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Nevralgia do trigêmeo

NEVRALGIA DO
TRIGÊMIO
A Classificação Internacional das Cefaleias: é o resultado de
um esforço grandioso para elaborar um sistema taxonômico das diferentes
condições que ocorrem com cefaleia, estando nela catalogadas mais de
200 condições mórbidas em sua segunda edição (International Headache
Classification [ICHD-II], 2004).(1)

De maneira simplificada, pode-se dividir as cefaleias


em três grupos:

1) Cefaleias primárias: condições cujos mecanismos


são eminentemente neuroquímicos;
2) Cefaleias secundárias ou "atribuídas a": quando
há um mecanismo bem determinado passível de
provocá-la, como cefaleia atribuída à meningite bacteriana;
3) Neuralgias cranianas.
Geralmente se inicia na
segunda ou terceira
divisões do nervo trigêmeo
Em <5% dos pacientes a
primeira divisão é afetada
A dor nunca atravessa o
outro lado da face
A dor é intensa e paroxística, instala-se e
desaparece subitamente e tem curta
duração –fração de segundo a dois minutos.
Reaparece em intervalos variados. Cada
surto pode ter a duração de dias, semanas
ou meses.
Pode ser deflagrada por estímulos táteis ou
proprioceptivos , não dolorosos aplicados a certas
regiões da face ou outras regiões do corpo – zonas de
gatilho.

Zonas de gatilho - regiões de excitabilidade aumentada, onde


estímulos táteis ou proprioceptivos de fraca intensidade, mas não
dolorosos , térmicos ou pressóricos profundos desencadeiam a
dor intensa.
Estão presentes em mais de 50 % dos casos. Os receptores de
adaptação rápida presentes nas zonas de gatilho são responsáveis
pelo desencadeamento da crise.
A presença de zona de gatilho na hemiface oposta significa que a
dor contralateral deverá surgir no futuro.
Entre os paroxismos o paciente costuma
permanecer assintomático, mas em casos de
longa duração pode persistir uma dor de fundo
em peso.
Após um paroxismo de dor ,
geralmente, há um período de
refratariedade, no qual a dor não
pode ser provocada.
A ocorrência do período refratário é
característico da neuralgia do
trigêmeo e não esta presente nas
neuropatias periféricas essenciais ou
sintomáticas
Em alguns casos, os paroxismos podem ser
desencadeados por estímulos
somatossensitivos fora da área trigeminal,
como nos membros, ou por outro estímulo
sensorial como luzes brilhantes, sons altos
e pelo paladar.

A dor frequentemente provoca espasmos


dos músculos da face do lado afetado
(tique doloroso).
A frequência costuma ser fixa ou varia de modo
padronizado.

Manifesta-se como sensações de sucessivas pontadas,


facadas, queimor, choques elétricos, relâmpagos ou
penetração de calor de forte intensidade na face.

Costuma iniciar-se em um ponto e difundir-se


seguindo trajeto constante, comumente linear, e
sempre na mesma direção.
A dor é frequentemente desencadeada por estímulos
triviais como lavar-se, barbear-se, fumar, comer, escovar
os dentes, ou pode ocorrer espontaneamente

Mais de um ramo pode ser acometido sendo mais


comum a associação do segundo e terceiro
Primeiro ramo -1,5%
Nervo Maxilar 25,9%
Nervo mandibular – 31,9%
Gusmaan, Magaldi and Arantes (2003)
A dor pode permanecer no mesmo local durante
meses ou anos ou deslocar-se para outro local na
mesma zona; raramente desloca-se para outra zona
Em algumas circunstâncias, a dor irradia-se para fora
da área de distribuição do nervo trigêmeo

Fenômenos neurovegetativos – podem acompanhar a


manifestação álgica (lacrimejamento, rinorréia,
salivação, etc.)

Raramente - síndrome de Claude Bernard- Horner


transitória
sensação da diminuição da potência
funcional da musculatura mastigatória
Quando muito intensas

Doentes aterrorizados e quietos


Mantem a face imóvel ou
movem delicadamente os lábios
e a mandíbula.
Apontam para o local da dor sem
tocar a face temendo provocar
ou piorar a crise álgica.
Barba deixa de ser cuidada
Higiene da face deixa de ser
realizada
Doentes muito ansiosos demostram sua agonia
atirando-se ao solo, gritando ou esfregando
intensamente regiões da face a ponto de provocar
queda dos pelos e tornar o tegumento calejado.

Outras mais contidos param de conversar, esfregam


a área de dor, fazem poucos movimentos
mastigatórios

Muitas vezes ao primeiro sinal de crise o doente


torna-se alerta e em estado de ansiedade intensa.
Fatores de alivio são raros
Não há duração padronizada para a crise – varia de
frações de segundos a cinco minutos na maioria das
vezes e raramente passam de 10 min.

A frequência das crises é variada – muitas vezes há


paroxismo isolado seguido por remissão de muitos
anos. Muitas vezes os paroxismos, inicialmente
intensos, melhoram alguns anos após.

Com o passar do tempo, os paroxismos prolongam-se


e os intervalos de acalmia encurtam-se
Lado direito é mais acometido (60%)

Geralmente manifesta –se entre a sexta e


oitava décadas de vida. Poucos casos abaixo dos
30 anos e é rara na infância
Casos familiares – 2,6 a 6%

4 a 5 casos novos por cada 100.000 habitantes


Pequeno predomínio no sexo feminino
Neuralgia do trigêmeo
13.1.1 NEURALGIA CLÁSSICA DO TRIGÊMIO
DESCRIÇÃO

Transtorno unilateral
Dores de curta duração assemelhando-se a choques elétricos
Início e término abruptos
Se limitam a uma ou mais divisões do nervo trigêmeo
Desencadeada por estímulos triviais – lavar-se, barbear-se,
fumar, falar, escovar os dentes
Costumam se remitir por períodos variáveis de tempo
Critérios diagnósticos

A. crises paroxísticas de dor que duram de uma fração de


segundo a dois minutos, afetando uma ou mais divisões do
nervo trigêmeo e preenchendo os critérios de B e C
B. A dor tem pelo menos uma das seguintes características
1. intensa, aguda, superficial ou em pontada
2. desencadeada por fatores ou áreas de gatilho
C. Crises estereotipadas para cada paciente
D. Sem evidência clínica de déficit neurológico
E. Não atribuída a outro distúrbio
TRATAMENTO
Carbamazepina – melhora inicial de 40 a 100%, que se
mantém em 81% dos casos durante seis meses ou mais, e em
mais 7 a 10% quando associados a difenilhidantoina
Difenilhidantoina – melhora inicial em 54 a 70%
Também podem ser utilizados – topiramato, lamotrigina e a
gabapentina
Clonazepam – alivio em 22 a 23,3% mesmo quando a dor é
resistente a carbamazepina
Baclofeno isoladamente ou associado a carbamazepina é
eficaz
Outros – lidocaína parenteral, propranolol, antidepressivos
tricíclicos, neurolépticos (pimozida) ou com aplicação tópica
de depletores de substância P (capsaicina) ou de anestésicos
locais (ENLA).
13.1.2 NEURALGIA TRIGEMINAL SINTOMÁTICA

DESCRIÇÃO
DOR INDISTINGUIVEL DA 13.1.1, MAS CAUSADA POR
LESÃO ESTRUTURAL DEMONSTRÁVEL, QUE NÃO A
COMPRESSÃO VASCULAR

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
A,B e C – iguais
D – uma lesão causal, que não a compressão
vascular, deve ser demostrada por investigação
apropriada e/ou exploração da fossa posterior

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