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DEnsM - DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA E TECNOLOGIA EDUCACIONAL

CURSO ESPECIAL DE METODOLOGIA DIDÁTICA [C-ESP-DIDÁTICA – 2019]


FUNDAMENTOS DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
UNIDADE 3 - FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM
AULA 2

FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM

Ol@! Aluno (a),

Abordaremos nesta aula dois atributos mentais muito importantes para que a
aprendizagem se efetue: memória e inteligência. Boa Aula!

Objetivo da aprendizagem:

Identificar os processos de armazenagem de informações.

INTRODUÇÃO

Você já passou pela situação de preparar uma aula achando que os alunos iam
aprender o conteúdo de forma rápida e eficaz, mas, ao final, deparou-se com uma turma
cheia de dúvidas, que não conseguiu atingir a explicação, ou que o silêncio da aula refletiu
no resultado de baixo desempenho na avaliação? Ou então, você, como aluno, entrou em
sala de aula e o professor do dia parecia falar Grego em vez de Português? As tarefas de
casa pareciam intergaláticas?
Situações como essas ocorrem diariamente com muitos alunos. Isso ocorre porque a
aprendizagem precisa tornar-se significativa, e isso depende, muitas vezes, de o professor
conseguir criar uma relação entre as experiências que os alunos já tiveram com o novo
assunto. Entretanto, esse conhecimento prévio só consegue ser recuperado quando está
consolidado na memória. Por essa razão, hoje abordaremos assuntos como memória e
inteligência, a fim de que consigamos ajudar nossos alunos a aprenderem de forma eficaz.

2.1 Memória

Que tal abrirmos agora a caixa das lembranças por alguns segundos? Reflita: Qual é o
sabor que mais marca sua infância? Qual é o cheiro que te traz mais felicidade? Quem foi a
professora que mais marcou a sua vida escolar? Etimologicamente, o termo memória
tem sua origem no latim e significa a
Ao pensar nas perguntas feitas, com certeza você “faculdade de reter e/ou readquirir
deve ter voltado ao passado e relembrado muitas ideias, imagens e conhecimento”. É o
registro de experiências, fatos vividos
experiências, não é mesmo? Todas essas lembranças e observados, podendo ser
resgatados quando preciso for.
ficam retidas na memória.

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AULA 2

A memória é um dos elementos essenciais para a aprendizagem. Sem memória não


existe aprendizagem. Esse componente cerebral ajuda o ser humano a reconhecer
situações, evitar experiências desagradáveis, repetir experiências prazerosas, prever
situações, avaliar casos, entre outros. Diariamente, aprendemos algo, e toda a
aprendizagem só ocorre quando conseguimos formar conexões neurais.
Essas conexões ocorrem quando há comunicação entre neurônios por meio de
neurotransmissores e sinapses (aula 1). Quanto mais conexões neurais, mais memórias são
formadas. E cada conexão reforçada torna a fixação mais efetiva.

A formação da memória passa por três estágios:

Como você pode perceber,


para que ocorra o processo de
memorização, são necessárias
sofisticadas reações químicas.
Nessas reações, células
cerebrais (neurônios) se
comunicam e contribuem para a
atividade mental.
Nos últimos 20 anos, a
neurociência avançou muito nas
descobertas sobre o
funcionamento do cérebro.
Atualmente, é possível analisar
a captação de informações,
transformando-as em estímulos
em conhecimento, as células nervosas quando são requisitadas, o resgate do conteúdo
aprendido na memória, entre outras análises.
Estão provadas, por exemplo, as vantagens de se estabelecer ligações com o
conhecimento prévio do aluno ao introduzir um novo assunto. O cérebro responde de forma
positiva a este fato, ajudando a fixar não somente fatos, mas também conceitos e
procedimentos.
A memória, portanto, envolve complexos mecanismos que abrangem desde o arquivo
até a recuperação de experiências, estando intimamente associada à aprendizagem, que é a
habilidade em mudarmos o nosso comportamento a partir das experiências armazenadas .

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De forma resumida, é assim que acontece:

“Quando assiste aula, o aluno recebe informações de todo tipo, tanto visuais como auditivas. Elas se
transformam em estímulos para o cérebro e circulam pelo córtex cerebral antes de serem arquivadas ou
descartadas. Sempre que encontram um arquivo já formado arrumam um “gancho” para seu
armazenamento, fazendo com que, no futuro, sejam resgatadas mais facilmente. É como se um recém-chegado
fosse morar em uma nova casa, mas em uma rua já conhecida. Quando essa informação é resgatada da memória,
trilha os mais variados caminhos. Se eles já tiverem sido percorridos anteriormente, a recuperação de
conhecimentos será simples e rápida.”

Extraído do texto: “É assim que se aprende”- Revista Nova Escola jan/fev- 2005

2.2 Sem memória não há aprendizagem


“Se o aluno não aprende um conteúdo é porque não encontrou nenhuma referência nos
arquivos já formados para abrigar a nova informação e, com isso, a aprendizagem não
ocorre. Não adianta insistir no mesmo tipo de explicação. Cabe ao professor oferecer outras
conexões”.
Extraído do texto: “Lembre-se: sem memória não há aprendizagem” – Revista Nova Escola jun/jul-2003

A memória pode ser classificada pela duranção e pelo conteúdo. Veja os esquemas
abaixo:
Memória sensorial ou ultrarrápida
Imagine a seguinte situação. Quando solicitamos que nossos alunos leiam um
texto, ele não consegue gravar todas as palavras lidas da mesma forma como
está escrito. Isso ocorre porque nessa memória a informação permanece por
Duração frações de segundos. E esse esquecimento é necessário para que seja dado
espaço para receber novas informações.

Memória de curto prazo


Pegando ainda o exemplo do aluno, a memória de curto prazo extrai as ideias
principais do texto. Essa informação dura tempo suficiente para ser utilizada
na sala de aula. Ela só irá se fixar caso o professor faça exercícios e
discussões que tragam significado para o aluno e ele faça associações.

Memória de longo prazo


Nesse momento, o alundo, fez a leitura, respondeu a exercícios, participou de
discussões com seus colegas. Ao final de todas as tarefas eles conseguiu
reter bem a informação e consolidá-la na memória de longo prazo. Essa
consolidação ocorre graças aos estímulos dados e a criação de sinapses.

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Episódica ou autobiográfica
Armazena experiências como: um
aniversário inesquecível, o primeiro
beijo, uma aula especial, em que algo
inusitado tenha acontecido. Envolve
eventos datados, isto é, relacionados ao
tempo.

Semântica
A mais importante durante o
Memória Declarativa
aprendizado. Arquiva os conhecimentos
(consciente e explícita)
gerais, como significado de palavras e
É a memória para fatos ou eventos.
conceitos atemporais. Não há
Reúne tudo o que podemos evocar
localização no tempo nem ligação com
por meio de palavras.
outra ação. Ex. A capital da França é
Conteúdo Paris.

Memória de Procedimentos

É composta pelas habilidades motoras ou


Não-declarativa (Implícita) sensoriais. Muitas vezes, pela observação e
Evoca habilidades, dicas de pelo treinamento, esses conhecimentos são
palavras, objetos, associações, a
aprendizagem baseada em não- arquivados de maneira implícita, sem que
associações e as aprendidas de haja consciência do aprendizado.
modo mecânico..
Ex. Movimentos para tocar um
instrumento, andar de bicicleta.

Curiosidade: Você já teve a impressão de ter a certeza de ter vivido algo que não lembra que seja
real? Essas podem ser as “falsas memórias”. Por vezes nosso cérebro estabelece memórias que são
falsas na sua origem. Isso acontece porque um evento é interpretado de maneira errada. Por exemplo,
se esperamos ver uma coisa em especial, algo parecido pode ser confundido com isso. A memória será
do que se pensou estar ali, e não do que de fato esteve. As falsas memórias também podem ser criadas
durante o que parece ser uma recordação. Se uma pessoa é convencida de que alguma coisa aconteceu
com ela, pode reformular o evento a partir de esboços de outras memórias e então vivenciá-lo como se
fosse uma recordação real.

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E você, está preparado para testar sua memória?


DESAFIO 1

Quem não pagou a entrada?

Quatro amigos foram ao teatro e um deles entrou sem pagar. O gerente quis descobrir
quem foi e questionou a cada um deles, obtendo as seguintes respostas:

Eu não fui, Foi o Fabio, O Arnaldo não


disse Lucas. disse Manoel. Foi o Manoel, tem razão,
disse Arnaldo. disse Fabio.

Só um deles mentiu. Quem não pagou o ingresso?

DESAFIO 2

Gostou do desafio? Acesse a página


do curso e confira outros desafios e
dicas que estimulam a atividade dos
neurônios, ajudando a manter seu
cérebro turbinado!

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Vários experimentos comprovam que a evocação é mais difícil que o


reconhecimento; afinal ela exige uma busca mental maior, enquanto o reconhecimento
exige apenas uma simples escolha.

Se eu pergunto ao aluno: Quem descobriu o Brasil? Estou exigindo dele uma busca mental de vultos
da História do Brasil. Se pelo contrário, escrevo o nome de alguns vultos para que seja assinalado o nome
do descobridor do Brasil, o trabalho do aluno será unicamente de reconhecimento, uma vez que o enunciado já
apresenta a evocação. Pense nisso quando for elaborar exercícios e provas.

Você sabia que existem uma série de truques conhecidos como


artifícios mnemônicos que podem ser criados para dar mais sentido
ao material e muitos estudantes fazem uso deles.

A comparação das convenções matemáticas > e < com os números 7 e 4,


respectivamente.

2.3 Explicações para o esquecimento

Aprendizagem e memória são o suporte para todo o nosso conhecimento e habilidades,


fazendo-nos considerar o passado, situarmos no presente e prevermos o futuro.
Na aprendizagem, o processo de esquecimento é muito importante, pois deixa o
caminho livre para que as informações e conteúdos fundamentais sejam arquivados. O
cérebro joga fora detalhes que não são relevantes, e armazena conhecimentos importantes
e significativos. Quando conectado com outras informações correlatas, formam-se novos
arquivos.
Entretanto, não constitui esquecimento tudo aquilo que, embora não ocupando nossa
atenção no momento, pode ser recuperado com relativa facilidade. O que de fato foi
aprendido nunca chega a desaparecer totalmente, isto é, o que consegue consolidar-se na
memória de longo prazo, não é descartado jamais. Pode ficar esquecido e nos frustrar no
momento em que precisamos da informação, mas não desaparece. Um dia qualquer,
mediante alguma associação que fazemos, ou mesmo aparentemente de modo espontâneo,
a lembrança tão antiga nos surpreende.

Já assistiu ao filme “Divertidamente”? Se ainda não teve essa oportunidade, esse é o


momento. Perceba como é explicada a questão do esquecimento e das memórias de uma
forma lúdica.

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Falhas na memória podem resultar de duas causas, inicialmente:

Distração Falhas de Registro

Trata-se do estágio em Essas falhas ocorrem no


que a pessoa não está momento em que se está
atenta ao que está sendo registrada a
aprendendo. A leitura de informação.
um livro, por exemplo,
sem atenção faz com que Uma solução é aguçar as
nenhuma informação seja experiências sensoriais.
gravada. Quanto mais nítidas são as
suas impressões em
Uma forma de resolver é relação ao que vê, ouve,
sempre concentrar a cheira, prova ou toca, mais
atenção para a tarefa que fácil fica estabelecer uma
está sendo executada. lembrança vívida e fácil de
recordar.

Podemos apontar, ainda, como fatores responsáveis pelo fenômeno do esquecimento:

1 – fragilidade da aprendizagem – estudo insuficiente pode ocasionar fragilidade da


aprendizagem. A informação consegue chegar à memória de longo prazo, mas não tarda a começar
a enfraquecer. Para evitar isso, recomenda-se fazer exercícios de repetição e recordação durante o
estudo.
2 – alteração sofrida pela informação – se para fixar utilizamos determinado caminho, para
evocar teremos de recorrer ao mesmo caminho. A regra para organização das informações deve ser
a mesma para encontrá-la. Por isso, recomenda-se trabalhar em aula as informações de formas
diferentes, o que aumenta as possibilidades de evocação.
3 – desuso da informação – de modo mais simples seria a falta de utilização. Supõe-se uma
aprendizagem bem estabelecida de início, que se desfaz pela falta de uso.

Diferentemente do esquecimento que ocorre Quando aprendemos algo


que associamos a
diariamente em nossas vidas, existem doenças no cérebro
experiências anteriores ou
que causam séria perda de memória e interferem na
que despertou interesse
capacidade de aprender. Aqui, não falaremos de tais através de outros estímulos,
doenças e nem de seus efeitos ou mesmo do aquele conteúdo fica
associado a fatores
envelhecimento mental.
emocionais permitindo que
seja “guardado” na memória
Entre os fatores que favorecem o armazenamento e o
por longo período. Dessa
acesso a determinados conhecimentos, podemos citar os
forma, essa associação
seguintes: conhecimento prévio, experiências anteriores, funcionará como uma ponte
revisão e intenção de memorizar. para o resgate deste
assunto.

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Uma vez que somos criaturas visuais com base na organização do nosso cérebro (o número de feixes de
fibras que transmitem informações visuais dentro do cérebro supera em muito o número de feixes de
fibras que transmitem qualquer outra forma de informações sensoriais), aumentamos nossas chances de
lembrar de algo convertendo-o num formato visual. Pense nisso quando for planejar suas aulas!

O esquecimento pode ocorrer, também, por razões emocionais. É sem dúvida mais fácil
memorizar aquilo de que gostamos. Consequentemente esquecemos aquilo que nos
desagrada. Neste sentido, afirma-se que o esquecimento é seletivo. Informações geradoras
de ansiedade são naturalmente esquecidas.

O estado emocional provoca ainda “brancos”. A tensão derivada de uma excessiva preocupação em não
esquecer acaba levando ao esquecimento. É questão bastante conhecida e admitida por todos que uma
relativa tranquilidade se torna necessária para alguém poder demonstrar que aprendeu algo. Por exemplo,
o fato de saber que vai ser examinado influi na disposição mental para a memorização. Uma coisa é ler sem
compromisso, apenas para se deleitar, outra coisa é ler para fazer uma prova e predisposto mentalmente a fixar.

2.4 Inteligência

Quando dizemos que um determinado aluno é inteligente, o que o torna diferente dos
demais? Inteligência é um termo genérico que engloba processos como reconhecimento,
resolução de problemas, compreensão, raciocínio, retenção de informações, aplicação de
informações conhecidas a situações novas, produção de ideias, colocação de metas para a
ação e muito mais. Portanto, a inteligência está relacionada a tudo aquilo que possibilita ao
indivíduo agir e aprender.
Segundo Piaget, enquanto a motivação é a energética do comportamento, a
inteligência é a sua estratégia. Os fatores biológicos atuam, e muito, na determinação do
modo como a inteligência funciona. Nenhum comportamento, nem mesmo quando é novo
para o indivíduo, constitui um início absoluto. Ao contrário, está sempre apoiado em
esquemas anteriores que permitem a assimilação de novos elementos.
Os fatores biológicos estão presentes tanto na determinação de diferenças individuais
no grau da inteligência, quanto nas diferenças na qualidade do raciocínio.

A INTELIGÊNCIA É HERDADA? - Novas descobertas levaram especialistas a acreditarem que o efeito


dos genes na inteligência corresponde por apenas 36% de alteração na capacidade cognitiva, com
diferenças ambientais perfazendo os restantes 64%. Isso mostra que é possível estimular a inteligência, se
houver esforço com esse objetivo. Então, embora os genes desempenhem seu papel em determinar a inteligência,
fatores como contexto sociocultural e estilo de vida do indivíduo desempenham papel ainda mais importante. Em
outras palavras, nosso funcionamento cognitivo pode ser amplamente modificado. A genética pode influenciar
pontos específicos do aprendizado, por exemplo, em cada pessoa a estrutura, ou o funcionamento de moléculas
que participam do aprendizado, mas na maior parte dos casos elas são apenas variações, elas não impossibilitam o
aprendizado. Oportunidades, prática e motivação são muito mais determinantes das nossas capacidades.

As pessoas diferem quanto à inteligência e essa diferença pode ser quantitativa ou


qualitativa. Há testes que medem as diferenças quantitativas dos fatores integrantes do
complexo intelectual de cada pessoa. As diferenças individuais podem ser quantificadas se

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usarmos os testes padronizados de inteligência, sendo o mais famoso criado pelo psicólogo
Binet (1857-1911), com o auxílio do médico Simon, por volta do início do século XX. O
conceito de Quociente Intelectual (QI) deriva deste tipo de teste e baseia-se em uma
série de questões para, em tese, medir a capacidade mental do indivíduo.
No entanto, Howard Gardner diz que testes como o de QI avaliam apenas a
inteligência linguística e a lógico-matemática. Tais inteligências são consideradas mais
importantes, pois saber interpretar e calcular seria, para a sociedade, o necessário para
considerar uma pessoa inteligente. O autor discorda dessa premissa no momento em que
define que o ser humano é dotado de oito inteligências: linguística, lógico-matemática,
musical, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal, interpessoal e naturalista.
Para compreender a questão das habilidades, Gardner inicia a discussão definindo
inteligência como “a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam
valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários.” Além disso, o autor inicia
sua investigação a partir de duas suposições: uma diz que nem todos aprendem da mesma
maneira, e que as pessoas têm interesses também distintos; a outra diz que, por mais que
as pessoas queiram aprender sobre tudo, esse ideal não é possível e acaba por ter que fazer
escolhas.

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VAMOS TESTAR OS SEUS CONHECIMENTOS!

Preencha corretamente as lacunas abaixo com as palavras do quadro


e em seguida complete as Palavras-Cruzadas:

Esquecimento – longo – episódica – fixação –


curto – aprendizagem – sinapses - semântica

1) A memória episódica envolve eventos datados enquanto a memória


semântica não há localização no tempo.
2) Na formação da memória, na fase de fixação é importante que, além
de adequada aquisição, ocorra um bom trabalho de repetição para que o
conteúdo possa ser evocado de forma eficiente.
3) Quando a informação permanece no cérebro é sinal de que ela foi
aprendida, ou seja, seus estímulos geraram novas sinapses e provocaram
sua consolidação como conhecimento aprendido. Dizemos então que a
informação foi para a memória de longo prazo.
4) Sem memória não há aprendizagem. Esta se traduz na habilidade em
mudarmos o nosso comportamento a partir das experiências
armazenadas.
5) Quando ocorre o descarte de algo pouco importante que só serve
para sobrecarregar os mecanismos de memorização dizemos que houve
um esquecimento.
6) A memória de curto prazo pode se transformar em memória de longo
prazo desde que encontre vínculos com outras informações já
armazenadas.

S E M A N T I C A
E P I S O D I C A
N
A F
A P R E N D I Z A G E M
E X S
S A Q
Ç U
A E
C U R T O C
I
M
E
N
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L O N G O

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O PAPEL DA CURIOSIDADE - Quanto mais curiosidade temos, mais aprendemos. Nosso cérebro é
naturalmente curioso, ávido por novidades. Por isso, uma boa aula é aquela que aguça a curiosidade dos
aprendentes, estimulando-o na busca do conhecimento. Esse tipo de aula é a que mais está de acordo com a
natureza do funcionamento do cérebro e estimulação da inteligência. Assim, nós, professores/instrutores temos
que incorporar a meta de buscar ambientes cognitivos desafiadores – buscar desafios intelectuais o caminho todo,
conversas inteligentes, livros inteligentes ou alguma busca intelectual, criando um ambiente mental estimulante.

“O professor antes de ser um especialista no domínio dos conteúdos que busca ensinar, necessita ser um
estimulador de aprendizagem e um verdadeiro “jardineiro” de memórias, despertando em seus alunos as
estratégias para seu uso coerente. Deve atuar diferenciando as memorizações automáticas (que apenas
“entulham” o cérebro de saberes anárquicos), da memorização consciente, verdadeira ferramenta para se aprender
e para pensar.” Extraído do livro: “Fundamentos Biológicos da Educação”. Marta Pires Relvas, p. 57.

Você conhece Oliver Sacks? Algumas de suas obras, pelo potencial em dramaturgia, foram
adaptadas para o cinema. O filme mais conhecido é Tempo de Despertar, baseado no livro de mesmo
nome. Vale a pena conhecer outras obras deste autor que com seu olhar sobre seus pacientes, nos revela
mistérios da mente humana.

Indicamos: Tempo de Despertar

Sinopse: Em Nova York, um médico trabalha em um hospital na tentativa de trazer de volta personagens
que sofrem de uma rara doença que os deixa catatônicos. Dirigido por Penny Marshall (Quero Ser Grande) e com
Robin Williams, Robert De Niro, Julie Kavner e Penelope Ann Miller no elenco.

Leia na página do curso a reportagem “O Super Poliglota” extraída da Revista Super Interessante –

mês maio/2012.

Agora que você já estudou alguns aspectos dos Fundamentos Biológicos da Educação vamos analisar o
“Estudo de Caso” abaixo. Vá ao fórum e discuta com seus colegas as razões de terem acontecido a situação abaixo.

O 1º SG-ES Neves e o 1º SG-ES Pena, instrutores do assunto “Documentos Administrativos”,


conversavam na sala de instrutores no intervalo de suas aulas:

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CONCLUINDO

Chegamos ao final desta aula conhecendo um pouco mais sobre como o cérebro
armazena, seleciona e aplica as informações. Isso faz com que nós passemos a repensar
nossas práticas em sala de aula. No momento da preparação da aula, é necessário planejar
o conteúdo aplicando-o a atividades que ajudem a reforçá-lo.
Uma dica importante é sempre criar ganchos associando o conteúdo novo a
experiências que os alunos já possuem. Nesse momento inicial da aula, pode-se contar uma
história, fazer uma revisão sobre um conteúdo que é pré-requisito para o novo, ou um jogo.
Estratégias desses tipos dão significado e ajudam a registrar as informações recebidas na
memória de longo prazo.
Além disso, precisamos compreender que nossos alunos aprendem de formas
diferentes e possuem níveis e tipos de inteligências diferentes. Devemos sempre pensar que
nossos alunos precisam ver o conteúdo de forma diversificada para que todos consigam ser
atingidos e os objetivos da aula sejam alcançados.

Na próxima aula, veremos como os assuntos estudados podem contribuir para a


construção de níveis superiores de conhecimento. Até lá!

DESAFIO 1 : FABIO
DESAFIO 2 : FESTA SURPRESA PARA O COMANDANTE NO CONVÉS. (CADA LETRA ESTÁ À ESQUERDA DA LETRA
NO CÓDIGO NO TECLADO)

Nenhuma parte desse curso pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma, ou por qualquer meio,
incluindo fotocópia, gravação ou codificação em suporte magnético, sem a autorização da Diretoria de Ensino da Marinha
(DEnsM).

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