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Resumo – Prova 2 Filosofia do Direito

Gustavo Oliveira Brandão


Guilherme Moura Avis

O livro traz uma leitura moral de análise de uma constituição política, ou seja,
traz a moralidade ao centro do debate e da interpretação constitucional, a moralidade é
incerta e controversa e, por isso, todo sistema de governo tem que decidir quem terá o
poder de julgar e decidir as questões morais da constituição, nos Estados Unidos como
lembra Dworkin, esse papel é da Suprema Corte. Assim, toda vez que os juízes julgam
eles fazem uso de uma leitura moral da Constituição. Por vezes essa leitura moral é vista
como um ativismo político como o ex-presidente dos Estados Unidos Eisenhower
acusou dois juízes da suprema corte que ele indicou e depois julgaram a partir de uma
leitura moral, o que para a maioria dos políticos é algo absurdo que não poderia
acontecer, mas na verdade, Dworkin fala que a leitura constitucional precisa de uma
leitura moral.
Não é toda norma constitucional que é possível fazer uma leitura moral, como
por exemplo, o artigo 2º da Constituição explicita que o presidente deve ter mais de 35
anos para exercer seu cargo, não há como emitir juízo de valores a partir dessa norma,
portanto, não é tudo que está na Constituição que é possível emitir uma leitura moral.
Para essa leitura moral ser bem empregada bem-sucedida, é necessário que seja
harmônica dentro ambiente político do país e tenha relação com o histórico de decisões
constitucionais do país. Dessa maneira, é instituído alguns limites para o exercício dessa
leitura moral dos juízes. Em primeiro lugar, a interpretação tem que ser feita a partir do
que os autores da Constituição de fato disseram, e tem que basear em informações e
contextos que aconteceram, dando muita importância a história. Em segundo lugar, é
necessário ter uma integridade constitucional, ou seja, um juiz só pode defender um
juízo de valor determinado se esse tiver coerente com os princípios da Constituição, e
também com a linha de interpretação constitucional seguida por outros juízes no
passado. Dworkin conceitua como um trabalho de equipe, que junta tanto os juízes
atuais, quanto os do passado e do futuro e, juntos elaboram uma moralidade
constitucional coerente e, devem ser cuidadosos para que suas atribuições se encaixem
harmoniosamente entre o restante das decisões. Além disso, os juízes também estão
submetidos aos princípios constitucionais, suas decisões tem que ser baseadas nesses
princípios e a Constituição não permite que seja tomada uma decisão sem que esse norte
esteja guiando a decisão e que permaneça harmônica.
Dworkin também discorre sobre algumas teses quanto a leitura moral, a primeira
tese admite que a leitura moral é correta, e que a declaração de Direitos tem que ser
compreendida como um conjunto de princípios morais, mas nega que os juízes tenham
que ter esse papel de exercer esse poder sobre a moral constitucional. Nessa tese, os
juízes não devem tomar para si as interpretações sobre os princípios constitucionais, não
caberia a eles, critica a decisão Brown, acerca da segregação racial dentro das escolas,
nessa tese, nunca poderia ter ocorrido essa mudança a partir dos juízes.
A segunda tese, chamada de originalista não aceita a leitura moral de nenhuma
forma, essa tese entende que a Constituição é o que seus autores queriam que sua
linguagem fizesse. Segundo essa tese, documentos como a Declaração de Direitos não
deviam ser interpretados como exposições dos princípios morais abstratos, mas
colocadas como referências do que os autores iriam querer que esses princípios
tornassem. Quanto ao caso Brown, por exemplo, a tese originalista é totalmente oposta,
pois no caso, os legisladores não entendiam que a segregação racial nas escolas ia
contra algum princípio constitucional, contrapondo a leitura moral, que corretamente
julgou inconstitucional a segregação racial nas escolas. Dworkin se refere a essa teoria
como extensão morta do passado, e por essa característica, essa tese é quase totalmente
não utilizada, e o ideal é um balanço entre a leitura moral, mas sem dar tanto poder ao
juiz mas também não chegar a ser originalista.

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