 6 vezes por semana com parcelamento dos grupos musculares
(2‑3 vezes por grupo muscular) (montagem DGM). Essa frequência deve permitir a aplicação de
maior sobrecarga para o mesmo grupo muscular durante a semana (GRGIC et al., 2018). Dessa
forma, se o aluno chegar ao treino mal recuperado pela escala TQR, será necessário reduzir
a frequência para manter a alta intensidade. Caso ele esteja muito bem recuperado, pode
ser interessante, então, aumentar a frequência de treinamento. De qualquer forma, cabe ao
profissional de Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de
dias que o aluno pode treinar.
Lembrete
Ações musculares
As ações musculares devem ser concêntrica, excêntrica ou isométrica. A ação muscular pode ser
enfatizada de acordo com o que se pretende exatamente melhorar. Em outras palavras, se o objetivo
for aumentar a força em uma determinada ação muscular, é essa ação que deverá ser treinada
(SCHOENFELD et al., 2017). Além disso, seria eficiente introduzir no programa de TF o treino separado
da ação excêntrica, uma vez que isso possibilitaria maior aplicação de intensidade e consequentemente
maiores ganhos de força muscular.
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Unidade III
Velocidade de movimento
A velocidade deve ser lenta a moderada de acordo com a intensidade utilizada. Cabe ressaltar que
a velocidade, nesse treino, deve ser consequência da intensidade utilizada e não escolhida pelo próprio
aluno (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015). Simplificando, o aluno realiza o exercício tentando
atingir a velocidade máxima, mas devido à intensidade estar próxima do máximo, resultará em velocidade
de execução do movimento lenta.
Amplitude de movimento
A amplitude é específica de acordo com a necessidade de melhora de força. Nesse momento pode ser
definida a amplitude máxima ou específica, de acordo com aquilo que se espera melhorar (VALAMATOS
et al., 2018). Por exemplo, caso o aluno tenha maior dificuldade em realizar o movimento em uma
amplitude exclusiva, treinar especificamente essa amplitude pode ser uma boa estratégia para superar
essa dificuldade devido ao aumento da força muscular.
Sistemas de treinamento
Dentre os diversos sistemas, para aumento da força, duas estratégias poderiam ser utilizadas, como
o sistema de repetições parciais (possibilidade de levantar mais carga pela angulação de movimento
reduzida) ou o cluster‑set (intervalos entre repetições permite maior recuperação e, consequentemente,
levantamento de mais peso).
Intensidade
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Séries
Recomendam‑se de 3 a 6 séries por exercício. Uma possibilidade é utilizar de 20 a 25 séries por grupo
muscular por semana de acordo com a sugestão demonstrada na tabela 6 (SCHOENFELD; GRGIC, 2018).
Recomendam‑se de 1 a 2 minutos de intervalo para treinos com menor intensidade (30‑50% 1 RM)
e 2 a 3 minutos de intervalo quando utilizadas maiores intensidades (70‑85% 1 RM). Nesse momento,
seria mais eficiente utilizar o controle do intervalo pela escala de PR (EDWARDS et al., 2011) para
determinar o intervalo de forma individualizada.
Frequência semanal
Recomendam‑se de 4 a 6 vezes por semana com parcelamento dos grupos musculares (montagem
DGM). Essa frequência deve permitir a aplicação de maior sobrecarga para o mesmo grupo muscular
durante a semana (GRGIC et al., 2018). Dessa forma, se o aluno chegar ao treino mal recuperado pela
escala TQR, será necessário reduzir a frequência para manter a alta intensidade. Caso ele esteja muito
bem recuperado, pode ser interessante então aumentar a frequência de treinamento. De qualquer forma,
cabe ao profissional de Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade
de dias que o aluno pode treinar.
Ações musculares
As ações musculares podem ser concêntrica e excêntrica. Elas resultam em maiores ganhos de massa
muscular em comparação à ação muscular isométrica (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade do movimento deve ser lenta, se utilizada alta intensidade, e moderada, se aplicada
baixa intensidade. Cabe ressaltar que a velocidade nesse treino deve ser consequência da intensidade
utilizada e não a escolhida pelo próprio aluno (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015). Simplificando, o
aluno realiza o exercício tentando atingir a velocidade máxima, mas devido a intensidade estar elevada,
resultará em velocidade moderada de execução do movimento.
Amplitude de movimento
A amplitude é elevada, caso o aluno queira obter além da hipertrofia, aumento da força muscular em
diferentes angulações (VALAMATOS et al., 2018). Por outro lado, a amplitude reduzida quando escolhida
em uma angulação em que o músculo permanece sob tensão em toda faixa de movimento (torque
muscular constante) resulta em significante hipertrofia (GOTO et al., 2017). Portanto, é possível, em
alguns momentos, aumentar a amplitude e, em outros, reduzi‑la, buscando das duas formas aumentar
o estresse sobre o músculo para resultar em aumento de massa muscular.
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Unidade III
Sistemas de treinamento
Para hipertrofia, diversos sistemas são recomendados devido ao aumento do estresse metabólico e
mecânico resultarem em hipertrofia do músculo. Portanto, por esses motivos os sistemas sugeridos são:
bi‑set, tri‑set, supersérie 1 e 2, drop‑set, pirâmides, repetições parciais, GVT, rest‑pause e restrição de
fluxo sanguíneo.
7.4.3 Prescrição do treinamento de força (TF) para avançados para ganhos de força
explosiva (potência)
Intensidade
Séries
Recomendam‑se de 3 a 6 séries por exercício. Cabe ressaltar que esse número pode ser diferente de
acordo com o número de exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF (ACSM, 2009).
Frequência semanal
Recomendam‑se 4 a 5 vezes por semana para o corpo todo (montagem ASP) ou parcelando os
grupos musculares (2 vezes, pelo menos, por grupo muscular) (montagem DGM). Essa frequência
é recomendada para promover melhora da potência no TF, mas, cabe ao profissional de Educação
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno pode
treinar (ACSM, 2009). Aqui, sugere‑se o uso da escala TQR para definir individualmente a frequência
adequada de treinamento.
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica e excêntrica. A ação muscular pode ser enfatizada de acordo
com o componente específico que se deseja melhorar. Caso seja a melhora do componente elástico,
as duas ações são trabalhadas simultaneamente, caso seja a melhora da potência sem o componente
elástico, utiliza‑se apenas a ação muscular concêntrica (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
Rápida para a melhora da velocidade de movimento. Embora com intensidades maiores não seja
possível acelerar o movimento, o aluno deve ter a intenção de acelerar ao máximo o movimento,
garantindo a melhora da potência (força versus velocidade) (SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015).
Amplitude de movimento
A amplitude específica ocorre de acordo com a necessidade de melhora de potência (ACSM, 2009).
Sistemas de treinamento
Intensidade
São recomendáveis de 15 a 25 RM, ou seja, até a falha muscular (CAMPOS et al., 2002). O número
de repetições pode ser em uma faixa ainda maior que 25 RM devido à condição do indivíduo avançado
resultar em maior resistência à fadiga que indivíduos intermediários (CAMPOS et al., 2002).
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Unidade III
Séries
As séries devem ser múltiplas. Cabe ressaltar que a quantidade de séries dependerá do número de
exercícios para cada grupo muscular definido dentro da semana de TF (ACSM, 2009). No entanto, nesse
momento, maior número de séries é recomendado devido à condição avançada do aluno.
Frequência semanal
A frequência deve ser de 4 a 6 vezes por semana para o corpo todo (montagem ASP) ou parcelando
os grupos musculares (2 vezes, pelo menos, por grupo muscular) (montagem DGM). Essa frequência
é recomendada para promover melhora da resistência de força no TF, mas cabe ao profissional de
Educação Física ajustar essa variável também de acordo com a disponibilidade de dias que o aluno
pode treinar (ACSM, 2009). Aqui, sugere‑se o uso da escala TQR para definir individualmente a
frequência adequada de treinamento.
Ações musculares
As ações musculares são concêntrica e excêntrica. Priorizar a fadiga muscular independente da ação
muscular envolvida (SCHOENFELD et al., 2017).
Velocidade de movimento
A velocidade deve ser de lenta a moderada. A velocidade lenta na ação muscular concêntrica
permite manter maior tempo sob tensão o músculo, causando fadiga (SCHOENFELD; OGBORN;
KRIEGER, 2015). Nessa mesma ação muscular, a velocidade moderada permite realizar mais
repetições, resultando também em fadiga acentuada. Portanto, se o objetivo é atingir a falha
muscular com menos repetições, sugere‑se manter a velocidade lenta de movimento, por outro
lado, se o objetivo é realizar muitas repetições, aplica‑se velocidade moderada de movimento
(SCHOENFELD; OGBORN; KRIEGER, 2015).
Amplitude de movimento
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Sistemas de treinamento
Para resistência de força, é importante que os sistemas resultem em elevado grau de fadiga, necessário
para aumentar a resistência muscular. Para isso, sugerem‑se vários sistemas: bi‑set, tri‑set, supersérie 1,
drop‑set, repetições parciais, GVT, rest‑pause e restrição de fluxo sanguíneo.
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Unidade III
Multiarticulares e Multiarticulares e
Multiarticulares e monoarticulares (escolha monoarticulares (escolha
monoarticulares de acordo com o músculo de acordo com o músculo
Características (priorizar aparelhos) priorizado) priorizado)
dos exercícios Ordem dos exercícios: Ordem dos exercícios Ordem dos exercícios
multiarticulares + (músculos priorizados são (músculos priorizados são
monoarticulares treinados inicialmente) treinados inicialmente)
Desnecessário enfatizar Inserção de sistemas em Utilização de diversos
Sistemas de sistemas diferentes de alguns momentos da sistemas para aumentar
treinamento múltiplas séries prescrição do TF os estímulos do TF
Frequência 2 a 3 vezes (corpo todo) 4 vezes (2 vezes cada grupo 4‑6 vezes (2‑3 vezes cada
semanal muscular) grupo muscular)
Ações musculares Concêntrica + excêntrica Concêntrica + excêntrica Concêntrica + excêntrica
Lenta (alta intensidade)
Velocidade de Lenta a moderada e moderada (baixa Lenta (alta intensidade) e
movimento intensidade) moderada (baixa intensidade)
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TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Frequência 2 a 3 vezes (corpo todo) 3 vezes (corpo todo) ou 4 vezes 4‑5 vezes (corpo todo) ou 2
semanal (2 vezes por grupo muscular) vezes (por grupo muscular)
Ações musculares Concêntrica + excêntrica Concêntrica + excêntrica Concêntrica + excêntrica
Velocidade de Rápida Rápida Rápida
movimento
Amplitude de Específica com o objetivo Específica com o objetivo Específica com o objetivo
movimento
Multiarticulares e Multiarticulares e Multiarticulares e pesos
aparelhos são priorizados aparelhos são priorizados livres são priorizados
(complementar com (complementar com (complementar com
Características dos monoarticular) monoarticular) monoarticular)
exercícios
Ordem dos exercícios: Ordem dos exercícios: Ordem dos exercícios
multiarticulares + multiarticulares + (músculos priorizados são
monoarticulares monoarticulares treinados primeiro)
Desnecessário enfatizar Inserção de sistemas em Utilização de diversos
Sistemas de sistemas diferentes de alguns momentos da sistemas para aumentar os
treinamento múltiplas séries prescrição do TF estímulos do TF
Nota: RSM: repetições submáximas; MMII: membros inferiores; MMSS: membros superiores.
Por fim, as diferenças na manipulação das variáveis do TF entre iniciantes, intermediários e avançados
para o objetivo de ganhos de resistência de força são demonstradas na tabela a seguir.
183
Unidade III
Em suma, podemos observar que diferentes níveis de aptidão do aluno, bem como os específicos
objetivos almejados por ele, determinam toda a manipulação das variáveis do TF, montagens e sistemas
de treinamento, sendo primordial considerar esses aspectos na manipulação e progressão do TF. Por
outro lado, todas essas considerações de prescrição do TF apresentadas até aqui são direcionadas para
indivíduos saudáveis, e não necessariamente se aplicam a grupos especiais. Tais grupos são formados por
pessoas obesas, diabéticas (tipo I e II), hipertensas e idosas e representam grande parte da população e dos
alunos que praticam o TF atualmente. Desse modo, serão discutidos a seguir os aspectos fisiopatológicos
de indivíduos incluídos nos chamados grupos especiais e os cuidados e o direcionamento do TF para
essas populações, considerando o TF aplicado em academias e dentro do contexto do TF personalizado.
Antes de prosseguir com a leitura, lembre‑se de que a compreensão da manipulação do TF discutida até
esse momento deve estar clara, pois, quando tratarmos a seguir dos grupos especiais, deve‑se considerar,
além das características específicas desses grupos, o nível de treinamento em que se encontram. Isso
significa que será necessário resgatar todo o conhecimento de manipulação do treinamento para indivíduos
iniciantes, intermediários e avançados e associá‑los aos novos conhecimentos sobre os grupos especiais,
o que garantirá que o profissional de Educação Física consiga realizar toda a programação do TF para seu
aluno, considerando sua condição de saúde e sua progressão de aluno iniciante para aluno avançado no TF.
A obesidade é conceitualmente compreendida como um acúmulo de tecido adiposo pelo corpo todo
em resposta a doenças genéticas ou endócrinas metabólicas ou por alterações nutricionais (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2011). Está associada ao aumento da hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias,
alguns tipos de câncer, entre outras doenças.
A efetividade do exercício físico reside na sua combinação com a restrição energética, induzindo a
um balanço energético negativo em prol da diminuição da gordura corporal (MCARDLE; KATCH; KATCH,
2011). Nesse contexto, diversos estudos apontam o benefício do exercício aeróbio sobre a perda de
peso, o que tem feito com que essa estratégia seja amplamente difundida na prática do dia a dia das
academias e no treinamento personalizado. Contudo, exercícios aeróbios, quando combinados a uma
dieta hipocalórica, podem resultar em diminuição do gasto energético em repouso (taxa metabólica
de repouso), como resultado da perda de massa livre de gordura (massa magra). Assim, estratégias que
possibilitem emagrecer, sem que ocorra a diminuição da massa magra, têm sido consideradas como
fundamentais para um emagrecimento sustentável.
Nesse sentido, sabe‑se que o TF é uma das principais estratégias para aumentar a massa muscular.
Desse modo, diversos estudos têm investigado o papel do TF no processo de emagrecimento, além da
constante tentativa de entender como manipular as variáveis desse treinamento para obtenção de
melhores resultados, especialmente do ponto de vista de gasto energético. Dessa maneira, discutiremos
a seguir qual o papel do TF no processo de emagrecimento e quais estratégias de manipulação do TF
vem sendo sugeridas para maximizar o gasto energético, fornecendo ao final um direcionamento para
a prescrição do TF.
Sob a perspectiva de utilizar o TF para verificar os efeitos dessa estratégia sobre a massa magra
durante o processo de emagrecimento, dois interessantes estudos propuseram tal investigação com
mulheres sedentárias obesas (MILLER et al., 2018) e com homens e mulheres obesos pós‑realização de
cirurgia bariátrica para redução de estômago (JO et al., 2017).
• os ganhos de massa magra apenas ocorreram para o grupo TF isolado, sugerindo que a dieta para
o emagrecimento compromete o aumento da massa magra;
• o gasto energético em repouso não foi determinante no emagrecimento, pois este não se alterou
mesmo com a diminuição de gordura observada em dois grupos (TF mais dieta e apenas dieta).
185
Unidade III
Na mesma linha desses achados, estão os resultados de Jo et al. (2017). Utilizando sujeitos que
tinham sido submetidos à cirurgia bariátrica, os autores compararam o efeito de 12 semanas (3 vezes
por semana) do TF (11 exercícios usando 2‑3 séries de 6‑10 repetições a 70‑90% 1 RM) versus o grupo
controle (todos os dias) (caminhavam entre 8.000 a 12.000 passos por dia, controlado por pedômetro)
sobre a gordura, massa magra e gasto energético em repouso. Ambos os grupos realizaram durante a
intervenção uma dieta voltada para o emagrecimento. Após o período de intervenção, houve diminuição
similar do percentual de gordura entre os grupos. No entanto, apenas o grupo TF manteve a massa magra
e o gasto energético em repouso após a intervenção, sendo ambos diminuídos para o grupo controle.
Portanto os achados desses estudos demonstram que o TF é uma excelente estratégia de treinamento
para indivíduos que desejam obter o emagrecimento, desde que combinado com uma dieta. Além
disso, foi demonstrado que o TF foi capaz apenas de manter (e não aumentar) a massa magra quando
combinado a uma dieta. Portanto, se o objetivo do aluno for hipertrofiar e ao mesmo tempo emagrecer,
ambos não serão obtidos simultaneamente, sendo necessário adotar estratégias distintas para cada um
dos objetivos nos programas de TF. Por outro lado, apesar de aumentar a massa magra, o TF evitou a
perda desta com o processo de emagrecimento. Isso já é considerado um efeito excelente, haja visto
que é muito comum pessoas que emagrecem reduzirem a massa magra, resultando em menor gasto
de energia, descontrole de hormônios reguladores do gasto energético (por exemplo, hormônios da
tireoide) e do controle da saciedade (por exemplo, hormônio leptina) e, consequentemente, em grande
dificuldade subsequente em continuarem emagrecendo pelo exercício.
Assim, sabemos que o TF é uma excelente estratégia para o emagrecimento, pois é capaz de manter
a massa magra, o que favorecerá a manutenção do gasto energético total e controle do metabolismo.
Mas, afinal, como manipular as variáveis do TF para maximizar esses resultados? Alguns estudos têm
tentado responder essa questão e serão apresentados a seguir.
Em um estudo publicado por Reis et al. (2017), foram comparados os efeitos da intensidade baixa (2
séries até a falha muscular a 20% 1 RM) versus a intensidade alta (2 séries até a falha muscular a 80% 1 RM)
sobre a gasto energético total em exercícios para membros superiores (rosca direta, pull down, tríceps testa)
e inferiores (leg press inclinado a 45º, agachamento e extensão de joelhos na cadeira extensora). Os autores
demonstraram que treinar em maior intensidade usando exercícios para membros inferiores gerou maior
gasto energético na sessão de exercício. Esse resultado está em concordância com os achados de Farinatti e
Castinheiras Neto (2011). Nesse estudo, além de compararem o TF (5 séries de 15 RM) utilizando o exercício
de membro superior (crucifixo inclinado) com o inferior (leg press inclinado a 45º), os autores investigaram
se pausas entre as séries curtas (1 minuto) e longas (3 minutos) influenciariam o gasto energético da sessão.
Como resultado, observou‑se apenas que o exercício de membro inferior apresentou maior gasto energético
que o de membro superior, no entanto, nenhuma diferença foi observada entre os diferentes intervalos.
Por fim, Mookerjee, Welikonich e Ratamess (2015) compararam o efeito do número de séries sobre o gasto
energético da sessão. Um protocolo foi realizado com 1 série, enquanto o outro com 3 séries, ambos utilizando
10 repetições a 70% 1 RM. Evidenciou‑se após a comparação que 3 séries do exercício resultaram em maior
magnitude de gasto energético quando comparado ao uso de apenas 1 série.
Resumidamente, o TF realizado com exercícios para membros inferiores (multiarticulares), com maior
intensidade (60‑80% 1 RM) e usando múltiplas séries (3 a 4 por exercício) é uma excelente estratégia
186
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Cabe ressaltar que outras estratégias associadas ao TF devem ser empregadas, como o controle
nutricional e exercícios aeróbios, pois essa combinação de estratégias pode maximizar os resultados no
emagrecimento. Por fim, é importante que essas recomendações considerem o nível de treinamento do
aluno e patologias associadas a obesidade como, por exemplo, diabetes e hipertensão arterial.
Sabe‑se que a insulina tem a função de ativar receptores de membrana que sinalizam proteínas
transportadoras de glicose (GLUT‑4) presentes no interior da célula. Estas translocam em direção à
membrana para captar glicose para dentro da célula, diminuindo sua concentração no sangue. Contudo,
como em diabéticos a regulação da insulina está inadequada, esse controle glicêmico passa a ser
prejudicado, o que pode resultar em vários problemas de saúde associados à hiperglicemia, tal como
a hipertensão arterial e dislipidemia (excesso de lipídios e lipoproteínas no sangue). Além disso, as
alterações glicêmicas destacadas possuem causas diferentes de acordo com o tipo de diabetes pela qual
o indivíduo é acometido: diabetes mellitus tipo 1 ou tipo 2 (TEIXEIRA, 2008).
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune causada pela destruição das células betas do pâncreas,
resultando na completa deficiência na produção de insulina. Pessoas com esse tipo de diabetes são
comumente diagnosticadas ainda na adolescência e necessitam utilizar insulina exógena para controlar
a glicemia circulante (TEIXEIRA, 2008).
Já o diabetes tipo 2 possui causa multifatorial e seu diagnóstico ocorre normalmente quando os
indivíduos já são adultos. Comumente, é resultado da má alimentação associada ao sedentarismo.
Diferente do que vimos para o diabetes tipo 1, o problema no diabetes tipo 2 não reside na falta de
produção da insulina, e sim na resistência à ação desse hormônio. Isso implica a necessidade de uma
maior quantidade de insulina para reduzir os níveis de glicose, ocasionando, na pessoa acometida, um
estado de hiperinsulinemia (excesso de insulina circulante no sangue).
Além de tratamento farmacológico, o exercício físico tem sido amplamente recomendado para
o controle glicêmico e prevenção de problemas associados ao diabetes. No entanto, alguns cuidados
devem ser implantados pelo profissional de Educação Física ao prescrever exercícios para diabéticos no
intuito de garantir segurança na aplicação do treinamento.
187
Unidade III
Discutiremos a seguir quais são esses cuidados, especificamente quando tratamos de diabéticos
tipo 1 e tipo 2.
Para entendermos como prescrever o TF para indivíduos diabéticos, os cuidados devem ser tomados
antes, durante e após o exercício físico, garantindo a segurança do indivíduo. Esses cuidados são
destacados a seguir.
Antes do exercício
• Se a glicemia estiver com valor menor ou igual a 100 mg/dl, deve ser administrado carboidrato e
aguardar aproximadamente 15 minutos. Os valores de glicemia devem estar acima de 100 mg/dl
antes de iniciar o exercício, evitando, assim, uma hipoglicemia causada pelo exercício.
• Caso a glicemia esteja maior ou igual a 250 mg/dl, adiar o início do exercício até que haja
estabilização desse valor (menor que 250 mg/dl), pois hormônios contrarreguladores elevariam
ainda mais a glicemia, causando um estado de cetoacidose diabética.
• Evitar realizar exercícios para diabéticos insulinodependentes que não fizeram uso da insulina
recomendada pelo médico, pois pode ocorrer hipoglicemia ou hiperglicemia após o exercício.
• Evitar treinar no mesmo momento em que foi aplicada a insulina (diabéticos tipo 1), pois o
exercício não contrarregula a insulina exógena (aplicada), o que pode causar uma hipoglicemia
pela excessiva captação de glicose via ação da insulina e do próprio exercício.
• Cuidados com o tipo e tempo de aplicação da insulina em relação ao horário de treinamento, pois
a insulina de atuação rápida possui ação já em 30 minutos e pico em 2 horas, o que pode coincidir
com o momento de realização do exercício, aumentando as chances de hipoglicemia.
Durante o exercício
• Monitorar a glicemia durante o exercício para verificar possíveis estados de hipo e hiperglicemia.
Uma vez identificadas alterações indesejadas da glicemia, encerrar imediatamente o exercício.
• Ajustar o exercício sempre que alterações glicêmicas inesperadas ocorram durante o treinamento.
Reduções de intensidade e volume podem ser interessantes, caso as alterações indesejadas da
glicemia persistam durante o exercício.
Após o exercício
• Monitorar a glicemia após o exercício para verificar possíveis estados de hipo e hiperglicemia
causadas pela ação do exercício.
188
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Cabe ressaltar que os cuidados mencionados antes, durante e após o exercício se aplicam tanto
para diabéticos do tipo I quanto aos diabéticos tipo II. A única diferença é que diabéticos do tipo II
não utilizam a insulina, portanto, os cuidados mencionados especificamente sobre esse aspecto não se
aplicam se o aluno for diabético tipo II. Os demais cuidados são similares independentemente do tipo
do diabetes. Além dos cuidados mencionados, a alimentação é fator‑chave no controle glicêmico de
indivíduos diabéticos, o aluno acometido pelo diabetes deve ser encorajado; caso isso não esteja sendo
feito, deve-se buscar auxílio de um nutricionista para controle de alimentação.
Agora que discutimos os cuidados em relação à prescrição do exercício para o diabético tipo I e
tipo II, vamos entender qual a contribuição do TF no controle glicêmico. Para isso, devemos retomar a
discussão do mecanismo responsável pela captação de glicose. Basicamente, a insulina tem papel de
sinalizar receptores de membrana que, subsequentemente, acionam proteínas GLUT‑4 presentes no
interior da célula, resultando na captação de glicose do sangue. No entanto, durante o exercício, é
conhecido que a liberação da insulina é diminuída pela ação de hormônios antagônicos (por exemplo,
glucagon, catecolaminas, entre outros), o que reduziria a captação de glicose pelo músculo. Nesse caso,
qual seria o papel do exercício no controle da glicose se a insulina está reduzida?
Nesse contexto, em outro estudo, foi testado o efeito de 6 semanas (3 vezes por semana) do TF
(leg press inclinado a 45º, extensão de joelho na cadeira extensora e flexão de joelho na flexora, 8‑12
repetições a 70‑80% 1 RM) sobre os mecanismos que controlam a glicemia em indivíduos diabéticos tipo
2 (HOLTEN et al., 2004). Uma das pernas foi treinada, enquanto a perna contralateral serviu de controle
(não treinou). Ao final das 6 semanas, observou‑se aumento da sinalização das vias responsáveis por
189
Unidade III
ativar GLUT‑4, maior quantidade de GLUT‑4 e receptores de insulina na perna que foi treinada. Dessa
forma, os estudos evidenciam que mesmo com a ação da insulina comprometida pelo diabetes, o TF
é capaz de controlar a glicemia e favorecer o controle do diabetes, sendo uma excelente estratégia
para ser usada por profissionais de Educação Física no dia a dia das academias ou no treinamento
personalizado para alunos acometidos por essa doença.
Agora que já foi constatado que o TF atua no controle glicêmico de indivíduos diabéticos, cabe
entender como manipular as variáveis do TF para maximizar esses resultados.
Os resultados dos estudos dos estudos de Black, Swan e Alvar (2010) e Silveira et al. (2014) foram
explicados pelo fato da maior utilização da via glicolítica ocorrer pelo uso de intensidades e volumes
elevados, bem como pelo uso de exercícios multiarticulares que envolvem maior quantidade de
músculos e, consequentemente, promovem maior captação de glicose. Por fim, recomenda‑se que o
TF seja realizado pelo menos 2 vezes na semana para que o controle glicêmico ocorra (TEIXEIRA, 2008).
A hipertensão arterial (HA) é uma condição multifatorial definida como uma elevação da pressão
arterial sustentada em níveis maiores ou iguais a 140/90 mmHg. Esse nível elevado pode causar diversos
danos em outros órgãos como coração, cérebro, rins e olhos (TEIXEIRA, 2008). Além disso, a HA está
associada a distúrbios metabólicos e é agravada na presença de dislipidemia, obesidade abdominal
190
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
e diabetes mellitus. Pessoas acometidas com HA possuem maiores chances de apresentar infarto
do miocárdio, doenças renais, acidente vascular encefálico, entre outras doenças (TEIXEIRA, 2008).
Portanto, é fortemente indicado que pessoas acometidas com HA realizem outros exames (por exemplo,
eletrocardiograma em repouso e esforço, ecocardiograma, tomografia computadorizada, exames
bioquímicos, entre outros) para investigar problemas adicionais e associados a HA. Obviamente, tais
exames devem ser recomendados pelos médicos; no entanto, é importante encorajar essas pessoas a
buscar auxílio desses profissionais, pois o exercício físico somente será capaz de contribuir com essa
doença se o controle medicamentoso estiver sendo feito pelo aluno.
Do ponto de vista de classificação da pressão arterial, considera‑se com pressão arterial normal
indivíduos que tenham pressão arterial sistólica menor ou igual a 120 mmHg e pressão arterial diastólica
menor ou igual a 80 mmHg. Caso indivíduos apresentem pressão arterial sistólica entre 121‑139 mmHg
e diastólica entre 81‑90 mmHg, são considerados pré‑hipertensos, sendo recomendada a mudança do
estilo de vida através de alimentação correta e prática de atividades físicas (TEIXEIRA, 2008).
Já se indivíduos apresentarem valores de pressão arterial sistólica entre 140‑159 mmHg e diastólica
entre 90‑99 mmHg serão considerados hipertensos estágio 1. Quando for esse o caso, além de
encorajadas as mudanças no estilo de vida, o indivíduo deve utilizar medicamentos anti‑hipertensivos.
O estágio 2 da hipertensão ocorre quando os valores de pressão arterial sistólica estão entre 160‑179
mmHg e diastólica entre 100‑109 mmHg. Nesse estágio, comumente, indivíduos utilizam dois ou mais
medicamentos anti‑hipertensivos em conjunto, além de serem encorajados a adotar hábitos de vida
saudável. Por fim, considera‑se hipertenso estágio 3 os indivíduos que possuem valores de pressão arterial
sistólica maiores ou iguais a 180 mmHg e diastólica maiores ou iguais a 110 mmHg. Indivíduos com
essa característica possuem maior risco associado à HA e necessitam de tratamento com medicamentos
anti‑hipertensivos, hábitos de vida saudáveis e maiores cuidados para não desenvolverem problemas
associados à HA (por exemplo, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico) (TEIXEIRA, 2008).
Em relação ao efeito do exercício físico sobre o controle da pressão arterial, alguns mecanismos têm
sido sugeridos na literatura científica. Sugere‑se que o exercício possa reduzir o débito cardíaco devido
à diminuição do volume sistólico, da frequência cardíaca e do tônus simpático (sistema responsável
por provocar vasoconstrição, aumento da frequência cardíaca, volume sistólico e, consequentemente,
elevar a pressão arterial). Além disso, aumenta‑se a sensibilidade e controle da pressão arterial pelo
barorreceptor, devido ao controle periférico local em resposta à ação vasodilatadora de óxido nítrico
(FORJAZ; RONDON; NEGRÃO, 2005). Coletivamente, esses mecanismos podem resultar em diminuição
da pressão arterial de indivíduos hipertensos. Dessa maneira, discutiremos a seguir a contribuição do
TF e como manipular esse tipo de treinamento a fim de possibilitar resultados positivos no controle da
pressão arterial, além de garantir segurança na prescrição do TF para indivíduos hipertensos.
Sob a perspectiva da prescrição dos exercícios para hipertensos, a maioria dos estudos, por muitos
anos, investigou apenas o efeito do treinamento aeróbio e, de fato, demonstrou redução da pressão
arterial de hipertensos (TEIXEIRA, 2008). Devido a isso, o exercício aeróbio faz parte do tratamento
não medicamentoso para controle da HA mais utilizado, pois é bem estabelecido seu benefício sobre a
191
Unidade III
diminuição da pressão arterial, redução do uso de medicamentos e prevenção contra possíveis riscos de
mortalidade prematura causada por complicações da HA (TEIXEIRA, 2008). Apesar disso, o TF também
tem mostrado ser eficiente na redução da pressão arterial, embora a magnitude de contribuição parece
ser menor que o treinamento aeróbio (DAMORIN et al., 2017).
Por exemplo, Damorin et al. (2017) investigaram o efeito de 50 sessões realizadas 3 vezes por semana
do treinamento aeróbio (30 minutos a 40‑60% da frequência cardíaca máxima) versus o TF (3 séries de
12 repetições a 50‑70% 1 RM) sobre a pressão arterial sistólica e diastólica de hipertensos medicados
(hipertensão estágio 1). Os resultados demonstraram que o TF foi eficiente em reduzir a pressão arterial
sistólica (‑6,9 mmHg) e diastólica (‑5,3 mmHg). No entanto, as reduções foram significantemente
maiores para o treinamento aeróbio (sistólica: ‑16,5 mmHg e diastólica: ‑11,6 mmHg). Assim, apesar de
eficiente, o TF apresentou menores contribuições na diminuição dos níveis pressóricos de hipertensos.
Esse mesmo estudo observou redução da pressão arterial significante até a 20ª sessão em ambos os
treinamentos. No entanto, a partir das sessões subsequentes, os valores pressóricos estabilizaram para
o TF e continuaram diminuindo para o treinamento aeróbio. Os autores especularam que uma rigidez
arterial pode ter sido gerada pelo TF, explicando o platô de redução da pressão arterial. Cabe ressaltar
que essa relação entre o TF causar o aumento da rigidez da artéria ainda é bastante controversa, e
evidências recentes têm contraposto essa sugestão. Assim, estudos futuros são necessários para melhor
compreensão se o TF de fato causa aumento da rigidez arterial.
Em relação à prescrição das variáveis do TF, é importante destacar que muitos estudos testam os
efeitos das variáveis do TF apenas em indivíduos normotensos. Os resultados obtidos desses estudos
apresentam limitações, já que hipertensos possuem respostas cardiovasculares diferentes durante a
realização do exercício (NERY et al., 2010). Assim, discutiremos a seguir os estudos que testaram os
efeitos das variáveis do TF em indivíduos hipertensos, para melhor compreender como manipular as
variáveis do TF para essa população.
Por exemplo, Nery et al. (2010) investigaram o efeito das intensidades baixa (3 séries a
40% 1 RM até a fadiga voluntária) e alta (3 séries a 80% 1 RM até a fadiga voluntária) sobre
as alterações da pressão intra‑arterial em hipertensos medicados (hipertensão estágio 1) e
normotensos (pressão arterial normal). Os autores observaram maiores aumentos da pressão
intra‑arterial para indivíduos hipertensos quando comparados aos normotensos. Além disso, a
menor intensidade causou maior aumento da pressão arterial quando comparada à intensidade
alta. Os autores explicaram que esse aumento maior da pressão para a baixa intensidade foi
resultado do maior acúmulo de metabólitos resultante dessa intensidade. Os metabólitos são
capazes de ativar metaborreceptores (receptores químicos) que acionam o sistema nervoso
simpático, ocasionando vasoconstrição e aumento da frequência cardíaca. Conjuntamente, isso
resulta no aumento da pressão arterial, explicando os achados desse estudo.
Adicionalmente, Tajra et al. (2015) investigaram o efeito de realizar o TF até a falha muscular
(3 séries de 8 RM) versus sem falha muscular (3 séries de 8 repetições a 70% 1 RM) sobre a pressão
arterial de indivíduos hipertensos. Os resultados demonstraram que as repetições até a falha
muscular resultaram em resposta pressórica maior que as repetições sem falha muscular, sendo
192
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
ainda demonstrado que para a condição até a falha muscular, os valores pressóricos permaneceram
sustentados várias horas após o exercício. Portanto, maiores volumes de repetições, associados à
realização destes até a falha muscular, podem resultar em maior sobrecarga cardíaca, o que pode
não ser interessante para indivíduos hipertensos.
Sob essa mesma perspectiva, em um estudo de Figueiredo et al. (2016), foi investigado se o
intervalo entre as séries do TF afetaria as respostas pressóricas de indivíduos pré‑hipertensos. Os
autores prescreveram os exercícios usando 3 séries de 10 repetições a 70% 1 RM aplicando 1 minuto
de intervalo versus 2 minutos de intervalo entre as séries e exercícios. Embora ambos os treinamentos
tenham provocado diminuição da pressão arterial após o exercício (hipotensão pós‑exercício), o
intervalo de 1 minuto ocasionou maior resposta pressórica durante a sessão de treino em comparação
ao intervalo de 2 minutos. Assim, os autores concluíram que utilizar intervalos mais longos pode ser
mais seguro para indivíduos com pressão arterial elevada.
Por fim, uma preocupação quando indivíduos hipertensos realizam o TF é com a possibilidade de
realizarem a manobra de Valsalva, que consiste no fechamento da glote, ocasionando um aumento da
pressão intra‑abdominal devido à contração do abdômen e diafragma. Isso resulta na redução do retorno
venoso e subsequentemente na ativação do sistema nervoso simpático e inibição do parassimpático.
Consequentemente, são provocados uma vasoconstrição das artérias e aumento da frequência cardíaca,
culminando no aumento da pressão arterial (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011). Comumente, essa manobra
é realizada quando o exercício é feito em elevada intensidade. De fato, em um estudo de Palatini et al.
(1989), foi verificado que o TF realizado com intensidade muito alta provocou aumento exacerbado
da pressão arterial em indivíduos hipertensos após a realização da manobra de Valsalva. Dessa forma,
sugere‑se que o TF seja feito em intensidades que não ocasionem tal alteração para garantir a segurança
do aluno hipertenso. Uma estratégia para não promover essa manobra é a utilização de exercícios
unilaterais, conhecidos por requerer uma menor sobrecarga cardiovascular, mesmo com o uso de
intensidades maiores (TEIXEIRA, 2008; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
Em suma, o TF feito com intensidades entre 60‑70% 1 RM, sem realizar a manobra de Valsalva,
realizado de forma unilateral, usando múltiplas séries, sem utilização da falha muscular e aplicando
intervalos de descanso longos entre as séries e exercícios (aproximadamente 2 minutos), resultará
em benefícios, além de segurança na prescrição do TF para hipertensos. Como discutimos, apesar
da magnitude de redução da pressão arterial ser menor no TF quando comparado ao treinamento
aeróbio, músculos mais fortes resultam em menor sobrecarga cardiovascular em tarefas do dia
a dia dos hipertensos, o que justifica o uso do TF como uma boa estratégia em programas de
treinamento para hipertensos. Contudo vale ressaltar que é fortemente recomendado que exercícios
aeróbios façam parte de programas de treinamento para hipertensos, pela sua maior contribuição
na redução da pressão arterial.
Essas recomendações devem ser coletivamente associadas ao que já é recomendado para indivíduos
de diferentes níveis de treinamento, o que já foi discutido. E caso o aluno seja acometido por outros
problemas de saúde, recomenda‑se direcionar o treinamento considerando cada patologia, garantindo
eficiência e segurança no treinamento.
193
Unidade III
Uma das principais estratégias para contrapor tais mudanças é o TF, haja visto que este é conhecido
por promover benefícios exatamente nos aspectos prejudicados com o envelhecimento. Portanto,
discutiremos a seguir os efeitos do TF sobre o aumento da massa muscular, força e potência e sobre a
funcionalidade de idosos, bem como as estratégias de manipulação das variáveis do TF para maximizar
esses resultados.
De forma geral, para ganhos de massa muscular e força em idosos, tem sido proposta a realização do
TF com frequência semanal entre 2 a 3 vezes por semana, sendo que maiores frequências não resultam
em efeitos adicionais, provavelmente devido à taxa de síntese proteica menor ocasionar uma resposta
anabólica mais demorada (KUMAR et al., 2009). A intensidade recomendada está na faixa de 60‑80%
1 RM (ou usando a PSE entre 5 a 8 em uma escala de 0 a 10) (BORG, 1998), uma vez que intensidades
elevadas promovem aumento da taxa de síntese proteica e subsequentemente resultam em hipertrofia
muscular (KUMAR et al., 2009).
É sugerido que o número de repetições esteja entre 8 a 12, o que representa a faixa utilizada para
a respectiva intensidade recomendada. Ou seja, menos repetições com a intensidade proposta pode
não ocasionar um esforço suficiente para promover adaptações, e mais repetições para tal intensidade
podem não ser possíveis de se realizar, já que a intensidade é inversamente proporcional ao número de
repetições no exercício.
194
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Por outro lado, especificamente sobre a intensidade de treino, nem sempre idosos serão capazes de
suportar a intensidade sugerida (60‑80% 1 RM) devido a algumas limitações como lesões osteorticulares
ou a própria sarcopenia em grau muito elevado. Nesse caso, uma das estratégias para ainda obter força
e hipertrofia utilizando menor intensidade é o uso do sistema de treinamento com RFS (já discutido).
Sob essa perspectiva, em um estudo conduzido por Vechin et al. (2015), foi investigado o efeito de
12 semanas do TF para idosos, utilizando uma frequência de 2 vezes por semana. Foram comparados
o TF tradicional de alta intensidade (4 séries de 10 repetições a 70‑80% 1 RM) versus o TF de baixa
intensidade com RFS (uma série de 30 seguida de mais 3 séries de 15 repetições a 20% 1 RM), ambos
utilizando o exercício leg press inclinado a 45º.
Após 12 semanas, ambos os grupos aumentaram força e massa muscular, apesar dos ganhos de
força terem sido maiores para o grupo de alta intensidade. Dessa forma, embora os ganhos tenham sido
menores para a força, ainda assim o sistema de treinamento de baixa intensidade com RFS mostrou‑se
eficiente em melhorar essa variável, além de ser similarmente eficiente em ganhos de hipertrofia.
Portanto, em idosos com limitações em realizar intensidade alta, esse sistema de treinamento pode
ser uma excelente estratégia, principalmente nos períodos iniciais do programa de TF, em que o
idoso pode estar bem debilitado devido ao sedentarismo. Contudo é desejável que ao apresentarem
condições de treinar em maiores intensidades, estas sejam implementadas progressivamente nos
programas de TF de idosos, devido a sua maior contribuição em ganhos de força muscular.
Assim, é importante destacar que as recomendações das variáveis do TF para maximizar os resultados
em força e hipertrofia de idosos sejam pouco a pouco colocadas dentro da prescrição do TF, conforme ele se
torne preparado para os estímulos causados por essas variáveis. Em outras palavras, ao receber o idoso no
programa de TF, um processo de adaptação ao TF, utilizando um treinamento mais fácil, até que ele se adapte
aos estímulos, é necessário, antes que as variáveis do TF recomendadas sejam inseridas na programação do TF.
Apesar de ser fundamental aumentar a força e hipertrofia do idoso com o TF devido à sarcopenia
reduzir ambos, como discutido, a perda da capacidade funcional é uma das grandes preocupações para
essa população; portanto, é desejável adotar estratégias de TF capazes de atuar eficientemente nesse
processo. Sobre isso, sabe‑se que a potência é o melhor preditor de desempenho em tarefas de vida diária
de idosos, e a potência é mais rapidamente comprometida que a força com o envelhecimento. Nesse
sentido, aumentar a potência muscular pode melhorar a funcionalidade e independência do idoso.
Sob essa perspectiva, devemos lembrar que a potência possui como componentes a força e a
velocidade. Assim, poderíamos nos perguntar: como treinar para melhorar a potência, enfatizando a
velocidade de movimento ou a intensidade do exercício?
195
Unidade III
Sobre essa questão, um estudo realizado por Bottaro et al. (2007) investigou o efeito de 10 semanas
de treinamento (2 vezes por semana) realizado em duas condições: treinamento de potência (3 séries de
8‑10 repetições a 60% 1 RM realizado com velocidade mais rápida possível) versus o TF tradicional (3
séries de 8‑10 repetições a 60% 1 RM realizado com velocidade entre 2‑3 segundos).
Após o período de intervenção, ambas as condições aumentaram a força muscular sem diferenças
entre elas. No entanto, para a potência e capacidade funcional nos testes de caminhada e levantar da
cadeira (que representam a capacidade de realizar tarefas de vida diária), o treino de potência produziu
melhores resultados que o TF tradicional. Portanto, treinos a 60% 1 RM em alta velocidade pode ser mais
eficiente para melhoras simultâneas em força, potência e capacidade funcional de idosos. Esse resultado
não se repete se a intensidade do TF for reduzida, o que, muitas vezes, é a estratégia usada para idosos
devido a sua incapacidade de treinar pesado.
Isso foi observado em um estudo de Richardson et al. (2018). Os autores investigaram o efeito de 10
semanas de intervenção para indivíduos idosos, utilizando quatro estratégias de treinamento:
• Alta intensidade (80% 1 RM) mais baixa velocidade de movimento (concêntrica 2 segundos e
excêntrica 3 segundos) com frequência de 2 vezes por semana.
• Alta intensidade (80% 1 RM) mais baixa velocidade de movimento (concêntrica 2 segundos e
excêntrica 3 segundos) com frequência de 1 vez por semana.
• Baixa intensidade (40% 1 RM) mais alta velocidade de movimento (concêntrica mais rápido
possível e excêntrica 3 segundos) e frequência semanal de 2 vezes.
• Baixa intensidade (40% 1 RM) mais alta velocidade de movimento (concêntrica mais rápido
possível e excêntrica 3 segundos) e frequência semanal de 1 vez.
Esses resultados demonstraram que a intensidade do treinamento foi mais importante que a
velocidade, o que é explicado pelos autores pelo fato de promover maior esforço e, consequentemente,
maiores adaptações neurais em idosos. Como as adaptações incluem o aumento do número, velocidade
e frequência de recrutamento de unidades motoras de fibras rápidas, isso resulta em melhora não só da
força, mas também da potência muscular (GABRIEL; KAMEN; FROST, 2006).
As diferenças encontradas entre o estudo de Bottaro et al. (2007) e Richardson et al. (2018) residem
na intensidade utilizada nos estudos. Quando a velocidade de movimento foi associada a intensidades
196
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
de 60% 1 RM (BOTTARO et al., 2007) e de 40% 1 RM (RICHARDSON et al., 2018), os melhores resultados
ocorreram apenas para a maior intensidade. Isso significa, na prática, que se o idoso conseguir levantar
maiores intensidades, seria mais eficiente utilizá‑la em alta velocidade. Portanto, quando o intuito for
treinar para melhorar a potência muscular, maiores intensidades em máxima velocidade são sugeridas.
Dessa forma, do ponto de vista prático, é possível simultaneamente melhorar força e potência quando
intensidades maiores são feitas em velocidades maiores de movimento, desde que idosos possuam
capacidade de treinar dessa maneira. Caso contrário, primeiro é necessário treinar em intensidades
menores, até que, progressivamente, seja possível treinar da maneira sugerida.
Em suma, para idosos, o TF tradicional realizado com intensidades entre 60‑80% 1 RM ou o sistema
de treino com RFS usando 20% 1 RM são similarmente eficientes quando o objetivo for obter ganho
de massa muscular. Caso a força seja o foco do treino, intensidades maiores (60‑80% 1 RM) são
recomendadas sempre que for possível realizá‑las. Caso o idoso possua limitações físicas que o impeça
de treinar dessa forma, a estratégia de TF com RFS (20% 1 RM) pode ser mais interessante. Quando
a potência e capacidade funcional forem os propósitos do treinamento, intensidades de 60% 1 RM
realizadas em alta velocidade resultarão em melhores efeitos, além de proporcionarem elevados ganhos
de força muscular. Por fim, frequências de 2‑3 vezes por semana, utilização de exercícios multiarticulares,
intervalos de 60 segundos entre séries e exercícios fazem parte das sugestões do TF para indivíduos
idosos maximizarem os resultados. Contudo, tais recomendações devem ser coletivamente associadas
às condições dos idosos, pois caso eles sejam acometidos por outros problemas de saúde, recomenda‑se
direcionar o TF considerando cada problema, garantindo que o treinamento seja eficiente e, ao mesmo
tempo, seguro para o aluno.
Nesse momento da leitura, foi elaborada uma base bastante sólida para prescrição do TF aos alunos.
Já discutimos os mecanismos que norteiam as adaptações do TF. Nesse momento, nos aprofundamos
nos argumentos que justificam a prescrição de cada variável, montagem e sistema de treinamento de
alunos iniciantes, intermediários e avançados. Por fim, abordamos como colocar na prática a prescrição
do TF para os grupos especiais. Assim, antes de continuarmos a discutir como programar o TF de forma
sistematizada pela periodização do TF e como utilizar estratégias de atendimento ao aluno para garantir
a sua aderência aos programas de treinamento, um desafio é proposto para que os conhecimentos
sejam testados. Para isso, vamos pensar em como podemos aplicar esse conteúdo no âmbito prático.
Sabemos que, antes de aplicar o treinamento, devemos organizá‑lo.
Exemplo de aplicação
Supondo que você, como personal trainer, receba um aluno iniciante sedentário, obeso (IMC 34,9
kg/m²), diabético tipo II (glicemia maior que 126 mg/dl) e hipertenso (pressão arterial 152/94 mmHg)
medicado. Ele te procura para que você prescreva o TF no intuito de melhorar todos os aspectos de seu
quadro de saúde.
Após completar o desafio de pensar sobre a possível prescrição do TF para esse aluno e refletir sobre
as melhores escolhas a serem feitas, tente responder às seguintes questões:
197
Unidade III
• Qual a importância do volume e do intervalo entre as séries na prescrição do TF para seu aluno?
• Quais os critérios que você utilizou para que a manipulação das variáveis não comprometesse a
segurança do aluno quando ele realizar o TF?
Agora é o momento de entender como todas essas estruturas são colocadas dentro da organização
sistemática do treinamento, denominada periodização do treinamento.
Tem sido sugerido que melhores resultados poderiam ser obtidos em virtude dessa organização
em comparação com a realização do treinamento não periodizado (PRESTES et al., 2016). Nessa
perspectiva, por exemplo, supõe‑se que no caso de um aluno que já realizou aproximadamente 6
meses de TF utilizando o mesmo treinamento durante todo esse tempo com carga fixa (3 séries de
10 RM), os processos hipertróficos observados se estabilizarão devido à falta de modificação das
variáveis e/ou montagens do treinamento.
Assim, na periodização, o aluno iniciante poderia ser submetido a uma carga específica para obtenção
de hipertrofia por 4 semanas (3 séries de 12‑14 RM), e nas próximas 4 semanas, aplicar‑se‑ia outra carga
de hipertrofia em outra intensidade, como 3 séries de 8‑10 RM. Desse modo, o praticante treinaria com
cargas variadas durante o seu ciclo semestral ou anual, de acordo com o tempo recomendado em que
a carga deva ser realizada em cada ciclo. Dessa maneira, periodizar representaria modificar as variáveis
do treinamento de maneira organizada de acordo com cada ciclo programado na periodização do TF e
baseada nos objetivos dos alunos (PRESTES et al., 2016).
Sugere‑se, atualmente, que a periodização seja aplicada a diversas populações, como sedentários,
treinados e atletas, desde que sejam considerados os diferentes objetivos e características de cada
indivíduo submetido à periodização do TF. De maneira geral, em academias ou com alunos de treinamento
198
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
personalizado, os objetivos comumente são obter melhora da saúde, emagrecimento, aumento de força,
resistência, flexibilidade, massa muscular, entre outros.
Como argumento para utilizar a periodização, acredita‑se que programas de TF periodizados sejam
mais efetivos que os de TF não periodizados, tanto para o aumento da força quanto para a hipertrofia
muscular. Ainda é sugerido que programas não periodizados com cargas fixas promoveriam alterações
positivas na composição corporal e na força apenas por um limitado período (de 4 a 5 meses) (PRESTES
et al., 2016). Dessa maneira, periodizar constituiria uma maneira de garantir ganhos contínuos no TF por
períodos superiores a 6 meses.
Pressupõe‑se que ao periodizar o TF, a manipulação das variáveis do TF será determinante para a
obtenção de resultados positivos, supostamente por possibilitar a variação de intensidade e períodos
ativos de descanso, impedindo que a estabilização dos resultados aconteça, o que poderia diminuir a
probabilidade de sobretreinamento (PRESTES et al., 2016).
Classicamente, Matveev foi um dos grandes nomes da periodização, além de ser o primeiro a documentar
melhores resultados de treinamento quando estes eram organizados em ciclos (PRESTES et al., 2016).
Dentro do macrociclo, temos os mesociclos, compostos de 3 a 4 meses, que visam assegurar ganhos
ótimos do condicionamento físico de acordo com o objetivo naquele momento. Deve ser considerada a
organização do mesociclo de acordo com o objetivo do macrociclo. Em outras palavras, ao ser definido
o objetivo do macrociclo (por exemplo, hipertrofia muscular), o mesociclo deve ser uma forma de
preparação para obtenção desse resultado, de acordo com o que é necessário treinar em cada momento
(ciclo) do treinamento. Já o microciclo refere‑se a 1 semana de treinamento, no entanto, de acordo com
a estrutura montada, pode ter a duração de até 4 semanas (KRAEMER et al., 2004).
199
Unidade III
De modo simplificado, podemos dizer que o microciclo é uma fase do treinamento (1 ou 4 semanas),
organizada dentro de várias fases do treinamento chamadas mesociclos (3 a 4 meses) que, em conjunto,
formam o macrociclo, representando a estrutura de 6 meses até 4 anos estabelecida de acordo com o
objetivo final do indivíduo (figura a seguir).
Microciclo Mesociclo
Macrociclo
Para entendermos melhor como aplicar os ciclos de treinamento, discutiremos um exemplo prático:
um iniciante começa a prática do TF no mês de janeiro. Na anamnese, ele relata que seus objetivos são
aumentar a massa muscular (hipertrofia) e a força até setembro do mesmo ano. Assim, o macrociclo será
de janeiro a setembro (9 meses).
A divisão seguinte será a dos mesociclos, que seguem a lógica de que existem períodos dentro do
macrociclo nos quais os objetivos serão diferentes. Logo, cada mesociclo compreende uma fase na
qual o treinamento é diferente da outra fase. Supondo que o macrociclo (9 meses) fosse dividido em
três mesociclos de 3 meses cada. O primeiro seria direcionado para a resistência de força, no mesociclo
seguinte, a ênfase seria dada ao treinamento para hipertrofia muscular e, por fim, no último mesociclo,
o propósito seria enfatizar os ganhos de força muscular. Feito isso, a organização dos microciclos (4
semanas cada) aconteceria na sequência e teria como critério as montagens e sistemas do TF que
resultariam em efeitos específicos de acordo com cada objetivo do mesociclo.
No nosso exemplo, o mesociclo inicial para resistência de força seria composto de microciclos
organizados com as montagens e sistemas específicos para aumentar a resistência de força, bem como
os mesociclos para hipertrofia (mesociclo seguinte) e para força muscular (último mesociclo) seriam
organizados por microciclos estruturados com montagens e sistemas que enfatizassem esses objetivos
dos mesociclos.
200
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
(4 semanas cada)
Microciclos
Setembro
Fevereiro
Janeiro
Agosto
Março
Junho
Julho
Maio
Abril
Hipertrofia e força muscular (9 meses)
(Cada treino representa
uma sessão)
Lembrete
Na montagem da periodização do TF, uma fase sugerida como tão importante quanto as demais é a
de recuperação, caracterizada por microciclos recuperativos (também conhecidos como regenerativos),
nos quais o volume e/ou a intensidade são reduzidos, possibilitando a recuperação orgânica geral. Esta
é organizada a partir da frequência do aluno, sendo sugerida a aplicação apenas para indivíduos que
realizam regularmente as sessões de TF. Outra estratégia de aplicação dessas fases recuperativas seria
em momentos em que está sendo difícil para o aluno manter regularidade no treinamento como, por
exemplo, em períodos de viagens e os momentos de ausência por diversos motivos pessoais do aluno.
Nesse caso, também seria possível até retirar essa fase da programação da periodização, já que o aluno
de qualquer forma não estará treinando nesse período (PRESTES et al., 2016).
201
Unidade III
Sabe‑se que a falta de recuperação pode resultar em overtraining, representado por diminuição
do desempenho e alterações fisiológicas e psicológicas, em resposta a mudanças no sistema nervoso,
imunológico e endócrino (PRESTES et al., 2016). Usar estratégias preventivas é muito mais importante
do que tratar uma condição de excesso de treinamento. No entanto também é conhecido que a
recuperação depende de cada tipo de treinamento realizado, fonte de energia predominante e nível
de treinamento de cada aluno. Nessa perspectiva, sugere‑se que indivíduos iniciantes não precisem de
microciclo recuperativo devido ao desgaste nesse período não ser grande o suficiente para justificar
tal microciclo.
De fato, estudos têm demonstrado que a periodização linear promove ganhos de força, hipertrofia e
diminuição de gordura corporal (KRAEMER et al., 2004), objetivos comumente almejados por praticantes
do TF em academias ou envolvidos em programas de treinamento personalizado. Por exemplo, Kraemer
et al. (2004), após 6 meses, observaram que um TF periodizado linear, com cargas variando entre 3‑12
RM, ocasionou aumentos significantes de massa magra em mulheres destreinadas. Similarmente, Prestes
et al. (2006), após submeterem homens e mulheres a uma periodização de TF linear de 16 semanas em
conjunto com o treinamento aeróbio, observaram redução do percentual de gordura e circunferências
do abdômen e da cintura. Para exemplificar, a seguir, é mostrado um exemplo de periodização linear do
TF aplicada para ganhos de hipertrofia e força muscular.
202
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
14 RM 14 RM 14 RM
12 RM 12 RM 12 RM
10 RM 10 RM 10 RM
8 RM 8 RM 8 RM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semanas
Figura 100 – Exemplo de uma periodização linear do treinamento de força (TF) para alunos iniciantes
com objetivos de obter hipertrofia e força muscular em repetições máximas (RMs)
Perceba que no modelo de periodização linear do TF mostrado na figura anterior as alterações nas
faixas de repetições (e por consequência na intensidade) ocorrem a cada 3 semanas. Isso significa que
esse é o período escolhido para cada microciclo na periodização. Além disso, esse modelo não possui
microciclos recuperativos, portanto, se aplicaria a indivíduos iniciantes ou aqueles que possuem baixa
regularidade no TF.
Lembrete
Por outro lado, quando alunos avançados realizam a periodização linear do TF e mantêm regularidade
nos treinamentos, normalmente, os microciclos são organizados em períodos menores (1 semana). Isso
ocorre porque esses indivíduos apresentam uma rápida adaptação ao treinamento devido ao fato de
serem mais treinados. Além disso, no lugar de repetições fixas utilizadas no modelo da figura anterior,
para indivíduos mais treinados, é determinada uma zona de repetições para cada microciclo. Isso ocorre
porque indivíduos com maior nível de treinamento trabalham com maiores sobrecargas, e zonas de
repetições se adequam melhor aos treinos, pois a cada nova série realizada, um nível maior de fadiga será
ocasionado, reduzindo o número de repetições das séries subsequentes. Por exemplo, no lugar de colocar
10 RM, seria colocado como meta realizar entre 8 a 10 RM. Tal como discutido antes, os microciclos
recuperativos são desejados para indivíduos mais treinados e assíduos à periodização do treinamento.
Para isso, sugere‑se que estes microciclos sejam aplicados durante uma semana (um microciclo) após
aproximadamente 3 semanas de treinamento, garantindo a recuperação para o próximo microciclo.
Nesse caso, poderia ser aplicada a redução da intensidade através da realização de RSMs nesse período.
Um exemplo de periodização linear aplicada a indivíduos avançados, utilizando zonas de repetições e
microciclos recuperativos, é apresentado na figura a seguir.
203
Unidade III
12-14 RM
10-12 RM 12 RSM 12 RSM 12 RSM
8-10 RM 10-12 RM
8-10 RM 8-10 RM
6-8 RM 6-8 RM
4-6 RM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semanas
Figura 101 – Exemplo de uma periodização linear do treinamento de força (TF) para alunos avançados
com objetivos de obter hipertrofia e força muscular em repetições máximas (RMs) e repetições
submáximas (RSMs)
Uma variação da periodização linear é a periodização linear reversa. Basicamente, como o próprio nome
sugere, a mudança na intensidade e no volume de repetições é inversa, ou seja, ocorre simultaneamente um
aumento gradual no volume de repetições e redução na intensidade a cada ciclo de treino.
De modo similar à periodização linear, a determinação das mudanças de volume de repetições e intensidade
é de acordo com o período necessário para atingir o objetivo do microciclo. Portanto, a intensidade só será
diminuída e o volume de repetições aumentado quando finalizado um determinado microciclo.
Em um estudo de Rhea et al. (2003), foi investigado o efeito de 15 semanas da periodização do TF linear
com aumento da intensidade e redução do volume de repetições a cada 5 semanas (25 RM, 20 RM e 15 RM)
versus a periodização linear reversa com redução da intensidade e aumento do volume de repetições a cada 5
semanas (15 RM, 20 RM e 25 RM). Os resultados demonstraram aumentos significantes de resistência muscular
para ambos os modelos de periodização. No entanto, melhores resultados foram obtidos para a periodização
linear reversa, indicando que aumentar gradualmente o volume de repetições e reduzir a intensidade pode
ser uma excelente forma de obter ganhos de resistência muscular. Um exemplo de periodização linear reversa
no TF aplicada para ganhos de resistência muscular é apresentado na figura a seguir.
25 RM 25 RM 25 RM 25 RM
20 RM 20 RM 20 RM 20 RM
15 RM 15 RM 15 RM 15 RM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semanas
Figura 102 – Exemplo de uma periodização linear reversa do treinamento de força (TF) para alunos
com objetivo de aumentar a resistência muscular em repetições máximas (RMs)
204
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
É importante entender que essas zonas de TF podem ser também realizadas no modelo linear. O que
diferencia a periodização ondulatória da linear é que as variações ocorrem em forma de ondas. Ou seja,
em determinado momento, a ênfase será no alto volume de repetições e menor intensidade e, no outro,
no baixo volume de repetições e maior intensidade. Como exemplo, se tivermos zonas de 15‑20 RM,
10‑12 RM e 4‑6 RM, na periodização ondulatória, essas zonas poderiam ser organizadas nessas ordens:
Perceba que nos diferentes exemplos, obrigatoriamente, as zonas são organizadas em forma de ondas, o
que caracteriza a periodização ondulatória. Para ficar claro, observe as comparações entre as periodizações
linear, linear reversa e ondulatória, utilizando as mesmas zonas de treinamento (tabela a seguir).
Periodização linear
Microciclo 1 Microciclo 2 Microciclo 3
15‑20 RM 10‑12 RM 4‑6 RM
Periodização linear reversa
Microciclo 1 Microciclo 2 Microciclo 3
4‑6 RM 10‑12 RM 15‑20 RM
Periodização ondulatória
Microciclo 1 Microciclo 2 Microciclo 3
10‑12 RM 15‑20 RM 4‑6 RM
por grupamento muscular) e a cada dia de acordo com o estado fisiológico e psicológico do aluno
(ondulatória flexível) (PRESTES et al., 2016). Essas subdivisões da periodização ondulatória do TF são
discutidas a seguir.
Dentro das variações da periodização ondulatória do TF, a ondulatória semanal possui maior
aplicabilidade prática no dia a dia do treinamento. Principalmente quando profissionais de Educação
Física possuem vários alunos, isso facilita a aplicação prática devido à variação só ocorrer depois de
uma semana. Nesse modelo, o aluno realiza todos os treinos do microciclo (semana) com a mesma
intensidade e volume de repetições e, na semana seguinte, ocorrem mudanças nessas variáveis do TF.
Por exemplo, na primeira semana de um determinado mês, o aluno realiza todos os treinos com
intensidade para 15‑20 RM (microciclo 1), na semana seguinte, intensidade para 4‑6 RM (microciclo 2)
e, na terceira semana desse mesmo mês, é utilizada intensidade para 10‑12 RM (microciclo 3).
Na periodização ondulatória diária, a variação ocorre para cada dia de treinamento em determinado
grupo ou grupos musculares. Por exemplo, se um treino (A) for realizado na segunda, quarta e
sexta‑feira, será feito com zonas de 4‑6 RM, 12‑15 RM e 8‑10 RM, respectivamente. Assim, diferente da
periodização ondulatória semanal em que um mesmo treino só é treinado em uma zona diferente depois
de uma semana, a ondulatória diária faz o mesmo treino ser realizado em diferentes zonas já dentro da
mesma semana, variando mais rápido os estímulos do treinamento. O intuito dessa variação é oferecer
para o mesmo treino estímulos com ênfase em estresse mecânico e metabólico na mesma semana de
treinamento, o que pode ser interessante para ganhos de força e massa muscular (PRESTES et al., 2016).
A desvantagem desse modelo é a necessidade de o aluno não faltar nas sessões de treino da semana,
pois senão a variação proposta pelo modelo ficará comprometida. Ou seja, alunos com baixa assiduidade
aos treinos não seriam beneficiados por esse modelo de periodização do TF. Uma representação de uma
periodização ondulatória diária para ganhos de força e massa muscular é apresentada na figura a seguir.
Sexta-feira Sexta-feira Sexta-feira
8-10 RM 8-10 RM 8-10 RM
Quarta-feira Quarta-feira
12-15 RM Quarta-feira
12-15 RM
12-15 RM
Figura 103 – Exemplo de uma periodização ondulatória diária do treinamento de força (TF) para
alunos com objetivo de aumentar a força e massa muscular em repetições máximas (RMs)
206
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Na periodização ondulatória diária por grupamento muscular, como o próprio nome indica, a variação
ocorre para cada grupo muscular dentro da mesma sessão de treino. Isso significa que diferentes grupos
musculares organizados na mesma sessão treinam em intensidades e volumes de repetições diferentes.
Além disso, as zonas de treinamento podem também variar de uma semana para outra, além de os
grupos musculares serem diferentemente organizados de acordo com as necessidades e objetivos do
aluno (PRESTES et al., 2016).
Além do objetivo desse modelo de periodização ocasionar maiores estímulos pela grande
variação do treinamento, o seu intuito também é poder treinar o mesmo grupo muscular de forma
intensa e o outro, de maneira menos intensa, caso o aluno apresente fadiga central do treinamento
de um grupo muscular para o outro. As desvantagens desse modelo é a necessidade de o aluno não
faltar às sessões de treinamento e, para organizar todos os grupos musculares, é preciso que tenha
uma frequência bem alta de treinamento (4 a 6 vezes por semana). Além disso, como a variação
dos estímulos de volume e intensidade são muito mais constantes do que os outros modelos, essa
periodização é recomendada apenas para indivíduos avançados no TF. A seguir é demonstrada uma
representação de uma periodização ondulatória diária por grupamento muscular para ganhos de
força e massa muscular (tabela a seguir).
207
Unidade III
De fato, esse modelo mostrado em um estudo é bastante interessante para adequação dos
estímulos de forma individual de acordo com o estado do aluno (MCNAMARA; STEARNE, 2010).
Os autores investigaram o efeito de 12 semanas (2 vezes por semana) da periodização ondulatória
diária versus ondulatória flexível sobre os ganhos de força muscular. Na periodização ondulatória
diária, as sessões eram realizadas sempre nas mesmas sequências de zona de treinamento,
enquanto na ondulatória flexível, os alunos escolhiam em uma sessão da semana em qual zona
de treinamento gostariam de treinar, sendo realizadas as outras zonas nas sessões subsequentes.
Após as 12 semanas, os ganhos de força foram maiores para o grupo que realizou a periodização
ondulatória flexível. Isso ocorreu provavelmente em razão do maior estado de prontidão do aluno
em cada sessão, resultante do seu maior nível de recuperação fisiológica e psicológica quando
empregada a periodização ondulatória flexível.
208
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
14-16 RM 6-8 RM
14-16 RM
Figura 104 – Exemplo de uma periodização ondulatória flexível do treinamento de força (TF) para
alunos com objetivo de aumentar a força e massa muscular. Pontos em verde representam as sessões
de TF em que o aluno escolhe em qual zona de treinamento irá treinar em repetições máximas (RMs)
Agora que já vimos como organizar os modelos de periodização do TF, resta entender quais modelos
produzem melhores resultados sobre as adaptações em força, hipertrofia e resistência muscular. Nessa
perspectiva, é importante resgatar o conhecimento sobre os efeitos das variáveis do TF, especialmente
volume e intensidade, pois basicamente os modelos de periodização trabalham com diferentes formas
de manipulação destas, e isso tem forte influência nos resultados obtidos, discutidos a seguir.
No que se refere aos ganhos de força muscular, tem sido sugerido que melhores resultados sejam
obtidos para os modelos de periodização ondulatória em comparação aos modelos linear e linear
reversa. A explicação dada é que a maior variabilidade de carga causaria maior estímulo neuromuscular,
resultando em maiores aumentos da força (PRESTES et al., 2016). Por outro lado, esse argumento possui
algumas falhas.
É conhecido que treinar em maior intensidade promove maiores ganhos de força muscular, o que
é causado pelos maiores efeitos em adaptação neural (JENKINS et al., 2017) e pela proximidade da
intensidade do treino em relação à do teste. Em outras palavras, se o teste de 1 RM representar 100%
da força, treinos com intensidade mais próximas a 100% (intensidades maiores) produzirão melhores
resultados que treinos com intensidades mais distantes do máximo (intensidades menores) (MATTOCKS
et al., 2017). Nesse último estudo, por exemplo, foi verificado que a realização durante 8 semanas
apenas de testes de 1 RM foi igualmente eficiente quando comparados ao TF (4 séries de 8‑12 RM) em
aumentar a força muscular.
Os autores observaram que as análises que comparavam os modelos linear e ondulatório utilizando
intensidades e volumes similarmente aplicados durante todo o estudo não apresentavam diferenças
em ganhos de força muscular entre modelos testados. Dessa maneira, é preciso cautela ao constatar
a vantagem dos modelos ondulatórios em relação aos outros modelos no que se refere aos ganhos de
força muscular. Tudo indica que o fator intensidade de treinamento seja determinante nesses resultados,
e isso deve ser adequadamente prescrito quando o foco do treinamento for aumentar a força muscular,
independentemente do modelo de periodização utilizado. Além disso, o TF não periodizado com
cargas elevadas pode ser igualmente eficiente em ganhos de força muscular devido à intensidade de
treinamento (MATTOCKS et al., 2017).
Sugere‑se que modelos de periodização linear sejam suficientes em promover hipertrofia muscular
em iniciantes devido ao seu menor nível de treinamento. Conforme os indivíduos vão se tornando
intermediários e avançados, periodizações ondulatórias são indicadas para fornecer maiores estímulos a
esses alunos, pelo pressuposto que quanto mais treinado o indivíduo é, maior variação no treinamento
deve ocorrer (PRESTES et al., 2016). Contudo é conhecido que a variável volume de treinamento exerce
papel decisivo quanto aos ganhos de massa muscular. Sabe‑se que maiores volumes produzem maiores
aumentos em hipertrofia do músculo de forma independente de outras variáveis do TF (SCHOENFELD;
OGBORN; KRIEGER, 2017). Em outras palavras, se programas de treinamento diferentes forem realizados
com volumes similares, principalmente VTT, resultados semelhantes serão obtidos. Assim, quando
estudos com modelos de periodizações diferentes (linear e ondulatória) são comparados usando VTT
semelhantes, nenhuma diferença é observada (GRGIC et al., 2017). Nesse estudo, foi realizada uma
revisão sistemática e a meta‑análise comparando os modelos periodizados linear e ondulatório.
Observou‑se que ao equalizar o VTT (mesmo VTT para diferentes modelos de periodização) ambas as
periodizações são eficientes em aumentar a massa muscular, sem diferenças entre si. Portanto, atribuir
efeitos adicionais ao modelo de periodização ondulatória para indivíduos treinados ainda carece de
sustentação científica, pois, mais uma vez, o que parece determinar os resultados é como está sendo
realizado o volume nos modelos periodizados. Em outras palavras, é importante se atentar ao volume
de treinamento possível de realizar com o modelo de periodização escolhido, seja linear ou ondulatório.
Dessa forma, em termos práticos, os diferentes modelos de periodização oferecem efeitos similares de
hipertrofia muscular, desde que seja garantido um volume de treino elevado. Assim, o profissional de
Educação Física poderia basear a escolha de acordo com o modelo mais tolerado e que apresente maior
aderência do aluno, pois isso possibilitará realizar melhor o treinamento, o que pode ser extremamente
eficiente para obtenção dos resultados.
Em relação ao aumento da resistência muscular, tem sido sugerido que as periodizações linear reversa
e a ondulatória produzem melhores resultados quando comparadas com a periodização linear (PRESTES
et al., 2016). Do ponto de vista científico, essa variável tem sido pouco explorada nos estudos. No entanto,
210
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Os autores compararam o efeito de três zonas de TF não periodizados (3‑5 RM, 9‑11 RM e 20‑28
RM) durante 8 semanas para saber quais destas resultariam em maiores ganhos de resistência muscular
(além de outros objetivos). Ao final do estudo, maior ganho de resistência ocorreu para quem treinou
com mais repetições, devido ao princípio da especificidade. Ou seja, o fato de treinar com mais repetições
resultou em mais repetições feitas no teste de resistência, demonstrando que a especificidade foi
determinante nos resultados. Desse modo, parece plausível que programas de TF prescritos com muitas
repetições gerem como resultado um aumento da resistência muscular, mesmo que realizados de forma
não periodizada. Em termos práticos, se o foco do treinamento do aluno for aumentar a resistência
muscular, será importante prescrever faixas de repetições elevadas, buscando obter melhores resultados
para o respectivo objetivo.
Em suma, discutimos como organizar e quais os efeitos de cada modelo de periodização do TF,
e verificamos que estas formas de organização são dependentes das variáveis do TF, especialmente
volume e intensidade, sendo importante identificar as alterações causadas nestas por cada modelo de
periodização. Além disso, devido as variáveis do TF causarem efeitos nos resultados obtidos por cada
modelo de periodização, futuros estudos ainda são necessários para determinar a real importância dos
modelos de periodização dentro da prescrição do TF. Desse modo, é importante que profissionais de
Educação Física considerem a prescrição da periodização por uma perspectiva multifatorial, ou seja, o
nível de treinamento do aluno, os efeitos das diferentes montagens e sistemas de treinamento, bem como
das variáveis do treinamento utilizadas para cada modelo de periodização, devem ser coletivamente
considerados, buscando as melhores estratégias de treinamento, respeitando as necessidades e objetivos
dos alunos. Cabe ressaltar, no entanto, que o fator psicológico do aluno deve ser considerado, pois
muitas vezes a periodização do TF resultará em maior motivação e consequentemente pode aumentar
a aderência do aluno ao programa de TF.
Saiba mais
Ao chegar até aqui, com certeza a compreensão de prescrição do TF deve ter mudado bastante.
Vimos que a estruturação do TF deve ser fundamentada sempre em uma base sólida a partir dos
argumentos e justificações fornecidos pelos diversos estudos, possibilitando que o profissional de
Educação Física se aproprie e use tais conhecimentos em sua prática profissional. Assim, antes
211
Unidade III
Exemplo de aplicação
No desafio anterior você era personal trainer de um aluno iniciante sedentário, obeso (IMC 34,9
kg/m²), diabético tipo II (glicemia maior ou igual a 126 mg/dl) e hipertenso (pressão arterial 152/94
mmHg) medicado. Ele havia lhe procurado, inicialmente, para que você prescrevesse o TF no intuito
de melhorar todos os aspectos de seu quadro de saúde. Tal como solicitado, você teve que buscar
todo seu conhecimento para estruturar uma prescrição do TF que fosse capaz de ser eficiente e,
ao mesmo tempo, segura para o aluno. Sabendo que você deve ter se saído muito bem no desafio,
proponho agora avançá‑lo.
Elabore uma periodização do TF para esse aluno por um período de 3 meses considerando todos os
aspectos que fundamentam essa organização. Ao fazer isso, reflita sobre os argumentos que o levaram
a esse modelo de periodização e tente responder às seguintes perguntas:
• Qual modelo de periodização e os critérios utilizados para a escolha desse modelo a fim de
melhorar o quadro de saúde de seu aluno?
• O que você considerou mais importante e menos relevante ao estruturar essa periodização do
treinamento para o seu aluno?
• Quais estratégias você utilizou para aumentar a aderência do seu aluno à periodização
organizada para ele?
O TF, como já discutido, é capaz de gerar uma grande quantidade de benefícios para seus
praticantes. Entre esses benefícios, destacam‑se ganho de força, potência, hipertrofia, resistência
muscular, coordenação, velocidade, agilidade, equilíbrio e prevenção de lesões (DESCHENES;
KRAEMER, 2002; ACSM, 2009; IDE; LOPES; SARRAIPA, 2010). Além disso, melhora dos sistemas
endócrino e cardiovascular, do perfil lipídico, da composição corporal, a densidade mineral óssea
e o controle do metabolismo basal fazem parte dos benefícios experimentados pelos praticantes
do TF (ACSM, 2009). Tais benefícios, no entanto, não dependem somente da correta elaboração,
prescrição e controle dos programas de treinamento, tal como já discutimos de forma minuciosa
anteriormente. Mas também de diversos outros fatores muitas vezes negligenciados pelos
profissionais do exercício.
212
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Portanto, profissionais de Educação Física precisam cada vez mais compreender esses fatores
intervenientes de seus alunos para que seja possível interceder nos aspectos modificáveis desses
indivíduos, traçando algumas estratégias no dia a dia da prescrição do treinamento.
Nesse contexto, uma perspectiva que ganhou destaque nos últimos anos é a compreensão do
aluno sob a ótica comportamental. Atualmente, considera‑se características comportamentais como
determinantes para o sucesso ou fracasso dos alunos em atingirem seus objetivos com o exercício físico.
Diante da importância desse aspecto do aluno, será discutido na sequência como compreender os perfis
comportamentais dos alunos e como utilizar ferramentas e estratégias que contribuam para a sua
adesão a programas de treinamento. Para isso, vamos entender o que é e como o trabalho de coaching
pode ser utilizado como estratégia para aumentar a adesão dos alunos aos programas de TF e mudar
alguns comportamentos prejudiciais que trazem ao procurar ajuda do profissional de Educação Física.
Discutiremos, também, quais são as vantagens e limitações da área de coaching no âmbito de atuação
da Educação Física.
Apesar da ampla divulgação da mídia em seus diferentes canais de comunicação sobre a necessidade de
ser combinado exercício mais estratégia alimentar saudável, não é difícil encontrar alunos que acreditam
que seus resultados são exclusivamente dependentes da prática de exercícios físicos. Fatalmente, essa
crença tem levado muitos praticantes a não atingirem os resultados esperados, gerando insatisfação e
abandono do exercício físico.
Dados sobre a desistência de alunos em programas de exercícios são altíssimos, demonstrando que
dos alunos que iniciam programas de exercícios físicos, 80% desistem antes de completarem 6 meses
(SFORZO; MOORE; SCHOLTZ, 2015). Por outro lado, um fato interessante é que a taxa de aderência aos
programas de exercícios físicos em academias pode variar de 9 a 90%, de acordo com a abordagem
utilizada na intervenção (SFORZO, MOORE; SCHOLTZ, 2015). Isso ainda pode ser afetado de maneira
mais negativa quando apenas abordagens tradicionais de atendimento do aluno, em que se consideram
apenas as alterações fisiológicas decorrentes do TF, são utilizadas, pois podem não funcionar para
grande parte dos alunos, especialmente aqueles não adeptos de exercícios físicos. Em outras palavras, o
profissional de Educação Física que não considera aspectos que vão além de alterações fisiológicas do
TF, relacionados ao perfil comportamental do aluno, dificilmente terá sucesso em grande parte de suas
intervenções profissionais. Assim, a maneira pela qual o profissional fará a intervenção com o aluno
pode ser determinante no processo de aderência das pessoas aos programas de treinamento físico e no
sucesso do profissional.
213
Unidade III
Observação
Por tais motivos, algumas sugestões de técnicas comportamentais que podem ser usadas pelos
profissionais de Educação Física têm surgido na literatura, no intuito de aumentar a retenção dos
alunos nas academias ou no treinamento personalizado. Dentre estas, o trabalho do coaching tem
sido recentemente aplicado na prática profissional de personal trainers e profissionais que atendem
alunos nas salas de musculação nas academias. Essa estratégia tem se mostrado eficiente quando
adequadamente utilizado (HILL; RICHARDSON; SKOUTERIS, 2015). Mas, afinal, o que é coaching?
Crenças limitantes
B
Medo
Barreiras contras
Automonitoramento
Metas smart
A Motivação e positivismo
214
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
O que muitos profissionais de Educação Física têm se perguntado atualmente é: será que as
ferramentas e abordagens de coaching são de fato eficientes no trabalho dos profissionais de Educação
Física nas academias?
De modo interessante, um estudo publicado por Lutes et al. (2008) realizou uma comparação
entre a utilização da abordagem tradicional (orientação de especialistas) versus a abordagem que se
fundamentou em ferramentas da Psicologia dentro de um programa de treinamento para redução do
peso corporal. O estudo investigou o efeito de 16 semanas de três diferentes intervenções:
• Abordagem tradicional: treinamento personalizado 2 vezes por semana (aeróbio mais TF)
e uma reunião semanal com uma profissional de Nutrição para orientação do cardápio
nutricional (grupo A).
• Grupo controle: todos os testes são realizados, mas o grupo não foi submetido a nenhuma
intervenção, seja ela de exercício ou nutricional (grupo C).
Ao final do estudo, como esperado, o grupo C (grupo controle) piorou, o que foi constatado
pelo aumento do peso e pela diminuição da força muscular. Por outro lado, apesar dos grupos A
e B melhorarem após o estudo, o grupo B (abordagem de coaching) obteve melhores resultados,
representados pela diminuição de peso corporal (grupo B ‑4,5 versus grupo A ‑1,1), circunferência
da cintura (grupo B ‑6,8 versus grupo A ‑0,4) e gordura intra‑abdominal (grupo B ‑2,8 versus
grupo A ‑0,8). Os resultados desse estudo demonstram que o controle do peso corporal envolve
não somente a realização do exercício e alimentação saudável, mas também a necessidade de
mudança de comportamento do aluno, utilizando‑se de teorias da Psicologia direcionadas à
implantação de comportamento associados à saúde e/ou estética. Isso significa que a abordagem
tradicional de apenas oferecer informações sobre alimentação e exercício feitos por nutricionistas
e profissionais de Educação Física, respectivamente, não se traduz em melhores resultados se o
aluno não mudar seu comportamento.
A estratégia de coaching tem se mostrado eficaz em diversas outras frentes de intervenção como, por
exemplo, no aumento da prática de atividades físicas, melhor controle do consumo alimentar, redução
de sintomas da cardiopatia, depressão, estresse e ansiedade e controle da síndrome metabólica (PRESTES
et al., 2016).
Assim, essa estratégia de coaching tem ganhado espaço na área da Educação Física, pois permite
que o profissional utilize ferramentas para auxiliá‑lo a mudar e sustentar comportamentos desejados
para obtenção dos resultados com o treinamento. Para isso, sugere‑se que antes mesmo de prescrever
o treinamento, o profissional identifique o estilo de vida do aluno e os seus diferentes comportamentos
para intervir utilizando uma abordagem apoiada pela psicologia do coaching.
215
Unidade III
Observação
Pelo condicionamento clássico, o comportamento pode ser alterado devido à mudança de gatilho
(estímulo). Essa teoria se baseia em um experimento com cães, em que um alimento sempre era liberado
aos animais após o toque de uma campainha. Após algum tempo, os cães, ao escutarem a campainha,
salivavam, aguardando a recompensa (alimento). Dessa forma, a teoria explica que o comportamento
pode ser mudado pela alteração do gatilho.
Por outro lado, a teoria do condicionamento operante sugere que o comportamento é modulado
pela recompensa. Isso significa que, ao receber algo de que se gosta, depois de um comportamento
específico, a pessoa tende a repetir esse comportamento a fim de obter a recompensa. Em contrapartida,
caso a pessoa seja punida por esse comportamento, é menos provável que tal comportamento seja
repetido. Desse modo, comportamentos possuem gatilhos (estímulos que influenciam o comportamento)
e recompensas. Um exemplo bastante comum é quando pessoas ficam nervosas e comem chocolates.
Logo, o estímulo (gatilho) foi algo que induziu tal comportamento (consumo de chocolate), resultando
em uma consequência (recompensa), o prazer.
No entanto, outras teorias têm sido propostas para explicar o comportamento. As teorias
psicológicas utilizam‑se de processos semelhantes para explicar a mudança comportamental,
assim, foi sugerido o uso de um modelo unificador das teorias chamado modelo transteórico (MT)
(PRESTES et al., 2016). Essa teoria propõe que a mudança de comportamento ocorre em 5 estágios,
discutidos a seguir.
216
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Tal como mencionado, 5 estágios estão presentes no MT. Cabe ressaltar que os estágios são propostos
para diferentes comportamentos e podem ser analisados pela perspectiva da prática de exercícios físicos.
Nessa perspectiva, a proposta é a mudança de comportamento em diferentes estágios (5 estágios) em
direção à adesão ao exercício físico.
Por exemplo, diversas pessoas são sedentárias e não pretendem se exercitar. Tais pessoas estão
no estágio de pré‑contemplação, ou seja, além de não estarem realizando exercícios, não estão
contemplando (desejando) realizá‑los (PRESTES et al., 2016). O estágio seguinte é o de contemplação,
representado por pessoas que desejam exercitar‑se, mas não conseguem fazer isso. No estágio seguinte
da preparação, é que ocorre a mudança, caracterizada pela pessoa que está realizando exercícios,
porém de maneira não sistemática e com baixa regularidade. Após esse estágio, temos as pessoas que
estão treinando regularmente, por menos de 6 meses, denominado estágio de ação. Finalmente, temos
as pessoas que estão treinando regularmente por mais de 6 meses e, assim, se encontram no estágio da
manutenção (PRESTES et al., 2016).
É importante destacar que os 5 estágios apresentados não ocorrem de forma linear, portanto,
pessoas podem cometer erros durante cada um deles e retornar ao estágio anterior. Um exemplo disso
são as pessoas que estavam treinando há quase 6 meses na academia (estágio de ação), mas, antes
de conseguirem o sucesso com a prática de exercícios, por vários motivos, resolvem sair da academia,
retornando ao estágio da pré‑contemplação.
Uma consideração importante sobre os diferentes estágios do comportamento é que, na realidade dos
profissionais de Educação Física, os alunos estarão em diferentes estágios, necessitando de abordagens
diferentes para que o sucesso dos alunos de fato aconteça. Por exemplo, na academia, não estarão
presentes somente alunos que estão iniciando a prática de exercícios físicos (estágio da preparação),
mas também aqueles que já estão treinando há 5 anos (estágio da manutenção). Nesse exemplo,
teremos os alunos que precisam de ajuda para conseguir aumentar a regularidade no exercício (estágio
de preparação), enquanto os alunos que já estão há muito tempo treinando necessitam manter‑se
motivados com a prática regular de exercícios, além de necessitarem de abordagens que os impeçam de
retornem a estágios anteriores.
Dessa forma, a abordagem em prol da mudança de comportamento exige, antes de mais nada, a
compreensão de qual estágio o aluno se encontra. Além disso, deve‑se focar que o aluno pode estar em
estágios diferentes para distintos comportamentos. Um exemplo disso, é aquele aluno que se encontra
pronto para treinar musculação (preparação), mas ainda está hesitando em melhorar a alimentação
(pré‑contemplação). De qualquer forma, para identificação do estágio em que o aluno se encontra
quanto ao seu comportamento, um questionário sugerido por Prestes et al. (2016) é demonstrado na
figura a seguir:
217
Unidade III
Você está acumulando pelo menos 30 minutos de atividade física de intensidade moderada na maioria dos
dias (5 ou mais) da semana?
Não Sim
Você está acumulando pelo menos 30 minutos de atividade Você tem sido regularmente ativo nos
física moderada por semana? últimos 6 meses?
Não Sim
Você pretende aumentar Se você está praticando
sua prática de atividade atividade física com
física? frequência, está no estágio 3 Não Sim
Se você está Se você mantém
regularmente esse novo hábito
ativo, mas por por 6 meses ou
menos de 6 meses, mais, você está no
você está no estágio 5
Não Sim estágio 4
Se você não está Se você está pensando agora,
pensando nisso, você mas não faz atividade física,
está no estágio 1 você está no estágio 2
De maneira geral, pessoas que dizem não querer mudar estão desinteressados na mudança, ao passo
que as que dizem não poder mudar estão, por diversos motivos, desmotivados com a mudança. Nesse
ponto, aqueles que procuram um profissional de Educação Física nas academias não estão provavelmente
no estágio 1 em relação ao exercício, mas é bem possível que estejam nesse estágio em relação a
outros comportamentos relacionados ao resultado desejado, por exemplo, quanto à alimentação (não
pretendem mudar os hábitos alimentares errados). A seguir, discutiremos as características específicas
de cada estágio do comportamento do aluno e as estratégias sugeridas para intervenção do profissional
de Educação Física.
Pessoas nesse estágio são menos propensas a acreditar que podem mudar seu comportamento
e, portanto, fizeram poucas tentativas de mudança ao longo de suas vidas. Costumam dizer que
”não querem ou não podem mudar”. Dessa forma, essas pessoas precisam de informações sobre os
benefícios do exercício físico, enfatizando os prós da prática regular de exercícios para entender como
seu comportamento sedentário pode impactar em sua vida, afetando as pessoas a sua volta (filhos,
esposa, marido etc.). Essa estratégia visa impactar emocionalmente o indivíduo, para que ele perceba
a importância de se engajar na prática de exercícios físicos. Assim, algumas estratégias que podem ser
utilizadas para esses indivíduos são demonstradas a seguir (PRESTES et al., 2016):
218
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
• Tentar mover esse indivíduo para o estágio de contemplação, e não de ação. É fundamental, nesse
momento, que o indivíduo entenda a importância das mudanças de comportamento, e que isso
resulte na vontade de exercitar‑se, evitando cobrar dele que faça exercícios físicos.
• Realizar vários contatos breves para engajá‑lo no processo de mudança, evitando confrontos,
caso o aluno se mostre pouco interessado pela prática de exercícios físicos.
Nesse estágio, o indivíduo já possui intenção de mudar, relatando que “poderia se exercitar”. Nesse
momento, ele compreende a importância de modificar‑se e está insatisfeito com as consequências do
sedentarismo. Entretanto esse indivíduo ainda se encontra em um comportamento em que os benefícios
e barreiras em praticar os exercícios são equivalentes. Assim, não se sente comprometido, confiante e
motivado e não tem estratégias em direção à mudança de comportamento. As estratégias sugeridas de
intervenção com indivíduos nesse estágio são estas (PRESTES et al., 2016):
• Incentivar o indivíduo a iniciar‑se com pequenas mudanças como, por exemplo, caminhar
por 10 minutos.
• Conhecer suas barreiras, motivações e determinar um plano com data estabelecida dos passos
necessários para a mudança. É importante que metas mais fáceis sejam estabelecidas nesse
momento, para que o indivíduo possa concretizá‑las, aumentando a chance de motivá‑lo. Seria
219
Unidade III
• Sugerir opções de substituição do exercício para os dias em que o indivíduo não possa
comparecer ao treinamento. Por exemplo, subir as escadas do prédio em que reside em vez de
utilizar o elevador.
• Fornecer apoio e incentivo ao indivíduo e buscar pessoas de seu convívio que possam fazer o
mesmo. Pessoas próximas podem incentivar o indivíduo, impedindo que desista da mudança.
• Usar lembretes sobre os benefícios das mudanças e das etapas do planejamento. Mensagens de
texto para o aluno podem ajudá‑lo a manter‑se engajado no compromisso firmado.
• Dar feedbacks dos resultados e metas atingidas com os exercícios. Aqui, o uso de avaliações físicas
poderá ajudar.
Nesse estágio, o indivíduo já é um aluno engajado e treina regularmente por menos de 6 meses, ou
seja, faz exercício. Pessoas, nesse estágio, estão se concentrando e trabalhando muito para manter esse
novo comportamento em suas vidas. Existe um grande risco de retornarem ao anterior, uma vez que
não é fácil manter um comportamento saudável. É importante que sejam oferecidas estratégias para
manter esse comportamento ou, caso não seja possível e o aluno retorne ao estágio anterior, que ele
aprenda a recuperar‑se e utilize essa experiência negativa como aprendizado. As estratégias sugeridas
de intervenção são estas (PRESTES et al., 2016):
• Utilizar estratégias cognitivas para identificar a motivação e confiança do aluno em alcançar suas
metas. Aqui, novamente, metas factíveis devem ser criadas para que o aluno se motive com cada
nova conquista. Cabe ressaltar que uma meta exageradamente fácil pode ser tão desmotivante
quanto uma meta muito difícil, portanto, o bom senso e o conhecimento do profissional em criar
metas relevantes e factíveis é fundamental nesse processo.
• Estimular o aluno a desenvolver o senso de autoeficácia em que ele acredite que pode manter
esse novo comportamento, prevenindo uma possível recaída do aluno.
• Estimulá‑lo a encontrar apoio de outras pessoas sobre sua permanência na prática de exercícios físicos.
Nesse estágio, o aluno está comprometido com um comportamento saudável há mais de 6 meses.
Dessa forma, esse comportamento se tornou um hábito, e o aluno possui bastante confiança em
mantê‑lo. O aluno costuma dizer que “ainda faz exercício”. O cuidado, nesse estágio, é com o excesso
220
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
de confiança que pode resultar em alguns “deslizes” do aluno, especialmente em situações de angústia
por algum problema pessoal. As estratégias sugeridas de intervenção são estas (PRESTES et al., 2016):
• Encorajar o aluno a ter novos motivadores para a prática de exercícios. Novas metas devem ser
estabelecidas para que ele não se desmotive.
• Encorajar o aluno a ajudar outras pessoas a mudar o comportamento. Isso pode engajá‑lo mais
ainda no programa de treinamento, pois agora outras pessoas podem estar se espelhando nele.
De modo geral, cada estágio possui estratégias específicas, mas também estratégias em comum
como, por exemplo, os prós (benefícios) e contras (barreiras) que, em todos os estágios, determinarão
ou não o sucesso do indivíduo em relação aos seus objetivos. Uma interessante estratégia sugerida por
Prestes et al. (2016) contempla os prós do exercício pelo balanço decisório, apresentado em 5 passos
através do uso da tabela a seguir (tabela a seguir).
Resultado da Resultado da
Total de prós Total de contras
soma soma
221
Unidade III
1º passo: solicitar ao aluno para listar na esquerda (prós) da tabela todos os benefícios que pode
adquirir pela prática dos exercícios físicos. Ajudá‑lo a pensar sobre os benefícios.
2º passo: solicitar ao aluno para listar na direita (contras) da tabela todos as barreiras e/ou desafios
que enfrentará para permanecer praticando regularmente exercícios físicos.
Figura 107 – Modelo de régua para classificação da importância dos prós e contras da prática de
exercícios físicos
4º passo: pedir para o aluno somar os valores e colocar o resultado no espaço especificado
(resultado da soma).
5º passo: o aluno deve comparar os prós e contras para tentar elevar o nível de consciência sobre
o quão importante é a prática de exercícios físicos, o que pode resultar em aumento de sua motivação
quanto ao seu engajamento nessa prática.
222
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
Mostrar para o cliente os benefícios do exercício físico para aumentar a energia dele no dia a dia.
Falta de energia Determinar um melhor horário do dia para realizar exercícios, o encorajando, por exemplo, a ir
direto do trabalho para o treinamento.
Falta de Dedicar‑se a ensinar ao cliente os benefícios do exercício físico que ele está realizando. Utilizar as
conhecimento sobre redes sociais ou murais da própria academia para colocar informações acerca dos benefícios da
o exercício prática dos exercícios.
Falta de vontade em Encorajar o cliente a realizar exercícios de menor intensidade, mas por um tempo maior,
realizar exercícios assegurando que ele compreenda que tal estratégia pode ser tão eficiente quanto treinos mais
vigorosos e intensos. Acrescentar, aos poucos, exercícios mais intensos nas rotinas do treinamento do cliente,
transpirar durante até que ele se motive para essa prática.
essa prática
Considerar as limitações em que esse cliente se encontra e evitar exacerbar algum problema prévio,
ajustando os exercícios físicos de acordo com as limitações do cliente. Discutir com o cliente os
Barreiras físicas benefícios do exercício sobre as limitações dele, pois, por muitas vezes, essas limitações causam
medo em realizar determinados exercícios.
Formular treinamentos que estejam de acordo com as alterações biológicas, por exemplo, se a
Barreiras biológicas cliente estiver grávida, exercícios e variáveis do treinamento devem ser adaptados a essa condição.
Demonstrar ao cliente outros benefícios que vão além da estética corporal. Encorajá‑lo a observar
Problemas com a no dia a dia as melhoras obtidas com a prática dos exercícios que não estejam vinculadas à estética
imagem corporal corporal, melhorando a autoestima do cliente.
Deve‑se ter cuidado com motivações extrínsecas em que clientes se espelham na estética de outras
Motivação pessoas. Isso pode desmotivá‑lo caso não atinja o resultado do outro indivíduo em que se espelha.
extrínseca Ajudar o cliente a encontrar as motivações intrínsecas e demonstrar que tais motivações garantirão
resultados duradouros com o treinamento.
Má experiência no Compreender quais foram as experiências ruins do cliente com a prática anterior de exercícios
passado com os físicos. Considerar tais experiências para assegurar que o programa de treinamento dará suporte ao
exercícios desenvolvimento da autoeficácia e autoestima.
Medo de se Comunicar‑se com o cliente ao longo de todo o programa de treinamento e progredir gradativamente
machucar com o treinamento, respeitando a individualidade e condicionamento físico do cliente.
Sociais
Relação com Encorajar o cliente a discutir suas necessidades, prioridades e objetivos com seus familiares
família, amigos e e amigos. Isso diminuirá as chances de desmotivação causada pela falta de suporte e/ou
compromissos encorajamento dessas pessoas em relação ao novo comportamento saudável adotado pelo cliente.
com trabalho
Identificar entre amigos e familiares aqueles que podem motivá‑lo em relação ao seu novo
estilo de vida saudável. Deixar claro a essas pessoas suas novas necessidades e objetivos, e tentar
Falta de apoio social encontrar pessoas desse círculo de convívio que desejam praticar exercícios, pois isso possibilitaria
praticar exercícios junto com essas pessoas, aumentando a motivação para se manter no programa
de exercícios.
Ambientais
Trazer ideias ao cliente de como ele pode realizar atividades físicas fora do ambiente de
Falta de acesso treinamento como, por exemplo, andar de bicicleta, caminhar ou correr ao ar livre. Auxiliá‑lo na
a programas e busca por atividades fora do ambiente de academia que possam ser feitas gratuitamente, além de
estruturas oferecer ao cliente possibilidades de realização de exercícios na própria casa do cliente.
Ajudar os clientes a encontrar lugares tranquilos e seguros para realizar exercícios físicos.
Questões Encorajá‑lo a recrutar familiares e amigos para realizar exercícios em grupo. Oferecer uma lista de
relacionadas à exercícios e acessórios que poderiam ser utilizadas na prática de exercícios em casa, demonstrando
segurança que barreiras relacionadas à falta de segurança em locais específicos para a prática de exercícios
podem ser superadas pela possibilidade de se exercitar em sua própria casa.
Ensiná‑lo a ter sempre outro plano (plano B) caso o mau tempo o impeça de se exercitar. Por
Relação com exemplo, no dia em que não conseguiu realizar o exercício no parque devido à chuva, pode utilizar
mudança climática as escadas do prédio em que mora para se exercitar.
Caso a academia não tenha vestiários para que o cliente possa tomar banho após os
Falta de estrutura exercícios, diminuir o tempo da sessão de treino para que o cliente tenha tempo para
para banho banhar‑se em outro local após o término dos exercícios.
223
Unidade III
É importante ressaltar que as estratégias utilizadas podem ser adaptadas de acordo com cada
cliente, tentando sempre manter o cliente confiante e motivado para prosseguir com o programa de
treinamento, uma vez que as barreiras encontradas ao longo do caminho, causam desmotivação para
adesão do exercício físico e, consequentemente, evasão do cliente do programa de treinamento.
A consequência natural é o cliente esconder seus erros, e isso o impede de avançar na mudança
de comportamento. Em outras palavras, o fato de sofrer críticas por algum comportamento ruim (por
exemplo, uma alimentação errada feita em um fim de semana) pode fazer com que o cliente esconda
isso do profissional da próxima vez, impedindo que consiga aplicar estratégias em direção à mudança
de comportamento.
224
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
O relacionamento entre profissional e cliente deve ser de bastante confiança, para que, juntos,
alcancem o sucesso desejado. Essa confiança é considerada o ponto central da estratégia coaching e
pode ser facilitada se o profissional possuir algumas habilidades, sugeridas como fundamentais para o
sucesso da intervenção profissional. Essas habilidades são apresentadas e discutidas a seguir.
Escutar com atenção plena é a habilidade mais importante para construir uma relação de confiança com
o cliente, por facilitar a comunicação entre cliente e profissional (PRESTES et al., 2016). Fundamentalmente, é
caracterizado pela capacidade de o profissional ouvir as experiências, sentimentos, desafios, medos, hábitos e
crenças do cliente sem qualquer tipo de julgamento. Além disso, é preciso que seja percebido muito mais que
fatos (escuta cognitiva), mas as necessidades e sentimentos expressados por trás dos fatos (escuta afetiva).
Cabe destacar que isso é uma “via de mão dupla”, ou seja, o profissional deve estar apto a escutar
com o máximo de atenção, absorvendo os fatos e as necessidades por trás destes, mas, ao mesmo
tempo, o cliente deve ser estimulado a prestar atenção em seus próprios pensamentos, sentimentos
e comportamentos, para que consiga verdadeiramente expressá‑los. Isso é especialmente importante
nos dias de hoje devido à falta de atenção que existe na sociedade moderna, pois a alta velocidade
das informações diminui consideravelmente a capacidade de as pessoas aplicarem foco em algo muito
específico. Caso isso aconteça, a intervenção em coaching será comprometida.
Resumidamente, algumas sugestões sobre como escutar ativamente o cliente são sugeridas a seguir:
• Interromper a fala do cliente somente em casos que ele esteja saindo do assunto.
• Repetir algumas falas principais do cliente (parafrasear) para confirmar a resposta e também
entender se o cliente compreendeu a pergunta.
• Perceber as emoções expressas e não somente os fatos durante as respostas fornecidas pelo cliente.
Para que seja possível entender de maneira aprofundada quem é o cliente, é preciso fazer perguntas
que permitam isso. Perguntas fechadas podem fornecer apenas respostas curtas e pouco aprofundadas
(PRESTES et al., 2016). Portanto, perguntas abertas que usam o que e como podem encorajar o cliente
225
Unidade III
Perceba que, no exemplo 2, não existe um julgamento, e o cliente, provavelmente, contará uma
história que trará elementos dos motivos pelos quais não compareceu aos treinamentos, demonstrando
as barreiras, os sentimentos, entre outros fatores (trabalho, ambiente, família) que explicarão sua semana
de ausência. Caso seja percebido que o cliente evitou responder algo ou omitiu informações, sugere‑se
que se mude imediatamente de assunto, que seja retomado em outro momento, respeitando a decisão
do que realmente o cliente quer e não quer falar. Essa abordagem é fundamental em trabalhos de
coach. A seguir, alguns exemplos sugeridos por Prestes et al. (2016) de perguntas abertas utilizadas em
abordagens em coaching:
Essa estratégia é usada para evocar emoções que auxiliem o cliente no processo de mudança de
comportamento. Isso é feito usando as próprias respostas do cliente, fazendo com que ele expresse a
emoção por trás de sua resposta. Vamos a um exemplo a seguir.
Cliente: estou feliz por voltar a correr, pois, desde a minha adolescência, eu não corro, e foi uma
época muito divertida da minha vida.
Profissional: você está me dizendo que se lembra de se divertir correndo e está feliz porque se sentirá
assim novamente?
226
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
De forma resumida, a reflexão perceptiva faz com que o cliente consiga perceber o que disse, mas
sob a perspectiva de outra pessoa. Isso possibilita que ele reflita sobre os sentimentos por trás de suas
respostas e também aumente a autoconsciência sobre si, elevando as chances de se engajar a mudar seu
comportamento em direção à adesão ao exercício físico e ao estilo de vida mais saudável.
Observamos que a abordagem do profissional de Educação Física vai muito além da prescrição de
exercícios e profissionais especializados em comportamento humano e pode contribuir com seus clientes
de forma mais efetiva, para que estes incorporem e sustentem comportamentos saudáveis e corretos
para atingir os objetivos desejados.
Saiba mais
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Resumo
227
Unidade III
Exercícios
Estão corretas:
229
Unidade III
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa incorreta.
PORQUE
Analisando a relação proposta entre as duas asserções anteriores, assinale a opção correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta
da primeira.
230
TREINAMENTO PERSONALIZADO E MUSCULAÇÃO
231
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
DELAVIER, F. Guia dos movimentos da musculação: abordagem anatômica. 2. ed. Barueri: Manole,
2016, p. 2. Adaptada.
Figura 3
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 410. Adaptada.
Figura 4
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 411. Adaptada.
Figura 5
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 411. Adaptada.
Figura 6
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 418. Adaptada.
Figura 7
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 416.
Figura 8
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem Integrada. 5. ed. Porto Alegre: Guanabara
Koogan, 2010, p. 414.
Figura 9
Figura 10
KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J.; DESCHENES, M. R. Fisiologia do exercício: teoria e prática. Rio de Janeiro:
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232
Figura 11
Figura 12
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Figura 13
Figura 15
HALL, S. Biomecânica básica. 7. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2016, p. 2016. Adaptada.
Figura 16
Figura 17
LIMA, C. S.; PINTO, R. S. Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 18. Adaptada.
Figura 18
LIMA, C. S.; PINTO, R. S. Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 19. Adaptada.
Figura 25
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Figura 27
Figura 28
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho
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233
Figura 105
Figura 106
Figura 107
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Site
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Exercícios
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Informações:
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