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Direito Penal IV - Christiano Fragoso

2023.1

Aula 22/03
● Crimes contra a Honra
○ a honra é tutelada pela própria constituição
○ geralmente para pessoas físicas - a pessoa jurídica possui
reputação, uma dimensão da honra
○ foi considerada, por muito tempo, um bem jurídico de extrema
importância (igual ou até superior a vida)
■ hoje em dia se discute a descriminalização das ofensas à
honra, sendo estas, então, discutidas no âmbito cível
○ a legislação separa tais crimes em três, com certa gradação
■ calúnia - art 138
● falsa imputação de um fato criminoso determinado
● não depende somente da qualificação pejorativa
■ difamação - art 139
● imputação de um fato determinado não criminoso
● pode até ser verdadeiro, mas continuará sendo crime
dizer
○ salvo quando tem relação com as funções de um
funcionário público; não existe crime de
difamação pois a administração pública tem
interesse na descoberta
■ injúria - art 140
● a depender do objeto, pode ter maior gravidade
● atribuição de qualificação pejorativa
○ não são as únicas figuras penais que tratam da honra
■ art 331 - desacato a funcionário público
■ art 339 - denunciação caluniosa (exige dolo direto)
○ existem também previsões em leis extravagantes como, por
exemplo, o código eleitoral
■ art 324 - calúnia
■ art 325 - difamação
■ art 326 - injúria
○ direito de resposta - parte da antiga lei de imprensa, hoje presente
na lei 13188
○ crime político contra a honra - art 26 da lei de segurança nacional
(7170)
■ não existe mais, foi substituída pelos crimes contra o estado
democrático de direito
○ claro embate com a liberdade de expressão
■ o cidadão privado possui maior proteção que uma pessoa
pública; é natural que haja uma licença maior ou uma
mitigação do direito à honra, desde que seja relacionado a
condição de pessoa pública
○ diferenciação sistemática quanto a honra
■ objetiva - o bom nome que a pessoa possui,
respeitabilidade/reputação no meio social em que vive
● calúnia e difamação violam tal
● o crime apenas se consuma após a ciência da
difamação ou da calúnia por terceiro
■ subjetiva - sentimento que a pessoa tem em relação a ela
mesma, da própria dignidade/valor
● pesada pela injúria
● o crime se consuma apenas quando o ofendido toma
conhecimento da injúria
■ essa diferença acaba por não fazer sentido em certos casos,
podendo levar a situações sem consequências pelos atos
● no caso da honra objetiva, o crime só se consuma no
momento que terceiro tomar conhecimento
● já na honra subjetiva, a pessoa pode estar sendo
ofendida sem saber para todos os outros
■ a honra é um fenômeno com dimensões objetivas e
subjetivas, não deve ocorrer a separação
○ outra diferenciação está na divisão entre pessoal e profissional
○ o sujeito ativo pode ser qualquer um, não exige condições especiais
○ qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo no Brasil
■ os mortos só podem ser vítimas de calúnia - art 138,
parágrafo segundo
● nos outros casos os descendentes podem mover
processos civis
○ pessoas jurídicas
■ existem certos crimes que não são compatíveis com a pessoa
jurídica como vítima
● no caso da calúnia, as vítimas são as pessoas que
representam a pessoa jurídica
● a única exceção está nos crimes contra o meio
ambiente
○ nascituro
■ não pode ser vítima de crime contra a honra
■ pode ter indenização civil
○ deve ser algo potencialmente ofensivo (objetivamente) e a pessoa
deve ter a intenção de ofender (subjetivo)
○ excludente da intenção de ofender
■ se a pessoa tem intenção de narrar um fato que é importante
do ponto de vista da publicidade, não há intenção de ofender,
então não configura calúnia/difamação
■ ânimo de se defender, não ofender
■ ânimo de brincadeira
■ artigo 138, parágrafo primeiro - quem divulga algo que a
outra pessoa falou, sabendo se falsa
● no caput não há exigência do conhecimento da
falsidade - dolo direto ou eventual
■ exceção da verdade - art 138, parágrafo terceiro
■ artigo 140
● parágrafo segundo - injúria real
● parágrafo terceiro - injúria qualificada

Aula 23/03
● Crimes contra a Honra
○ Disposições Gerais
■ Art 141
● inciso I - ocorre por conta da dignidade do cargo e as
suas consequências para a instituição democrática
● inciso II
○ art 317 CP - possui a definição de funcionário
público
● inciso III - relacionado ao meio de propagar a ofensa,
sendo a reputação abalada de maneira extensa; relação
com o parágrafo segundo
● parágrafo primeiro - a lei atenta-se para o fato de que é
um motivo imoral praticar uma ofensa em razão de
uma promessa de recompensa; uma agravante
genérica transformada em majorante
○ Exclusão do Crime - Art 142
○ Retratação
■ Art 143
■ Art 144 - interpelação judicial
■ Art 145 - uma declaração afirmando que a anterior deve ser
revogada por não ser corresponde à realidade
■ A calúnia e a difamação se distinguem da injúria pois é
sempre a imputação de um fato determinado; a retratação
pode ocorrer sobre os fatos, retratar xingamentos é
complicado

Aula 29/03
● Crimes contra o Patrimônio
○ Furto - art 155
■ crime de furto de coisa comum (pertencente a vítima e ao
agente) - art 156
● no lado processual é muito distinto, só haverá
inquérito se houver representação do ofendido (pedido
da vítima)
● há de haver um mínimo de gravidade, devendo ser
acima da quota parte a que aquele agente tem direito
○ deve ser um bem fungível, da fácil subtração
● possui diversas qualificadoras, não existentes no art
155
■ quando se conclui/consuma a subtração?
● durante muito tempo se acreditou que se consuma
quando o agente tem posse mansa e pacífica do bem
● a partir dos anos 80 começaram a rever essa
conceituação, centrando-se na vítima com uma visão
civilista
○ não é necessário que o agente tenha a posse
mansa da coisa, basta que ele retire a coisa da
esfera de disponibilidade da vítima
■ críticas do professor
● não houve nenhum tipo de mudança no tipo penal, a
própria interpretação da norma acaba endurecendo a
política criminal
● não houve modulação do tempo (de atingir os casos
anteriores);
● problema do concurso de agentes; se o crime já se
consumou você não pode agir em legítima defesa para
pegar de volta o seu bem; a posse é ligada com a
aparência de propriedade da coisa
■ diferença entre furto e roubo
● no roubo existe o emprego de violência ou grave
ameaça, ou o uso de algum meio que reduziu a vítima
a incapacidade de resistir
○ não exige a lesão corporal
● há uma dificuldade muito grande para separar ambos
○ caso da trombada - depende do objetivo da
trompada; distrair, sem o objetivo de conter a
pessoa, não é considerado
○ caso do arrebatamento - os tribunais geralmente
são mais duros, considerando esse caso roubo
■ Furto Insignificante - parágrafo segundo
● o pequeno valor equivale a valor inferior a 1/10 do
salário mínimo
● a insignificância leva à falta de tipicidade penal,
tornando desproporcional a pena que receberia
■ Art 155
● parágrafo primeiro - caso de aumento de pena
originado no repouso noturno (critério sócio
cronológico), onde a vigilância da vítima sobre os
próprios bens diminui
● parágrafo segundo - ideia de dar certa
proporcionalidade para a pena que pode ser excessiva,
dependendo do caso concreto
● parágrafo terceiro
○ obs - gato net
■ durante muito tempo o Supremo definiu o
sinal da net como não energia
■ atualmente a decisão foi modificado,
considerando que o sinal da net possui
valor econômico
● parágrafo quarto - furto qualificado
○ inciso I - o obstáculo deve ser relevante para
impedir o acesso a coisa e externo a coisa
○ inciso II -
■ consiste no rompimento de uma relação
de confiança; resultado da diminuição da
vigilância dos bens por parte da vítima
em relação ao agente
■ mediante fraude - usa alguma artifício
para enganar a pessoa, tendo condições
de subtrair a coisa
● é o modo de execução mais
comum do estelionato - dificuldade
para diferenciar este do furto
mediante fraude
■ escalada
● existem decisões que afirmam que
os casos de túneis subterrâneos
configuram escalada - não é
pacífico, a maioria considera
rompimento de obstáculo
■ destreza
○ inciso III - réplica da chave
■ aos tribunais tem sido muito ampliativos;
qualquer tipo de instrumento que se faça
de chave pode ser considerado
○ inciso IV - leva a uma maior periculosidade da
conduta, a capacidade de chegar ao resultado
aumenta
● parágrafo quarto A
○ hipótese em que ainda tem violência a coisa
○ de certa maneira, equiparou-se, do ponto de
vista penal, ao roubo
● parágrafo quarto B
● parágrafo quarto C
○ dificulta muito a investigação do fato

Aula 30/03
● pegar início com alguém
● Crimes contra o Patrimônio
○ Furto
■ art 155
● parágrafo sexto - já teria a qualificadora de concurso
de agentes ou de obstáculo; acabou por melhorar a
situação da pessoa ao criar essa qualificadora
○ ser movente
● parágrafo sétimo - criminalização do ato preparatório
○ penalizado com a mesma pena do crime com
explosivo (fragoso crítica)
■ a manutenção de uma pena alta é
característica do “direito penal do
inimigo”
● podem e devem ser despidos de
direitos e garantias individuais,
devem ser combatidas
■ considera uma demasia, uma
desproporcionalidade
■ Se o bem pertence a uma sociedade devidamente constituída
e um sócio furta da sociedade, o crime se configura como
qual tipo de furto?
● crime de furto de coisa comum - radica na ideia de
que a pessoa jurídica/sociedade é uma ficção e que o
patrimônio, no final das contas, seria do sócio
● furto - sociedade como uma realidade, não é possível
dizer que o patrimônio é do sócio; posição mais
dura/punitivista (fragoso concorda)
● salvo em duas hipóteses
○ há casos em que um certo bem fica no
estabelecimento da sociedade mas ainda não foi
integralizado
○ no caso de sociedade individual
○ Roubo - art 157
■ devem existir certas modalidades de conduta específica -
violência, grave ameaça ou impossibilidade de resistência
por parte da vítima
● não é necessária a lesão corporal para configurar uso
de violência, somente a força física
● não precisa ser usada contra a vítima do roubo, pode
ser com terceiro, desde que tenham relação entre a
violência e o roubo
● o uso de arma configura uma grave ameaça
● o uso dessas modalidades torna alguns benefícios
inalcançáveis
■ muito próximo do crime de extorsão (art 158); a pena é
igual, mas as qualificadoras do roubo possuem maior rigor
● se diferenciam pois no roubo existe a subtração, já na
extorsão o constrangimento leva a vítima a realizar
certas condutas (ativas ou passivas)
● caso em que o agente aponta a arma e pede para
entregar o bem - quando o constrangimento é de tal
maneira que leva a uma coação absoluta, onde a
pessoa não pode sair da situação sem gravíssimo
perigo para a sua vida, equipara-se a subtração por
parte do agente (em regra, é extorsão)
■ pela leitura do art 157, percebe-se a utilização de _____ é
uma maneira de subtrair; existe uma hipótese um pouco
diferente, mas equipara ao roubo
● roubo impróprio - sem usar ___, tendo subtraído, para
consumar o furto/impunidade, se utiliza da violência
para tal
● é possível a tentativa

Aula 05/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ Dano - art 163
■ se não houve prejuízo patrimonial não configura dano; tais
danos devem ser comprovado, visíveis
● distribuir - dar fim; impossível reconstruir
● inutilizar - tornar o objeto inutilizável para seu fim
● deteriorar - tornar o objeto menos eficaz
■ a sua forma omissa é possível, assim como a tentativa
■ não existe a sua forma culposa
■ obs - não é incluída a hipótese do desaparecimento,
configurando um limbo jurídico
● Nelson H. acha que pode ser comparado a destruição
■ a lesão ao bem jurídico mais grave - não lesiona apenas o
patrimônio, mas também a liberdade individual
● a violência não necessariamente é contra a pessoa
○ Apropriação Indébita - art 168
■ a posse é legítima e anterior
● existe uma relação de domínio de disposição sobre a
coisa limitada - posse direta, com a permissão do
proprietário
○ no momento da apropriação a posse é legítima
● não precisa ter intenção anterior de se apropriar
● se diferencia da extorsão pois nesta a pretensão do
agente é induzir ao erro para se apropriar

Aula 13/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ Apropriação Indébita - art 168
■ o bem jurídico é o patrimônio, incluso os direitos reais de
garantia
■ o sujeito ativo é qualquer um com posse ou detenção lícita
da coisa alheia
● exceto quando se trata de funcionário público,
podendo configurar peculato
■ o sujeito passivo é o titular do objeto
■ o núcleo do tipo tem como única interpretação tornar-se
proprietário
■ delimita-se a coisas móveis e fungíveis
● no caso de herança e condomínio leva-se em conta o
mesmo debate do furto comum - a apropriação só será
punível na medida em que configura além do
patrimônio alcançável pelo sujeito
■ apropriar-se é se tornar proprietário de algo; é preciso que
seja manifestada de alguma forma para demonstrar que está
se assenhoreando do objeto
■ posse anterior, lícita, tranquila e desvigiada
● não necessariamente a posse implica confiança, algo
que não interessa para esse tipo penal
■ o prejuízo nesse tipo penal está sendo para o direito de
propriedade daquele que é dono da coisa
■ o dolo é genérico - não exige nenhum tipo de dano, prejuízo
ou proveito por parte do agente
● existe na doutrina a discussão quanto a um possível
fim especial de agir no dolo
○ Greco entende que sim, não sendo punível a
apropriação indébita por uso - não haveria dolo
de assenhoramento exigido
○ mas no tipo penal não há elemento subjetivo,
nem especial, de agir; possui somente o
elemento objetivo
● existindo a intenção de assenhoramento do objeto, está
consumado o tipo
○ se a pessoa quiser devolver - pode configurar
uma causa de diminuição de pena
(arrependimento posterior)
■ mas, como tudo que tem dolo, é difícil
dizer qual era a intenção da pessoa - se
torna irrelevante, do ponto de vista penal,
a devolução do objeto
● alguns autores dizem que o dolo nesse tipo seria o
subsequente
○ não faz muito sentido pois a ação em si já
configura a ação de apropriação
○ não é possível dizer em qual momento
exatamente o dolo se consuma
○ o momento em que ele ocorre se torna inútil,
devendo ser levado em consideração somente o
elemento objetivo
■ devido a presença do dolo, é muito difícil falar de tentativa
● é, teoricamente, possível (crime material), mas
praticamente irrelevante
● não existe relevância prática, uma especificidade
prática para a tentativa da apropriação indébita - ela se
consuma no momento de intenção de manifestar-se
proprietário
■ se existe consentimento do proprietário está excluída a
antijuridicidade
■ não existe quando envolve fim ilícito - configura receptação
ou favorecimento real
■ não existe em relação a coisa comum
■ Art 168
● parágrafo primeiro
○ nenhuma das hipóteses de seus incisos
configuram condição especial do sujeito ativo,
mas sim de uma situação jurídica que está sendo
violada
○ inciso I (depósito necessário) - entrega do bem
ocorre em situações excepcionais que exigem a
entrega do bem a terceiro
■ não se assemelha ao depósito voluntário
ou ao depósito legal
■ Art 168-A - Apropriação Indébita Previdenciária
● bem jurídico
○ direito à arrecadação tributária - para a
estagiária é uma mera questão administrativa
○ patrimônio da previdência social - ao se utilizar
do patrimônio da previdência social como bem
jurídico é preciso pensar no prejuízo causado
para esse ser considerado expressivo
■ princípio da insignificância
■ bens jurídicos supra individuais
● o tipo penal, para além do caput, possui três
modalidades, com nenhuma delas se aproximando do
art 168 - o dinheiro nunca foi de outra pessoa
● o fato do valor já ter sido descontado e deixado de
estar disponível para o autor não é símbolo de dolo
○ o compromisso com a receita precisa ser
demonstrado
● a hipótese de gestão temerária é uma hipótese que
raramente irá configurar a apropriação previdenciária
● não existe fim especial de agir, assim como no art 168
○ situações de penúria ou de falência que resultem
no não repasse para a receita podem configurar
estado de necessidade ou inexigibilidade de
conduta diversa
● núcleo do tipo - deixar de repassar as contribuições
que são recolhidas
● crime omissivo próprio
● alguns acreditam se tratar de uma situação com dois
tempos de execução
○ recolher valores do empregado
○ atitude de não pagar

Aula 19/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ Roubo - art 157
■ Qualificadoras
● parágrafo terceiro
○ maior pena mínima do direito penal
○ falta de técnica legislativa pois não há
diferenciação entre morte dolosa ou culposa
○ o crime de latrocínio está fora da regra
constitucional de que os crimes contra a vida
são julgados pelo tribunal de júri
■ Ainda sobre o latrocínio
● é difícil estabelecer o momento de consumação
● a rigor, o crime fim é a subtração e a morte é apenas o
crime meio
● pode ser feito por meio de diversas situações
○ consegue matar e roubar
○ tentativa de latrocínio - recebe pena de 20 a 30
anos com a diminuição por tentativa, levando
em consideração a aproximação da consumação
○ consumação do roubo, mas não da morte
■ se não queria matar e não causou a morte,
mas houve lesão, utiliza-se o parágrafo
terceiro
■ se queria matar, mas não conseguiu,
configura a tentativa de latrocínio, inciso
II do parágrafo terceiro
○ consumação da morte, mas não do roubo
■ os tribunais entendem a morte como o
crime mais grave
■ de acordo com a súmula 610 do STF,
ainda será considerado crime consumado
- teoria adotada atualmente
■ contudo, não será possível que assim se
considere se o crime não tiver todas as
suas características presentes, de acordo
com o art 14
■ a doutrina advoga pelo latrocínio tentado
e que, necessariamente, a diminuição por
tentativa seria a menor possível - leva em
consideração que o resultado mais grave
ocorreu
● não é adotada
○ não consegue consumar os crimes
○ Extorsão - 158
■ uso de violência ou grave ameaça com intenção econômica
■ não precisa ser apenas com bens móveis - se aplica para bens
incorpóreos (direito autoral) e bens imóveis
■ constranger, nesse caso, significa coagir
■ início do fato - quando se profere a ameaça com o intuito de
obter
■ consumação - obtenção da vantagem (exaurimento do crime)
após a ação, passiva ou ativa, da vítima
● crime de resultado material - não se consuma com a
atividade do agente, mas sim com a atitude da vítima
■ Art 158
● parágrafo primeiro
○ não há diferenciação entre arma de fogo e arma
branca; o juiz deve levar em consideração o
nível de sua letalidade
● parágrafo terceiro
○ a restrição da liberdade tem que ter sido por
tempo considerado relevante
○ Extorsão Mediante Sequestro - art 159
■ ato de sequestrar alguém para obter vantagem; deveria
sequestro mediante extorsão
● assemelhado ao crime de sequestro ou cárcere privado
● não está especificado no tipo penal o tipo de vantagem
mas, por estar presente na parte de crimes contra o
patrimônio, a doutrina entende que a vantagem deve
ser econômica
○ outra parte da doutrina entende que a vantagem
meramente moral seria o suficiente
■ crime complexo e pluriofensivo
■ a consumação ocorre quando
● sequestra a pessoa com o fim de obter vantagem
○ a finalidade se comprova com o pedido de
resgate
■ existe somente a sua forma dolosa
■ qualificadoras
● parágrafo primeiro - se iguala ao homicídio
● parágrafo terceira - não diferencia culpa e dolo
● parágrafo quarto
○ funciona como uma delação premiada; precisa
facilitar a libertação
■ existem situações onde o sequestro é realizado de tal modo e
condições, em que a violência física e psicológica é tanta,
que o Estado afirma haver também o crime de tortura
autônoma
○ Extorsão Indireta - art 160
■ o credor abusa do devedor
● exemplos:
○ no caso do devedor não ter como dar uma
garantia o credor pede a confissão de um crime
seu ou de outrem próximo e, caso não pague,
será utilizado contra ele para pressionar o
pagamento (ou até entregue às autoridades)
○ exige que a pessoa entregue cheque sem fundo -
crime desde que seja uma ordem de pagamento
direta
■ aceitar uma confissão também configura crime,
independente da ameaça de usar
■ crime formal - basta que haja a exigência, independente do
resultado posterior, para consumar o crime
● receber também consuma o crime

Aula 20/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ Estelionato - art 171
■ o objeto é a vantagem ilícita
● pode ser de qualquer natureza (existe corrente que
entende que deve ser patrimonial)
● prejuízo alheio - patrimonial ou passível de ser
quantificado
● erro - fazer com que determinada pessoa não tenha
conhecimento preciso da sua ação
○ alguns entendem que criança ou deficiente
mental não podem ser vítimas do erro, mas do
prejuízo sim
● ardil/artifícios/qualquer outro meio
■ sujeito
● qualquer pessoa pode praticar, se tratando de um
crime comum
● a vítima pode ser direta ou indireta
■ o bem jurídico é o patrimônio
■ a tentativa é admitida
■ iter criminis
■ a depender do valor pode configurar uma hipótese de
atipicidade jurídica, descaracterizando o ilícito penal
■ crime plurissubsistente - pode ser praticado por diversos atos
executórios e, por isso, admite tentativa imperfeita
● crime impossível - se pela forma de praticar o crime
for impossível prejuízo ou vantagem resultante
● torpeza bilateral - a pessoa que foi ludibriada não
estava agindo completamente de boa fé
■ crime permanente - objeto de debate
● a posição mais correta seria tratar o crime como
instantâneo, mas com efeitos permanentes
■ admite sursis processual
■ atualmente, se trata de um crime sujeito a representação
■ Art 171
● parágrafo primeiro - crime privilegiado
● parágrafo segundo
○ coisa própria inalienável - que não se pode
vender
○ gravada de ônus ou litigiosa - algo sequestrado,
bloqueado judicialmente
○ súmula 554 STF
● Obs - Fraude X Inadimplemento Contratual
○ na fraude constitui-se o dolo ab initio, ou seja,
desde o início
○ no inadimplemento o dolo é subsequente
● parágrafo segundo A
○ escala penal desproporcional ao crime do caput

Aula 26/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ Receptação - Art 180
■ crime subsidiário - usado quando não consegue mostrar que
a pessoa participou do crime que gerou um produto
● geralmente posterior ao furto ou roubo - a gravidade
do crime anterior não é de importância
■ se sabe que o bem é fruto de um crime, configura a
receptação
● a pessoa que age de boa fé não pratica crime
● deve ter dolo direto
■ receptação dolosa não permite tentativa
■ o receptador não pode ter participado do crime antecedente
● pode ser imputado a qualquer um, menos aqueles que
participaram do crime original
■ receptação imprópria - não adquire nada, mas influi para que
terceiro de boa fé adquira o produto do crime
■ tipos
● adquirir - pode ser gratuito ou oneroso
● receber - entrar na posse de coisa que lhe é entregue
ou enviado; não precisa ficar para si
● transportar/conduzir
● ocultar
■ o instrumento do crime não é produto do mesmo, então não
se aplica o art 180 - pode configurar favorecimento real (art
349 CP)
■ não há determinação legal sobre ser coisa móvel ou imóvel
● alguns autores acreditam ser somente coisa móvel pois
receptar vem de “dar receptáculo”
● há quem diga se tratar de coisa imóvel também, como
no caso da compra de um imóvel
■ quem adquire dois bens frutos de um crime pratica apenas
uma receptação
■ há a possibilidade de receptação culposa - possibilidade da
pessoa deve saber que é um bem criminoso, mas viola o
dever de cuidado; parágrafo terceiro
■ receptação qualificada (parágrafo primeiro) - pensado para
os locais de desmanche de carros; quem está no exercício do
comércio e indústria deve seguir procedimentos bem
estabelecidos (se trata de atividade regulada)
■ dever saber
● pode ser visto como
○ dever legal de saber - ao utilizá-lo como
obrigação, deve haver algo que estabeleça qual
o dever
○ pelas circunstâncias não tinha como deixar de
saber que aquilo constituía crime, mesmo que
não tenha dever estabelecido por lei - viola o
dever de cuidado
■ possibilidade de dolo eventual
● muitos autores entendem que deve ser avaliado de
acordo com as circunstâncias, configurando o dolo
eventual
■ no caso de receptação no exercício de uma atividade
industrial ou comercial com o pleno conhecimento do crime
● não há hipótese para quando se sabe
● o entendido é que a hipótese mais grave está incluída
dentro da hipótese de “dever saber”
■ influir na receptação dolosa para o terceiro de má-fé é crime
- partícipe da conduta do terceiro
■ se consuma no momento em acontece algum dos verbos do
caput
● alguns dos verbos são crimes permanentes - ocultar,
transportar, conduzir…
■ a majorante presente no parágrafo sexto não se aplica a
receptação qualificada, nem a culposa
○ Em comparação a outros crimes
■ favorecimento real (art 349) - subsidiário ao de receptação
■ art 344, parágrafo primeiro
■ art 184, parágrafo primeiro
■ lavagem de dinheiro

● Resolução de Exercícios
○ A, em palestra com B e C, afirma que D “é uma toupeira e um
desmoralizado”. Sete meses depois, B relata o ocorrido a D.
■ Cometeu A algum crime? Qual e por quê?
● crime de injúria (art 140)
■ Qual o momento consumativo? Por quê?
● Grande parte da doutrina não faz a diferenciação de
honra, pois entende que é artificial. Portanto, qualquer
seja o crime contra a honra se consuma quando
qualquer pessoa tenha conhecimento do que a pessoa
falou. Nesse caso, terceiros tomaram conhecimento
antes da vítima, então, o momento consumativo é o
momento que B e C ouviram A falando.
■ Caso D fosse portador de oligofrenia, um nível de
imbecilidade, esta solução se alteraria? Por que?
● A rigor não muda do ponto de vista objetivo do tipo.
O que pode haver a alteração é no caso de dolo de
ofender, porque se a pessoa realmente é portadora,
poderia estar fazendo apenas um diagnóstico sobre o
fato. A pessoa usou desmoralizado também, que é
uma palavra que não tem nada a ver com a doença
mental, e a palavra toupeira mostra a vontade de
ofender. Mas realmente depende do caso concreto.
■ Examinar a ocorrência de decadência do direito de queixa.
● Não caiu, pois tem que passar 6 meses de quando a
vítima tomou conhecimento de tal ofensa e de quem é
o autor desta ofensa → art. 38 do CPP
■ Figurar hipótese em que D já fosse falecido quando da
palestra e o fato chegasse ao conhecimento de seu filho E.
● Injuriar alguém já falecido.
● A memória de alguém é passível de ser ofendida,
inclusive pode ter repercussão para os descendentes
● Pode haver um processo cível, sim, mas penalmente
isso não é criminalizado
● Contra o morto não cabe injúria, nem difamação,
apenas calúnia → art. 78, §2º, CP
● E se a conduta ocorreu quando D estava vivo e ele
vem a falecer depois e seu filho toma conhecimento.
O fato de a vítima ter morrido, isso extingue a
punibilidade do crime sofrido por ela? Pois o ato
aconteceu enquanto ela ainda estava viva. Com isso, o
filho, por sucessão processual, pode entrar com o
processo contra o ofensor → Art. 100, P4 (a ordem
tem que ser respeitada)
● Única exceção que não poderia - art. 236, CPP
■ Alguma consequência jurídico-penal adviria da circunstância
de ter feito A aquela afirmativa durante discurso em reunião
pública?
● Sim, haverá aumento de pena de acordo com o artigo
141, inciso II do CP
■ Figurar hipótese em que A, nas mesmas circunstâncias,
afirmasse que D “possuía vida sexual desregrada e anômala,
frequentando locais poucos recomendáveis”. Examinar,
neste caso, a capitulação jurídica do delito, e o momento
consumativo.
● Discussão se seria difamação ou injúria. Aqui a
discussão seria se isso seria ou não um fato
determinado. Então a pessoa teria que dizer no que
consistia essa vida desregrada e anômala (quais
lugares, com quem etc). O professor acha que não é
um fato determinado, então acha que é injúria.
○ Não é calúnia por não ser crime
○ Se for fato determinado = difamação
○ Se for fato indeterminado = injúria
○ Momento consumativo = quando a pessoa toma
conhecimento
■ Na hipótese acima, teria algum relevo jurídico o fato de ser
verdadeira a afirmativa de A?
● Tanto na injúria quanto na difamação a verdade é
irrelevante do ponto de vista objetivo. Na difamação
só muda quando é em relação à função pública do
funcionário público.

Aula 27/04
● Crimes contra o Patrimônio
○ disposições gerais
■ art 181 - isenção de pena
● inciso I - cônjuge
○ furtar do próprio cônjuge resulta em ação típica
jurídica e culpável, mas sem culpabilidade
○ deve ter constância da atividade conjugal
■ não se aplica esse inciso no caso de
divórcio
■ na separação judicial é necessário que a
vítima peça a apuração dos fatos
○ companheiro e união estável não se configuram
de forma expressa, mas a maioria da doutrina
afirma que deve ser objeto de ampliação -
dizem ser analogia em bona partem
■ existe uma minoria que afirma não ser
possível por se tratar da parte especial
● inciso II
○ todos os filhos são tratados de forma igual
○ ideia de manutenção da harmonia familiar
■ art 182 - procede mediante representação no caso de
● inciso II - não se aplica aos afins
● sem representação o processo preclusivo, ele é nulo
■ art 183 - quem não usufrui dos artigos acima
● inciso II - se trata de uma isenção pessoal
○ art 30 CP

● Crimes contra a Dignidade Sexual


○ não está relacionado aos comportamentos sociais, mas sim em
relação a proteção das vítimas em função da sua dignidade sexual
○ Estupro - art 213
■ o bem jurídico é a liberdade sexual
● a capacidade de dispor sobre seus desejos e
necessidades sexuais, de se autodeterminar
sexualmente.
■ anteriormente, até 2009, era considerado para esse tipo penal
a conjunção carnal, qualquer outro tipo de penetração não
era abarcada
● com a alteração, junta-se o antigo art 214
● todo tipo de ato sexual que não corresponde à
conjunção carnal passar a fazer parte
● juntar esses dois tipos, do ponto de vista de política
criminal, acabou com o concurso de crimes e as penas
muito altas
■ é, atualmente, um tipo bastante aberto, vistos que ato
libidinoso não possui uma definição restrita - pode acabar
incluindo atos que seriam penalmente mais brandos ou
insignificantes, pois dependem da interpretação do juiz
■ núcleo objeto - constranger (no sentido de impor, subjugar),
necessariamente mediante violência física, independente do
meio utilizado, ou grave ameaça, direta ou indireta
(exemplo; violência psicológica, não necessariamente
irresistível)
● a ameaça pode se dar de variadas formas
○ intimidação da fala (ou escrita)
○ direta ou indireta; alguns autores ainda
consideram a ameaça contra o bem
● não existe ameaça justa quando se trata de estupro
○ será sempre injusta, não importa a forma da
ameaça ou o comportamento da vítima
■ existem três figuras no tipo penal
● conjunção carnal
● ato libidinoso
● permitir que pratique com alguém - constranger a
vítima para que ela permita um ato puramente passivo
○ não é necessário que dois indivíduos estejam
praticando ato libidinoso
○ diversos atos não incluem contato entre autor e
vítima
■ tanto autor quanto vítima podem ser qualquer pessoa
● coautoria
○ determinada como causa de aumento no art 226
○ ambos possuem igualdade capacidade de
decisão e disposição; domínio funcional do fato
● participação
○ o partícipe não possui o domínio funcional do
fato
○ se o autor desistir de praticar o fato o partícipe
não consegue consumar
● alguns autores afirma que o estupro configura crime
de mão própria; mas se terceiro é funcionalizado para
a conjunção carnal?
○ a pessoa que constrange possui o domínio
funcional do fato, mas a consumação vem com
a prática do ato libidinoso
● apenas constranger é tentativa, deve ser
complementado por aquilo que viola o bem jurídico
■ o STJ entende que casos de sucessivos atos libidinosos se
trataria de tipo penal misto cumulativo
● do ponto de vista teórico não há valoração para
distinguir as condutas; o que há no tipo penal são
formas distintas para pensar a consumação do mesmo
delito
■ modalidades de estupro qualificado
● discussão sobre vácuo legislativo e possível violação
do princípio da legalidade - art 213, parágrafo
primeiro e art 217-A
● no parágrafo primeiro, primeira parte, do art 213
fala-se de lesão corporal grave, deixando de lado a
leve - alguns autores entendem que essa é absorvida
pelo caput
○ a questão é que nem sempre o resultado da
violência será visível, não necessariamente
pressupõe lesão corporal
● o estupro com lesão corporal grave e o que resulta em
morte configuram estupro preterdoloso
○ resultado de imprudência, negligência ou
imperícia

Aula 03/05 - coloquei tudo na aula do dia 27/04

Aula 04/05
● Crimes contra a Dignidade Sexual
○ Estupro de Vunerável - art 217-A
■ vulnerabilidades - critério jurídico definido para designar um
conjunto de vítimas em função das peculiaridades/condições
da vítima, sendo esta de reduzida capacidade ou
possibilidade de defesa da vítima
● não é precisa
● idade mínima varia, se dividindo entre
○ absoluta - menores de 14
○ relativa - menores de 18
■ foi criado para resolver o debate judicial sobre a
relativização da presunção quando a vítima é menor de 14
anos
● presunção absoluta de violência a partir da
vulnerabilidade da vítima, no ato carnal e no
libidinoso
● para a estagiária quando se trata de um caso onde o
autor acreditava genuinamente que a vítima era maior
de 14 anos e existiu o consentimento configura erro de
tipo
■ art 217-A
● parágrafo primeiro - figuras equiparadas em termo de
vulnerabilidade
○ enfermidade mental - doença mental (que
afetam a capacidade de decisão da pessoa)
○ doença
○ transtorno não necessariamente
○ deficiência mental
○ quadro muito grave de transtorno mental
■ presunção de violência
● o consentimento da pessoa não pode ser válido
● tanto a enfermidade quanto a deficiência mental
precisam ter ligação com o ato sexual
● a vulnerabilidade não é presumida, mas sim a
violência
○ deve-se saber, no caso concreto, se a pessoa é
vulnerável
■ a capacidade de consentimento inclui também as vítimas que
estão em estado de vulnerabilidade por uso ou abuso de
substâncias químicas (administrado por médico ou não)
■ consumação e tentativa - idêntica ao art 213
● a consumação está na prática do ato sexual
● tentativa - qualquer ato libidinoso não pode ser
considerado ato preparatório para a conjunção carnal,
ainda que essa seja a intenção do autor
○ a tentativa está nos casos em que não tenha
ocorrido qualquer ato libidinoso
■ será sempre um tipo doloso
● é preciso verificar o conhecimento da pessoa na
situação de violência e também avaliar qual é a
situação e responsabilidade desse terceiro
■ qualificadoras
● idênticas ao do art 213
● no caso de lesão corporal leve é concurso de crimes -
a violência não é elementar no estupro de vulnerável
● mesmo problema de imputação do art. 213
○ lesões corporais graves dolosas elevam a pena
base (9-15 anos)
○ como existe a qualificadora, você tem lesões
corporais graves imprudentes que tem uma pena
maior do que as dolosas (10-20 anos)
○ o crime culposo tem uma pena maior do que o
doloso
■ obs - o crime do art 217-A não está previsto como contra a
liberdade sexual pois a pessoa não tem a capacidade de
liberdade sexual
○ Posse Sexual Mediante Fraude - Art 215
■ posse sexual - qualquer tipo de ato libidinoso
■ crime de importunação sexual - art 215-A
○ Assédio Sexual - art 216
■ só há quando busca constranger alguém a ter algum tipo de
prestação sexual prevalecendo de uma condição de
ascendência ou superior hierárquica
■ constranger aqui é utilizado na forma de coagir (mas muito
menos grave do que no estupro)
■ estrutura de poder entre autor e vítima - subordinação
○ Gradação - art 217-A; art 213; art 215; art 215-A; art 216-A
○ Registro não autorizado da intimidade sexual - art 216-B
■ filmar outras pessoas ou a si próprio sem a autorização das
partes
■ pornografia de vingança
■ ligado a intimidade sexual
■ a pena é pequena porque é apenas a hipótese de registro, não
de distribuição
■ parágrafo único
● hipótese de montagem - minimamente verossímil,
deve ser idônea
○ Divulgação de cena de estupro ou sexo - art 218-C
○ Ato Obsceno - art 233
■ crime parecido
■ o caráter de obscenidade tem relação com o conceito moral e
cultural
■ aberto ao público - lugar privado, mas aberto para visitação
■ exposto ao público - lugar privado, não aberto ao público,
mas exposto ao público
■ se for captado fazendo atos obscenos configura crime

Aula 10/05
● Crimes contra a Dignidade Sexual
○ Lenocílio - ato de aliciar alguém; atrair, induzir a prática de ato
sexual ou a prática de prostituição
○ mediação para satisfazer a lascívia de outrem - art 227
■ corrupção de menores - art 218
● a diferenciação é feita pois a corrupção está ligada a
pessoa incapaz de discernimento
■ a mediação para satisfazer a lascívia de outrem pode se
configurar de duas formas
● a prática do ato com essa pessoa
● ato que a induza
○ se a indução for bem sucedida, a pessoa que
realizou a indução se torna partícipe no estupro
de vulnerável
○ o crime do art 227 se torna subsidiário ao
estupro de vulnerável
■ não requer habitualidade, é possível praticar esse crime por
um ato só
■ pode ser que a indução não leve a efetiva prática de um ato
que importe a satisfação de terceiro, mas a sua consumação
exige satisfação
● o uso de meio idôneo para incitar alguém a satisfazer
esse crime configura crime tentado
■ via de regra é realizado mediante pagamento
● se cometido com fim de lucro também se aplica uma
multa
■ parágrafo segundo do artigo 227 se aproxima muito do art
218-A
● também configura lenocínio, mas como espectador
○ favorecimento da prostituição
■ art 228 - induzir a praticar o ato ou dificultar a saída
● prostituir-se, ou praticar ato sexual com tal pessoa,
não configura crime
● crime é se aproveitar ou favorecer da prostituição de
outra pessoa
● parágrafo primeiro - qualificador
○ omissões do art 13, parágrafo segundo
● art 218-B - quando envolve menor
■ art 229 - casa de prostituição
● crime habitual
■ art 230 - rufianismo
● tirar proveito da prostituição alheia participando,
dividindo lucros
● precisa da habitualidade
■ os artigos referentes ao tráfico de pessoas para a exploração
sexual foram extintos, se concentrando no art 149-A
○ Disposições Gerais
■ Capítulo VII
● art 234-A
○ inciso IV - dolo eventual
■ a vítima idosa ou deficiente é apenas em
caso que a modalidade não tem a
circunstância; caso contrário seria um bis
in idem
■ Capítulo IV
● art 225 - ação penal
○ foi definido em 2018 que passaria a ser ação
pública incondicionada
■ antes dependia da representação da
vítima - a exposição do caso já
estigmatizava a vítima, devendo ser dela
a decisão final
● art 226
○ inciso II - caso não tenha essa disposição do
tipo penal

Aula 11/05
● Crimes Contra a Incolumidade Pública
○ Crimes de Perigo em Comum
■ não atinge uma pessoa em particular; número indeterminado
de vítimas (diretas e indiretas)
■ o bem jurídico é a enfermidade pública
■ sociedade de risco - existem riscos tolerados e necessários,
decorrentes das melhorias nas condições de vidas da
sociedade
■ os crimes de perigo comum se distinguem dos crimes contra
a pessoa e o patrimônio pois tem como critério a
coletividade - indeterminação de quantas pessoas são ou
podem ser atingidas, ou terem seu bem jurídico violado pela
conduta do autor
■ dois elementos são levados em consideração
● coletividade, interesse público
● perigo generalizado que a conduta oferece para o alvo
e para a sociedade em geral
■ todos os perigos são produzidos pelo ser humano, com
efeitos dificilmente controláveis
■ perigo X dano
● crime de perigo independe do dano produzido,
depende simplesmente da exposição ao perigo
● o dano precisa do prejuízo
■ o dolo se configura com a simples noção do perigo que está
sendo ou será causado; é necessária a consciência do autor
■ tipos de perigo
● concreto - aquele que produz algo real/alteração na
realidade para o bem jurídico protegido; não basta
praticar a conduta, é necessário que ocorra a
exposição ao perigo
● abstrato - tipo de perigo presumido pela lei de forma
absoluta; o perigo é, necessariamente, o resultado de
determinadas condutas, se tornando irrelevante
comprovar ou não a existência do perigo
■ o crime se configura com a
● conduta em si
● exposição ao perigo
■ a conduta deve ser relevante, que gera um risco real
● se não for relevante pode acabar configurando crime
de dano
■ qualquer pessoa pode praticar tal crime, inclusive o
proprietário da coisa que for danificada
● o sujeito passivo é a coletividade
■ pode ser doloso ou culposo - a maioria tem a modalidade
culposa expressa no código
■ pode ocorrer por omissão ou por ação
■ a consumação é quando se efetiva a situação de perigo
■ admite-se a tentativa
■ dolo de perigo - a finalidade que o agente tem para a criação
do perigo é irrelevante, o que interessa é que tenha
conhecimento e vontade de produzir o perigo comum
■ maior punibilidade nos crimes quando são qualificados pelo
resultado - art 258
■ preterdoloso - independe do dolo ou da culpa, o resultado de
lesão corporal ou morte é um resultado não desejado pelo
autor, produzido por culpa
■ aumento de pena distinto para a prática dolosa e culposa

Aula 18/05
● Crime de Perigo Comum
○ art 258 - disposições gerais
■ por força do art 285 ele também é utilizado para os crimes
contra a saúde pública
● Crimes contra a Saúde Pública
○ também pensados com a função de proteger a sociedade como um
todo; oferece perigo a coletividade
○ Epidemia - art 267
■ o bem jurídico protegido é a incolumidade pública, com a
saúde como bem jurídico específico
■ coloca em risco um número indeterminado de pessoas -
presume-se o perigo de forma absoluta, não precisa
comprovar
■ o modo pelo qual se espalhar não importa; o importante é
que a epidemia foi causada pela propagação do germe
patogênico
■ o sujeito ativo pode ser qualquer um, até por omissão
● o sujeito passivo é a coletividade
■ a consumação se dá com a epidemia, com a situação
pandêmica comprovada
● o mero surgimento da doença não configura epidemia,
nem as pessoas deixarem de se vacinar
■ admite tentativa visto que a execução é uma multiplicidade
de ações
■ o parágrafo segundo traz a modalidade culposa
■ tipo subjetivo - existe o dolo específico de causar a
pandemia, a finalidade do agente deve ser causa para a
epidemia e sua propagação
● dolo específico que pode vir acompanhado do dolo
eventual
■ pode se dar por omissão imprópria (agente garantidor)
■ crime de perigo abstrato
■ o aumento de pena pelo resultado em morte do parágrafo
primeiro é um aumento doloso devido ao dolo específico (e
eventual)
○ Infração de Medida Sanitária Preventiva - art 268
■ crime de perigo abstrato - presume o período para toda a
população (entendimento majoritário)
● alguns dizem ser perigo concreto pois está infringindo
a norma (crime de dano)
● norma apenas em branco - a leitura do tipo fica
incompleta; é preciso saber a determinação do poder
público e qual a conduta que a infringe
■ o sujeito ativo será qualquer um
● aumento de pena para os agentes de saúde públicos
■ o tipo objetivo é o descumprimento da determinação,
destinada a impedir a doença contagiosa, do poder público
● os documentos devem dispor de ordens, comandos ou
proibições (sem recomendações, conselhos…)
■ se não tiver especificado a sua transitoriedade excepcional e
teve o ato revogado, também se exclui a ilicitude do fato em
benefício do réu de maneira retroativa
■ o dolo do agente está na vontade livre e consciente de
infringir a determinação
● não existe modalidade culposa
● mesmo sendo uma norma penal em branco é possível
reconhecer o dolo pois ele exige a vontade de praticar
a conduta, além do conhecimento da determinação do
poder público
○ forma qualificada em geral - art 285 e 258
○ Omissão de Notificação de Doença - art 269
■ crime próprio no que diz respeito ao sujeito ativo, é
necessariamente o médico
● surge uma questão em relação ao sigilo profissional do
médico
○ se constata a doença presume-se que ele fez um
exame adequado, que examinou o paciente com
cuidado e ética
○ se não examinou o paciente, não se aplica
■ configura exceção ao sigilo médico, criando um
comportamento obrigatório ao médico de notificar as
autoridades médicas
■ o sujeito passivo é a sociedade
■ bem jurídico é a incolumidade pública, configurada
enquanto saúde pública
■ o perigo é presumido pelo risco que existe em função da
determinada doença
■ norma penal em branco
■ crime formal que se dá por omissão
○ Envenenamento de Água Potável (…) - art 270
■ o bem jurídico é a saúde pública
■ o perigo é abstrato; presume-se o perigo
■ sujeito passivo na sociedade
■ possui modalidade culposa no seu parágrafo segundo

Aula 07/06
● Crimes contra a Saúde Pública
○ Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
○ Charlatanismo - art. 283
■ charla vem do espanhol - sentido de passar uma conversa em
alguém
■ era muito comum que houvessem indivíduos que pregassem
a existência de substâncias com efeitos curativos milagrosos,
abusando da boa fé das pessoas e as levando a abandonar os
tratamentos ortodoxos e colocar em risco sua saúde
■ inculcar - aconselhar ou sugerir
■ o anúncio pode ser feito por qualquer meio, sem exigência
de habitualidade
■ o crime se configura com o ato, não depende da crença por
parte da vítima; no entanto, se a pessoa que comete o crime
acredita na sua eficácia, não está cometendo crime
■ meio secreto - meio oculto, que não pode falar sobre
● maneira para que o charlatão não abra espaço para
questionamentos
○ Curandeirismo - art. 284
■ uma espécie de exercício ilegal da medicina, tanto que a
pena é idêntica
■ leva a discussão em relação a liberdade de consciência e de
crença
■ atualmente existe uma tendência de ampliação dos métodos
alternativos
● Crimes contra a Paz Pública
○ a paz pública é um bem jurídico que é praticamente residual; um
sentimento de tranquilidade da população em geral
■ a rigor, qualquer crime pode causar uma perturbação da paz
■ são os crimes que não necessariamente violam outros bens
jurídicos
○ Incitação ao crime - art. 286
■ exceção ao art. 31 CP - como …
■ hipótese onde a mera incitação, independentemente da
prática criminosa, constitui crime
■ para ser considerada pública deve ser em relação a uma
generalidade de pessoas
● é da publicidade que resulta a gravidade da conduta
● a incitação, quando privada, é mero ato preparatório
não punível
● o meio pelo qual se incita é irrelevante
● não é exigido que o ouvinte tenha culpabilidade,
apenas que seja um fato típico e ilícito
■ por muito tempo a incitação ficou no plano da participação,
agora configura-se a autoria
■ incitar - é provocar e criar impulsos criminais ou até
enfraquecer as “barreiras” que impedem alguém de cometer
um crime
■ é irrelevante se o crime possui ação penal é pública ou
privada
■ se o incitado efetivamente comete o crime, o incitador não
apenas responde pela autoria do art. 284, mas também como
partícipe do crime cometido
● não configura bis in idem pois o crime é um perigo
para a paz pública, atingindo muitas pessoas
■ em seu parágrafo único se fala da incitação ao estado de
animosidade
○ Apologia pública de crime ou criminoso - art. 287
■ ao fazer apologia se esta, por via indireta, incitando outras
pessoas a imitarem esse comportamento
■ apologia ao próprio fato criminoso - elogio em boca própria
é vitupério; alguns autores afirmam que pode levar à
perseguição política
■ deve-se ter cuidado para não criminalizar a simples opinião
■ a apologia não se trata da mera manifestação de
solidariedade, é preciso de fato enaltecer
● a apologia ao fato criminoso se refere sempre ao fato
determinado
■ alguns autores exigem que o processo do fato criminoso já
tenha transitado em julgado, enquanto outros acreditam que
basta a vontade de exaltar o possível autor
■ anistia - o crime desaparece, e com ele o autor e o fato
criminoso
■ essa apologia sempre é feita de forma genérica, mas, de
alguma maneira, está ligada ao crime elogiado
■ Bolsonaro e a apologia ao Ustra - houve anistia; no que se
diz respeito à imunidade, para o professor há sim imunidade
material no caso
○ Associação Criminosa - art. 288
■ crime necessário ou plurissubjetivo - precisa da pluralidade
de agentes para que se configure
■ requisitos
● reunião de três pessoas, no mínimo
○ se configura mesmo que uma ou mais sejam
imputáveis (ou não identificável)
○ há aumento de pena se envolver menor de idade
○ terceiros que não estão a par da associação, não
sabe dos objetivos mas ajuda de alguma forma
configura partícipe
● estabilidade ou permanência da associação
○ tratando-se de uma reunião pontual se trataria
de uma co-autoria, concurso de agentes…
○ precisa ter prazo indeterminado
○ diferença entre coautoria e autoria colateral
■ no segundo não há vínculo subjetivo
entre os autores
■ pesquisar sobre
● intuito de prática de um número indeterminado de
crimes
○ delito formal, se consuma independentemente
da prática de algum outro crime
○ basta que se tenha o intuito, o vínculo
■ o bem jurídico é a paz pública, o sentimento coletivo de
segurança da sociedade
● para o professor, é mais que a paz pública é o bem
jurídico dos crimes que a associação pratica
■ associar - manifestar acordo de vontades; não precisa ser
formalizado ou regulamentado
● não engloba contravenções
■ figuras especiais - prevalecem sobre o art. 288
● art. 8 da lei de crimes hediondos (8.072) - tipo
qualificado
● art. 35 da lei de drogas (lei 11.343) - prevalece até
sobre o tipo qualificado
● art. 2 da lei 2.899 (genocídio)
● art. 288-A do Código Penal - constituição de milícia
privada
● art 1 e 2 da lei 12.850 - organização criminosa
■ Consumação e Tentativa
● não é admitida a tentativa - antecipa a intervenção
penal em momento anterior a prática dos outros
delitos; com o acordo firmado o crime se consuma
● se trata de um crime permanente, logo enseja a prisão
dos agentes a qualquer momento, desde que a
associação esteja em vigor
● a prescrição ocorre somente quando cessar essa
permanência
■ sempre terá concurso material
● cumulação de qualificadoras e majorantes relativas ao
concurso de agentes com o delito de associação
criminosa é possível?
○ para Luiz Regis Prado não se trata de bis in
idem, isso porque o concurso de duas ou mais
pessoas não configura propriamente a
associação - teoria majoritariamente adotada
pela jurisprudência, incluindo tribunais
superiores (STJ HC 547945)
○ já para Luciano Anderson de Souza essa
cumulação não seria possível pois ambas
buscam conferir a maior reprovação da conduta
dos agentes por sua ação conjunta; se o objetivo
é punir a pluralidade, não se pode punir duas
vezes pelo mesmo fato
■ a ação penal será pública incondicionada
● parágrafo único
○ aumento de pena
■ aumenta-se até a metade
■ não tem percentual mínimo, mas a
doutrina o entende como ⅙, o menor
patamar do código penal
■ ⅙ até ½
○ associação armada
■ arma - instrumento utilizado para ataque
ou defesa
● natureza própria ou imprópria
● é preciso que os integrantes saibam
que pelo menos um deles está
armado; somente os que sabem
respondem pelo aumento - não há
responsabilidade objetiva no
direito penal
■ emprego da arma - divergência
doutrinária
● o professor Luciano Anderson de
Souza afirma que a lei não exige o
emprego a arma
● o professor Bittencourt acredita
que é preciso que a arma seja
utilizada para intimidar; se não se
caracterizar o porte ostensivo não
haverá maior reprovabilidade e
consequente aumento da pena
○ Organização Criminosa - art. 1 e 2 da 12.850
■ para se caracterizar precisa de, no mínimo, quatro pessoas
■ define-se pela
● estrutura complexa e ordenada - divisão de tarefas,
hierarquia, poderio econômico…
● objetivo de obter vantagem de qualquer natureza - a
corrente majoritária acredita ter que ter cunho
econômico
● deve praticar crimes cuja pena máxima é superior a
quatro anos ou possuir caráter transnacional
○ Constituição de Milícia Privada - art. 288-A
■ muitos doutrinadores criticam a falta de técnica na redação
desse tipo
● acabam por complementar os conceitos apresentados
buscando não só atingir a finalidade pretendida, mas
também o que se entende socialmente por milícia
■ o tipo não prevê quantidade mínima de agentes
● Luciano Anderson defende o mínimo de três,
considerando que dificilmente dar para se considerar
um grupo de dois
● Sanches Cunha entende que a milícia privada se trata
de um outro tipo de organização criminosa, então
precisa de no mínimo quatro
■ Conceitos doutrinários
● organização paramilitar - estrutura paralela que atua
da mesma forma e possui três características: (i)
hierarquia, (ii) disciplina e (iii) uso de armas
● milícia particular - uma organização estruturada que se
aproveita da deficiência do poder público na prestação
de serviços essenciais, assumindo essa obrigação na
sua região
● esquadrão - grupo de extermínio
■ discussão referente ao bis in idem - delito e causas de
aumento de homicídio (art. 121, parágrafo sexto) e lesão
corporal (art. 129, parágrafo sétimo)
● a posição majoritária defende a sua não aplicação
visto que os bens jurídicos são distintos

Aula 14/06 - tudo na aula acima

Aula 15/06
● Crimes contra a Fé Pública
○ o bem jurídico protegido é a fé pública, um conceito não muito
claro - se trata de uma situação de confiança geral de que certas
afirmações e documentos são válidos; para que tenha uma vida
econômica bem regulamentado deve-se ter fé de que o dinheiro
vale e é verdadeiro
○ requisitos
■ imitação minimamente crível
● a falsidade é a representação imitativa de uma
realidade
● se for uma falsificação grosseira configura crime
impossível pelo meio
■ possibilidade de dano
● falsidade inócua
● mesmo que muito bem feita, não é crime se ela não
gera algum tipo de perigo
■ dolo
● nenhum crime permite a punição por culpa
● o dolo exige que a pessoa possua ciência da falsidade
○ muitas das vezes se tratam de crimes meio, objetivando a prática de
outros delitos, sendo punidos somente se:
■ praticados por si mesmo e não como meio para a prática de
outro crime - caráter subsidiário
■ quando a falsidade é tão grave que pode lesar algo para além
do mero fim
○ DA MOEDA FALSA
■ Moeda Falsa - art. 289
● formas de falsificar, tanto contra moeda legal ou papel
moeda
○ fabricação
○ adulteração
● curso legal é o curso forçado, com as pessoas não
podendo se recusar a receber dinheiro (art 43 da lei de
contravenções penais); no Brasil se trata do Real
○ existem países com moedas de curso
costumeiro, não podendo incriminar a
falsificação do dólar
○ atualmente pode acusar por moeda nacional ou
estrangeira - cooperação internacional
● é punível mesmo que praticado fora do Brasil - art. 7
CP
● parágrafo primeiro - qualquer tipo de transação
envolvendo moeda falsa configura crime (engloba boa
fé/má fé)
○ ao receber de boa fé, percebendo somente
depois que se trata de moeda falsa e repassando
- constitui crime menos grave; parágrafo
segundo
○ ao falsificar e colocar em circulação só está se
praticando um crime, senão configura bis in
idem
● obs - a comprovação da boa ou má fé é de
responsabilidade do MP
● não existe princípio da insignificância da moeda falsa
- não se trata de uma questão meramente monetária,
mas sim de fé pública
● parágrafo terceiro - quando praticado por funcionário
público, possuidor do poder especial de fidúcia
○ inciso I - título da moeda (proporção da liga
metálica)
■ a ideia de que a moeda tinha valor em si
se tornou anacrônica
■ incriminava a falsificação dessa
proporção
○ inciso II - época em que o papel era como um
título de crédito perante o Banco do Brasil; ao
emitir mais papel acaba por diminuir o valor do
papel moeda
● parágrafo quarto - as duas condutas são necessárias
para configurar o tipo, podendo até ser em momentos
distintos
● se a falsificação da moeda ocorrer no mesmo contexto
temporal irá configurar um crime único; o objeto
falsificado é único pelo bem jurídico que está
vulnerável
■ Crimes assimilados ao de moeda falsa - art. 290
■ Petrechos para falsificação de moeda - art. 291
● simplesmente ter o maquinário
● antecipa a punição para facilitar a prova

Aula 22/06
● Crimes contra a Fé Pública
○ DA FALSIDADE DOCUMENTAL
■ o conceito de documento varia de acordo com o direito; no
direito penal se trata de um escrito com autor determinado e
relevância jurídica
■ a falsidade documental pode ser
● material - mais grave pois até os dias atuais persiste a
impressão de que um documento possui maior
presunção de veracidade
○ documento público - art. 297
■ parágrafo primeiro - funcionário público
■ parágrafo terceiro
● inciso I e II (III ?)- na realidade é
falsidade ideológica, foi erro do
legislador
○ documento particular - art. 298
● ideológica (art. 299) - referente ao conteúdo do
documento, da informação que ele presta
● uma dúvida que pode surgir em relação ao documento
é sobre a sua publicidade
○ público - emanado pela autoridade pública no
exercício de suas funções
○ privado - determinado por aquilo que não é
público, não equiparado aos públicos
○ alguns documentos particulares são equiparados
aos públicos - art. 297, parágrafo segundo
■ entidade paraestatal - antigamente
considerava-se autarquias e sociedade de
economia pública; as paraestatais, hoje
em dia, seriam aquelas do terceiro setor
■ título ao portador ou por endosso - maior
proteção ao cheque, que já circulou
bastante
■ ações de sociedade comercial -
antigamente os títulos eram todos
nominativos, atualmente, com os títulos
escriturais, não há tanta necessidade
■ testamento particular - documento central
na sucessão
● se tratam de crimes formais, o momento da
falsificação é o suficiente para consumar
■ Uso de documento falso - art. 304
● há uma clara relação de gravidade entre a produção e
o uso do documento
● muita das vezes é o crime que materializa
efetivamente a violação da fé pública
● se a pessoa falsificar e depois utilizar, só será punida
por um dos delitos
● crime autônomo
■ Supressão de documento - art. 305
● a rigor, se trata do furto de documento; furto realizado
para que não tenha registro, impedindo que haja prova
de certo fato juridicamente relevante (trânsito de
informações verdadeiras)
● um documento não possui valor econômico, então não
pode ser objeto de um furto; possui valor probatório
● só é possível com dolo, deve haver a intenção

Aula 28/06
● Crimes contra a Fé Pública
○ DAS OUTRAS FALSIDADES
■ Falsa identidade - Art. 307 e 308
● se passar por outra pessoa que não é ou criar cenários
que não são verdade, com fim de obter vantagem ou
causar prejuízo a outrem (a atribuição penal irá variar
dependendo do caso); não precisa ser uma identidade
real pré existente
○ além de proteger a fé pública, serve para
garantir uma segurança interpessoal
● diz respeito a
○ identidade física
○ estado e condição da pessoa
○ relações jurídicas públicas ou particulares
● crime subsidiário - normalmente é uma parte
elementar de outros crimes
○ alguns crimes comuns de absorção ou
elementaridade da falsa identidade são:
■ furto ou roubo mediante fraude
■ estelionato
■ posse sexual mediante fraude
○ o que distingue a falsa identidade é o dolo
específico do agente
● se não tiver a intenção de causar um dano a conduta
será atípica
● tipo objetivo X subjetivo
○ objetivo - o que está no tipo
■ crime comissivo
● não existe falsidade por omissão
■ pode se dar por qualquer forma
● a identidade vai ser todo um
conjunto, características próprias
de alguém (verbal, visual…)
○ funcionário público - art.
328 CP e art. 45 da lei de
contravenções penais; não
há majorante ou agravante
■ a conduta tem que ser praticado visando
uma vantagem ou dano a outrem
○ subjetivo - referente ao dolo
■ tem que ter o especial fim de agir, de
obter vantagem para si ou outrem, ou
causar dano
■ não basta meramente atribuir uma
identidade falsa, é sobre as intenções
● não existe a sua modalidade culposa, somente a dolosa
- necessita, obrigatoriamente, do dolo tratar da
obtenção de determinada vantagem
● momento da consumação
○ é muito difícil identificar o especial fim de agir,
assim como o dolo, então a consumação se dá a
partir do momento em que se atribui a
identidade falsa a pessoa
○ qualquer momento posterior é exaurimento do
crime, até mesmo a conquista da vantagem
inicialmente almejada
○ a tentativa é teoricamente possível, mas os
casos são escassos e difíceis, visto que o
momento consumptivo é a atribuição
● Art. 308 - se trata de um documento real, se fosse
falso ou adulterado iria configurar falsidade ideológica
○ tipo objetivo - usar ou ceder
■ quando cedendo o documento, para que
se configure o delito é necessário que o
cedente saiba que o outro irá se utilizar
do documento de forma a se passar por
outrem - há coautoria
○ tipo subjetivo
■ delito de dolo genérico
■ não há fim especial de agir
○ a consumação está no efetivo uso do documento
ou no ato de ceder, quando sabedor da intenção
○ a tentaria, em teoria, é possível
■ Adulteração de sinal identificador de veículo - art. 311
● a ideia é de punir quem altera a identificação,
principalmente em oficinas, para auxiliar na ocultação
do produto de um crime - tipificação autônoma,
mesmo que seja encontrada, geralmente, no concurso
de crimes
● bem jurídico - a fé pública é violada pois lesiona a
segurança da coletividade em saber que o veículo está
identificado de forma apropriada
● sujeito ativo - qualquer um, mas geralmente se trata de
uma pessoa com afinidade para tais coisas
● sujeito passivo - Estado e a pessoa lesionada
● tipo objetivo - adulterar; remarcar; suprimir
● a conduta do agente deve visar a ocultação enfeitiça
da identificação, sendo assim não há previsão de
cunho culposo, já que é exigida uma ação positiva
dolosa (genérica)
○ parte da doutrina acredita que pode ser
consumado por omissão, tratando-se de pessoa
cuja função seja identificar esse delito
● a consumação do ato é através da efetiva adulteração
da identificação do veículo, sendo admitida a tentativa
● parágrafo primeiro - majorante para funcionário
público
● parágrafo segundo - série de equiparações
● parágrafo terceiro e quarto - qualificadora

Aula 29/06
● Crimes contra a Fé Pública
○ DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
■ Fraudes em certames de interesse público - art. 331-A
● certa espécie de fraude cometida durante um
concurso/processo seletivo ou evento público; o tipo
não abarca toda e qualquer fraude
○ o conteúdo sigiloso pode ser de diversos tipos
○ as finalidades não são apenas de beneficiar-se,
mas também para comprometer a credibilidade
● se enquadra no direito penal “simbólico” - uso do
direito penal para dar uma resposta rápida e pouco
refletida a algo que midiaticamente é visto como um
problema
● antigamente, o STF entendia não haver tipicidade
● cola eletrônica - inquérito do STF n° 1045 (?)
● análise do art. 331-A
○ utilizar - não exige que o uso seja durante o
certame, pode ser antes
○ divulgar - foi mal aplicado; em diversos outros
tipos é utilizado para a revelação praticada para
uma quantidade indeterminada de pessoas, não
para poucas pessoas
■ deveria ter utilizado o verbo revelar
● um professor da USP defende que
mesmo que a revelação seja para
uma única pessoa pôde-se aplicar
esse crime
● já para o Fragoso não, acredita que
devemos manter a coerência
interpretativa do código, por mais
que devesse ser “revelar” no tipo
○ indevidamente - existem momentos onde é
devido
○ parágrafo primeiro - seria a incriminação dos
atos preparatórios
○ parágrafo segundo - se dessa ação ou omissão
ocorre algum dano para a Administração
Pública
○ parágrafo terceiro - aumento de pena no caso de
funcionários públicos, possuidor de deveres de
fidelidade, além da própria dignidade da função
pública
● Crimes contra a Administração Pública
○ Peculato - art. 312
■ o que se busca aqui é preservar o patrimônio público e o
interesse patrimonial do Estado que é atingido caso algum
móvel, valor ou dinheiro, enquanto na posse do funcionário
público, é apropriado ou desviado
● apropriar - atuar como se proprietário fosse
● desviar - não tem a posse de início, mas consegui
chegar à coisa e desviar-la
■ sujeito ativo é o funcionário público
● o particular pratica peculato desde que atue em
conjunto com o funcionário público; deve ser
elementar ao crime
■ sujeito passivo é o Estado, mas, caso os bens forem
particulares, o peculato vitimiza também o dono do bem
■ parágrafo primeiro - facilitação devido ao cargo
■ parágrafo segundo - concorre culposamente se ajuda por
erro, agindo de forma negligente
■ parágrafo terceiro - se houver reparação do dano no caso do
peculato culposo (não existe participação culposa tipificada)
■ Inserção de dados falsos em sistema de informações - art.
331-A
● crime próprio do funcionário, tendo esse que ser
autorizado
● não exige o efetivo prejuízo
○ Funcionário público - art. 327
■ parágrafo primeiro
● primeira parte - paraestatal, ou seja, o terceiro setor
● segunda parte
○ empresa contratada - com interesses
contrapostos entre, nesse caso, o autor e a
vítima
○ empresa conveniada - há interesses
convergentes
Aula 05/07
● Crimes contra a Fé Pública
○ Crimes de corrupção
■ a essência da corrupção é o aproveitamento particular da
função pública, estabelecendo uma indistinção entre a
função e a vida particular; é, em suma, a emergência do
momento
● a nossa lei não faz uma diferenciação de acordo com a
gravidade da corrupção, só diferencia o tipo de ato que
realizado pelo corrupto
● ademais, a lei também não diferencia a gravidade da
corrupção pelo seu autor como, por exemplo, o
Presidente da República e um funcionário público de
baixo escalão
■ existe somente na modalidade dolosa - deve ter a consciência
e vontade de ter a vantagem ilícita
■ Tipos de Corrupção - pode haver a combinação
● Corrupção ativa X passiva
○ corrupção ativa - art. 333
○ corrupção passiva - art. 317
■ crítica - dá a impressão de que a conduta
do funcionário público é menos grave do
que a do particular; além disso, dá a
entender que o funcionário pratica o
crime ao ficar passivo em relação a
situação, mas na verdade o tipo objetivo
exige uma conduta ativa do funcionário
○ pode ser unilateral
● Corrupção própria X imprópria
○ corrupção própria
■ pode ser tanto ativa quanto passiva
■ aquela em que o que está sendo vendido é
um ato violador do dever funcional - por
exemplo, comprar uma licença que não
poderia ser concedida
○ corrupção imprópria
■ pode ser passiva ou ativa
■ modalidade em que o particular ou
funcionário público realiza uma transação
para obter uma vantagem em uma
situação em que não há
■ viola o dever de tratamento igualitário as
pessoas e o dever de fazer aquilo sem
receber dinheiro
● Corrupção antecedente X subsequente
○ corrupção antecedente - aquela em que o
pagamento é realizado antes mesmo do ato de
ofício que se quer obter
○ corrupção subsequente - não existia uma
promessa prévia de pagamento, faz sem esperar
nada e acaba por receber uma gratificação
■ A lei pune
● de forma integral na corrupção passiva
● quando se configura a corrupção ativa não existe
punição para a imprópria subsequente - a redação do
tipo dá a entender que o ato do particular tem que ser
anterior ao ato de ofício (o primeiro deve prometer e
depois o funcionário realizar)
○ é uma conduta arriscada pois o funcionário
público comete crime caso aceite, e dificilmente
consegue comprovar que não ofereceu antes
■ Súmula 599 do STJ - não pode se aplicar o princípio da
insignificância pois o que está em jogo é a integridade e ética
da administração pública e de seu funcionário
● criada a partir do crime de peculato
■ Corrupção Passiva - Art. 317
● solicitar ou receber - a mera solicitação e o
recebimento configuram crime
○ solicitar hoje e receber amanhã - não configura
crime continuado, seria um crime único
● aceitar a promessa de tal vantagem - a promessa é uma
jura de um ato futuro, pratica o crime mesmo que não
fique com a vantagem para si
● direta ou indiretamente - pode receber por si mesmo
ou pode usar de outra pessoa (intermediário)
○ corrupção passiva indireta e lavagem de
dinheiro - ???
● parágrafo segundo - exceção
○ hipótese onde o funcionário não
necessariamente obtém uma vantagem
○ corrupção própria (infração do dever funcional)
- considerada menos grave
■ Obs - Corrupção Passiva (art. 317)
● se aproxima muito da compulsão (art. 316) - consiste
em, sendo funcionário público, exigir uma vantagem
para prestar serviço que deve prestar como
consequência do cargo que possui
● no entanto, a diferença prática entre exigir e pedir é
muito tênue, meramente gradativa
○ essa diferenciação deveria ter outros critérios
como, por exemplo, se houve convergência de
interesses (o que resultaria na corrupção)
■ A grande discussão que se tem tido é referente a punição do
funcionário público quando comete corrupção passiva - a
necessidade de individualizar o ato de ofício que está sendo
comprado dele
● o art. 317 não fala em ato de ofício, somente “em
razão da função”
● durante muito tempo o STF pediu pela identificação
clara desse ato, mas com o passar do tempo foi-se
diminuindo essa exigência, sendo necessária somente
a prova indiciária
○ o ônus probatório, sem essa especificação, se
torna mais pesado
● para o professor, embora o caput não fale em ato de
ofício, não tem como fugir da necessidade de mínima
clareza dessa vinculação
○ ademais, os parágrafos do artigo falam em ato
de ofício
■ Há uma grande dificuldade no combate à corrupção
● ganância humana é ilimitada e as pessoas querem
obter vantagem em virtude do ofício que possuem, em
detrimento da sua relação com o poder público
● questão histórica - não houver, por muito tempo, a
diferenciação entre o patrimônio do soberano e o
patrimônio público, confundindo, portanto, o público
e o privado (em pleno estado patrimonialista)

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